Mais de 26 mil pessoas são identificadas vivendo na Terra Yanomami após força-tarefa do IBGE

Foram identificadas 16.560 em aldeias dentro do território de Roraima e outros 10.294 em aldeias localizadas no Amazonas.

“Agora sabemos quantos Yanomami nós somos”, disse a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, sobre o lançamento da megaoperação para viabilizar a conclusão do Censo Demográfico na Terra Indígena Yanomami, que concluiu o total de 26.854 pessoas estão vivendo na TI Yanomami brasileira.

Para levar as recenseadoras e os recenseadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) até as áreas de mais difícil acesso no território, o MPO liderou uma cooperação entre cinco ministérios. Quando do anúncio do acordo interministerial, a ministra Tebet declarou que o IBGE, vinculado ao MPO, revelaria “quantos Yanomami nós somos”.

Foto: Victor Moryama/ISA

Após 23 dias de operação no extenso território que passa pelos Estados de Roraima e do Amazonas, o IBGE concluiu os trabalhos no fim de março. Os supervisores e recenseadores deixaram a base de Surucucu, mantida pelas Forças Armadas, no dia 31. A base era de onde saíam em voos de helicópteros da Polícia Rodoviária Federal (PRF) dia a dia para coletar os dados censitários nas aldeias.

Especificamente, esta operação envolveu 47% dos setores censitários, que estão localizados na parte mais remota do território – os outros 53% já haviam sido recenseados durante o trabalho regular do Censo, no ano passado. Foram contados 16.560 Yanomami em aldeias dentro do território de Roraima e outros 10.294 em aldeias localizadas no Amazonas. Esse total de 26.854 já inclui os 5 mil cinco mil Yanomami que foram recenseados na operação aérea por helicópteros.

A megaoperação envolveu os ministérios da Justiça e Segurança Pública (MJSP), da Defesa, dos Povos Indígenas (MPI) e da Saúde, além do MPO, responsável pela coordenação dos trabalhos. 

Diversas instituições, vinculadas aos ministérios, foram mobilizadas com sucesso: a PRF (ligada ao MJSP); a Sesai (vinculada à Saúde); a Funai (ligada ao MPI); as Forças Armadas (vinculadas à Defesa); além do IBGE, ligado ao MPO. 

Além do governo federal, a operação contou com o apoio do governo de Roraima, que cedeu hangar em Boa Vista e auxiliou com barracas e pessoal da Defesa Civil especializado para gestão do alojamento.

“A conclusão dos trabalhos do Censo representa uma das entregas mais simbólicas dos primeiros 100 dias do atual governo porque sinaliza justamente a união entre diferentes pastas e instituições com o objetivo de reconstruir nossa base de dados mais fundamental, que é o Censo”, afirmou a ministra Tebet.

Foto: Reprodução/Exército do Brasil

O assessor especial do MPO, João Villaverde, apontou a importância da conclusão geral do Censo para os demais agentes públicos e privados: “Como a ministra costuma dizer, não há política pública de qualidade sem dados confiáveis e atualizados. Concluir o Censo, especialmente com uma ação que levou o IBGE a áreas do território que ele nunca tinha conseguido acessar em censos anteriores, é um gesto relevante neste sentido”, disse ele.

Quando do anúncio do acordo de cooperação entre ministérios, no início do mês, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, disse que a operação enfrentava “um negacionismo censitário”, em referência às sabotagens promovidas pelo governo anterior junto a instituições de pesquisa, informação e transparência. 

Na ocasião, também, a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, explicou que a força tarefa do governo, envolvendo grande esforço de logística, visava justamente levar recenseadores a áreas de acesso muito difícil do território nacional. Ainda em fevereiro, em meio às negociações para viabilizar a força-tarefa, o ministro da Defesa, José Múcio, declarou estar totalmente empenhado para a questão logística da operação.

O presidente interino do IBGE, Cimar Azeredo, agradeceu a todas e todos que “de alguma forma colaboraram para colocarmos os Yanomamis no mapa do Brasil”. O gerente de Territórios Tradicionais e Áreas Protegidas do IBGE, Fernando Damasco, coordenou por 27 dias os trabalhos do Censo na TI Yanomami: “as equipes envolvidas passarão a se dedicar à documentação e à memória dessa operação de grandes proporções e à preparação para a divulgação dos resultados”, disse ele.

Conclusão do Censo

Desde 1º de março que o IBGE conduz a etapa de apuração do Censo. Durante esse período, que se prolongará até o fim de abril, técnicos de várias áreas reunidos no Comitê de Fechamento do Censo e também independentes (contratados justamente para esse estágio final), verificam os dados coletados no país todo. Alguns retornos a campo, pontuais, tem ocorrido.

Foi durante essa etapa de revisão dos dados que o IBGE foi a campo para concluir o Censo na TI Yanomami. Agora resta outra operação de massa, também coordenada pelo MPO, que envolve a coleta de dados em domicílios inseridos em favelas brasileiras. Neste caso, o ‘Favela no Mapa’, como é chamada a operação, envolve a Central Única de Favelas e o Data Favela.

A apuração do Censo, bem como as ações pontuais, finais, de coleta de dados, serão concluídas até o fim de abril. Os dados preliminares serão anunciados pelo IBGE no dia 4 de maio. 

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