Massacre em RR é fruto da negligência do governo federal, diz secretário

Entrada principal da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo. Foto: Reprodução/Google Maps

O secretário de Justiça e Cidadania de Roraima, Uziel Castro, atribui a crise instalada no sistema penitenciário brasileiro à negligência do governo federal. Em entrevista à rádio CBN, na manhã desta sexta-feira (6), ele opinou que o massacre dos 31 presos na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (PAMC), em Boa Vista (RR), poderia ter sido evitado.

“O que ocorre é que o Estado brasileiro demorou muito pra aceitar o poderio das facções criminosas. Há dois anos, aqui em Roraima, essas organizações eram muitas tímidas. Hoje eles têm orgulho de dizer ‘eu sou do PCC, meu número é tal, meu padrinho é fulano, minha data de batismo é tal’. Nós identificamos mais de 900 pessoas vinculadas a organizações criminosas no Estado”, disse Uziel.

O secretário também disse que Governo do Estado pediu em novembro de 2016, por meio de ofício, a doação de de 190 pistolas calibre 40 e o apoio das Força Nacional de Segurança, em caráter de urgência, em virtude das rebeliões que ocorreram em Roraima na época.

“A governadora [Suley Campos] pediu, em 2015, para o ministro Eduardo Cardozo. Ela tem ido a Brasília. Em novembro de 2016 ela fez um pedido formal ao Ministro da Justiça. Tá aqui na minha mão o ofício. E o ofício foi vindo com a negativa do Ministro que não podia atender naquele momento”, afirmou o secretário na entrevista.

Quando questionado sobre a relação entre o caso de Manaus e Boa Vista, Castro afirmou que as condições dos presídios brasileiros têm propiciado este tipo de ação. “O sistema prisional no Brasil está em estado caótico. Todos os presídios são antigos. Nunca houve um olhar do governo federal para os presídios. Essa crise é nacional e nenhum Estado consegue sozinho contê-la”, disse o secretário.

Em entrevista coletiva em Brasília o ministro da justiça, Alexandre de Moraes, negou que o Governo de Roraima tenha pedido ajuda do governo federal para controlar rebeliões e brigas entre facções. “O que foi solicitado pelo Governo de Roraima foi o envio da Força Nacional para fazer segurança publica, não para o sistema penitenciário”, disse o ministro.*A Secretaria de Justiça e Cidadania de Roraima revisou o número de detentos mortos do massacre do Presídio Agrícola de Monte Cristo para 30 ao invés de 33 como havia informado no início das investigações.

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