Do lado de fora, muitos acompanhavam a celebração por um telão instalado na porta da Basílica. “Tudo é muito emocionante, mas a apresentação do manto é o verdadeiro sinal de que ela, nossa mãe, já vem, que falta muito pouco para o encontro”, declarou a dona de casa Ivanete Damasceno, acompanhada do neto Heitor, de apenas 3 anos. “Ele sempre vem, desde quando estava na barriga da minha filha”, disse a avó, emocionada.
As irmãs Anayedea e Arialda Souza levaram a mãe, Elza, acomodada em uma cadeira de praia, para ver de perto a vestimenta de Nossa Senhora para o Círio 2019. “Ela criou isso em nós, esse hábito, fora as novenas que já participamos, e a Trasladação que nós vamos para ver a Santa passar. É um momento de muito fervor. Estar aqui é outra emoção”, confirmou Arialda. Anayedea é natural de Belém, mas atua como bombeiro militar no Amapá, e sempre tira férias nessa época do ano para voltar a Belém. “Já, inclusive, trabalhei em outros círios, e não tem como não se emocionar, ainda mais em uma missão de ajudar o outro”, declarou.
O manto começou a ser desenhado em fevereiro, após reuniões de explanação sobre o tema escolhido por Dom Alberto Taveira e a equipe que integra a confecção do manto: Lilian Acatauassú, Celeste Heitmann, Kathia Novelino e Marcelo Monteiro.
Símbolo da Amazônia
“Nossa inspiração é uma cena bíblica de Nossa Senhora aos pés da cruz, quando recebe seu filho no colo e passa a ser Maria mãe da Igreja, mãe dos cristãos e de todos os apóstolos, membros da Igreja. Portanto, a cruz representa Cristo, o ostensório é Deus e as flores são a samaumeira, em homenagem a esse símbolo da Amazônia. O broche é a homenagem aos 300 anos da Igreja, e todo meu carinho e meu amor ao povo paraense”, detalhou a designer Celeste Heitmann.
Consciente da responsabilidade de apresentar uma simbologia tão forte da Festividade, o cônego Vladian Silva Alves reforçou que a apresentação do manto é um grande passo na preparação para o Círio. “Estamos dando a nossa mãe o seu manto, tornando-a bela, para que possa vir conosco celebrar. Como disse na homilia, manto é acolhida, proteção, e porque não pensar como um abraço de todo o povo paraense em sua mãe, sempre tão presente na vida de todo paraense”, disse o cônego, que também é reitor do Seminário Pio X e diretor-geral da Faculdade Católica.