Home Blog Page 98

Animais silvestres amazônicos precisam andar em grupos; entenda o por quê

0

Na natureza, cada ser vivo é responsável por manter o ecossistema funcionando em equilíbrio e quando se pensa em grupos a responsabilidade é ainda maior. Em Rondônia, o aparecimento e registro de famílias de animais silvestres está se tornando comum.

Assim como para os humanos, a família é muito importante para o reino animal. Viver em comunidade para os animais silvestres não é só para a reprodução, mas também é fundamental para existência da espécie.

Para o biólogo Flávio Terassini, a família na natureza facilita a obtenção de alimentos, já que se um indivíduo encontrar um alimento, os outros já terão o que comer. O especialista destaca que, em sua maioria, os grupos familiares são lideradas por um macho alfa.

“Geralmente tem o macho alfa que vai proteger aquele grupo; Nós temos grupos de capivaras (Hydrochoerus hydrochaeris), que podem ter até 50 indivíduos, sendo um macho alfa, que é aquele que vai proteger o grupo”, explica.

O biólogo diz que são diversos os animais que vivem em família, no bioma amazônico, dentro deste meio ele destaca os primatas, que já foram vistas manadas de até 100 indivíduos, com até três espécies diferentes de macaco: o macaco-prego, o saimiri e o macaco-aranha. Eles buscam lugares que tenham alimentos, um local de abrigo e espaço onde constituir uma nova família através da reprodução.

Família de primatas Zogue-zogue (Plecturocebus bernhardi) Alta Floresta do Oeste — Foto: Projeto Hapia/Carlos Tuyama — Foto: Projeto Hapia/Carlos Tuyama
 Foto: Carlos Tuyama/Projeto Hapia

Desequilíbrio ambiental

O viver em comunidade no reino animal, também tem um papel importante para a preservação da espécie, já que a formação da comunidade, facilita a proteção dos animais contra predadores naturais, encontrar alimento, se reproduzir e manter a espécie viva e preservada.

Com o desaparecimento destas famílias, o meio ambiente e ecossistema entram em colapso, pois muitas dessas espécies são fundamentais para a fauna e a flora. O biólogo explica que o desaparecimento desses bandos, gera um problema ambiental que desencadeia uma pirâmide ambiental, onde alguns animais são a base alimentar de outros maiores.

Fotos: João Pedro Salgado

Flávio Terassini diz, que animais como as capivaras e a cutia, são naturalmente alimentos para a onça. Se ocorrer o desaparecimento desses roedores, a onça começa a procurar outro alimento, causando assim um desequilíbrio.

Animais como a Cutia ainda tem outra função para o equilíbrio do meio ambiente, assim como as antas, o roedor é uma ‘Jardineira das florestas’. Eles ajudam a equilibrar a flora da floresta com a dispersão de sementes de árvores nativas.

“ Poucas árvores vão nascer, as onças vão começar a ficar com fome, e isso porque desaparece uma espécie [cutia]. Então você tem ali um problema ambiental generalizado, levando à extinção de muitas outras espécies. Dessa pirâmide alimentar”, finaliza.

Cutia (Dasyprocta) uma das 'Jardineiras da Floresta' — Foto: Projeto Hapia/Carlos Tuyama
Foto: Carlos Tuyama/Projeto Hapia

Registrando famílias

O registro da vida silvestre também é realizado por profissionais que se dedicam em capturar a fauna silvestre. Esse é o caso do fotógrafo e pesquisador Carlos Tuyama, integrante do Projeto Harpia. O profissional diz, que viu na fotografia um modo de documentar as diversas espécies no bioma Amazônico.

Ao grupo Rede Amazônica, o fotógrafo contou que a paixão pela fotografia começou ainda na adolescência, mas foi há uns 10 anos que realmente começou a fotografar e evoluir. Se dedicando principalmente à fotografia de vida selvagem.

Carlos e sua esposa, são voluntários do Projeto Harpia, um programa nacional de conservação de espécie ameaçada. Por meio deste projeto, Carlos conseguiu várias oportunidades de acesso ao habitat de diferentes representantes da fauna silvestre.

Fotógrafo e pesquisador, Carlos Tuyama — Foto: Reprodução/redes sociais.
Foto: Reprodução/redes sociais – Carlos Tuyama

“Isso tem nos possibilitado várias atividades em porções de florestas conservadas, então para quem busca registrar imagens da fauna amazônica, é como unir o útil ao agradável”, destaca o fotógrafo.

Para Carlos, é uma grande alegria registrar filhotes de animais, ainda mais quando eles estão acompanhados por sua mãe ou pai, pois isso quer dizer que essa espécie está conseguindo se reproduzir e manter consequentemente a linhagem para as gerações futuras.

O fotógrafo explica que quando identifica animais em locais de florestas alteradas e empobrecidas, o registro se torna ainda mais importante por constatar que eles estão conseguindo se reproduzir, mesmo em condições que não são ideais.

“O avistamento se torna ainda mais importante, pois se trata de paisagens bem diferentes daquela que o animal está adaptado no seu processo evolutivo. Em lugares assim, constatar que eles estão tendo sucesso na reprodução, é alentador”, enfatiza Carlos.

O fotógrafo destaca, que ainda existem animais como a Harpia e outras águias florestais, que por estarem no topo da cadeia alimentar, são exigentes.

“Esses, por serem predadores de topo de cadeia, são ainda mais exigentes no processo de reprodução e normalmente estão entre os animais mais ameaçados de risco de extinção” , destaca.

A lista de registro de Carlos é bem extensa, indo de Harpias que é o foco de seus registros, até primatas. Os modos de busca e captura são diversos. Já foram usadas câmeras convencionais, drones e câmeras traps, que significam armadilhas fotográficas.

Confira algumas fotografias registradas por Carlos Tuyama para o Projeto Harpia:

*Por Mateus Santos, da Rede Amazônica RO

Cientistas identificam moléculas associadas ao risco de recaída no sangue de pacientes com malária

0

A forma mais comum de malária no Brasil é a causada pelo parasita Plasmodium vivax. Embora a espécie provoque um quadro mais brando em comparação à P. falciparum, ela possui uma característica que torna o controle da doença muito difícil: a capacidade de produzir formas dormentes do protozoário no fígado do hospedeiro que podem ser reativadas meses após o término do tratamento. De acordo com a literatura científica, esse fenômeno, denominado recorrência ou recaída, pode ser responsável por aproximadamente 90% dos casos no país.

Em artigo publicado na revista Scientific Reports, pesquisadores brasileiros descreveram, pela primeira vez, possíveis biomarcadores associados à recorrência da malária vivax. Financiada pela FAPESP, a pesquisa fornece informações relevantes sobre potenciais alvos para o desenvolvimento de antimaláricos e possíveis marcadores relacionados ao risco de recaída.

Para identificar esses biomarcadores, pesquisadores das universidades Estadual de Campinas (Unicamp), do Estado do Amazonas (UEA) e Federal de Goiás (UFG) analisaram o plasma sanguíneo de 51 pacientes amazônicos com malária vivax recorrente e de 59 não recorrente (que estavam ainda no primeiro episódio da doença).

As amostras foram analisadas por meio de metabolômica não direcionada, técnica que avalia todo o conjunto de metabólitos presente na amostra. O objetivo foi compreender como o metabolismo dos voluntários foi afetado durante esses dois momentos da infecção.

Imagens ilustrativas de Plasmodium vivax. As setas indicam os estágios sanguíneos assexuados de anel (cinza), trofozoíto (azul), esquizonte (verde) e o estágio sexuado conhecido como gametócito (vermelho). imagens: Laboratório de Doenças Tropicais/Unicamp

Os pacientes foram acompanhados por 180 dias e, majoritariamente, apareceram com o ‘novo’ episódio entre 40 e 60 dias após o inicial. A análise com espectrometria de massa (equipamento que identifica compostos com base na massa molecular) revelou 52 e 37 metabólitos significativos nos participantes recorrentes e não recorrentes, respectivamente.

“No momento em que o paciente chega com o episódio inicial de malária, há uma superexpressão de metabólitos, situação que muda completamente nos episódios de recorrência, caracterizada pelo maior número de metabólitos diminuídos”, relata Jessica Alves, pesquisadora do Instituto de Biologia (IB) da Unicamp e uma das autoras do trabalho.

“Além disso, entre os pacientes com recorrência, observamos uma modulação principalmente em vias lipídicas envolvidas na produção de prostaglandina e leucotrienos – moléculas envolvidas na resposta imune do hospedeiro. Já o grupo que estava no primeiro episódio foi caracterizado por alterações no metabolismo do triptofano e da vitamina B6 [piridoxina], que já foram descritos na literatura científica como importantes nutrientes do hospedeiro utilizados pelo parasita para se desenvolver”, diz a pesquisadora.

Os pesquisadores realizaram ainda uma análise de dados mais aprofundada, que revelou o enriquecimento de outras vias metabólicas para o fenótipo da malária recorrente, incluindo substâncias como butanoato, aspartato, asparagina e N-glicano.

“Todos esses marcadores podem sugerir vias com associação à recorrência e podem, no futuro, ser usados para caracterizá-la”, diz Gisely Melo, pesquisadora da UEA que também assina o estudo.

Perspectivas

“A principal contribuição do trabalho foi direcionar as análises em relação a quais vias metabólicas precisamos investigar mais profundamente para tentar entender e preencher lacunas que envolvem o estudo das recorrências”, diz Fabio Trindade Maranhão Costa, professor do IB-Unicamp e coautor do artigo.

No entanto, os pesquisadores destacam duas limitações do estudo: o número de participantes (relativamente pequeno) e a incerteza sobre a origem das recorrências (poderia ser uma recaída ou um nova infecção, por exemplo).

“Não temos, hoje, como diagnosticar as recaídas e tratá-las adequadamente”, sublinha Melo.

Segundo os autores, os próximos passos envolvem a condução de estudos multicêntricos, com um maior número de pacientes e uma cobertura geográfica mais ampla do P. vivax. Além disso, o grupo pretende associar à metabolômica plasmática investigações lipidômicas (conjunto de lipídeos), proteômicas (conjunto de proteínas), transcriptômicas (conjunto de RNAs transcritos) e genômicas (sequenciamento genômico). Também devem ser feitas análises do perfil imunológico de pacientes com ou sem recorrências.

Além da FAPESP, apoiaram a pesquisa agora divulgada o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), The World Academy of Science (TWAS), a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) e o Instituto Serrapilheira.

*O conteúdo foi originalmente publicado pela Agência FAPESP, escrito por Julia Moióli

Dourada e piramutaba são primeiros peixes amazônicos a entrarem em lista de proteção internacional

0

Entre as cerca de 2.500 espécies de peixes encontradas na Bacia Amazônica, dois bagres ocupam um lugar especial na economia dos estados da região e na biologia mundial, a dourada (Brachyplatystoma rouseauxii) e a piramutaba (Brachyplatystoma vaillantii).

Além de serem bastante apreciados na culinária e terem um alto valor comercial, esses peixes realizam as mais longas migrações em água doce. A dourada chega a nadar aproximadamente 11 mil km durante o seu ciclo de vida.

Mas no ano passado esse peixe teve seu grau de ameaça atualizado na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), agora considerada como ‘vulnerável’ à extinção. A piramutaba, que ainda não consta na lista, também deve figurar em breve ali, antecipam especialistas.

Outro passo dado para chamar a atenção do mundo sobre a ameaça à sobrevivência dessas duas espécies emblemáticas de peixes amazônicos foi a inserção na lista da Convenção sobre Espécies Migratórias de Animais Selvagens (CMS), conhecida como Convenção de Bonn, durante um encontro realizado pelos membros do tratado em Samarkand, no Uzbequistão, em fevereiro de 2024.

“Nos últimos anos, a área de ocupação e migração da dourada já diminuiu em 37% por causa da construção de barragens na Bacia do Rio Madeira”, afirma o biólogo Guillermo Estupiñán, especialista em Recursos Pesqueiros na Wildlife Conservation Society (WCS), que esteve presente no evento, onde o governo do Brasil apresentou a proposta da inclusão das espécies no Apêndice II da convenção.

Estupiñán explica que os animais migratórios listados no Apêndice I são aqueles que necessitam de medidas mais drásticas de proteção por estarem muito ameaçados. Já os inclusos no Apêndice II são espécies que começam a preocupar especialistas e indicam que medidas devem ser tomadas para melhorar o seu estado de conservação, evitando que sua ameaça à extinção aumente.

“A dourada e a piramutaba são os primeiros peixes amazônicos a entrarem na lista da CMS”, revela. “Estar no apêndice II é muito importante na conservação de espécies e seus hábitat, cujas rotas são compartilhadas por mais de um país, importante para promover o diálogo e a cooperação entre governos dos locais onde elas são observadas, nesse caso Brasil, Peru, Bolívia, Colômbia, Equador e Venezuela”.

A dourada (Brachyplatystoma rouseauxii) é o peixe de água doce com a mais longa migração do mundo: cerca de 11 mil km. Foto: Michael Goulding/ WCS

Mais longa migração em água doce do mundo

Esses dois grandes bagres encontrados no norte do Brasil são peixes de couro, ou seja, sem escamas. Esse é um dos motivos pelos quais agradam tanto os cozinheiros locais, pois sua limpeza e retirada de espinhas são muito mais fáceis. A dourada é bem maior, pode atingir até 80 cm na fase adulta e 40 kg; já a piramutaba chega no máximo a 40 cm e pesa de 6 a 8 kg.

E o que torna o ciclo de vida de ambos tão peculiar e, ao mesmo tempo, tão frágil nos dias atuais, é justamente a longa distância percorrida durante o processo de migração.

Estima-se que a piramutaba viaje cerca de 5.500 km, desde o estuário do Amazonas, em Belém, área rica em alimentos, na transição entre o rio e o mar, até Iquitos, no Peru, onde faz a desova. Depois disso, as larvas são levadas pela correnteza de volta ao canal principal dos rios, como o Solimões e o Amazonas.

Contudo, a jornada da dourada é realmente a mais impressionante porque ela volta ao lugar onde nasceu, nos sopés da Cordilheira dos Andes, para se reproduzir – um percurso migratório de 11 mil km, o mais longo conhecido pela ciência entre espécies de água doce.

É como, caso houvesse um rio imaginário, a espécie nadasse, ida e volta, de Boa Vista, em Roraima, até Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Do extremo norte ao extremo sul do país.

Com cerca de dois anos, após se alimentarem no estuário, as douradas começam a subir o rio Solimões numa viagem de volta, passando por Santarém, Manaus, Tefé, Alto Solimões até a região do Peru, perto da Cordilheira dos Andes. Imagem: Ibama

Só que, nos últimos anos, os cursos dos rios que a dourada e a piramutaba utilizam foram alterados. Duas usinas hidrelétricas de grande porte, Jirau e Santo Antônio, foram construídas entre 2008 e 2016, no Rio Madeira. Elas estão entre as maiores do mundo.

Os impactos observados por pesquisadores sobre as duas espécies foram enormes, como citou Estupiñán mais acima. Nos países vizinhos, aconteceu o mesmo.

“O perigo está em todos os lugares. Há implantação de barragens tanto no Brasil como em outros países amazônicos também. Não são tão grandes como as nossas, mas em tributários formadores da bacia”, ressalta Carolina Doria, professora do Departamento de Biologia da Universidade Federal de Rondônia.

Segundo ela, a captura da dourada em áreas acima das hidrelétricas brasileiras caiu mais de 70% nos rios tributários da Bolívia. “Isso demonstra que um grande volume de peixes não consegue mais migrar por causa dessas barreiras. Houve a interrupção da conectividade”.

Falta de estatísticas pesqueiras

Não são somente as barragens que provocam o declínio na população desses bagres amazônicos, predadores de topo de cadeia – eles também sofrem com a pesca.

Tem-se mais informações e números sobre a dourada, mas especialistas sabem que a piramutaba também sofre com as mesmas ameaças. Entretanto, não existem estatísticas oficiais, apenas levantamentos promovidos por algumas organizações ou pesquisas acadêmicas.

“No Brasil, desde 2011, nenhum órgão ou instituição pública responsável pela pesca emitiu nenhum boletim sobre desembarques pesqueiros. E para a Amazônia, a última vez que se teve uma coleta de dados nos principais portos foi em 2004”, afirma Estupiñán.

Na prática, isso significa que não se tem a mínima ideia do que, onde e quanto é capturado de peixes nos rios da Bacia Amazônia, ou é comercializado nos principais portos e mercados da região. Então, como é possível proteger espécies ameaçadas sem saber o volume e o que está sendo pescado?

O atual governo federal, todavia, parece estar mais interessado no problema. Promovido a Ministério da Pesca e Aquicultura – na gestão anterior era uma secretaria –, o órgão irá apoiar um monitoramento da pesca em toda a bacia da Amazônia brasileira, que começará em 2024, terá duração de um ano e poderá ser renovado.

“Queremos entender como está a pressão sobre essas espécies e seus estoques. Iremos analisar informações como dados biométricos e desembarque de peixes, por exemplo”, diz a professora da Universidade de Rondônia, que fará parte do estudo.

É importante ressaltar que não são apenas a dourada e a piramutaba que estão ameaçadas. Um levantamento inédito divulgado recentemente alerta que 44% das espécies migratórias globais apresentam queda em suas populações. Dentre os peixes, o relatório State of the World’s Migratory Species aponta que a situação é ainda mais preocupante, com uma redução de 90% na população de 37 espécies de peixes migratórios desde os anos 1970.

“Em relação ao impacto das espécies do Rio Madeira, ele é difícil de ser revertido. O objetivo agora é evitar que seja ainda maior, com a construção de novas usinas naquela área. E é fundamental que haja uma ação conjunta entre vários países”, conclui.

*O conteúdo foi originalmente publicado pela Mongabay, escrito por Suzana Camargo

Inpe aponta queda de 38% do desmatamento na Amazônia

0

A área sob alertas de desmatamento na Amazônia caiu 38% no primeiro semestre em relação ao mesmo período de 2023, segundo dados do sistema Deter-B, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), divulgados em 3 de julho. No Cerrado houve queda de 15% de janeiro a junho, a primeira redução para o período desde 2020.

No mês de junho houve queda de 31% na Amazônia (457 km², ante 663 km²) e de 24% no Cerrado (662 km², ante 875 km²). Os dados foram apresentados pelas ministras Marina Silva (MMA) e Luciana Santos (MCTI) em entrevista coletiva na sede do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), em Brasília (DF).

“Os dados mostram uma tendência de queda consistente do desmatamento na Amazônia e o início de uma tendência de queda no Cerrado. Isso nos dá esperança de que, vendo o que ocorre na Mata Atlântica, com a queda continuada do desmatamento, vamos conseguir desmatamento zero até 2030”, disse Marina.

Leia também: Apesar de menor registro de desmatamento, seca aumenta incêndios na Amazônia em 36%

No primeiro semestre, a área sob alertas de desmatamento na Amazônia foi de 1.639 km², a menor desde 2018. O resultado ocorre após redução de 50% em 2023 na comparação com 2022.

De agosto de 2023 a junho de 2024, a área sob alertas de desmatamento no bioma foi de 3.644 km², redução de 51% na comparação com o período de agosto de 2022 a junho de 2023. O número é indicativo da taxa anual de desmatamento, medida sempre de agosto a julho por outro sistema do Inpe, o Prodes. Falta, portanto, um mês para o fechamento do ciclo.

O Prodes usa imagens de satélites mais precisas do que as usadas no Deter, que emite alertas diários para apoiar a fiscalização em campo realizada por Ibama e ICMBio.

“Os dados são resultado da decisão política e da convicção que move o governo do presidente Lula no desafio da descarbonização do país, de enfrentar a mudança do clima e, portanto, os eventos extremos”, disse a ministra Luciana Santos.

Cerrado

No Cerrado, a área sob alertas de desmatamento no primeiro semestre foi de 3.724 km², queda de 15% na comparação com os 4.396 km² registrados no mesmo período do ano anterior. A área sob alertas de desmatamento no bioma de agosto de 2023 a junho de 2024 (6.571 km²) teve aumento de 16% em relação ao intervalo anterior (5.735 km²).

O resultado indica tendência de estabilização do desmatamento no bioma, após aumento de 43,6% em 2023 na comparação com 2022.

“É uma tendência que está se configurando, ainda não está consolidada. É extremamente importe, porque a gente tinha o Cerrado em crescimento acelerado”, disse o secretário-executivo do MMA, João Paulo Capobianco.

*Com informações do MMA

Verão na Rede: edição de Macapá conta com transmissão ao vivo de shows nacionais

A estação mais quente do ano promete ser ainda mais especial com a chegada do projeto ‘Verão na Rede’, da Fundação Rede Amazônica (FRAM). E para garantir que todos da região possam acompanhar as atividades que acontecem em Macapá (AP), o ‘Verão na Rede’ conta com transmissão ao vivo pelo canal Amazon Sat. Entre os shows confirmados para transmissão, estão Joelma e Diante do Trono.

“Os telespectadores poderão se conectar de qualquer lugar e desfrutar dos eventos em tempo real, tornando a experiência acessível a um público ainda maior”, destacou o coordenador do canal, Lemmos Ribeiro. O Portal Amazônia também disponibilizará a transmissão.

“O nosso objetivo é alcançar a comunidade em geral com informações que as levem a se divertir neste mês de férias escolares, sabendo qual a melhor programação, qual a melhor dica de cultura, esportiva ou gastronômica. Mas além disso queremos também orientar as pessoas a curtir o nosso verão amazônico de forma segura, sabendo como proteger a sua saúde. E, por fim, nos engajamos às causas solidárias levantadas pelo Verão na Rede”, destacou Arilson Freires, gerente de jornalismo da Rede Amazônica Amapá, que contará com uma equipe de jornalismo para realizar a cobertura completa no g1 Amapá e telejornais locais.

O projeto conta com ações que visam democratizar o acesso à cultura e a cidadania para a população local e para os visitantes, proporcionando entretenimento de qualidade e fomentando a integração social com campanhas educativas.

“A junção dessas iniciativas garante que moradores e turistas possam desfrutar de um verão repleto de opções de lazer e entretenimento. A programação do Macapá Verão inclui shows musicais, apresentações teatrais, feiras de artesanato e gastronomia, competições esportivas e muitas outras atrações que destacam a riqueza cultural e a diversidade da região”, destacou Mariane Cavalcante, diretora executiva da Fundação Rede Amazônica.

Paralelamente ao ‘Verão Na Rede’, Macapá realiza mais uma edição do tradicional “Macapá Verão”, um evento que acontece há quase 50 anos, com programação diversificada que inclui shows e atividades recreativas, assim a cidade se transforma em um verdadeiro polo de atividades, oferecendo experiências únicas e inesquecíveis para todos os públicos. Esses eventos são fundamentais para fortalecer o turismo local e regional, além de contribuir para o desenvolvimento econômico e social de Macapá e região.

Verão na Rede

O projeto Verão na Rede é uma iniciativa da Fundação Rede Amazônica (FRAM) que visa promover a cultura, a arte, o entretenimento e o turismo em Macapá (AP).

Além de valorizar artistas regionais, também enfatiza a importância da preservação ambiental e da sustentabilidade, promovendo conscientização e educação ambiental entre os participantes e a comunidade local.

O projeto conta com apoio da GEAP Saúde e da Prefeitura de Macapá, que realiza paralelamente o ‘Macapá Verão’, que consiste em uma série de eventos culturais e atividades ao ar livre, proporcionando momentos de lazer e integração comunitária.

Amazonas tem produção de fruta ameaçada por Mosca do Mediterrâneo 

0

Pesquisadores encontraram em mangas comercializadas em Manaus, uma espécie denominada de ‘Mosca-das-Frutas’, até então, sem registro de sua presença no Amazonas

A descoberta foi anunciada em nota, ‘Marchtothe North: Ceratitiscapitata (Wiedemann, 1824) (Diptera, Tephritidae) reaches Manaus, state of Amazonas, Brazil’, publicada na revista científica Entomological Communications.

As mangas, importadas de outro estado brasileiro, foram adquiridas numa quitanda em um dos bairros de Manaus no dia 28 de janeiro deste ano. Ao degustá-la, observou-se que a polpa estava enegrecida e continha larvas brancas (tapurú) que ao se locomoverem davam pequenos saltos, comportamento típico dessa espécie de mosca. Com a emergência dos adultos a partir das larvas/pupas, constatou-se tratar-se da espécie Ceratitiscapitata, conhecida mundialmente como a ‘Mosca do Mediterrâneo’.

Os pesquisadores são Agno Nonato Serrão Acioli, Neliton Marques da Silva e Francisco Clóvis Costa-Silva do Laboratório de Entomologia Agrícola da Faculdade de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Amazonas (LEA/FCA/Ufam), Ricardo Adaime (Embrapa/Amapá) e Roberto Zucchi (Esalq/USP).

Foto: Reprodução/Artigo ‘Marchtothe North: Ceratitiscapitata (Wiedemann, 1824) (Diptera, Tephritidae) reaches Manaus, state of Amazonas, Brazil

Essa espécie de mosca ataca cerca de 420 espécies de frutos diferentes. É considerada uma das principais pragas do mundo em regiões produtoras de frutas. Este registro é um alerta aos agentes da defesa agropecuária para que seja intensificada as amostragens de frutos e instaladas armadilhas ‘caça-mosca’ em pontos estratégicos do Amazonas, priorizando estradas interestaduais, portos, aeroportos e estabelecimentos comerciais (frutarias, feiras e supermercados).

Autoridades devem priorizar a coleta de frutos nativos para detectar possível ocorrência dessa espécie de mosca. Esse monitoramento é importante para verificar se a ‘Mosca-do-Mediterrâneo’ vai se estabelecer nos pomares do estado do Amazonas, e torcer para que este registro seja apenas uma constatação episódica de uma entrada acidental de Ceratitiscapitata no Estado.

*Com informações da UFAM

O hábito da reclamação

Por Julio Sampaio de Andrade – juliosampaio@consultoriaresultado.com.br

– Já reparou o quanto você reclamou nestes poucos minutos que estamos juntos?

– Como assim, reclamou?

– Você reclamou que eu parei o carro longe da entrada do prédio e que, por isso, se molhou. Reclamou que eu cheguei atrasada e foram apenas dois minutos. Reclamou de todo o dia e do seu chefe, que não para de perseguir você.

– E você? Reparou que está reclamando da minha reclamação?

O diálogo do casal aconteceu mais ou menos assim e para quem assistia, como eu, não deixou de ser engraçado. Reclamar e reclamar da reclamação é algo comum e pode ser divertido para quem está fora deste círculo vicioso, mas apenas para quem está fora. Para quem vive nele, pode ser bastante pesado.

Em grande parte dos casos, a reclamação torna-se um hábito, e como todo hábito, não se baseia na racionalidade. Quem responde pelos hábitos são os gânglios neurais, tão rápido, que os estímulos não chegam ao cérebro, que assim, poupa energia, resguardando-se para outras funções em que precisará ser acionado. Há hábitos positivos que nos aproximam da felicidade e hábitos que nos distanciam dela. É o caso da reclamação, um hábito que representa exatamente o contrário do que recomendam a neurociência e a psicologia positiva para a construção de felicidade: a gratidão.

São inúmeros estudos que indicam que criar um modelo mental positivo e grato favorece um estado mais contínuo de emoções positivas. O modelo mental da reclamação e da ingratidão, porém, instala-se mais facilmente, sem nenhum esforço. Não são necessários os tais exercícios de 21 ou de 30 dias, que se tornaram conhecidos pelo grande público.

Nossa natureza límbica, associada à sobrevivência, reconhece instantaneamente as imperfeições ou ameaças e corre na frente, manifestando-se antes que a gratidão tenha chances de estar presente. Se nos entregarmos aos instintos, a reclamação predomina. Criar um modelo mental positivo requer consciência e uma certa determinação, algumas vezes, esforço.

Lembro que quando era jovem, tinha o hábito de dizer várias vezes por dia: “estou cansado”. Na época, fazia faculdade à noite e trabalhava desde cedo, dormindo talvez umas 5 horas por dia, um tempo insuficiente. No entanto, dizer várias vezes que estava cansado, apenas agravava a situação. Era uma espécie de reclamação que, com o tempo, fazia com que eu me sentisse assim, mesmo quando não havia razões físicas para tal.

Alguém me fez perceber isto (em geral é o cônjuge da gente que faz isso, reclamando da nossa reclamação, como no casal acima). Demorou um tempo até que o antigo mantra fosse substituído por uma nova afirmação: “estou me sentindo bem”. Depois de um tempo, não precisei mais dele. Não passei a dormir mais, porém, estava menos cansado.

Dificilmente eliminamos um hábito sem a substituição por um novo. As velhas conexões neurais continuam por lá e é necessário que novas sejam criadas e fortalecidas, até que se tornem realmente predominantes. Até lá, necessitam, da nossa racionalidade intencional. É um dos passos para a construção consciente da felicidade.

Há uma história antiga que ilustra os efeitos da reclamação e da gratidão. Ela envolve um cachorro preso por uma corrente a uma carroça, que segue o seu caminho na estrada. O cachorro pode seguir feliz ao lado da carroça, mas se resistir, será arrastado por ela. A metáfora se refere à maneira de seguir a natureza e lidar com os acontecimentos. Com base nesta metáfora, o filósofo antigo Cleantes de Assos afirmou: “o destino guia aqueles que o aceitam e arrasta os que o recusam”.

O hábito da reclamação, que é alimentado por nós mesmos, não tem o poder de transformação, que requer outras forças. Também não nos faz caminhar alegremente. O que ele faz é nos arrastar, como no exemplo do cachorro, por um caminho que se torna mais difícil. Vale refletir. Estamos nutrindo o hábito da reclamação?

Sobre o autor

Julio Sampaio (PCC,ICF) é idealizador do MCI – Mentoring Coaching Institute, diretor da Resultado Consultoria, Mentoring e Coaching e autor do livro Felicidade, Pessoas e Empresas (Editora Ponto Vital). Texto publicado no Portal Amazônia e no https://mcinstitute.com.br/blog/.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

Manejo sustentável de jacarés gera renda para comunidades ribeirinhas na Amazônia

0

Você já ouviu falar em manejo sustentável de jacarés? Aliando pesquisa e desenvolvimento, a atividade pode se tornar nos próximos anos uma estratégia inovadora de conservação da biodiversidade aliada à geração de renda para as populações ribeirinhas. O Instituto Mamirauá vem trabalhando desde 2000 junto às comunidades tradicionais para colocar o manejo de jacarés em prática, assunto que foi colocado em pauta durante Audiência Pública da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) no mês de junho.

Para quem ainda não conhece sobre o assunto, o manejo sustentável de recursos naturais é uma importante ferramenta de conservação. No caso dos jacarés da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, o sistema é norteado pela elaboração de protocolos de manejo em uma parceria entre as comunidades tradicionais e o Instituto Mamirauá. A partir da metodologia é estabelecida a cota sustentável de retirada de indivíduos (jacarés) da natureza, no período permitido e na faixa de tamanho para abate e comercialização.

O processo é rigoroso e anualmente, são monitorados os ninhos, e contados os indivíduos observados nas áreas de manejo. A cota é determinada considerando uma fração sustentável (não superior a 15 % do total de indivíduos contados), e os jacarés não devem ser capturados em suas áreas de reprodução, a fim de garantir que a sua população se mantenha saudável ao longo dos anos.

Coordenador do Programa de Manejo da Fauna do Instituto, o zootecnista Diogo de Lima Franco destaca que o propósito é fazer com que o projeto gere mudanças no sistema tradicional de gerenciamento do recurso, garantindo renda alternativa aos manejadores e paralelamente promovendo a conservação das espécies. Todos ganham, natureza e comunidades.

O projeto possui algumas similaridades com o manejo do pirarucu, um programa também conduzido pelo Instituto Mamirauá em parceria com as comunidades ribeirinhas e que, em 2024, completa 25 anos de implementação. O manejo do pirarucu na Amazônia se transformou em um grande caso de sucesso em geração de renda e conservação, afastando o risco de extinção da espécie.

Diogo explica que existem três formas de manejo: intensivo (quando o animal é criado em cativeiro); semi-intensivo (quando os ovos ou filhotes são coletados na natureza, mas o animal cresce em cativeiro); ou extensivo (quando os animais são retirados diretamente da natureza, de forma sustentável).

“Esse último é o que assessoramos junto às comunidades. Nosso papel é elaborar os planos de manejo e realizar ações que facilitem sua implementação. Atuamos principalmente no monitoramento dos jacarés e suas áreas de reprodução, em capacitações dos grupos manejadores quanto às boas práticas de vigilância, abate, beneficiamento e comercialização; nas análises sanitárias dos produtos gerados nos abates, nos estudos sobre processos de licenciamento e desenvolvimento de infraestrutura para abate e nas articulação e intermediação entre grupos manejadores e órgãos regulamentadores e fiscalizadores”, pontua.

De acordo com ele, o manejo extensivo – sistema que só pode ser realizado por comunidades tradicionais de Reservas de Desenvolvimento Sustentável (RDS), Reservas Extrativistas (RESEX) ou Florestas Nacionais (FLONA) – é uma possibilidade legal recente no Brasil, sendo apenas indiretamente permitido nos anos 2000, por meio do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC).

As regras específicas surgiram somente em 2011, por meio da legislação estadual do Amazonas (Resolução CEMAAM nº 008/2011 e IN SEPROR/CODESAV nº 001/2011) e, no ano seguinte, por legislação federal (IN ICMBio nº 28/2012).

Para poder realizar essa atividade, é preciso seguir os requisitos legais para elaboração de um plano de manejo, documento utilizado para avaliar a sustentabilidade da atividade e permitir a autorização das capturas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Além disso, os animais precisam ser abatidos em estabelecimentos licenciados pelos órgãos responsáveis para que a carne chegue ao consumidor final com garantias de qualidade sanitária.

Em 2018, foi licenciado e autorizado o funcionamento do abatedouro flutuante de jacaré desenvolvido pelo Instituto Mamirauá na comunidade rural Jarauá, no município de Uarini (distante 565 quilômetros de Manaus), na RDS Mamirauá. Diogo salienta que abates experimentais autorizados pelo Ibama foram realizados em 2004, 2006, 2008 e 2010. Estes pilotos serviram como base para a criação de legislação específica para o manejo de jacarés. Finalmente, em 2020, foi realizado um abate com plano de manejo e abatedouro licenciado próprio para jacarés, atendendo a todos os pontos da legislação estadual.

Renda Sustentável

Um sistema de uso sustentável pode ser uma boa ferramenta de desenvolvimento, segundo Diogo, já que em áreas do Amazonas como a RDS Mamirauá, a população costuma ser dependente de poucas opções de renda e uma atividade extra pode minimizar esses riscos nos aspectos financeiros e de segurança alimentar.

Da mesma forma, os critérios de sustentabilidade exigidos permitem que os jacarés possuam áreas de nidificação protegidas e continuem se reproduzindo e mantendo sua população estável. Atualmente, o Instituto Mamirauá assessora dois setores da RDS com maior potencial de manejo, Jarauá e Aranapu, que possuem seis comunidades beneficiadas com as atividades de desenvolvimento do manejo de jacarés.

O Instituto também é responsável pela primeira estrutura flutuante de abate de jacarés licenciada no Brasil, a Planta de Abate Remoto (Plantar). Segundo Diogo, a exemplo do manejo sustentável do pirarucu, o manejo de jacarés amazônicos – Melanosuchus niger (jacaré-açu) e Caiman crocodilus (jacaretinga) – pode se tornar uma alternativa viável de fonte de renda para as comunidades, promovendo a diversificação produtiva local associada à conservação dos jacarés e do ambiente onde vivem.

Diogo ressalta que, para isso, é fundamental a manutenção de um canal de comunicação eficiente entre entidades de assessoria técnica, grupos manejadores e órgãos públicos. 

“Isso porque pequenas falhas ou dificuldades de interpretação de normas, leis ou dados coletados podem gerar gargalos sérios no desenvolvimento da atividade. As partes interessadas estão empenhadas em fortalecer essas parcerias. O momento é bastante produtivo, do ponto de vista institucional. Momentos como o da Audiência Pública e de reuniões que participamos devem ser mais frequentes e contar com representantes engajados de cada uma das organizações envolvidas”.

*O conteúdo foi originalmente publicado pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá.

Centro de Cultura Negra terá música, capoeira e artesanato durante o Verão na Rede em Macapá

A programação de verão em Macapá (AP) terá diversas atrações como shows, ações sociais e, a partir das 17h desta quinta-feira (4), o Centro de Cultura Negra do Amapá recebe a programação Verão Afro, com a participação de mais de 20 artistas locais.

Serão diversos seguimentos que vão integrar a programação especial, entre eles estão: música, capoeira, dança e artesanato.

A Fundação Municipal de Cultura (Fumcult) credenciou os artistas incluídos na festividade com o edital 003/2023 para as programações culturais do município.

Local: Centro de Cultura Negra do Amapá Raimunda de Nazaré da Silva Ramos (Sede da União dos Negros do Amapá -UNA)

Veja a programação:

Música

Horário: 20h às 23h

DJ Savio MT
Sambart
Afro Brasil

Capoeira

Horário: 17h às 18h50

Quilombo do Brasil
Harmonia Arte Capoeira
Arte que encantou o mundo
Professor Meia Noite
Origem Brasileira
Analu Maculelê Luta Guerreira
Paulo Cesar (Mestre Fofão)
Mestre Grilo
Capoeira em ação transformando vidas

Dança

Horário: 19h15 às 19h30

CIA de Dança Afro Baraká

Artesanato

Horário: 17h às 23h

Zizi Artes das Mãos
Claudia Penafart
Artesão Criolo
Ateliê Hobby Artesanato AP
Maycon Brendo
Marlene Ferreira Andrade

Verão na Rede

O projeto Verão na Rede é uma iniciativa da Fundação Rede Amazônica (FRAM) que visa promover a cultura, a arte, o entretenimento e o turismo em Macapá (AP).

Além de valorizar artistas regionais, também enfatiza a importância da preservação ambiental e da sustentabilidade, promovendo conscientização e educação ambiental entre os participantes e a comunidade local.

O projeto conta com apoio da GEAP Saúde e da Prefeitura de Macapá, que realiza paralelamente o ‘Macapá Verão’, que consiste em uma série de eventos culturais e atividades ao ar livre, proporcionando momentos de lazer e integração comunitária.

Gelatina da pele do tambaqui é desenvolvida por pesquisadores da Embrapa

Pesquisadores da Embrapa encontraram uma alternativa para substituir a gelatina convencional que é desenvolvida a partir do couro bovino e suíno. Eles obtiveram sucesso ao obter gelatina da pele do tambaqui (Colossoma macropomum), peixe nativo brasileiro de grande relevância econômica.

A pele, as escamas e a cabeça, geralmente, são utilizadas para fabricação de ração para peixes. No entanto, a gelatina produzida tem aplicações alimentícias e farmacêuticas, ou seja, transforma-se em um coproduto com maior valor agregado.

Leia também: Hormônio de crescimento do tambaqui é produzida em laboratório pela primeira vez

As propriedades observadas indicam que a gelatina de pele de tambaqui pode servir para diversas aplicações, incluindo filmes, microcápsulas para remédios, espessantes etc. A iniciativa ainda pode contribuir para a redução de resíduos.

Piscicultura em crescimento

Foto: Fernanda Ramalho Procópio

A produção de peixes no Brasil tem crescido substancialmente, além de ter aperfeiçoado seu processamento. Pesquisas estão sendo realizadas pela Embrapa, no projeto BRS Aqua, para melhorar e ampliar a cadeia. De acordo com o Anuário da Associação Brasileira de Piscicultura (Peixe BR 2022), a produção nacional de pescado aumentou 45% desde 2014. A tilápia responde por 65% da produção. Em relação a espécies nativas, o tambaqui lidera, com mais de 30% da produção total.

O projeto Ações estruturantes e inovação para o fortalecimento das cadeias produtivas da aquicultura no Brasil (BRS Aqua) tem apoio financeiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Secretaria Nacional de Aquicultura e Pesca do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA). Trata-se de uma rede coordenada pela Embrapa Pesca e Aquicultura (TO) e dela fazem parte mais de 240 empregados de 23 unidades da empresa, além de mais de 60 parceiros, entre públicos e privados.

De acordo com o pesquisador Manuel Antônio Jacintho, da Embrapa Pecuária Sudeste (SP), dependendo da espécie e do tipo de produto, até 50% das matérias-primas iniciais são descartadas, incluindo cabeças, carcaças, pele e escamas. 

“A conversão dos resíduos em produtos de valor torna a cadeia mais sustentável”, destaca Jacintho.

O pesquisador lembra que a diversidade de espécies de peixes nativos brasileiros para consumo humano é grande. Assim, há um potencial para maior exploração das propriedades tecnológicas dos resíduos da cadeia pesqueira. O tambaqui é o peixe nativo mais produzido no Brasil.

“É importante mostrar seu diferencial em relação a outros peixes. Mostrar que a gelatina da pele de tambaqui possui características tecnológicas capazes de substituir as gelatinas bovinas e suínas. A composição de aminoácidos é mais rica do que a de peixes de água fria. A força de gel (consistência) pode ser comparada a de bovinos e suínos”, explica Fernanda Ramalho Procópio, bolsista CNPq de pós-doutorado na época do estudo.

Vários fatores interferem na composição da pele do peixe, como espécie, idade, sexo e tipo de alimento. O teor de proteína pode influenciar no rendimento da extração da gelatina e na composição de aminoácidos. Além disso, o alto teor de gordura dificulta a obtenção de um produto inodoro e translúcido, importante na percepção dos consumidores.

Nesse aspecto, o tambaqui apresentou vantagem; sua pele possui maior teor de proteína (27,10 ± 0,02) e menor teor de gordura (1,17 ± 0,08) do que outras espécies. Com isso, o rendimento de extração da gelatina da pele foi de quase 60%. Os principais aminoácidos encontrados foram glicina, prolina e hidroxiprolina, responsáveis pela sua firmeza.

Gelatina de boa qualidade

Foto: Fernanda Ramalho Procópio

A gelatina da pele do tambaqui apresentou características adequadas aos padrões do produto convencional. O rendimento de extração foi de aproximadamente 53% (com base na pele inicial seca), poder de gelificação adequado (força de Bloom média), baixa turbidez e níveis significativos de aminoácidos, que influenciam na resistência do gel.

Segundo o supervisor do Laboratório de Tecnologia da Biomassa da Embrapa Agroindústria Tropical (CE), Adriano Mattos, a temperatura de gelificação observada (16 °C) apresentou-se compatível com a da gelatina bovina comercial (17 °C). O comportamento térmico da gelatina da pele do tambaqui foi investigado por meio de calorimetria exploratória diferencial. Ele complementa que a temperatura de início de degradação, em torno de 105 °C, favorece sua aplicação potencial no desenvolvimento de novos materiais na indústria alimentícia e farmacêutica.

A força de gel (consistência) foi de 123 ± 20 gramas, o que a classifica como Bloom médio. As gelatinas comerciais são normalmente classificadas com base nos valores de Bloom alto (200-300 gramas), médio (100-200 gramas) e baixo (50-100 gramas). A cor esbranquiçada, inodora e sem turbidez está dentro dos requisitos comerciais da gelatina.

Potencial

Com Bloom médio, a gelatina da pele de tambaqui pode ser adequada para determinados produtos, para clarificar bebidas e para produção de cápsulas moles.

O maior teor de aminoácidos, em comparação com outras espécies de peixes, sugere que a pele do tambaqui também poderia servir como uma fonte valiosa de peptídeos de colágeno. Segundo Fernanda Procópio, embora esse aspecto não tenha sido o foco principal do trabalho, várias investigações demonstraram o potencial da utilização de resíduos de pesca como fonte de peptídeos bioativos.

“Explorar aplicações e estratégias para a utilização de resíduos do processamento de tambaqui contribui para o desenvolvimento de uma economia circular na indústria de processamento de pescado, aumentando potencialmente a renda do produtor e reduzindo o impacto ambiental associado ao descarte de resíduos”, explica Manuel Jacintho.

Foto: Fernanda Ramalho Procópio

As características da gelatina a tornam um material promissor para a produção de micropartículas, filmes e hidrogéis. A sequência desse trabalho já está em andamento, investigando a potencial aplicação deste material na produção de filmes como componentes de embalagens de alimentos.

Artigo

O estudo foi publicado na revista internacional Journal of aquatic food product technology (2024, vol. 33), com o título An Enhancement to Development, Characterization and Potential Application of Gelatin Extracted from Native Brazilian Fish Skin (Uma melhoria no desenvolvimento, caracterização e potencial de Aplicação de Gelatina Extraída de Pele de Peixe Nativo Brasileiro).

*Com informações da Embrapa