No último fim de semana, algumas pessoas se arriscavam e passavam por pontes danificadas com a enxurrada para conseguir comida, como é o caso do produtor rural Divino Antônio Zeferino.
“Como quase tudo que tenho em casa já venceu, então a gente está improvisando alguma coisa pra inteirar com o que a gente ainda possui. O que faltar, a gente vai passando sem”, conta o produtor.
Dificuldades também para os agricultores que vivem na região, que devido a queda das pontes, ficaram sem o escoamento da produção.
“Toda a produção do pessoal está presa nas propriedades, principalmente tanques de leite. Estamos realmente ilhados e esperamos que os acessos sejam recuperados o mais breve possível”, disse o presidente de uma associação de produtores rurais da localidade, Ronaldo Jardim.
O agricultor Jonas Falcão atravessou o local em cima da motocicleta, mas para ele, mesmo correndo o risco de cair dentro do rio, a travessia era necessárias para cuidar das obrigações do dia a dia.
“A única forma que a gente tem é passar por essa ponte danificada, mas a gente tem que passar e correr o risco de cair dentro da água. Todos os produtores ficaram ilhadas e não tem como escoar a produção”.
Na manhã desta segunda-feira (1°), o departamento de comunicação da MetalMig informou ao G1 Rondônia que cerca de 90% das pontes danificadas já haviam sido recuperadas por equipes da Secretaria de Obras e Serviços Públicos (Semosp) de Machadinho D’Oeste.
Risco de contaminação
O prefeito de Machadinho D’Oeste, Eliomar Patrício, disse que a principal preocupação agora é com o rompimento de outras barragens e os prejuízos ao meio ambiente. A apreensão está nos possíveis danos no serviço de abastecimento de água do município.
“A maior preocupação nossa é com outra barragem dessa que estourou e existe a possibilidade dela ter contaminado com metais pesados, as águas do rio Belém, onde nós captamos a água para o serviço de abastecimento da nossa cidade”, relatou.
Próximo das barragens que romperam, existem pelo menos outras 10 barragens. O número exato as autoridades não sabem precisar.
Conforme o departamento de comunicação da MetalMig, uma equipe está na localidade para avaliar as condições da água do rio Belém e fazer um parecer técnico para saber há riscos ou não de contaminação do rio.
Rompimento
Duas barragens romperam na sexta-feira (29), no distrito de Novo Oriente, em Machadinho D’Oeste (RO), município a pouco mais de 350 quilômetros de Porto Velho, interior do estado.
O rompimento teria sido provocado por uma forte chuva que encobriu a cidade na última quinta-feira (28). A Polícia Ambiental informou que não houve vítimas fatais, mas destacou que ocorreram “muitos danos ambientais”.
Ao todo, 350 pessoas em um total de 100 famílias ficaram isoladas no distrito. As barragens de rejeitos de cassiterita, minério utilizado na fabricação do estanho, não eram utilizadas há décadas, segundo a Metalmig, empresa responsável pela área.
A mineradora disse que está cooperando com as autoridades e que o problema foi pelo excesso de chuvas.
O Ministério Público de Rondônia (MP-RO) abriu inquérito para apurar a responsabilidade sobre o rompimento das barragens.