Árvores são insuficientes para Manaus, aponta estudo

Um estudo realizado pelo Departamento de Geografia da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) apontou que apenas 22% da área urbana de Manaus é arborizada, percentual considerado mínimo por especialistas da área de geografia urbana. Falta de conscientização da população e ausência de políticas públicas de incentivo ao plantio e à manutenção de árvores são apontadas pelos pesquisadores como um dos principais entraves para a existência de complexos arbóreos na capital. Na tentativa de solucionar o problema, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semmas) desenvolve o plano ‘Arboriza Manaus’ que prevê o plantio de dez mil mudas distribuídas em todos os bairros da cidade.

Foto: Manoel Vaz/Semcom

De acordo com o doutor de geografia urbana do Departamento de Geografia da Ufam, Marcos Castro, apenas 22% do total da área urbana de Manaus é coberta por árvores, índice que segundo ele, é insatisfatório para resultar em sombreamento e conforto térmico. Ele explica que Manaus está dentro da faixa equatorial, por isso, recebe raios solares com intensidade e a ausência de áreas verdes dificulta a ocorrência de menores temperaturas.

“O índice de área coberta por árvores em Manaus ainda é mínimo em relação ao necessário para obtermos temperaturas mais agradáveis. O problema é que historicamente não tivemos um plano que atendesse à arborização. Houve a negação do verde. O  ideal seria que ao construir se reservasse uma área para o plantio de árvores. Mas, o nosso planejamento nega isso. A arborização existente nos bairros é de iniciativa das pessoas e não há uma política sistemática de incentivo”, comentou.

Conforme Castro, a árvore promove o aumento da oxigenação, proporciona o sombreamento e a diminuição da temperatura. A engenheira ambiental Dângela Lopes lembra que segundo pesquisas, Manaus está classificada como a segunda cidade menos arborizada do país. Ela considera esse dado como uma ‘ironia’ ao citar que a cidade está inserida no centro da Floresta Amazônica, que é a principal cobertura vegetal do Brasil e ocupa 45% do território nacional.

“Manaus não é bem arborizada e as poucas árvores existentes nas vias e logradouros são mal distribuídos. Vemos que a avenida Getúlio Vargas, por exemplo, é bem arborizada. Enquanto a Eduardo Ribeiro tem um número mínimo de árvores. A questão está em educar as pessoas a cuidarem, preservarem o meio ambiente. Muitas árvores são depredadas pelos próprios cidadãos”, disse.

Na avaliação da engenheira, faltam projetos por parte do governo com o intuito de incentivar a comunidade a plantar, cuidar e preservar o meio ambiente. “Vejo que quando as pessoas se incomodam vão lá e cortam a árvore e isso é errado. Uma árvore só pode ser cortada com a permissão dos órgãos ambientais. Também entendo que não adianta o poder público plantar as mudas e depois não dar condições de manutenção daquela planta”, frisa.

Dângela ainda explica que a menor quantidade de árvores distribuídas por Manaus ocasiona o clima seco com o aumento na temperatura. Ela observa que nos bairros da zona leste o calor é constante devido à falta de áreas verdes. Por outro lado, na zona norte, segundo ela, há ocorrências de chuvas constantes devido à proximidade com reservas arbóreas. 

Mudanças com o plantio de mudas 

O Plano de Arborização 2016, denominado como Arboriza Manaus, tinha o objetivo realizar o plantio de dez mil mudas em 58 logradouros públicos de 35 bairros de Manaus de até dezembro deste ano. O prazo para o cumprimento da meta foi antecipado e no próximo dia 21, no Dia Nacional da Árvore, a instituição fará o plantio da muda de número dez mil. Entre as espécies plantadas por meio do programa estão jutairana, pau-pretinho, ipê amarelo, pata de vaca, cedro, jatobá e aceroleira.

De acordo com a engenheira agrônoma Rosemary Bianco, ao invés de 58, foram arborizados 61 logradouros, entre canteiros centrais e passeios públicos, além de praças e áreas de convivência de instituições públicas. As mudas plantadas têm altura entre 1,5m e 1,8m. “Estamos elaborando um cronograma para a manutenção dessas mudas com a poda e o replantio. Há locais em que a muda morre tanto por questões naturais como por depredação. Faremos um trabalho de conscientização com a população para que entendam a importância de uma árvore e das áreas verdes para uma cidade”, afirmou.

No total, 33 bairros receberam novas árvores e segundo a engenheira, entre três e dez anos será possível verificar a diferença tanto na estética como na temperatura da cidade. A irrigação das plantas é feita por quatro caminhões pipas que abastecem todos os bairros de Manaus diariamente.

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