Com uma oração e um ritual de limpeza os indígenas venezuelanos da etnia Warao começaram a se mudar para o prédio do Serviço de Acolhimento Institucional de Adultos e Famílias nesta quinta-feira (1º) em Manaus. A celebração indígena, conhecida também como pajelança foi realizada pelo representante dos Warao Anibal Perez, no fim da cerimônia os indígenas entoaram o hino da Venezuela em sua língua nativa. Na ocasião, 264 refugiados se mudaram para a instalação localizada na zona Leste da capital.
A assessora técnica da Fundação Estadual do Índio (FEI), Yawara-t Marulanda, acompanha o caso dos Warao desde o início. Ela contou ao Portal Amazônia que o ritual de limpeza é realizado para a prosperidade do local. “O ritual representa o momento com os nossos ancestrais, onde os indígenas pedem saúde e agradecem aos objetivos alcançados. Geralmente, a cerimônia é realizada em um lugar aberta e com uma fogueira, mas eles fizeram questão de realizar as orações”, explicou Yawara-t que também é indígena e pertence a etnia Kokana.
Já o venezuelano Anibal Perez que realizou o ritual de limpeza nas instalações do Serviço de Acolhimento Institucional de Adultos e Famílias aproveitou a oportunidade para agradecer ao carinho dos manauras. “Não é fácil, nem para nós e muito menos para vocês, mas o nosso povo se sentiu acolhido em Manaus. Quando chegamos aqui não sabíamos para onde ir, então improvisamos uma moradia perto da rodoviária. As autoridades também se ofereceram para ajudar e conseguimos um teto confortável”, afirmou.
A crise na Venezuela transformou a vida dos indígenas, na aldeia os Warao não tinham alimentação e nem água. “Para muitos, a única opção era fugir da Venezuela. Amamos o nosso país, mas sair de lá era questão de sobrevivência”, destacou Perez. De acordo com o indígena, as condições dos venezuelanos em Manaus nem se compara com a situação que vivemos lá. “Está muito ruim. Graças a Deus que nossas famílias conseguiram vir para o Amazonas”, disse.AcompanhamentoPara a titular da Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (Sejusc), Graça Prola, os venezuelanos poderão sair de uma área de risco. “Estamos acompanhando a situação dos indígenas desde dezembro de 2016, quando eles começaram a chegar em Manaus. Esse abrigo tem a capacidade para 300 pessoas, ou seja, ainda tem possibilidade de mais pessoas poderem ficar no prédio. O abrigo é uma atividade de caráter emergencial, porque os abrigos via de regra são pequenos, então a grande população estamos trabalhando nesses espaços maiores”, afirmou. Além de moradia, os indígenas Warao receberão alimentação, atendimento de saúde e cursos do Centro de Educação Tecnológica do Amazonas (Cetam). “Estamos trabalhando junto com eles um cardápio para adequar os costumes deles, mas claro dentro de um contexto de segurança alimentar e nutricional. Vamos também trazer professores do Cetam para oferecer cursos de português aos indígenas, principalmente para aqueles que desejam conseguir um emprego. Desde o início, os Warao também recebem atendimento médico, principalmente as crianças”, contou Graça. PlanoAs medidas fazem parte do Plano Emergencial de Ajuda Humanitária aos venezuelanos que estão em Manaus fugindo da crise política e econômica da Venezuela, em especial indígenas da tribo Warao. O plano tem à frente os seguintes órgãos: Secretaria Estadual de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc), Secretaria Estadual de Assistência Social (Seas), Fundação Estadual do Índio (FEI), Fundo de Promoção Social (FPS), do Governo do Amazonas, Secretaria Municipal da Mulher Assistência Social e Direitos Humanos (Semmasdh) e Secretaria Municipal de Saúde (Semsa).Confira imagens da mudança dos Warao para o Serviço de Acolhimento Institucional de Adultos e Famílias: