Arquivo Público do Pará completa 118 anos de história e memória

Uma das mais antigas instituições do Estado completa 118 anos no dia 16 de abril. O Arquivo Público do Estado do Pará (Apep) é a organização que mantém viva e acessível aos paraenses diversos arquivos, documentos e registros históricos que ajudam a contar a história da região.

O Arquivo Público é um dos principais locais de pesquisa do meio acadêmico. São cerca de 4 milhões de documentos que abrangem os períodos colonial, imperial e republicano, tornando essa documentação extensa e ímpar. Com o seu acervo, é possível compreender, por exemplo, a forma como se deu a ocupação da Amazônia pelos portugueses, as múltiplas vivências com os grupos indígenas, a introdução e o trabalho de etnias africanas na região, os conflitos e revoltas, as muitas transformações políticas, econômicas, sociais e culturais ocorridas nos últimos quatro séculos. São documentos públicos acessíveis, mas que muitas vezes, são desconhecidos pelo grande público, inclusive pelos muitos trabalhadores do comércio que estão ao redor do prédio.

Para celebrar a data, o Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Cultura (Secult), organizou uma programação especial de aniversário, inclusive contemplando os trabalhadores e consumidores do comércio do bairro da Campina, que circulam diariamente no entorno do edifício e a maioria não sabe o que a instituição representa.

Nos dias 15 e 16 de abril, nas dependências do Arquivo Público, serão realizadas visitas guiadas pelo interior do Apep, exposições de documentos, atividades lúdicas e mesas redondas, que irão discutir a educação patrimonial e as experiências com os documentos da Cabanagem.

O prédio e o Arquivo Público – Não se tem dados concretos sobre a construção do prédio que hoje abriga o Arquivo Público do Estado do Pará. Estima-se que foi construído na segunda metade do século XIX, aproximadamente em 1848, período em que surge o Banco Comercial do Pará, primeira instituição (privada) a ocupar o prédio.

Em 1894, depois da falência do banco, o primeiro governador, Lauro Sodré, compra o prédio, pois a escola onde funcionava a Biblioteca Pública estava em condições precárias, sendo alvo de inúmeras denúncias. Estava nascendo a República e Lauro Sodré queria dar um ar de modernidade para o Estado, e demonstrar sua preocupação com a cultura.

A reforma demorou cerca de sete anos – de 1894 a 1901. Nesse período, três governadores passaram pelo cargo: Lauro Sodré, Paes de Carvalho e Augusto Montenegro, que, no auge da Belle Époque, em que tudo tinha que ser exuberante a começar pela arquitetura e decoração, entregou a obra. Apesar de ser pequeno, o prédio é rico em detalhes e possui até hoje estantes de ferro norte americanas, que necessitavam de um cuidado maior.

Nessa época, na Europa, os arquivos já tinham a função fundamental de guardar documentação histórica, que é a memória de um Estado. Aqui, era necessário dar uma identidade nacional para a região e nada melhor que os documentos históricos. Inicialmente, o prédio abrigou de 1901 a 1984 o arquivo e a biblioteca. Após a construção do Centur, a biblioteca se desloca para lá – já que era um prédio moderno – deixando no prédio antigo, apenas os documentos.

Arthur Viana, o primeiro diretor, foi fundamental no início do Apep e teve muito trabalho, pois, com a fundação do Arquivo, os documentos das secretarias começaram a chegar e precisavam ser organizados. O Estado fez grandes investimentos, pois necessita dessa documentação organizada, já que os limites territoriais estavam confusos e as pessoas queriam delimitar suas terras, mas não havia documentos comprovando nada. Os estados brasileiros que iam se formando alegavam a propriedade, os limites claros. Qual o limite entre Mato Grosso e Pará? Entre o Brasil e outros países? Onde estavam as provas documentais?

Os limites que conhecemos hoje só foram possíveis, graças aos documentos guardados e preservados – hoje históricos.

Programação

Segunda-feira (15)

Horário: 8h às 15h

1) Exposições de documentos históricos:

– Cartas de sesmarias do período colonial;

– Documentos sobre a Cabanagem;

– Fotos da cidade de Belém no início do século XX;

– Cartas para o interventor Magalhães Barata.

2) Visitas guiadas pelos setores do Arquivo Público ao longo do horário de funcionamento.

3) Atividades lúdicas de transcrição de documentos.

Terça-feira (16)

Horário: 9h às 12h

– Mesa Redonda: “A Cabanagem em Discussão: Arquivos, História e Memória”

Profa. Msc. Letícia Pereira Barriga (Unama, SEduc e Doutoranda do PPHIST/UFPA)

Profa. Msc. Danielle Figueiredo Moura (NPI/UFPA e Doutoranda do PPHIST/UFPA)

Mediação: Prof. Esp. Éderson Pinho (Apep, Seduc e Mestrando do PPHIST/UFPA)

De 14h às 18h

– Mesa Redonda: “Educação Patrimonial em Arquivos Permanentes: Trajetórias, Perspectivas, Desafios e Relatos de Experiências”

Profa. Dra. Lane Maria da Silva Batista (Faculdade de Arquivologia/UFPA)

Zilmilene Costa de Moraes (Graduada em Arquivologia/UFPA e Mestranda do PPG de Ciências da Informação/UFPA)

Mediação: Prof. Msc. Leonardo Torii (APEP e SEDUC)

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