Aleam promove conscientização sobre a saúde do homem. Foto: Hudson Fonseca/Aleam
O Dia Nacional do Homem, celebrado em 15 de julho, tem como objetivo conscientizar sobre a importância dos cuidados com a saúde masculina. A Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) tem desempenhado um papel fundamental nessa conscientização, promovendo ações e aprovando leis que garantem a proteção da saúde do homem, respeitando suas peculiaridades socioculturais.
O presidente da Aleam, deputado Roberto Cidade (UB), destacou a relevância da data e reforçou o compromisso com a saúde do público masculino.
“Neste Dia do Homem, faço um chamado à reflexão sobre a importância do cuidado contínuo com a saúde masculina. Mais do que uma data simbólica, hoje é um lembrete de que cuidar da saúde deve ser um compromisso diário. Precisamos romper tabus, buscar informação, realizar exames preventivos e, principalmente, valorizar a vida. Incentivar esse cuidado é também uma forma de proteger nossas famílias e construir uma sociedade mais saudável. Como parlamentar, sigo firme no propósito de apoiar políticas públicas que promovam a saúde integral do homem amazonense durante todo o ano”, declarou.
Ainda sobre o tema, Roberto Cidade afirmou que, durante sua gestão, foram intensificadas as iniciativas relacionadas ao Novembro Azul, campanha de conscientização sobre o câncer de próstata. Além da sensibilização, houve ampliação na oferta de exames laboratoriais.
Lei de Atenção Integral à Saúde do Homem
Em 2013, foi sancionada no Amazonas uma lei de autoria da ex-deputada Conceição Sampaio que institui a Política Estadual de Atenção Integral à Saúde do Homem. Trata-se da Lei nº 3.934, de 26 de setembro de 2013, que assegura a promoção e a proteção da saúde masculina, levando em consideração suas especificidades culturais e sociais.
Segundo a legislação, essa política é orientada por diretrizes que buscam integrar o homem à rede de serviços de saúde, com prioridade para a atenção básica, conforme o Programa de Saúde da Família, e alinhando-se às demais políticas do Sistema Único de Saúde (SUS).
Além disso, seus objetivos incluem a organização e implantação da atenção integral à saúde masculina no Estado, contribuindo para a mudança de percepção dos homens em relação à saúde e às suas famílias.
Também busca estimular a participação masculina nas atividades preventivas de doenças comuns, implementar a atenção à saúde sexual e reprodutiva, ampliar o acesso às informações preventivas e fomentar o autocuidado entre os homens.
Teatros da Amazônia são candidatos a patrimônios mundiais. Foto: Divulgação/Iphan
As superintendências do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no Pará e no Amazonas estão organizando uma série de oficinas de escuta social com a população como parte do processo de candidatura dos Teatros da Amazônia – oTheatro da Paz, em Belém (PA), e o Teatro Amazonas, em Manaus (AM) – a Patrimônio Mundial Cultural, título concedido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco).
As oficinas acontecerão nos dias 28 e 29/07 em Manaus e no dia 05/08 em Belém. A ação marca uma etapa fundamental no processo: é a escuta da população e dos órgãos envolvidos na gestão dos teatros para a construção das diretrizes que serão seguidas se os Teatros, de fato, se tornarem um Patrimônio Mundial Cultural. As oficinas também contarão com a participação das secretarias de Cultura estaduais e municipais envolvidas na candidatura. Inscreva-se para as oficinas de Manaus (AM) clicando aqui.
A superintendente do Amazonas, Beatriz Calheiro, destaca que o processo é fundamental para garantir como os bens serão geridos após o processo de candidatura.
“A mobilização para que os teatros sejam reconhecidos como patrimônio mundial não se encerra com a aprovação. É fundamental definirmos como esse bem será cuidado, estabelecendo ações, responsabilidades e prazos para garantir sua preservação”, detalha.
Teatro Amazonas, em Manaus. Foto: Janailton Falcão/Amazonastur
A superintendente do Iphan no Pará, Cristina Vasconcelos, ressalta a necessidade da participação da sociedade.
“Todo o processo de reconhecimento desses teatros como patrimônio mundial exige a escuta da sociedade. E chegou o momento de ouvir a população diretamente. Esta é a oportunidade de saber o que cada cidadão acha necessário fazer para preservar o bem seriado que podemos ter”.
Theatro da Paz, em Belém. Foto: David Alves/Agência Pará
O formato previsto para as oficinas contempla um dia inteiro de escuta, focado nos pontos centrais relacionados aos dois teatros. Quem quiser participar precisa preencher o formulário, que também está disponível nos portais dos demais órgãos envolvidos na candidatura.
Patrimônio Mundial Cultural
A candidatura foi oficialmente apresentada em janeiro de 2025 à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), por meio de um dossiê elaborado pelo Iphan, em parceria com o Ministério da Cultura (MinC), o Ministério das Relações Exteriores (MRE), e as secretarias de Cultura do Pará, do Amazonas e das prefeituras de Belém e Manaus.
O processo está em fase de avaliação e a próxima etapa será a visita técnica de representantes do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos), entidade ligada à Unesco, que avaliará in loco os teatros.
Por Julio Sampaio de Andrade – juliosampaio@consultoriaresultado.com.br
Fui questionado, a partir dos dois últimos artigos em que abordei o tema sincronicidades, se não haveria nesta compreensão uma contradição. Se é verdade que o Universo tenta se comunicar conosco por meio de sinais e de sincronicidades, sendo uma linguagem que podemos nos esforçar para aprender, isto não implicaria em uma devida obediência a esta Força Superior, eliminando o exercício de nossa livre escolha?
É uma questão que me faz refletir com mais profundidade. Faz sentido o questionamento, como fazem sentido as perguntas que nos levam a buscar as respostas em nosso interior. Quando isto acontece, a resposta surge com mais convicção, pois foi elaborada por nós mesmos. Às vezes, aparece sob a forma de descoberta ou de criação de algo novo.
Mas voltando a questão em si, a reflexão me confirmou que não, que não existe a tal contradição, a menos que nós mesmos desejemos abrir mão de nosso livre arbítrio, transferindo para terceiros, decisões e escolhas que a cabem a nós. A responsabilidade da escolha, afinal, foi nos concedida pela própria Força Superior, a quem muitos chamamos de Deus.
Se eu converso com alguém, leio um livro ou percebo sincronicidades como uma linguagem do Universo, tenho a oportunidade de refletir, fazer as minhas considerações, ampliar alternativas e fazer escolhas. A partir daí, é hora de aplicar o kannagara que, como expliquei no último artigo, é uma palavra que no xintoísmo significa algo como “caminho da Grande Natureza”, ou, deixar seguir o fluxo natural, confiando e sem apego.
É exatamente isso a que se propõe o coaching profissional (não aquilo que indevidamente se autointitula coaching no Brasil, por falta ainda da regularização profissional). O coach não aconselha, não orienta, não dirige o cliente. Em um trabalho de parceria, ele o estimula a ordenar os seus pensamentos, a refletir, a tomar decisões e a colocar em prática o que ele mesmo decidiu.
Há pessoas que seguem este processo, sem a ajuda de um profissional, fazendo uso de outros mecanismos. Alguns escrevem, desenham ou falam para si mesmos, parecendo que estão malucos, falando sozinhos. Outros utilizam os seus companheiros, colegas ou alguém próximo para falar e organizar o próprio pensamento. Nem sempre é fácil ter alguém que pare para ouvir verdadeiramente, esteja presente cem por cento, seja capaz de trazer questionamentos que contribuam com as reflexões e, principalmente, não queira dar conselhos, às vezes, com muita ênfase para convencimento.
Não sei você, mas não gosto de receber conselhos, salvo em situações muito excepcionais, em que solicitei ou consenti que a pessoa o fizesse. Se isto não aconteceu, tendo a rejeitar, criando uma espécie de barreira ao que a pessoa vai dizer, às vezes, com a melhor das intenções. Com boas intenções, podemos ser invasivos e desrespeitar a pessoa.
Observo, porém, que há indivíduos que agem inversamente. Tentam fugir da sua responsabilidade, buscando ao máximo, transferir as decisões para as outras pessoas, seja o chefe, o sacerdote, o terapeuta ou o coach. Com frequência perguntam: “O que eu faço?”.
Conheci um casal que transferiu para o sacerdote a decisão se deveriam ou não se casar. Depois, onde deveriam morar? Estava na hora de terem o primeiro filho ou seria melhor depois da casa própria?
Há vários exemplos de situações como esta. Nestes casos, costuma haver uma dupla distorção. Primeiro, o de quem aconselha, que alimenta o círculo vicioso e o seu próprio ego. Segundo, de quem cria esta dependência, esquecendo-se de que estamos sempre fazendo escolhas, mesmo quando decidimos não o fazer. Somos nós que dirigimos a nossa vida e dirigimos o nosso destino, um presente do Universo. Podemos construir ou não felicidade. Penso que é uma boa notícia, embora nos traga responsabilidade. Benjamim Franklin afirmou que na vida há duas coisas que não podemos evitar: a morte e os impostos. Há uma terceira: fazer escolhas.
E para você? O que seria estar atento aos sinais e desfrutar a direção do próprio destino?
Sobre o autor
Julio Sampaio (PCC,ICF) é idealizador do MCI – Mentoring Coaching Institute, diretor da Resultado Consultoria, Mentoring e Coaching e autor do livro Felicidade, Pessoas e Empresas (Editora Ponto Vital). Texto publicado no Portal Amazônia e no https://mcinstitute.com.br/blog/.
Açaí de Feijó é conhecido pela boa qualidade. Foto: Vanísia Nery/Arquivo Rede Amazônica AC
Em decreto publicado no Diário Oficial do Estado (DOE) da última quarta-feira (16), o município de Feijó, no Acre, passou a ser reconhecido como a ‘capital do açaí’.
O documento enfatiza que o título leva em consideração a expressiva produção de açaí no município e também ‘a relevância socioeconômica e tradição cultural ligada ao cultivo, beneficiamento e comercialização do fruto’.
A lei, de autoria do deputado Luiz Gonzaga, traz ainda recomendações que a administração pública pode adotar para a valorização do produto, como:
a divulgação nacional e internacional da marca Açaí de Feijó;
o incentivo a eventos, feiras e festivais que promovam a cultura do açaí;
a realização de ações de capacitação e assistência técnica para produtores e extrativistas locais.
Em 2023, o açaí de Feijó ganhou o primeiro registro de Indicação Geográfica (IG). O registro garante o selo de um produto ou serviço como originário de um local, região ou país e atende todas as exigências do mercado, sendo ele o primeiro açaí a alcançar a certificação no país. O reconhecimento foi concedido pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).
A conquista é resultado de um trabalho desenvolvido pelo Sebrae Acre, o governo estadual, produtores, agricultores e associações da cidade desde 2021.
Para um produto receber essa certificação, é submetido a alguns processos. Primeiro, é feito um diagnóstico para confirmar se a região e o produto atende aos preceitos e portarias do INPI. Depois, há uma avaliação da documentação para checagem dos padrões de qualidade.
Carretas na BR-319. Foto: Joel Bentes Araújo Filho/Acervo pessoal
Por Osíris M. Araújo da Silva – osirisasilva@gmail.com
O pesquisador aposentado do Inpa, Charles Clement, a propósito da liminar expedida pela juíza Maria Elisa Andrade, do TRF-1, 1ª Região (TRF-1) suspendendo os efeitos da licença prévia emitida em 2022 pelo Ibama para as obras de reconstrução e asfaltamento da BR-319, em nota dirigida à esta coluna critica duramente o volume de desmatamento e o papel das Unidades de Conservação (UCs) criadas pelo governo ao longo da rodovia.
Em sua maioria indefesas, porquanto, ao que sustenta, “o desmatamento ao longo do interflúvio dos rios Purus e Madeira, rico em biodiversidade e importância para a conservação daquele bioma, aumentou mais de 80% em 2024 e em 2025 já supera 60%”. Afirma ainda que a maioria das UCs não saiu do papel, observando “a existência de terras não destinadas, por negligência da União, que o governo estadual poderia propor destinação produtiva e ambientalmente sustentável”, conceito que se refere à prática de condução de atividades econômicas de forma a minimizar impactos negativos ao meio ambiente e, assim, garantir a disponibilidade de recursos para as gerações futuras.
Ocorre que blindar a BR-319, nos termos propostos pelo pesquisador – mesmo que corretos, penso eu -, é, contudo, muito caro. O governo federal, salvo no período do regime militar, jamais considerou na Lei Orçamentária Anual (LOA), em dimensões ajustadas às prioridades dimensionadas pelos investimentos em infraestrutura, educação, saúde, saneamento básico, P&D, indispensáveis à alavancagem do processo de desenvolvimento regional. Na verdade, o Planalto não enxerga a Amazônia como prioridade nacional. Erradamente, pois o uso sustentável dos recursos da biodiversidade, como endossado por renomados professores e pesquisadores de nossas universidades e centros de pesquisa, tem a capacidade de tornar o Brasil uma das economias mais pujantes do planeta, gerando benefícios sociais de alto impacto aos amazônidas, ao povo que aqui vive e mantém a região território brasileiro desde sempre.
O quadro se agravou no pós redemocratização de 1985, quando cessou a presença governamental na região, e, consequentemente, potencializou em níveis estratosféricos a prática da piratearia ambiental e do narcotráfico. Dados do IBGE são claros. A despeito da gravidade da situação, a União não cumpre sua obrigação de apoiar o estado do Amazonas, que conserva 90% de suas florestas e detém 57,3% do território sob proteção de Unidades de Conservação nos níveis estadual, federal e Terras Indígenas, na realização de investimentos destinados a corrigir tais distorções. Para a ministra do Meio Ambiente, Marina da Silva, inimiga número 1 da Amazônia, gera mais mídia internacional prender rebanhos, destruir lavouras e áreas de mineração clandestinas do que investir preventivamente no controle dessas anomalias ambientais por meio de políticas públicas dirigidas à regulação desses setores.
O governo federal, por outro lado, ignora projeções da WWF (World Wide Fund for Nature) dando conta de que a procura global por madeira triplicará de 3,4 bilhões para 11,3 bilhões de metros cúbicos (m³) entre 2010 e 2050. Em cujo mercado o Brasil tem participação mínima, como também nos ramos da mineração, do turismo ecológico, dos biocosméticos, biofármacos, da bioenergia, nanotecnologias biológicas, etc. Tudo leva a crer que Marina da Silva jamais leu os compêndios de Samuel Benchimol, Djalma Batista, Cosme Ferreira. Ou de Bertha Becker, que, em sua obra seminal defende que “o ambientalismo excessivamente preservacionista da década de 1990 na Amazônia esgotou-se como um modelo para a região por uma dupla razão: primeiro, porque não conseguiu barrar a expansão da agropecuária capitalizada; segundo, porque a conscientização crescente da população amazônica, que demanda melhores condições de vida, resultou na criação de mercado de trabalho e renda e, portanto, no uso do seu patrimônio natural”.
Sobre o autor
Osíris M. Araújo da Silva é economista, escritor, membro do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA) e da Associação Comercial do Amazonas (ACA).
A pesquisadora Rafaela Forzza participa desde 2017 dos estudos do Programa Monitora. Foto: Jessica dos Anjos/ICMBio
Um estudo publicado na revista científica PLOS ONE estima que entre 7.343 e 9.595 espécies de plantas com flores (angiospermas) ainda não foram descritas no Brasil. A pesquisa também revela que 80% das áreas com maior potencial de ocorrência dessas espécies estão fora de unidades de conservação.
O levantamento analisou dados taxonômicos de 32.900 espécies nativas coletadas ao longo de 267 anos de pesquisas de campo (entre 1753 e 2020), abrangendo todos os biomas brasileiros: Amazônia, Mata Atlântica, Caatinga, Cerrado, Pampa e Pantanal.
Entre os autores do estudo está a pesquisadora Rafaela Forzza, atualmente vinculada ao Parque Nacional dos Descobrimentos, na Bahia. Oriunda do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Forzza integra o Programa Monitora, do Instituto Chico Mendes (ICMBio), e percorre diversas unidades de conservação no país em missões de coleta e avaliação da biodiversidade.
Para a pesquisadora, o estudo evidencia um problema estrutural:
“Espécies que ainda não foram descritas cientificamente estão mais vulneráveis à extinção. Sem o reconhecimento oficial, não é possível incluí-las nas listas de espécies ameaçadas ou desenvolver planos de conservação. É como uma pessoa sem certidão de nascimento — sem existir oficialmente, não recebe políticas públicas”, compara.
Segundo o estudo, o catálogo brasileiro de biodiversidade pode estar incompleto em 19% a 23%, com lacunas concentradas principalmente na Amazônia e na Caatinga.
O cruzamento dos dados com áreas protegidas mostra que apenas 1,3% dessas regiões na Caatinga têm proteção legal, enquanto na Amazônia o percentual é de 28%.
Rafaela destaca a importância da integração entre cientistas e gestores ambientais. “Pesquisadores e gestores das UCs trabalham com recursos limitados e alta demanda. Uma maior articulação entre esses grupos pode acelerar a catalogação das espécies”, afirma.
Ela aponta ainda o potencial estratégico do ICMBio nesse processo: “O Instituto tem acesso a territórios onde muitos pesquisadores não conseguem chegar. Podemos unir esforços para identificar e proteger a biodiversidade que ocorre nas UCs”.
O estudo também chama a atenção para o papel das terras indígenas, que abrigariam metade das possíveis novas espécies. Os dados reforçam a importância do conhecimento tradicional indígena na conservação da diversidade biológica.
O marsupial chamado de sagui-chachapoya. Foto: Divulgação/Sernanp
A 2.664 metros acima do nível do mar, no coração do Parque Nacional do Rio Abiseo, na região de San Martín, no Peru, uma equipe internacional de cientistas descobriu uma nova espécie de marsupial: o sagui-chachapoya.
Esta descoberta reafirma o papel fundamental que as áreas naturais protegidas (ANPs) desempenham como laboratórios vivos de biodiversidade e desenvolvimento científico para o Peru e o mundo. A nova espécie foi identificada em florestas nubladas de alta montanha, em um ecossistema caracterizado por sua riqueza biológica e alto nível de endemismo.
O sagui-chachapoya, documentado na revista científica American Museum Novitates, distingue-se pela sua pelagem castanho-avermelhada, barriga bege com base cinzenta, rosto longo e estreito e cauda muito mais longa que o corpo. A sua máscara facial escura não atinge a base das orelhas, que são cobertas por pelos amarelados.
Este marsupial representa uma expansão significativa do subgênero Stegomarmosa para as regiões altas dos Andes. As diferenças morfológicas e genéticas encontradas permitem que seja claramente distinguido de outras espécies conhecidas.
Sua descoberta no Parque Nacional do Rio Abiseo é resultado de um trabalho conjunto entre cientistas internacionais e peruanos, liderados por Silvia E. Pavan, Edson F. Abreu, Pamela Y. Sánchez-Vendizú e Robert S. Voss. Para o Serviço Nacional de Áreas Naturais Protegidas (Sernanp), órgão vinculado ao Ministério do Meio Ambiente peruano, esse tipo de constatação reafirma o compromisso institucional com a conservação da biodiversidade do país.
“Cada nova espécie descoberta é a prova de que nossas áreas protegidas cumprem seu papel: conservar, gerar conhecimento e contribuir para o bem-estar da sociedade”, informou o Sernanp.
O Parque Nacional do Rio Abiseo, reconhecido como Patrimônio Mundial da UNESCO, abriga ecossistemas únicos que vão desde florestas tropicais até florestas de montanha. Seu isolamento natural e baixa intervenção humana o tornam um espaço ideal para a ciência.
Graças a essa proteção, espécies como o sagui-de-chachapoya conseguiram permanecer escondidas por séculos. Esta descoberta é mais do que uma inovação científica: é um alerta para a urgência de proteger os ecossistemas frequentemente vulneráveis a atividades extrativas ou às mudanças climáticas. Também destaca o papel das comunidades locais, pesquisadores e gestores na proteção do nosso patrimônio natural.
Projeto do aquário foi divulgado pelo prefeito de Manaus. Foto: Divulgação/Implurb
A Prefeitura de Manaus (AM) anunciou que vai construir o primeiro aquário municipal da cidade. O anúncio foi feito pelo prefeito David Almeida por meio de vídeo publicado em suas redes sociais no dia 18. O novo equipamento turístico será na rua Visconde de Mauá, em frente ao porto de Manaus, como parte do programa ‘Nosso Centro’, que está revitalizando e reocupando o Centro Histórico.
De acordo com a prefeitura, o local contará com cinco andares. “O prédio terá dois níveis de estacionamento, dois andares destinados ao aquário com espécies amazônicas e um rooftop com vista privilegiada para o rio Negro, onde funcionará uma operação gastronômica”, informou.
A previsão, segundo o administrativo municipal, é que as obras tenham início ainda em 2025, após a conclusão dos estudos técnicos coordenados pelo Instituto Municipal de Planejamento Urbano (Implurb).
“Manaus vai ganhar o seu aquário municipal. Estamos trazendo uma grande novidade para o Centro da cidade. A construção vai iniciar ainda este ano e vamos transformar esse espaço em um dos principais pontos turísticos da capital, com aquário, estacionamento e rooftop de frente para o rio Negro. É mais um passo para atrair mais gente, gerar emprego, movimentar a economia e valorizar nossa biodiversidade”, destacou David Almeida.
“Por determinação do prefeito David Almeida, o Implurb está desenvolvendo os trabalhos iniciais do projeto do aquário de Manaus. Já fizemos visitas técnicas em aquários de referência no país e definimos o conceito da obra. A proposta se integra ao perímetro do Largo de São Vicente, unindo atrativos turísticos e equipamentos culturais que estão sendo revitalizados. É mais uma iniciativa para tornar o Centro um destino vibrante, acessível e conectado com a nossa identidade amazônica”, afirmou o diretor-presidente do Implurb, Carlos Valente.
Lembra do aviaquário?
Em 1937, o pátio da escadaria da Igreja da Matriz, também no Centro da cidade, contava com o Aquário Comandante Armando Pinna e até um pequeno zoológico, era o Aviaquário Municipal.
De acordo com o historiador Otoni Mesquita, o Aviaquário Municipal de Manaus foi a principal obra do prefeito Antônio Maia. A ideia era que o espaço fosse uma demonstração da biodiversidade da Amazônia, assim como a negociação de peixes e outras espécies, principalmente, para a venda de alevinos (peixes recém saídos do ovo).
A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) assinaram no dia 18 de julho a Instrução Normativa Conjunta (INC) que regulamenta a visitação turística com foco na valorização cultural e socioambiental em áreas com dupla afetação. Trata-se de territórios considerados Terras Indígenas (TIs) e Unidades de Conservação Federais (UCs). A ação fez parte do evento que comemora os 25 anos do Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), realizado na sede do ICMBio, em Brasília.
A INC tem como objetivo a valorização e a promoção da biodiversidade por meio da interação com os povos indígenas, suas culturas e o meio ambiente, visando à geração de renda com respeito à privacidade e à intimidade das comunidades indígenas. A norma estabelece a criação de um plano de visitação nessas áreas, sendo instrumento de planejamento de atividades turísticas, proposto por indígenas, suas comunidades ou suas organizações, em articulação com a Funai e ICMBio.
A normativa orienta ainda sobre a infraestrutura e segurança para os locais de visitação, com o objetivo principal de proteger os recursos naturais. Assim, prevê que a visitação poderá ser suspensa a qualquer tempo por interesse dos proponentes ou por decisão motivada do ICMBio ou da Funai, caso constatados danos ao meio ambiente ou aos povos indígenas. Para o presidente da Associação Indígena Comunitária Mainumy, Fabricio Guajajara, a assinatura da INC vai colaborar para a geração de renda das comunidades e, em especial, valorizar os territórios e os povos.
“Com isso, os turistas passam a conhecer a realidade das nossas comunidades indígenas, como nos organizamos, como vivemos, o que são os nossos locais sagrados, além de saberem respeitar o que pode e não pode ser visitado por outras pessoas. E, assim, nos dá mais liberdade para apresentar e potencializar nossos territórios, mostrando o que tem de mais importante lá dentro, nossa cultura, nossa cosmologia e nossa forma de viver”, ressalta.
A presidenta da Funai, Joenia Wapichana, afirma que a assinatura da INC estabelece clareza nos fluxos e, principalmente, uma maior responsabilidade dos órgãos e das pessoas nesses territórios e unidades de conservação, unindo fortalecimento da economia indígena com respeito ao meio ambiente.
“Um dos nossos objetivos é fazer com que os povos indígenas tenham uma participação mais ativa na tomada de decisões acerca de políticas públicas, especialmente aquelas ações que vão afetar a vida dos povos, por isso estamos realizando mais essa assinatura de hoje”, pontua a presidenta.
Foto: Mário Vilela/Funai
Ela destaca ainda que “as terras indígenas e unidades de conversação trazem a mesma proposta de conservação e proteção do meio ambiente”, o que reforça a autonomia dos próprios indígenas para apresentar seus planos e projetos de visitação.
O presidente do ICMBio, Mauro Pires, lembrou que há um trabalho em conjunto entre o Instituto, a Funai, o Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas (MMA), o Ministério dos Povos Indígenas (MPI), comunidades indígenas e outros órgãos.
“As áreas protegidas têm uma relevância enorme para toda a população, pois são locais que preservam o meio ambiente, mas também são importantes para as comunidades tradicionais, já que são espaços de subsistência e precisam ser pensados com estratégia para uma permanente preservação”, afirma.
A Instrução Normativa Conjunta foi construída a partir de oficinas com servidores, reuniões interinstitucionais e validação pelo Comitê Gestor da Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas (PNGATI). É resultado de um processo de tratativas, envolvendo as áreas técnicas da Funai e do ICMBio, com início em 2023, durante a tramitação do Plano de Visitação da Aldeia Boto Velho, localizada às margens do Lago Preto/Ilha do Bananal (TO).
Tal plano teve por objetivo discutir os procedimentos de análise de Planos de Visitação Turística (PVTs) em áreas de sobreposição entre Terras Indígenas e Unidades de Conservação. Em 2024, as áreas técnicas da Funai e do ICMBio retomaram as tratativas.
Assim, a INC define como instrumento central o Plano de Visitação em Áreas Duplamente Protegidas, que deverá ser elaborado pelos proponentes (povos, comunidades e organizações indígenas) com apoio e articulação junto à Funai e ao ICMBio, respeitando diretrizes ambientais, sociais, culturais e legais específicas.
A normativa representa um avanço inédito na governança ambiental e territorial, ao reconhecer a complexidade de sobreposições entre Unidades de Conservação Federais e Terras Indígenas, propondo um instrumento regulatório que promove a compatibilização de direitos constitucionais — notadamente o direito dos povos indígenas ao usufruto de seus territórios e o direito à conservação ambiental, previstos na Constituição Federal de 1988.
Foto: Mário Vilela/Funai
25 anos da SNUC
Durante o evento de 25 anos do SNUC, foram criadas novas áreas de conservação privadas pelo ICMBio e inaugurada a sede do órgão em Brasília. Além disso, houve a oficialização do Mosaico Gurupi, que visa a proteção e restauração de áreas naturais e territórios tradicionais e terras indígenas nos estados do Pará e Maranhão, com foco na região do entorno da Reserva Biológica Gurupi.
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, que também esteve presente no evento, reforçou que a comemoração dos 25 anos era também um tributo à vida.
“A criação do SNUC compreende a proteção da vida, do meio ambiente e dos usos sustentáveis. Um trabalho que é feito junto com as comunidades, com as universidades, com os pesquisadores, em vários espaços, compreende a importância dos povos indígenas e do meio ambiente”, disse.
Além de representantes da Funai, ICMBio e MMA, participaram ainda representantes indígenas de Terras Indígenas que congregam o Mosaico Gurupi e abrangem áreas dos estados do Maranhão e Pará. Também estiveram presentes autoridades do Ministério dos Povos Indígenas (MPI); do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama); da Embaixada da Noruega no Brasil; entre outros representantes de órgãos federais.
Mosaico Gurupi
Composto por 6 Terras Indígenas e uma reserva biológica (Rebio do Gurupi);
Abriga maior área de Floresta Amazônica do Maranhão;
Grande fauna terrestre e aquática;
46 espécies endêmicas e ameaçadas de extinção, dentre elas, a onça-pintada;
Maior área de espécies endêmicas do Pará;
46,4 mil km² de área;
Povos Indígenas: Tembé , Awá-Guajá, Guajajara e Ka’apor.
O Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza reúne as diversas categorias de unidades de conservação brasileiras, sendo um dos principais instrumentos da política ambiental do país, que desempenha papel estratégico na proteção da biodiversidade, dos recursos hídricos e na mitigação das mudanças climáticas.
Instituído pela Lei 9.985/2000, o SNUC apresenta um conjunto de diretrizes e ferramentas integradas entre o poder público — nas esferas federal, estadual e municipal — e a iniciativa privada para criação e gestão de unidades de conservação, com garantia da conservação, restauração e uso sustentável da biodiversidade, alinhada às metas e compromissos assumidos pelo Brasil em acordos internacionais, como a Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) e a Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês).
Desde então, a área total de unidades de conservação aumentou 244,8% no país. Em 2000, a extensão correspondia a 754 mil km². Nesse mesmo período, o número de unidades mais que triplicou. Foi de 1.053 para 3.185.
Guardiões da floresta no Amazonas foram reencontrados pelo Greenpeace durante expedição em 2025. Foto: Nilmar Lage/Greenpeace
Mesmo diante do avanço de ameaças como o PL da Devastação, é preciso manter a força e a coragem. Para se inspirar, o Greenpeace reuniu, no Dia Nacional das Florestas (17/07), informações sobre 11 guardiões da Amazônia que a associação conheceu há mais de duas décadas e, em maio de 2025, realizou um novo encontr durante a ‘Expedição Respeitem a Amazônia’, no Médio Juruá, no Amazonas.
À convite de ribeirinhos e do povo Deni, o Greenpeace visitou a região, entre 1999 e 2003, para apoiar no combate ao desmatamento e na luta pelo território. Até os anos 90, as populações locais enfrentavam trabalho análogo à escravidão e extração ilegal de madeira.
Mas, com muita união, conseguiram transformar um cenário de destruição em solução. Além de expulsar os invasores e se libertar, conquistaram um mosaico de áreas protegidas, com quase 2 milhões de hectares:
duas Unidades de Conservação: a Resex Médio Juruá (criada em 1997) e RDS Uacari (oficializada em 2005);
Hoje, o Médio Juruá (AM) é um exemplo de superação. As comunidades e aldeias vivem do manejo e da extração sustentável de seringa, açaí, copaíba, mel, sementes e pesca, como pirarucu. Juntando saberes ancestrais e tecnologias sociais, geram renda, bem viver, proteção ambiental e equilíbrio climático.
Conheça histórias reais de quem está cuidando da maior floresta tropical do mundo:
Manoel Cunha
Manuel Cunha era seringueiro quando conheceu o Greenpeace, em 1999. Atualmente, seu principal trabalho é como liderança e gestor da Resex Médio Juruá pelo ICMBio.
“É possível faturar sem derrubar uma árvore. Não conheço nenhuma comunidade que destrua o ambiente e viva bem. Eu conheço patrão que melhorou de vida, mas comunidade não. É muito mais fácil melhorar a qualidade de vida com uso sustentável dos recursos, do que desmatando”, afirma.
Foto: Felipe Goifman/GreenpeaceFoto: Nilmar Lage/Greenpeace
Vititivi Hava Deni
Vititivi Hava Deni é ancião do povo Deni, morador da aldeia Itaúba, e atuou na autodemarcação da Terra Indígena, ou seja, o próprio povo Deni demarcou seu território, homologado pelo Estado em 2004.
Hoje Vititivi conta as histórias para os mais novos, descrevendo os anos de luta pelo reconhecimento da terra, e se orgulha de cultivar roças em harmonia com a floresta.
Em 1999, Miriane Silva era menina quando o Greenpeace visitou sua comunidade Bauana pela primeira vez, antes mesmo da criação da RDS Uacari. Reencontramos com ela 25 anos depois, na casa de farinha de sua família.
“A vida na floresta é pesada, igual fazer farinha, mas tenho muito orgulho. Antes da reserva era difícil. Não tinha preservação ou peixe, só ataque. Hoje melhorou muito”, conta.
Baba Hava Deni é ancião e agente de saúde do povo Deni, cuida da qualidade da água e até do calendário de vacinas. Também participou da luta pela demarcação da Terra Indígena Deni no início dos anos 2000 e lembra das primeiras visitas do Greenpeace: “Iam para mata e até para Manaus com a gente, ajudavam a marcar o território e nas reuniões com autoridades”.
Nascido e criado na comunidade Bauana, Flavio do Carmo é conselheiro da Asproc, associação mãe do Médio Juruá, secretário do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS) e assistente do Memorial Chico Mendes (MCM). Assim como a maioria do povo juarense, ele vem de uma família de seringueiros, como seu tio Xeruã, que aparece na foto antiga, em 1999.
“Sem mel, não temos vida”, destaca seu Antônio Raimundo, conhecido como ‘De Açúcar’. Ele sempre gostou de coletar mel, como mostra a foto dele em 1999. Só que, antigamente, derrubavam árvores para extrair, já hoje é o inverso: a criação de abelhas sem ferrão, que ele mesmo implantou no seu quintal, ajuda a polinizar a floresta e gerar vida ao redor.
Mavarivi Bukure Deni coordena a fiscalização da Terra Indígena Deni, mantendo a área livre de invasores, e registra tudo nos documentos da vigilância. Na foto de 2003, ele aparece ajudando a carregar os marcos para a demarcação do território, quando passaram 20 dias na floresta, com fome e frio, mapeando toda a área — e o Greenpeace estava junto.
Aos 73 anos, Seu Pi (Raimundo de Souza) é um dos mais velhos a coletar andiroba na comunidade do Roque, na Resex Médio Juruá — como mostram as fotos de 1999. A diferença é que hoje o trabalho melhorou: tem mais renda, tecnologia e parceiros, e as sementes viram cosméticos vendidos em todo o Brasil.
“Criei seis filhos na agricultura, nunca tirei nenhum da escola para ir trabalhar e nunca precisei derrubar a mata”, relata dona Maria Lenicia, da comunidade Bauana, na RDS Uacari.
Quando ela era menina, eram raras as escolas no Médio Juruá (AM) — os antigos “patrões” proibiam, para seguir explorando ilegalmente a floresta e a mão de obra dos ribeirinhos e indígenas. Hoje, as comunidades e aldeias conquistaram suas escolas, embora precisem de melhorias e mais assistência do poder pública, afinal educação é um direito.
“A gente não pensa só no hoje, pensa no amanhã. Antes a gente só fazia o que o patrão mandava, podia ser bom ou ruim. Hoje, dentro da Reserva Extrativista, a gente trabalha com liberdade e responsabilidade, cuidando do que é nosso”, explica seu Antônio da Cunha (Seu Tota), seringueiro da comunidade São Raimundo, na Resex Médio Juruá. Na foto de 1999, aparece mostrando borrachas coloridas, feitas através da tecnologia que Greenpeace ajudou a instalar na época.
Foto: Felipe Goifman/GreenpeaceFoto: Nilmar Lage/Greenpeace
Bunarivi Varasha Deni (Dr. Barro)
Bunarivi Varasha Deni, pajé, também atuou na autodemarcação e até hoje se lembra das pessoas do Greenpeace que participaram do processo. Seu apelido é Dr. Barro, dado por médicos e antropólogos que estudam a medicina indígena Deni, porque ele trata as pessoas com argila da terra, um conhecimento ancestral. “Se mulher grávida tem hemorragia, cavo um buraco fundo e pego terra para curar”.