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Você sabia que a maior mariposa do mundo é encontrada na Amazônia?

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Foto: K. Zyskowski & Y. Bereshpolova

A mariposa-imperador (Thysania agrippina) é uma das residentes da floresta amazônica que impressionam por seu tamanho. Ela possui o recorde de maior mariposa do mundo e um gosto interessante por cervejas.

A bruxa-branca, como também é conhecida, é encontrada na região sul dos Estados Unidos e nas Américas Central e do Sul. Mesmo sendo um animal grande, consegue se camuflar nas árvores devido a sua coloração branca e cinza que se disfarça nos troncos. Outra estratégia de defesa desses insetos é a presença de um órgão timpânico no tórax, um tipo de “ouvido”, que permite às mariposas captar o ultrassom dos morcegos – seus predadores naturais – e fugirem.

De acordo com o livro ‘RankBrasil: O livro dos recordes brasileiro’ (2015), ela é a mariposa com a maior envergadura do mundo, com média de 30 centímetros de uma asa a outra.

Gilcélia Lourido, pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa), informou ao Portal Amazônia que a Thysania agrippina foi descrita em 1776 pelo entomologista holandês Pierre Cramer.

No entanto, a espécie já havia sido retratada em 1705, na obra Metamorphosis insectorum Surinamensium de Maria Sibylla Merian, junto a uma lagarta que, tempos depois, descobriu-se que se tratava de outra espécie de mariposa, inclusive de uma família diferente (Sphingidae).

Foto: Ilustração do livro Metamorphosis insectorum Surinamensium, Maria Sibylla Merian, pg. 20.

Da ordem Lepidoptera, juntamente com as borboletas, a nomenclatura faz referência às escamas presentes nas asas desses insetos, que também possuem um aparelho bucal sugador conhecido como espirotromba para se alimentar de néctar e líquidos de frutos. Durante a metamorfose, os hábitos alimentares da mariposa-imperador se alteram.

Borboletas e mariposas são insetos holometábolos, o que significa que passam por quatro fases de desenvolvimento: ovo, larva/lagarta, pupa e adulto.

A mariposa-imperador está amplamente distribuída, sendo encontrada em ambientes antropizados, inclusive em áreas urbanas. Apesar disso, não se conhece as fases imaturas (ovos, lagartas e pupas) da espécie.

Dada a estreita relação dos Lepidoptera com as plantas, a ausência da planta hospedeira e devastação de habitats (seja por queimadas ou desmatamento) podem levar ao processo de extinção das espécies.

Extinção

Em alguns países da América do Sul, como a Argentina e Uruguai, a bruxa-branca é considerada em risco de extinção ou extinta desde 2003. Muito do desaparecimento dessas mariposas é devido a queimadas e desmatamento que tem devastado seu habitat.

Foto: Renato Rodrigues/Comunicação Butantan

As mariposas gostam de “uma gelada”?

De acordo com a especialista, sim. Algumas mariposas e borboletas apreciam cervejas e até vinho, um fato curioso que está sendo pesquisado, uma vez que, segundo Gilcélia, as bebidas fermentadas podem favorecer essas espécies de insetos.

Ela ainda afirmou que “frutas fermentadas e/ou caldo-de-cana fermentado são utilizados nas armadilhas de captura de borboletas frugívoras”. E que “inclusive há algum tempo misturava-se cerveja para acelerar o processo de fermentação das iscas utilizadas para atrair as borboletas”.

*Por Heloíse Bastos, estagiária sob supervisão de Clarissa Bacellar

Lendas amazônicas são contadas por estudantes de Tefé em livro criado por projeto da UEA

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Foto: Clarissa Bacellar/Portal Amazônia

O boto, o curupira e a Iara estão no imaginário amazônico por séculos com as histórias de vivências reais com esses seres míticos sendo contadas de geração em geração entre as famílias da região.

O livro ‘Lendas Amazônicas: legitimando a identidade cultural dos estudantes da Escola Estadual São José, em Tefé/Amazonas’, organizado pela coordenadora da Área de Letras da CEST/UEA, Núbia Litaiff, e pela supervisora de Área de Letras da SEDUC/Tefé, Thaila Fonseca, apresenta o ponto de vista de alunos do interior do Amazonas sobre essas lendas tão conhecidas.

A obra foi concebida por meio da apresentação da literatura regional para os alunos de ensino fundamental. Com aulas expositivas e oficinas artísticas organizadas por bolsistas do projeto na escola em Tefé, os estudantes tiveram contato com a cultura local e a prática da escrita.

No livro os objetivos principais descritos são: “promover a valorização da cultura local e despertar o interesse para a prática da escrita, por intermédio das narrativas amazônicas, coletadas entre os alunos da referida escola”.

Foto: Clarissa Bacellar/Portal Amazônia

Além disso, o livro também aponta a importância do gênero textual ‘lendas’, já que elas carregam uma tradição oral da região, apresentando a fantasia com elementos reais para tentar explicar fenômenos que foram considerados sobrenaturais.

“A lenda configura-se como uma modalidade narrativa (oral ou escrita) e constitui um misto de religião, de ideologia popular e de aspectos maravilhosos que permeiam o imaginário do homem. Desse modo, as histórias lendárias ‘nos fornecem um caminho simples para os fatos culturais de uma civilização’ (MACHADO, 1994, pg. 97)”, explica a apresentação da obra.

Registro das atividades pedagógicas do projeto de ensino, desenvolvidas em sala de aula. Foto: Arquivo do PIBID/Letras – Escola Estadual São José – Ano: 2018.

O processo de criação ocorreu a partir da orientação dos alunos para realizarem entrevistas entre os seus familiares, que contariam as diversas histórias dos seres que povoam o imaginário popular. Os jovens ficaram responsáveis por transcrever a fala e criar ilustrações necessárias para representar as lendas contadas.

A obra versa sobre várias lendas – com destaque para o boto, história mais citada pelos familiares. O guaraná, o saci (ou mati), a castanha, a vitória-régia, a cobra norato, o mapinguari, o curupira, o corpo seco e o kurupi também são citados em diversas versões.

Com informações do livro ‘Lendas Amazônicas: legitimando a identidade cultural dos estudantes da Escola Estadual São José, em Tefé/Amazonas’.

*Por Heloíse Bastos, estagiária sob supervisão de Clarissa Bacellar

Pesquisas revelam benefícios do uso de Ayahuasca em tratamentos terapêuticos

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Imagem criada por meio de IA

A Ayahuasca é um chá feito a partir da infusão de duas ervas amazônicas – o cipó de Mariri (Banisteriopsis caapi) e as folhas de Chacrona (Psychotria viridis) – que é muito utilizado em rituais religiosos. A combinação de ervas possui potenciais alucinógenos e são essenciais em cerimônias criadas por antigas tribos amazônicas.

Segundo a crença, o chá promove uma expansão da consciência para encontrar respostas para angústias. A pessoa que ingerir a infusão das ervas terá uma espécie de “miração”, como é chamado no ritual, e poderá encontrar a solução para os problemas durante o processo.

Leia também: Ayahuasca, o ”ouro” prometido na Amazônia

Atualmente existem três religiões principais que realizam a ingestão do chá para os rituais com a Ayahuasca: o Santo Daime, a União do Vegetal e a Barquinha. As três possuem diferentes vertentes religiosas, porém encontram no consumo do chá durante os seus rituais uma forma de expansão da consciência e autoconhecimento.

Na composição das ervas do cipó e as folhas, há o DMT (dimetiltriptamina) e beta-carbolinas, que funcionam como agonistas – um fármaco que possui afinidade com um receptor influenciando no resultado de uma ação bioquímica – nos receptores de serotonina, aumentando seu nível no cérebro. A serotonina é popularmente conhecida como um ‘hormônio regulador do humor’, proporcionando bem-estar e prazer.

De acordo com o artigo ‘Potential therapeutic use of ayahuasca: A literature review’, ensaios clínicos abertos, realizados em uma unidade de internação psiquiátrica, apresentaram resultados em humanos de redução significativa nos escores depressivos, devido a presença de beta-carbolinas, que diminuem o inibidor de serotonina, ocasionando no aumento desse ‘hormônio’.

Foto: Reprodução/Fapesp

Alterações no metabolismo da serotonina após o consumo de Ayahuasca resultam na inibição da MAO (monoamina oxidase), que é responsável por danificá-la, o que resulta no acúmulo de serotonina no cérebro. Logo, segundo o artigo, o aumento dos níveis de serotonina são resultados positivos da ingestão da Ayahuasca, ou Huasca, podendo ser uma alternativa para pessoas em tratamento de depressão e ansiedade.

Há também pesquisas no uso do chá de Ayahuasca para o tratamento de dependências em outros psicoativos, como o álcool. Nos experimentos realizados em camundongos os resultados se mostraram positivos, a partir da ingestão de etanol nos animais, o chá de Huasca mostrou-se capaz de atenuar significativamente o desenvolvimento da sensibilidade comportamental induzida por etanol, sem afetar a atividade locomotora espontânea.

Pesquisa ainda é limitada

Entretanto, devido a questões ideológicas e políticas, o tratamento terapêutico com Ayahuasca não é permitido pela Associação Médica Brasileira e pelo Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas (Conad), sendo permitido apenas para rituais religiosos. Logo, não é possível, eticamente, realizar mais testes.

Segundo a psicóloga clínica Alcilene Moreira: “embora alguns estudos indiquem potenciais benefícios da Ayahuasca no tratamento de ansiedade e depressão, é fundamental ressaltar que a pesquisa nessa área ainda é limitada e os mecanismos de ação exatos não são totalmente compreendidos”.

Ainda de acordo com Alcilene, “a Ayahuasca é uma substância complexa com efeitos psicodélicos e pode desencadear experiências intensas e desafiadoras”, por isso, os efeitos mais apresentados da infusão, de acordo com diversos relatos, são mudanças na percepção de tempo, de cores, de luminosidade e de realidade.

Também pode causar alterações da memória; náuseas e vômitos; dificuldade de concentração; dificuldade de comunicação e entre outros. Porém muitos fatores influenciam nos efeitos, podendo ser variáveis de pessoa para pessoa, alerta a psicóloga.

Alcilene afirmou que “existem relatos de pessoas que pontuam os benefícios da Ayahuasca no tratamento de dependências, mas as evidências científicas ainda são insuficientes para afirmar que seja um tratamento eficaz e seguro”.

A especialista alerta que “a Ayahuasca pode induzir experiências profundas que levam à reflexão sobre o uso de outras substâncias, mas não há garantias de que isso resulte em uma mudança duradoura no comportamento”.

*Com informações do artigo ‘Panorama Contemporâneo do Uso Terapêutico de Substâncias Psicodélicas: Ayahuasca e Psilocibina

**Por Heloíse Bastos, estagiária sob supervisão de Clarissa Bacellar

Na Colômbia, Marina destaca necessidade de ações rápidas para proteção da biodiversidade

Foto: Reprodução/MMA

A ministra Marina Silva defendeu avanços rápidos na implementação de medidas para a conservação e uso sustentável da biodiversidade, no dia 29 de outubro. A ministra representou o Brasil no segmento de alto nível da COP16 da Biodiversidade, em Cali, na Colômbia.

A ministra afirmou que os resultados da conferência de dez dias devem avançar na regulamentação de partes do Marco Global de Kunming-Montreal, documento que definiu 23 metas para 2030 e 4 objetivos de longo prazo para 2050. Entre outros objetivos, o acordo firmado em 2022, na COP15, busca reverter a perda de biodiversidade e promover o seu uso sustentável e a restauração ecológica.

Marina afirmou que o Brasil usou a presidência do G20 para ampliar e promover ações climáticas e urgentes de conservação e uso sustentável da natureza. Entre elas, a criação de uma inédita Iniciativa de Bioeconomia, que adotou 10 princípios de alto nível relacionados ao tema.

Outra inovação da liderança brasileira do G20, afirmou a ministra, foi a Força-Tarefa para Mobilização Global contra a Mudança do Clima, que anunciou na última quinta-feira (24/10) instrumentos e medidas para acelerar e ampliar os fluxos financeiros voltados à implementação de ações climáticas. A Força-Tarefa também concordou com medidas para incentivar a transformação ecológica e reforçar o papel de bancos multilaterais no combate à mudança do clima.

Marina também destacou o mecanismo Florestas Tropicais para Sempre, proposta apresentada pelo Brasil em 2023 para remunerar países em desenvolvimento que conservam suas florestas tropicais. Na segunda-feira (28/10), a iniciativa recebeu apoio de cinco países: Alemanha, Colômbia, Emirados Árabes Unidos, Malásia e Noruega.

Outras iniciativas que ajudarão a garantir a implementação das metas de Kunming-Montreal, discursou a ministra, incluem o Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (Planaveg), lançado na segunda, que cria estratégias, instrumentos e arranjos para cumprir a meta de recuperar 12 milhões de hectares de vegetação nativa no país até 2030. A nova fase do Programa Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa), que irá promover a inclusão socioeconômica das comunidades locais, também foi mencionada.

Marina também defendeu maior participação dos povos indígenas, afrodescendentes e comunidades tradicionais na COP da Biodiversidade, em especial nas decisões relacionadas ao reconhecimento e à repartição justa e equitativa dos benefícios derivados do uso do patrimônio genético, incluindo direitos decorrentes do acesso às informações de sequências digitais.

*Com informações do MMA