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Jasmim-manga: flor cheirosa, cheia de simbologias, mas tóxica

Jasmim-manga. Foto: Clarissa Bacelar/Arquivo pessoal

Conhecida cientificamente como Plumeria rubra, as flores de jasmim-manga possuem diversas colorações que variam do branco ao rosa e um cheiro agradável, por isso ela é utilizada no meio cosmético para a fabricação de hidratantes e cremes corporais.

Mas além de perfumada, as flores de jasmim-manga são ricas em antocianinas, substância que dá cor à planta, e que representa uma ação antioxidante benéfica para os seres humanos. 

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Típica da América Central, essa planta é encontrada em todo o Brasil. Resistindo ao frio da Região Sul e ao calor da Região Norte, ela é comumente utilizada na ornamentação de jardins, sendo conhecida popularmente como jasmim, jasmim-manga, frangipani, árvore-pagode, ou “ai Santo Antônio” (nome falado no Timor Leste).

De acordo com o artigo ‘Estudo fitoquímico, avaliação da atividade antioxidante e biológica da espécie jasmim (Plumeria rubra L.)‘, pesquisas revelam que os extratos da planta Plumeria rubra L. possuem algumas atividades biológicas importantes tais como antimicrobiana, anti-inflamatória, antioxidante, antitumoral, anticancerígena entre outros, porém ainda não há muitos estudos acerca das capacidades da planta.

“Mais estudos devem ser realizados na busca de atividade biológica, fitoquímicos, isolamento e demais atividades no futuro para o desenvolvimento de novos produtos na área farmacêutica, alimentícia entre outras aplicabilidades”, aponta Octavio Fernandes, autor do artigo.

Jasmim-manga. Foto: Clarissa Bacelar/Arquivo pessoal

Com aspecto exótico, a árvore de jasmim-manga possui em seu caule uma seiva leitosa considerada tóxica, não podendo ser ingerida. Já as folhas secas podem ser consumidas em chás e as flores podem ser empanadas e fritas, compor geleias e molhos doces e aromatizar carnes e peixes, além de servirem para a fabricação de hidratantes, devido a sua fragrância e coloração agradáveis.

PANC

De acordo como pesquisador e professor do Instituto Federal do Amazonas (Ifam), Valdelly Ferreira Kinupp, autor do livro ‘Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC) no Brasil’, não se recomenda, a priori, o consumo das flores de jasmim-manga cruas, pois ela é uma planta da famílias Apocinácea, podendo conter algumas propriedades tóxicas, como alcaloides.

Professor Valdely Kinupp, autor do livro Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC) no Brasil. Foto: Reprodução/PANC

“Não tem muita informação dos usos medicinais, mas é uma planta aromática que traz os benefícios da abrasibilidade. Pode fazer o chá, a infusão, a decocção, e esse chá pode ser até fermentado virando um refrigerante natural que a gente chama de frisante de flor de jasmim-manga. E a geleia dela é maravilhosa, que pode ser usado em recheio de bolo, de tortas, sobremesas em geral, sorvetes e outros produtos”, afirmou Kinupp.

Considerada uma pequena árvore, a frangipani é muito conhecida, pois com ela são confeccionados os famosos colares havaianos, denominados “hawaiian leis”: estes colares são presenteados em diversas ocasiões, como nascimento, aniversário, casamento, formatura e morte, e marcam cerimônias religiosas, políticas e pessoais, demonstrando carinho e boas-vindas. Tendo até um feriado nas terra havaianas: o Lei Day, ou Dia do Lei, comemorado no dia 1° de maio.

Percorrendo continentes, a Plumeria é considerada a flor nacional de Laos, país localizado no Sudeste asiático, e também é a Flor Símbolo de Palermo, na Itália.

“No México eles falam que é a árvore da imortalidade, porque ela mesmo cortada, como ela é uma Apocinácea – é uma suculenta, assim como a rosa do deserto – da mesma família – ela tem muita água, muito nutriente no caule, então mesmo os caules cortados e quando eles estão maduros e foram podados e jogados no chão por aí, eles continuam a florescer, então é uma árvore sobrevivente”, apontou Valdely Kinupp.

Segundo Sandra Zorat Cordeiro, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), a Plumeria rubra é usada na medicina Ayurveda, por ter inúmeras propriedades farmacológicas, sendo considerada bactericida, vermífuga, calmante, eficaz no tratamento de reumatismo, doenças venéreas, indigestão e insônia.

Há também uma questão mitológica, já que a planta é conhecida por sua eficaz ação abortiva, os colares de Plumeria jamais são oferecidos a mulheres grávidas, pois são considerados de mau agouro.

*Por Heloíse Bastos, estagiária sob supervisão de Clarissa Bacellar

Futebol na Amazônia #2: saiba quais são os principais times e campeonatos que movimentam o Pará

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Foto: Thiago Lobato/Federação Paraense de Futebol

A história do futebol paraense é marcada por clubes tradicionais e rivalidades históricas que passam por gerações. O estado foi o quarto no Brasil a sediar um campeonato e, para alguns pesquisadores, o futebol chegou ao Brasil pelo Pará em 1895.

Porém, antes de citarmos os times e campeonatos que movimentam o Pará, é necessário traçar um paralelo com a história da modalidade no Estado.

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Segundo o cronista esportivo e ex-vice presidente da Associação Brasileira de Cronistas Esportivos (ABRACE) Carlos Castilho, o futebol paraense deu o pontapé inicial para o futebol na Região Norte.

“O futebol no Pará surgiu em 1892 pelos membros do Clube de Esgryma, que realizaram  as primeiras partidas no Largo de Nazaré em frente à sede  do Clube”, afirmou Castilho ao Portal Amazônia.

O futebol veio para o Brasil através das famílias abastadas que mandavam seus filhos para a Inglaterra, e também com ingleses que vieram para o Brasil na descoberta da nova terra. Com isso, a Imprensa paraense passou a registrar algumas notas sobre o assunto, inclusive o interesse pela aquisição de bolas trazidas da Europa. Os jornais passaram então a ter colunas sobre o assunto em 17 de dezembro de 1905.

Leia também: Primeira partida de futebol do Brasil aconteceu na Amazônia; descubra onde

O jornal Folha do Norte registrou, em 1898, a primeira escalação de uma equipe, obedecendo a sua origem (goalkeeper, full-back, half-back e center forward). O Pará foi o quarto Estado do Brasil a organizar e colocar em disputa um campeonato de futebol. Antes dele foram os Estados de São Paulo (1902), Bahia (1905) e Rio de Janeiro (1906).

Capa do jornal Folha do Norte, que apresentou a primeira escalação de uma equipe de futebol. Foto: Reprodução/Obras Raras.

“A primeira entidade fundada para dirigir o futebol paraense foi a Pará Football Association. O primeiro campeonato paraense foi realizado em 1906, mas entrou até o início de 1907. Disputaram a competição as equipes Pará Foot-Ball Club (formada por Ingleses que viviam no Estado), Pará Clube, Sport Club Football Team, Belém Clube, Clube Sportivo, Brasil Club, Club Recreativo e Internacional Foot-Ball Club. A competição não foi concluída por desavenças”, explicou o ex-comentarista Carlos Castilho.

“Em 23 de maio de 1913 foi fundada a Liga Paraense de Foot-Ball com os seguintes integrantes: Clube do Remo, Guarani Club, International Club, Rio Branco e Panther Club”, acrescentou Castilho.

De acordo com o  jornalista, o auge dos clubes paraenses ocorreu a partir dos anos de 1985, com o Tuna Luso campeão da Taça de Prata (1985), Paysandu bi-campeão brasileiro da Série B (1991 e 2001) e o Remo campeão da terceira divisão brasileira (2005). Falando em Paysandu e Remo… de onde surgiu essa rivalidade histórica?

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O Paysandu Sport Club e o Clube do Remo são os maiores clubes do Estado, mantendo uma rivalidade centenária e realizando o maior clássico do mundo 772 vezes. A rivalidade vem desde a fundação do Paysandu, em 2 de fevereiro de 1914, que surgiu de uma dissidência do Clube do Remo, fundado em 5 de fevereiro de 1905, e a cada ano fica mais acirrada, passando de geração em geração, chegando a criar animosidade inclusive familiar.

“Tenho um amigo torcedor bicolor que tem a casa de veraneio na ilha do Mosqueiro que é toda alviazul, inclusive o vaso sanitário. O mesmo cidadão quando vai pagar uma conta em bares e restaurantes, se for 33 reais, ele prefere pagar 34 só para não ter de pagar 33, que foi o maior tabu da história esportiva entre os dois clubes (33 jogos sem que o Paysandu ganhasse do Remo)”, relatou Castilho.

Os clubes mais fortes têm feito muitos investimentos, montando equipes com a intenção de obter o acesso à divisão principal do futebol brasileiro. “A infraestrutura melhorou muito, inclusive com Centros de treinamentos, ainda embrionários, mas com investimentos razoáveis”, comenta.

Os cronistas esportivos Manoel Façanha (AC) e Carlos Castilho (PA), ‘abracianos’ de longas datas, durante o 43º Congresso da Abrace. Na imagem, ambos com a camisa da Acea. Foto: Manoel Façanha/Acervo pessoal

Apesar dos investimentos, o futebol de base continua sendo deixado de escanteio, com mais jogadores contratados vindo de outros Estados do país, sendo poucos da Região Norte. “Pela política de importação de jogadores de outros centros, a base fica relegada a um plano secundário”, diz Castilho. Nos grandes clubes estaduais, Remo e Paysandu, apenas dois jogadores paraenses foram acionados na final do Parazão 2025, Kadu pelo Remo, e Rossi, que veio do Vasco da Gama, pelo Paysandu. 

O futebol feminino, que vem tomando grande visibilidade no cenário mundial com eventos como a Copa do Mundo Feminina sendo transmitida na TV aberta, continuam sem grandes investimentos. “As três equipes mais populares disputam as divisões inferiores, inclusive com resultados negativos”, aponta o comentarista esportivo. 

Apesar disso, o futebol paraense apresentou grandes nomes no esporte mundial, como: Alcino e Bira, jogadores do Clube do Remo; Quarenta, eleito o craque do século por cronistas esportivos; Yago Pikachu, ex-jogador do Paysandu que atualmente defende a camisa do Ceará; e China, meia do Tuna Luso Brasileira, que foi autor do primeiro gol de folha seca no Brasil. 

Curiosidades

Você sabia que o Clube do Remo tem música que já foi trilha sonora da novela das 9? O cantor e compositor Gonzaga Blantez, autor da música Curió do Bico Doce – música tema da personagem Ritinha, na novela A Força do Querer – fez essa música em homenagem ao time azulino.

E também a cantora e compositora Lia Sophia já declarou o seu amor pelo Remo nas redes sociais. Cantando o hino do time no seu ritmo mais conhecido: o Carimbó.

Principais competições

Taça do Campeão Paraense. Foto: Federação Paraense de Futebol.

O Pará conta com diversas competições que movimentam o futebol local, tanto no profissional quanto na base e no feminino. Dentre os principais torneios estão:

  1. Campeonato Paraense Série A
  2. Super Copa Grão Pará
  3. Copa Grão Pará
  4. Copa Pará Feminino Adulto
  5. Copas Regionais Sub-20 (Metropolitana, Nordeste, Oeste, Sul)
  6. Super Copa Pará Sub-20

Principais times

Remo

Nomes do clube: Clube do Remo, Leão Azul, Leão da Amazônia, Clube de Periçá
Nomes dos torcedores: Azulino, Remista, Fenômeno Azul
Fundação: 5 de fevereiro de 1905, como Grupo do Remo, voltado para atividades náuticas
Mascote: Leão Malino
Técnico: Daniel Paulista

Instagram: @clubedoremo

Títulos:

Copa Verde: 2021

Campeonato Brasileiro – Série C: 2005

Campeonato Norte Nordeste: 1971

Taças Norte: 1968, 1969, 1971

Campeonatos Paraense: 1913, 1914, 1915, 1916, 1917, 1918, 1919, 1924, 1925, 1926, 1930, 1933, 1936, 1940, 1949, 1950, 1952, 1953, 1954, 1960, 1964, 1968, 1973, 1974, 1975, 1977, 1978, 1979, 1986, 1989, 1990, 1991, 1993, 1994, 1995, 1996, 1997, 1999, 2003, 2004, 2007, 2008, 2014, 2015, 2018, 2019 e 2022, 2025

Torneios Início do Campeonato Paraense: 1920, 1921, 1922, 1923, 1925, 1928, 1934, 1939, 1945, 1952, 1955, 1956, 1959, 1964

Torneio Quadrangular de Salvador: 1967

Torneio Pará-Goiás: 1972

Torneio Pará-Maranhão: 1977

Torneio Pará-Ceará: 1993

Paysandu

Nomes do clube: Paysandu Sport Club, Papão, Papão da Curuzu
Nomes dos torcedores: Fiel bicolor, Papão bicolor, Fiel
Fundação: 2 de fevereiro de 1914
Mascote: Lobo mau (bicho-papão)
Técnico: Luizinho Lopes

Instagram: @paysandu

Títulos:

Campeonato Paraense: 1920, 1921, 1922, 1923, 1927, 1928, 1929, 1931, 1932, 1934, 1939, 1942, 1943, 1944, 1945, 1947, 1956, 1957, 1959, 1961, 1962, 1963, 1965, 1966, 1967, 1969, 1971, 1972,1976, 1980, 1981, 1982, 1984, 1985, 1987, 1992, 1998, 2000, 2001, 2002, 2005, 2006, 2009, 2010, 2013, 2016, 2017, 2020, 2021 e 2024

Campeonato Brasileiro (Série B): 1991, 2001

Copa dos Campeões: 2002

Copa Verde: 2016, 2018, 2022, 2024, 2025

Copa Norte: 2002

Super Copa Grão-Pará: 2025

Torneio Início do Pará: 1917, 1926, 1929, 1930, 1932, 1933, 1937, 1938, 1944, 1957, 1958, 1962, 1965, 1966, 1967, 1969 e 1970

Bragantino (PA)

Nomes do clube: Bragantino Clube do Pará, Tubarão, Tubarão do Caeté
Nomes dos torcedores: Tubarão branco, Bragantino
Fundação: 6 de março de 1975
Mascote: Tubarão
Técnico: Robson Melo

Instagram: @bragantinoclubedopara

Títulos:

Campeonato Paraense – Série B1: 2002, 2011, 2017

Castanhal

Nomes do clube: Castanhal Esporte Clube, Japiim, Aurinegro
Nomes dos torcedores: Aurinegro, Japiim
Fundação: 7 de setembro de 1924
Mascote: Pássaro Japiim
Técnico: Jairo Nascimento

Instagram: @castanhalec

Títulos

Campeonato Paraense – Série B1: 2003

Taça ACLEP (Associação dos Cronistas e Locutores Esportivos do Pará): 2006, 2009

Campeonato Paraense – Sub-20: 2007, 2012, 2018

Tuna Luso

Nomes do clube: Tuna Luso Brasileira, Elite do Norte, Águia guerreira
Nomes dos torcedores: Tunante, Cruzmaltino
Fundação: 1 de janeiro de 1903
Mascote: Águia
Técnico: Ignácio Neto

Instagram: @tunaluso.oficial

Títulos

Campeonato Brasileiro – Série B: 1985

Campeonato Brasileiro – Série C: 1992

Campeonato Paraense: 1937, 1938, 1941, 1948, 1951, 1955, 1958, 1970, 1983 e 1988

Campeonato Paraense – Série B1: 1941, 2020

Copa Grão Pará: 2024

Torneio Início do Pará: 1941, 1942, 1943, 1947, 1948, 1953, 1983, 1990, 1991 e 1997

Taça Cidade de Belém: 2007

Águia de Marabá

Nomes do clube: Águia de Marabá Futebol Clube, Alvirrubro-azul, Azulão
Nomes dos torcedores: Aguiano
Fundação: 22 de janeiro de 1982
Mascote: Águia
Técnico: Silvio Criciúma

Instagram: @aguiademaraba

Títulos

Campeonato Paraense: 2023

Super Copa Grão-Pará: 2024

Copa Grão-Pará: 2025

Campeonato Paraense – Série B1: 2015

Campeonato Marabaense: 1989, 1992 e 1993

Copa Meio-Norte “Ferreirinha”: 2000

Copa Meio-Norte “Maranhão-Pará-Tocantins”: 2002

*Por Heloíse Bastos, estagiária sob supervisão de Clarissa Bacellar

Você sabia que a maior mariposa do mundo é encontrada na Amazônia?

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Foto: K. Zyskowski & Y. Bereshpolova

A mariposa-imperador (Thysania agrippina) é uma das residentes da floresta amazônica que impressionam por seu tamanho. Ela possui o recorde de maior mariposa do mundo e um gosto interessante por cervejas.

A bruxa-branca, como também é conhecida, é encontrada na região sul dos Estados Unidos e nas Américas Central e do Sul. Mesmo sendo um animal grande, consegue se camuflar nas árvores devido a sua coloração branca e cinza que se disfarça nos troncos. Outra estratégia de defesa desses insetos é a presença de um órgão timpânico no tórax, um tipo de “ouvido”, que permite às mariposas captar o ultrassom dos morcegos – seus predadores naturais – e fugirem.

De acordo com o livro ‘RankBrasil: O livro dos recordes brasileiro’ (2015), ela é a mariposa com a maior envergadura do mundo, com média de 30 centímetros de uma asa a outra.

Gilcélia Lourido, pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa), informou ao Portal Amazônia que a Thysania agrippina foi descrita em 1776 pelo entomologista holandês Pierre Cramer.

No entanto, a espécie já havia sido retratada em 1705, na obra Metamorphosis insectorum Surinamensium de Maria Sibylla Merian, junto a uma lagarta que, tempos depois, descobriu-se que se tratava de outra espécie de mariposa, inclusive de uma família diferente (Sphingidae).

Foto: Ilustração do livro Metamorphosis insectorum Surinamensium, Maria Sibylla Merian, pg. 20.

Da ordem Lepidoptera, juntamente com as borboletas, a nomenclatura faz referência às escamas presentes nas asas desses insetos, que também possuem um aparelho bucal sugador conhecido como espirotromba para se alimentar de néctar e líquidos de frutos. Durante a metamorfose, os hábitos alimentares da mariposa-imperador se alteram.

Borboletas e mariposas são insetos holometábolos, o que significa que passam por quatro fases de desenvolvimento: ovo, larva/lagarta, pupa e adulto.

A mariposa-imperador está amplamente distribuída, sendo encontrada em ambientes antropizados, inclusive em áreas urbanas. Apesar disso, não se conhece as fases imaturas (ovos, lagartas e pupas) da espécie.

Dada a estreita relação dos Lepidoptera com as plantas, a ausência da planta hospedeira e devastação de habitats (seja por queimadas ou desmatamento) podem levar ao processo de extinção das espécies.

Extinção

Em alguns países da América do Sul, como a Argentina e Uruguai, a bruxa-branca é considerada em risco de extinção ou extinta desde 2003. Muito do desaparecimento dessas mariposas é devido a queimadas e desmatamento que tem devastado seu habitat.

Foto: Renato Rodrigues/Comunicação Butantan

As mariposas gostam de “uma gelada”?

De acordo com a especialista, sim. Algumas mariposas e borboletas apreciam cervejas e até vinho, um fato curioso que já foi pesquisado, uma vez que, segundo Gilcélia, as bebidas fermentadas podem favorecer essas espécies de insetos.

Ela ainda afirmou que “frutas fermentadas e/ou caldo-de-cana fermentado são utilizados nas armadilhas de captura de borboletas frugívoras”. E que “inclusive há algum tempo misturava-se cerveja para acelerar o processo de fermentação das iscas utilizadas para atrair as borboletas”.

*Por Heloíse Bastos, estagiária sob supervisão de Clarissa Bacellar

Lendas amazônicas são contadas por estudantes de Tefé em livro criado por projeto da UEA

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Foto: Clarissa Bacellar/Portal Amazônia

O boto, o curupira e a Iara estão no imaginário amazônico por séculos com as histórias de vivências reais com esses seres míticos sendo contadas de geração em geração entre as famílias da região.

O livro ‘Lendas Amazônicas: legitimando a identidade cultural dos estudantes da Escola Estadual São José, em Tefé/Amazonas’, organizado pela coordenadora da Área de Letras da CEST/UEA, Núbia Litaiff, e pela supervisora de Área de Letras da SEDUC/Tefé, Thaila Fonseca, apresenta o ponto de vista de alunos do interior do Amazonas sobre essas lendas tão conhecidas.

A obra foi concebida por meio da apresentação da literatura regional para os alunos de ensino fundamental. Com aulas expositivas e oficinas artísticas organizadas por bolsistas do projeto na escola em Tefé, os estudantes tiveram contato com a cultura local e a prática da escrita.

No livro os objetivos principais descritos são: “promover a valorização da cultura local e despertar o interesse para a prática da escrita, por intermédio das narrativas amazônicas, coletadas entre os alunos da referida escola”.

Foto: Clarissa Bacellar/Portal Amazônia

Além disso, o livro também aponta a importância do gênero textual ‘lendas’, já que elas carregam uma tradição oral da região, apresentando a fantasia com elementos reais para tentar explicar fenômenos que foram considerados sobrenaturais.

“A lenda configura-se como uma modalidade narrativa (oral ou escrita) e constitui um misto de religião, de ideologia popular e de aspectos maravilhosos que permeiam o imaginário do homem. Desse modo, as histórias lendárias ‘nos fornecem um caminho simples para os fatos culturais de uma civilização’ (MACHADO, 1994, pg. 97)”, explica a apresentação da obra.

Registro das atividades pedagógicas do projeto de ensino, desenvolvidas em sala de aula. Foto: Arquivo do PIBID/Letras – Escola Estadual São José – Ano: 2018.

O processo de criação ocorreu a partir da orientação dos alunos para realizarem entrevistas entre os seus familiares, que contariam as diversas histórias dos seres que povoam o imaginário popular. Os jovens ficaram responsáveis por transcrever a fala e criar ilustrações necessárias para representar as lendas contadas.

A obra versa sobre várias lendas – com destaque para o boto, história mais citada pelos familiares. O guaraná, o saci (ou mati), a castanha, a vitória-régia, a cobra norato, o mapinguari, o curupira, o corpo seco e o kurupi também são citados em diversas versões.

Com informações do livro ‘Lendas Amazônicas: legitimando a identidade cultural dos estudantes da Escola Estadual São José, em Tefé/Amazonas’.

*Por Heloíse Bastos, estagiária sob supervisão de Clarissa Bacellar

Pesquisas revelam benefícios do uso de Ayahuasca em tratamentos terapêuticos

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Imagem criada por meio de IA

A Ayahuasca é um chá feito a partir da infusão de duas ervas amazônicas – o cipó de Mariri (Banisteriopsis caapi) e as folhas de Chacrona (Psychotria viridis) – que é muito utilizado em rituais religiosos. A combinação de ervas possui potenciais alucinógenos e são essenciais em cerimônias criadas por antigas tribos amazônicas.

Segundo a crença, o chá promove uma expansão da consciência para encontrar respostas para angústias. A pessoa que ingerir a infusão das ervas terá uma espécie de “miração”, como é chamado no ritual, e poderá encontrar a solução para os problemas durante o processo.

Leia também: Ayahuasca, o ”ouro” prometido na Amazônia

Atualmente existem três religiões principais que realizam a ingestão do chá para os rituais com a Ayahuasca: o Santo Daime, a União do Vegetal e a Barquinha. As três possuem diferentes vertentes religiosas, porém encontram no consumo do chá durante os seus rituais uma forma de expansão da consciência e autoconhecimento.

Na composição das ervas do cipó e as folhas, há o DMT (dimetiltriptamina) e beta-carbolinas, que funcionam como agonistas – um fármaco que possui afinidade com um receptor influenciando no resultado de uma ação bioquímica – nos receptores de serotonina, aumentando seu nível no cérebro. A serotonina é popularmente conhecida como um ‘hormônio regulador do humor’, proporcionando bem-estar e prazer.

De acordo com o artigo ‘Potential therapeutic use of ayahuasca: A literature review’, ensaios clínicos abertos, realizados em uma unidade de internação psiquiátrica, apresentaram resultados em humanos de redução significativa nos escores depressivos, devido a presença de beta-carbolinas, que diminuem o inibidor de serotonina, ocasionando no aumento desse ‘hormônio’.

Foto: Reprodução/Fapesp

Alterações no metabolismo da serotonina após o consumo de Ayahuasca resultam na inibição da MAO (monoamina oxidase), que é responsável por danificá-la, o que resulta no acúmulo de serotonina no cérebro. Logo, segundo o artigo, o aumento dos níveis de serotonina são resultados positivos da ingestão da Ayahuasca, ou Huasca, podendo ser uma alternativa para pessoas em tratamento de depressão e ansiedade.

Há também pesquisas no uso do chá de Ayahuasca para o tratamento de dependências em outros psicoativos, como o álcool. Nos experimentos realizados em camundongos os resultados se mostraram positivos, a partir da ingestão de etanol nos animais, o chá de Huasca mostrou-se capaz de atenuar significativamente o desenvolvimento da sensibilidade comportamental induzida por etanol, sem afetar a atividade locomotora espontânea.

Pesquisa ainda é limitada

Entretanto, devido a questões ideológicas e políticas, o tratamento terapêutico com Ayahuasca não é permitido pela Associação Médica Brasileira e pelo Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas (Conad), sendo permitido apenas para rituais religiosos. Logo, não é possível, eticamente, realizar mais testes.

Segundo a psicóloga clínica Alcilene Moreira: “embora alguns estudos indiquem potenciais benefícios da Ayahuasca no tratamento de ansiedade e depressão, é fundamental ressaltar que a pesquisa nessa área ainda é limitada e os mecanismos de ação exatos não são totalmente compreendidos”.

Ainda de acordo com Alcilene, “a Ayahuasca é uma substância complexa com efeitos psicodélicos e pode desencadear experiências intensas e desafiadoras”, por isso, os efeitos mais apresentados da infusão, de acordo com diversos relatos, são mudanças na percepção de tempo, de cores, de luminosidade e de realidade.

Também pode causar alterações da memória; náuseas e vômitos; dificuldade de concentração; dificuldade de comunicação e entre outros. Porém muitos fatores influenciam nos efeitos, podendo ser variáveis de pessoa para pessoa, alerta a psicóloga.

Alcilene afirmou que “existem relatos de pessoas que pontuam os benefícios da Ayahuasca no tratamento de dependências, mas as evidências científicas ainda são insuficientes para afirmar que seja um tratamento eficaz e seguro”.

A especialista alerta que “a Ayahuasca pode induzir experiências profundas que levam à reflexão sobre o uso de outras substâncias, mas não há garantias de que isso resulte em uma mudança duradoura no comportamento”.

*Com informações do artigo ‘Panorama Contemporâneo do Uso Terapêutico de Substâncias Psicodélicas: Ayahuasca e Psilocibina

**Por Heloíse Bastos, estagiária sob supervisão de Clarissa Bacellar

Na Colômbia, Marina destaca necessidade de ações rápidas para proteção da biodiversidade

Foto: Reprodução/MMA

A ministra Marina Silva defendeu avanços rápidos na implementação de medidas para a conservação e uso sustentável da biodiversidade, no dia 29 de outubro. A ministra representou o Brasil no segmento de alto nível da COP16 da Biodiversidade, em Cali, na Colômbia.

A ministra afirmou que os resultados da conferência de dez dias devem avançar na regulamentação de partes do Marco Global de Kunming-Montreal, documento que definiu 23 metas para 2030 e 4 objetivos de longo prazo para 2050. Entre outros objetivos, o acordo firmado em 2022, na COP15, busca reverter a perda de biodiversidade e promover o seu uso sustentável e a restauração ecológica.

Marina afirmou que o Brasil usou a presidência do G20 para ampliar e promover ações climáticas e urgentes de conservação e uso sustentável da natureza. Entre elas, a criação de uma inédita Iniciativa de Bioeconomia, que adotou 10 princípios de alto nível relacionados ao tema.

Outra inovação da liderança brasileira do G20, afirmou a ministra, foi a Força-Tarefa para Mobilização Global contra a Mudança do Clima, que anunciou na última quinta-feira (24/10) instrumentos e medidas para acelerar e ampliar os fluxos financeiros voltados à implementação de ações climáticas. A Força-Tarefa também concordou com medidas para incentivar a transformação ecológica e reforçar o papel de bancos multilaterais no combate à mudança do clima.

Marina também destacou o mecanismo Florestas Tropicais para Sempre, proposta apresentada pelo Brasil em 2023 para remunerar países em desenvolvimento que conservam suas florestas tropicais. Na segunda-feira (28/10), a iniciativa recebeu apoio de cinco países: Alemanha, Colômbia, Emirados Árabes Unidos, Malásia e Noruega.

Outras iniciativas que ajudarão a garantir a implementação das metas de Kunming-Montreal, discursou a ministra, incluem o Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (Planaveg), lançado na segunda, que cria estratégias, instrumentos e arranjos para cumprir a meta de recuperar 12 milhões de hectares de vegetação nativa no país até 2030. A nova fase do Programa Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa), que irá promover a inclusão socioeconômica das comunidades locais, também foi mencionada.

Marina também defendeu maior participação dos povos indígenas, afrodescendentes e comunidades tradicionais na COP da Biodiversidade, em especial nas decisões relacionadas ao reconhecimento e à repartição justa e equitativa dos benefícios derivados do uso do patrimônio genético, incluindo direitos decorrentes do acesso às informações de sequências digitais.

*Com informações do MMA