O Acre possui ampla diversidade cultural. Seu território é composto por 16 etnias registradas, sendo que uma é recém contactada, além da haver outras duas não contactadas. Com o ingresso da Frente Popular no governo, em 1999, iniciou-se uma política de reconhecimento e valorização dos povos indígenas, até então trabalhada apenas por entidades como a Comissão Pró-Índio (CPI).
Entendendo a importância da educação na consolidação de um novo Acre, o Estado desenvolve um trabalho de parceria nas Terras Indígenas (TIs), especialmente na área da educação. As demandas, que emergem das aldeias, são transformadas em políticas públicas.
A conquista mais recente foi à criação de uma legislação estadual que reconhece e especifica a educação indígena no Acre. Esse instrumento foi criado durante o último encontro de professores indígenas, promovido no início de abril, em Rio Branco. A legislação é a primeira do Brasil.
“Essa legislação garante as especificidades, interculturalidades e a diferença na educação escolar indígena, ao mesmo tempo em que vamos inserir as escolas indígenas em um sistema particular, que vai nortear a gestão e garantir a continuidade da política pública”, destacou Paulo Roberto Ferreira, coordenador da Educação Indígena.
Investimentos
Ao todo, 600 professores indígenas atendem e lecionam nas 212 escolas construídas nas aldeias acreanas. São mais de sete mil alunos indígenas em todo o estado.
O governo do Estado, por meio das secretarias de Educação e Obras Públicas, trabalha na entrega de outras nove escolas, ainda este ano. Em março, o governador Tião Viana anunciou a implantação de um Centro Cultural Bilíngue, na aldeia Água Viva, localizada na TI Huni Kuin em Tarauacá.
Em todo o estado, cinco centros bilíngues serão instalados. O funcionamento desses espaços de educação específica para os povos indígenas marca a consolidação de uma política pública, que tem em seu epicentro o debate levantado nas aldeias, é o que explica o cacique da Aldeia Água Viva, Bené Huni Kuin.