Famílias de presos mortos em massacre no Amazonas cobram liberação de corpos

Familiares de detentos mortos em unidades prisionais do Amazonas reclamaram da demora para a liberação dos corpos. Em frente ao Instituto Médico Legal (IML), em Manaus, dezenas de pessoas esperam por notícias. Houve tumulto em frente ao prédio no fim da manhã desta quarta-feira (29). Até o momento, 16 de 55 corpos foram liberados.

Os familiares também protestaram dentro da recepção do IML e cobraram a presença do governador do Estado.

No início da semana, 55 presidiários foram assassinados em quatro cadeias do estado, entre elas o Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), que já havia registrado o massacre da história do Amazonas quando 56 detentos foram assassinados , em 1º de janeiro de 2017.

Foto: Reprodução/Rede Amazônica

Há três dias, a mãe de um preso, que não quis ser identificada, aguarda pela liberação do corpo do filho. “Eu quero enterrar meu filho, ele não é cachorro para ser jogado em qualquer lugar. Por que toda essa demora?”, questionou a mãe.

“Quero saber a explicação para tanta demora, já são dias de espera. Eu só quero enterrar meu sobrinho como gente. Tão falando que quando saírem daqui vão direto pro cemitério. Ele errou mas não merece ser mais humilhado”, disse Shirlene Botelho, tia de um outro detento.

 

Foto: Reprodução/Rede Amazônica

Equipes da Defensoria Pública do Amazonas foram acionadas para ajudar no atendimento às famílias que procuram o IML. Sem estrutura para armazenar mais que 20 corpos, o local precisou do reforço de um caminhão frigorífico para os outros 33 mortos.

O defensor dos Direitos Humanos da DPE-AM, Roger Moreira de Queiroz, disse que uma audiência pública deve ser para tratar da situação.

“A defensoria já está se colocando à disposição de cada uma das famílias que está aqui presente para dar apoio. Aqueles parentes que se sentirem a vontade e que quiserem conversar conosco, já vamos articular para fazermos uma audiência pública para que possamos dar o apoio aos familiares que precisam. O nosso papel aqui é ouvi-los, saber das dificuldades e tentar de alguma maneira através da DPE. E mais adiante, tem a situação que é essa posição das famílias em relação a responsabilidade do Estado”, disse Queiroz.

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