Mães indígenas da Amazônia lutam para manter tradições dos antepassados

 

A maternidade tanto durante a gestação, quanto após o nascimento do bebê, possuem diversas particularidades que dependem da cultura de onde a mãe vive. Na Amazônia, os indígenas preservam uma cultura milenar que pouco é vista na zona urbana da região, e manter essas tradições é o objetivo das mães indígenas.

 

A maternidade tanto durante a gestação, quanto após o nascimento do bebê, possuem diversas particularidades que dependem da cultura de onde a mãe vive. Os cuidados com os filhos se diferem de região para região, mas as dificuldades das etnias são as mesmas, levar os legados dos antepassados e seguir de cabeça erguida, mesmo com os obstáculos. Na Amazônia, os indígenas preservam uma cultura milenar que pouco é vista na zona urbana da região, e manter essas tradições é o objetivo das mães indígenas.

 

De acordo com as lendas, os Tikunas são originários do igarapé Eware, situado nas nascentes do igarapé São Jerônimo, no trecho entre Tabatinga e São Paulo de Olivença. No início, mantiveram sua tradicional distribuição espacial em malocas clínicas e, na década de 1970, haviam mais de cem aldeias. Atualmente, a distribuição dos indígenas se modificou substancialmente. Sua população está distribuída em mais de 20 terras indígenas.

 

 

Foto: Reprodução/Facebook

A cantora indígena Djuena Tikuna explicou ao Portal Amazônia que a sociedade dos Tikunas está dividido em clãs. Ela disse que os filhos que tem 14 e três anos são conhecedores de toda a cultura indígena. “A etnia Tikuna é musical, então, passo as nossas histórias através dos cantos e lendas. Gosto de detalhar para os meus filhos o surgimento do nosso povo, afinal, eles terão a missão de levar o nome dos Tikunas no futuro”, contou.

 

Na hora de dormir, saem os contos de fadas e entram as histórias lendárias do povo Tikuna. Até mesmo nas pequenas coisas, Djuena insere a sabedoria indígena para os pequenos. “Nossas histórias são belas, e aproveito para inserir na vida dos meus filhos de todas as formas. Gosto de conversar com eles usando o dialeto Tikuna, sempre lembrando da importância que tem, e das lutas que o novo povo passou”, falou a artista.

 

Com mais de dez anos de carreira, Djuena tem construído uma carreira bem sólida, em 2018, ela idealizou a primeira edição da Mostra de Música Indígena do Amazonas (Wiyae). Para a artista, a população indígena precisa ter orgulho de ser quem é. “Eu gosto de divulgar a minha paixão pela cultura indígena, e passo isso para os meus filhos, inclusive, um deles já é envolvido com a música. Além disso, eu criei um site que leva o meu nome que tem a missão de mostrar o talento do povo indígena”, afirmou.

 

Uma luta diária

 

Aos 53 anos e oito filhos, a indígena Elcilene Tikuna acredita que a cultura indígena não vai morrer, apesar de todas as dificuldades. “Meu marido foi transferido para trabalhar na capital, e na época, eu tinha duas filhas. Por causa da mudança, elas quase perderam contato com a nossa cultura, mas eu consegui que voltassem para a aldeia para resgatar a fala e costumes. Dos meus oito filhos, apenas as duas mais velhas que falam o dialeto Tikuna de forma fluente”, destacou.

 

 

Foto: Reprodução/Facebook

 

 

Além de mãe, Elcilene é avó, e o amor transborda, claro, que segundo ela a responsabilidade também. “Meu neto fala a língua Tikuna por influencia da mãe dele, e fico feliz, pois, é uma forma de honrar os nossos antepassados. Ele estuda em uma escola bilingüe, que trabalha exclusivamente com o idioma Tikuna”, revelou.

 

E no Dia das Mães, celebrado neste domingo (12), a matriarca vai preparar uma mesa farta para toda família. “Gosto de ter os meus perto, e não pode faltar a nossa culinária tradicional. Não é só a cultura que precisamos preservar, existem outros costumes, como pro exemplo, lendas, tradições e gastronomia. Pelo menos, o que depender de mim, os meus netos e bisnetos vão ter orgulho de serem indígenas”, afirmou. 

 

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