O rendimento mensal médio do amazonense ficou em R$ 1.513 no ano passado, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua). O valor é 26,3% inferior à média nacional, que foi de R$ 2.053. Já a massa do rendimento mensal real chegou a R$ 2,87 bilhões, em 2016. Dos 3,9 milhões de residentes no estado, quase metade possuíam algum tipo de renda no período. O dado apontou ainda que na distribuição de renda domiciliar per capita, o Amazonas está entre os cinco piores do país.
“De forma geral o estado foi um dos mais afetados pela crise – que teve seu ápice no ano passado por conta da economia ser tradicionalmente concentrada na indústria. A atividade perdeu um alto volume de ocupação, o que impactou em outras atividades como serviços e comércio que na somatória contribuíram para a perda de rendimento e poder de compra dos amazonenses”, analisa o supervisor de disseminação de informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Adjalma Jaques.
Segundo a pesquisa, o rendimento médio mensal geral, que agrega a renda oriunda de todos os trabalhos e de outras fontes da população amazonense em 2016, foi de R$ 1.513. O valor está -26,3% abaixo da média nacional e a região Norte registrou um dos menores rendimentos (R$ 1.468). Considerando apenas os trabalhos, a renda aumenta para R$ 1.661 e para aposentadoria ou pensão, o valor médio foi de R$ 1.448.
Já a massa do rendimento mensal real dos amazonenses foi de R$ 2,87 bilhões, em 2016. Os 10% com menores rendimentos da população detinham 0,9% dessa massa, enquanto os 10% com maiores rendimentos possuíam 45,8%. Entre as 3,9 milhões de pessoas residentes em todo o estado, cerca de 49,1% ou 1,9 milhão, possuíam algum tipo de rendimento. Desses, 35,7% (1,4 milhão) tinham trabalho e 18,6% (717 mil) outras fontes.
A pesquisa também mostrou que as mulheres têm renda 9,5% menor que a dos homens. Enquanto eles preenchem 62,9% postos de trabalho, elas ocupam 37,1%. “Há um rendimento médio real de R$ 1.836, sendo que as mulheres recebem, em média, R$ 1.526. Já os homens ganham R$ 1.687”, comenta Adjalma Jacques. O Amazonas seguiu o padrão regional com o Norte (R$ 1.567), por registrar um dos menores rendimentos médios do país, com as mulheres ganhando – 10,8% que os homens. Há ainda diferenças no critério de cor ou raça em relação ao rendimento médio no estado. Isso porque para a população branca, a renda médio é de R$ 2.458, negra R$ 1.593 e pardos R$ 1.431. “Em relação à escolaridade, os trabalhadores com nível superior tiveram rendimento médio de R$ 4.406, mais de três vezes do que aqueles com ensino médio completo (R$ 1.368), e mais de seis vezes daqueles sem instrução (R$ 667)”, explica o supervisor do IBGE. “Uma solução a curto prazo seria investir na capacitação de profissionais”, acrescenta.
Desigualdade
O levantamento apontou ainda no índice de Gini (instrumento para medir o grau de concentração de renda em determinado grupo), que varia de zero (perfeita igualdade) até 1,0 (desigualdade máxima), do rendimento domiciliar per capita foi de 0,572. Apesar do indicador ser maior que a média nacional, de 0,549, o Amazonas teve a quarta pior distribuição de renda do país. O estado foi atrás apenas do Distrito Federal (0,583), Pernambuco (0,578) e Acre (0,575).
“A crise acabou afetando quem ganhava menos, diferente daquelas com rendimento melhor, por exemplo, no setor de administração pública não houve impacto e a concentração de renda continuou nele. A massa diminui a quantidade de salários, o que aumenta a discrepância entre os que ganham pouco e muito”, finaliza Adjalma Jacques.