Um dos amigos do doutor Phelippe Daou, como era chamado, o Arcebispo de Manaus, Dom Sérgio Castriani, realizou a missa de corpo presente na cerimônia. Castriani contou que, na última vez em que esteve com Phelippe Daou, ele disse que realizou seus sonhos. “Ele foi um homem que seguiu o caminho da verdade e da justiça, um verdadeiro homem de palavra, que pregava o que vivia. Foi leal e fiel a população amazonense. Era para ele ficar mais um pouco conosco, mas Deus não quis assim”, lamentou.
Segundo Dom Castriani, apesar de o conhecer há apenas quatro anos, tornaram-se bons amigos. “Ele deixa para nós uma lição de vida. Era uma pessoa humana e que conseguiu superar seus limites. Devemos agradecer a Deus pela sua vida e devemos continuar com seus planos, de sermos bons com as pessoas e continuar cuidando da Amazônia”, declarou.
Guilherme Aloísio, diretor-presidente do Jornal do Commercio, avalia que o Estado perdeu uma figura importante. “Isso me conduz há 50 anos, quando iniciamos nosso relacionamento, e foram mais de cinco décadas de um convívio feliz e harmonioso. Sinto profundamente esta perda e torço para que os descendentes do Phelippe possam conduzir esta grande empresa, este grande grupo de comunicação. Fico torcendo pelo Phelippe Júnior e pela Cláudia [filhos de Phelippe Daou], que sigam esta trajetória e possam continuar prestando serviço ao Amazonas e ao seu povo, como a Rede tem prestado ao longo desses anos”, desejou.
Desde 1986, Maria do Socorro trabalha na TV Amazonas, em Manaus. Abalada, ela relatou ao Portal Amazônia que chorou muito quando recebeu a notícia da morte de Daou. “Ele era muito especial para mim. Ele foi um pai. Se tenho um lar hoje é por causa dele. Sempre senti nele um carinho com os funcionários que nunca vi em lugar nenhum. Vou sofrer muito com essa perda”, disse a copeira.
Amor pela Amazônia
Uma das grandes paixões à qual Phelippe Daou se dedicou foi a Amazônia. Com a criação da empresa de comunicação, o jornalista buscou criar laços entre a região amazônica e seu povo. Em reconhecimento aos esforços, oficiais do Exército, Marinha e Aeronáutica compareceram ao velório, bem como representantes das polícias Civil e Militar e dos Bombeiros. “Um incentivador do nosso trabalho. Nosso trabalho na fronteira, com os mais necessitados, ribeirinhos, índios. Um homem sempre com o seu lado social na frente. Vai ser muito difícil da gente encontrar alguém do tamanho da grandeza deste homem”, disse o comandante do Comando Militar da Amazônia (CMA), general Geraldo Antonio Miotto.
“Nós todos estamos muito tristes por não poder mais tê-lo conosco, nos aconselhando, nos orientando no dia a dia. O Amazonas perde uma referência de moral e ética, uma pessoa acima de tudo boa, que deixa um legado precioso que vale a pena cultivar”, completou o secretário de Segurança Pública do Amazonas, Sérgio Fontes.
O CEO da Amazônia Cabo, Luciano Maia, comentou ainda que o maior legado de Daou é visto por meio de suas criações apaixonadas visando o desenvolvimento da Amazônia. “Um homem que se apaixonou pela região, protegeu a região e fez com que ela fosse respeitada dentro e fora do país. Se você imaginar um homem que realizou o que ele construiu há 44 anos, deve conceber o tamanho das dificuldades que ele enfrentou. Mas o seu amor pela Amazônia, por uma Amazônia desenvolvida de forma sustentável, fez com que ele tivesse uma força extraordinária junto com seus companheiros. Ele deixa para nós tudo que foi dito aqui, princípios. Um homem como ele é único, para nós que tivemos a felicidade de trabalhar com ele, é um grande fato. Devemos levar em frente seu sonho”, declarou.
Amor de família
Em discurso emocionado, Phelippe Daou Júnior declarou amor e admiração pela família e agradeceu cada uma das homenagens prestadas ao pai. “O velório do nosso pai, meu e da Cláudia, está sendo feito nesse ambiente que era um lugar onde ele podia realmente praticar todo o espírito empreendedor dele, entre tantas coisas que ele fez. É por isso que nos reunimos aqui e agradeço muito a presença de todos”, começou.
“Uma coisa que me chama a atenção, na última conversa que tive com ele, disse uma coisa à ele que um amigo meu católico comentou comigo uma vez e a gente constata que é a mais pura verdade: uma forma de você avaliar o quão bem está fazendo às pessoas nessa sua passagem na vida é imaginar como seria seu velório. Pelo jeito estava coberto de razão este meu amigo, porque cada um de vocês, certamente, de alguma maneira, foi atingido pelo carinho, pela atenção, por algo que meu pai tenha feito a vocês. O que mostra que quando temos fé, quando queremos realmente fazer o bem, a gente consegue atingir muitas pessoas. Isso é um legado e ao mesmo tempo um grande exemplo que nós da família devemos ter, o que podemos construir no coração das pessoas”, revelou.
Phelippe Júnior também leu parte de um texto que havia preparado para os colaboradores da Rede, onde comentou a dor da perda da família e lembrou que todo o grupo é fruto do que o pai plantou. “Esta é a nossa herança, a partir da qual devemos consolidar o presente e planejar o futuro, assegurando a nossa presença no coração de cada amazônida. Somente assim ratificaremos a afirmação do nosso pai de que a Amazônia, sem a nossa organização, não será a grande região que todos nós desejamos”, disse.
A filha Cláudia Paixão reafirmou que todos lembrarão de Daou como um grande homem. “Vai ser sempre assim. O espírito vai estar sempre conosco. Ele vai deixar um exemplo, um legado para todos que o conheceram. É isso que a gente tem que ter conosco, essa lembrança”, assegurou.
Biografia
Nascido no dia 15 de dezembro de 1928 e de origem libanesa, o jornalista completaria 88 anos nesta quinta-feira (15). Filho do comerciante José Nagib Daou e de Nazira Chamma Daou, fez seus primeiros estudos na Escola Progresso de Manaus, dirigida pela professora Julita Berjona. Em seguida, ingressou no Colégio Estadual do Amazonas, onde concluiu o secundário e científico.
Prestou vestibular para a Faculdade de Direito do Amazonas, onde formou-se. Muito cedo ainda, iniciou no jornalismo como repórter do Jornal do Comércio, mas a ascensão na carreira começaria um ano depois, com sua transferência para a empresa Archer Pinto, proprietária, na época, de ‘O Jornal e Diário da Tarde’, onde exerceu diversas funções redacionais. Atuou ainda como redator da Rádio Rio Mar.
Em 1968, ele e os empresários Milton Magalhães de Cordeiro e Joaquim Margarido fundaram a Amazonas Publicidade (atualmente Amazonas Distribuidora), com o objetivo de implantar um conglomerado de mídia no Amazonas. Daou foi o último do trio a morrer.
O enterro está previsto para esta sexta-feira (16), às 15h, no Cemitério São João Batista. O cortejo sairá do Studio 5 às 14h50. Todos estão convidados.