O abalo sísmico de magnitude 3.3 graus na Escala Richter registrado no município de Borba (distante a 151 quilômetros de Manaus), nesta quinta-feira (1º), foi o último dos 116 que aconteceram na Amazônia Legal em 2016. De acordo com dados do Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (Obsis) os nove estados da região tiveram uma média de 10 terremotos por mês entre janeiro e novembro deste ano. De acordo com o geólogo e professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), João Carvalho, atualmente existem dados suficientes para afirmar que na região amazônica abalos sísmicos são comuns.
“A maioria dos terremotos é de baixa intensidade e estão muito próximos da superfície, se estendendo por poucos quilômetros. Até o momento, boa parte deles aconteceram em regiões pouco habitadas. Entretanto, os dados apontam que um terremoto de magnitude próxima ao que ocorreu em Borba hoje, se acontecesse em Manaus, por exemplo, faria muitos estragos e realmente poderia causar sérios danos a cidade”, avalia o geólogo.
Os estados do Mato Grosso e Tocantins tiverem o maior número de abalos sísmicos com 39 e 26 registros, respectivamente. De acordo com o Obsis, os sismos da região tiveram magnitude de 3.3 a 5.5 graus na Escala Richter e se originaram em profundidades que vão de 33 quilômetros a 800 quilômetros.
Segundo Carvalho o risco de grandes terremotos na região é baixo, mas ainda é uma possibilidade factível. “Estudos na região já demonstraram que Manaus e outros municípios das redondezas estão sobre uma zona sismogênica, ou seja, uma área de possíveis terremotos. A literatura já mostrou que sobre essa região já aconteceram abalos maiores que 5 graus na Escala Richter, mas nenhum desses casos em regiões densamente populadas”, disse o geólogo.
Ainda segundo ele, essas informações, por mais preocupantes que sejam, não devem ser motivo de alarde. “Várias regiões da Amazônia estão sobre essas áreas sismogênicas. É importante não criar alarde. Pelo contrário, fazer com que órgãos e engenheiros passem a adotar ações e posturas que evitem que um caso como esse se torne uma tragédia. Isso vai desde da educação nas escolas e empresas para lidar com um caso de abalo, como também tomar medidas de contenção nos projetos de prédios e casas na região”, finaliza o especialista.