Os agentes da PF também cumpriram mandados em imóveis em Belém (PA), pertencentes a Márcio Lobão. A investigação corre em segredo de Justiça, mas, segundo a PF, o nome de Márcio Lobão aparece na delação do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado. De acordo com os depoimentos, as empresas que participam do consórcio responsável pela construção de Belo Monte pagavam aos envolvidos 1% do valor dos contratos a título de propina.
O outro alvo da operação é o ex-senador do Pará, Luiz Otávio Campos. Ele é considerado por investigadores um apadrinhado político do senador do Estado, Jader Barbalho.
Segundo matéria do Estadão, os nomes de Márcio Lobão e de Luiz Otávio Campos foram indicados na delação do executivo da Andrade Gutierrez Flávio Barra, que revelou pagamentos realizados pela empreiteira pelas obras de Belo Monte e também pela usina de Angra 3.
A matéria também diz que, segundo o ex-diretor da Andrade Gutierrez, integrante do consórcio construtor de Belo Monte, entre R$ 4 milhões e R$ 5 milhões foram repassados ao senador Edison Lobão (PMDB) pelas obras de Angra 3 e R$ 600 mil de Belo Monte. De acordo com o delator, o valor relacionado a Belo Monte foi entregue em espécie na casa de Márcio Lobão, filho do senador. O executivo também disse que a propina em Belo Monte era de 0,5% para o PT e 0,5% para o PMDB – percentual sobre o valor do contrato.
O outro lado
Procurada, a Brasilcap limitou-se a confirmar a busca e apreensão de documentos em sua sede e a informar que está colaborando com as autoridades, prestando esclarecimentos e fornecendo todas as informações solicitadas.
A empresa disse não coadunar com qualquer tipo de ato ilegal. Sobre as denúncias envolvendo Márcio Lobão, a empresa disse que os assuntos pessoais do presidente serão tratados por seus advogados. A Agência Brasil ainda não conseguiu contato com a defesa de Márcio Lobão.
Ao comentar o assunto, o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), que é do mesmo partido de Edison Lobão e de outros citados no esquema investigado, disse que os diversos desdobramentos da Operação Lava Jato são “um sinal de que as instituições estão funcionando”.
As buscas e a apreensão de documentos considerados importantes para as investigações foram autorizadas pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF). Fachin assumiu a relatoria da Operação Lava Jato no último dia 2, após a morte do relator original, ministro Teori Zavascki, em janeiro, na queda de um avião no mar, próximo de Paraty (RJ). No fim de 2015, o inquérito da Lava Jato foi desmembrado, e as suspeitas e denúncias relativas ao setor elétrico passaram a ser apuradas em outro processo, distribuído a Fachin em dezembro do mesmo ano.