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Saneamento precário facilita dispersão de plástico e microplástico na Amazônia, avaliam pesquisadores

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Os plásticos e microplásticos estão presentes em diversos ambientes e espécies na Amazônia, como em peixes e plantas aquáticas, e têm sido até mesmo usados por uma ave da floresta para construir seu ninho. Um dos principais fatores que têm contribuído para o bioma estar se tornando um potencial hotspot desses contaminantes é a falta de condições adequadas de saneamento básico em grande parte das cidades da região.

A avaliação foi feita por pesquisadores participantes de uma mesa-redonda sobre plásticos e microplásticos em águas brasileiras realizada na segunda-feira (08/07), durante a 76ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). O evento foi realizado até sábado (13/07) no campus Guamá da Universidade Federal do Pará (UFPA), em Belém.

De acordo com dados apresentados pelo pesquisador, 70% das cidades da Amazônia brasileira não possuem tratamento de água.

A fim de avaliar a variação das condições de saneamento básico em 313 municípios amazônicos, os pesquisadores da UFPA criaram um índice com base em dados sobre o percentual de áreas urbanas cobertas por coleta pública de esgoto, sistemas de drenagem de águas pluviais e de disposição de resíduos sólidos, obtidos da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS).

Os resultados das análises indicaram que, dos 313 municípios avaliados, apenas 2,6% apresentam condições adequadas de saneamento básico. Por outro lado, 35% foram classificados como em condições baixas e 15% como precários.

Os sistemas de disposição de resíduos sólidos foram o serviço urbano classificado como o mais satisfatório, com disponibilidade média de 76% nas cidades avaliadas. Já a coleta de águas residuais e o sistema de drenagem de águas fluviais foram classificados como ruins na maioria das cidades amazônicas.

“É difícil encontrar situações de saneamento adequado na Amazônia. Altamira, no Pará, por exemplo, tem só uma estação de tratamento de água, que não está recebendo todo o esgoto produzido pela cidade”, ponderou Martinelli.

Outro exemplo de falta de condições adequadas de saneamento na Amazônia é o da região metropolitana de Manaus, no Amazonas, cuja população é composta por mais de 2 milhões de habitantes. No total, 32% das residências utilizam esgoto sanitário público, exemplificou o pesquisador.

“Geralmente, a principal fonte de microplásticos em ambientes aquáticos brasileiros são as cidades. E, no caso da Amazônia, a população nas cidades aumentou 11 vezes em um século. Há cem anos existiam 1,5 milhão de habitantes na Amazônia e agora há 16 milhões de pessoas morando na região”, comparou.

Atualmente a Amazônia também possui metrópoles com mais de 1 milhão de habitantes, como Belém e Manaus, além de cidades de médio porte, com população entre 150 mil e 999 mil habitantes, como Altamira, Castanhal, Marabá, Parauapebas, Santarém, Porto Velho, Macapá, Boa Vista e Rio Branco. “É um crescimento populacional recente na história da Amazônia”, avaliou o pesquisador da UFPA.

Substrato para ninhos

De acordo com Martinelli, estima-se que sejam lançadas por ano 182 mil toneladas de plástico na Amazônia brasileira, o que a torna a segunda bacia hidrográfica mais poluída do mundo.

Além do plástico descartado pelas cidades da região, o bioma amazônico também recebe o resíduo gerado por países com rios a montante, como a Colômbia e o Peru. Dessa forma, o resíduo tem sido encontrado em todos os lugares no bioma e atingido diversas espécies, sublinhou o pesquisador.

“Costumamos ver muitos trabalhos científicos que mostram espécies de peixes ingerindo microplásticos. Mas em qualquer lugar da biota onde for procurado plástico, em diferentes escalas de tamanho, é possível encontrar esses poluentes”, avaliou.

Estudo publicado recentemente por pesquisadores do grupo identificou a retenção de plásticos por macrófitas aquáticas no rio Amazonas. “Os bancos de macrófitas retêm plásticos de diferentes dimensões, do macro, passando pelo meso e chegando aos microplásticos”, afirmou Martinelli.

Outro trabalho feito por uma estudante de mestrado do grupo, em vias de publicação, mostrou que o japu (Psarocolius decumanus) – uma espécie de ave que habita boa parte das matas da América do Sul – tem incorporado detritos plásticos para a construção de seus ninhos. Os pesquisadores encontraram principalmente fibras emaranhadas e cordas em 66,67% dos ninhos do pássaro. “O plástico usado por essa espécie de ave para construir seus ninhos é proveniente de material de descarte da pesca”, explicou Martinelli.

Falta de estudos

Os pesquisadores enfatizaram que, apesar do aumento exponencial das pesquisas sobre microplásticos em todo o mundo, sobretudo nos últimos 10 anos, ainda há poucos estudos com foco no bioma amazônico.

A pesquisa limitada, as restrições metodológicas, as falhas e a falta de padronização, combinadas com as dimensões continentais da Amazônia, dificultam a coleta do conhecimento fundamental necessário para avaliar com segurança os impactos e implementar medidas de mitigação eficazes.

Também há a necessidade urgente de expandir os dados científicos disponíveis para a região, melhorando a infraestrutura de investigação local e formando pesquisadores, além de realizar estudos de acompanhamento de longo prazo, apontaram os pesquisadores.

“Os estudos sobre plástico ou microplástico vão trazer, na verdade, subestimativas, porque a escala do problema é tão grande que a gente sempre esbarra em um inimigo fatal quando estamos fazendo nossos projetos, que é a questão do tempo. Nunca conseguimos fazer estudos de longo prazo”, disse Monica Ferreira da Costa, professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

Também não há um consenso sobre o que são os microplásticos, apontou Décio Luis Semensatto Junior, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). A definição genérica comumente aceita é a de que os microplásticos são partículas plásticas com tamanho entre 1 e 5 micrômetros – ou 1 milésimo de milímetro.

O rio dos Bugres, no estuário de Santos, no litoral paulista, pode ser a região onde foi constatado o maior nível de poluição por microplásticos no mundo, afirmou Niklaus Ursus Wetter, pesquisador do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen). “Encontramos 100 mil microplásticos por quilo de peso seco de sedimento extraído daquele rio, localizado no meio de São Vicente, que tem uma velocidade de água muito baixa. Ele fica estagnado e, dessa forma, o plástico pode sedimentar”, afirmou.

*O conteúdo foi originalmente publicado pela Agência Fapesp, escrito por Elton Alisson, de Belém

Nova tecnologia pode mais que dobrar o lucro de pequenos produtores de cacau no Pará, aponta estudo

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O Brasil é o sétimo maior produtor de cacau do mundo e o Pará contribui com mais da metade da produção nacional do fruto, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com o objetivo de aprimorar esse desempenho, pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA) avaliaram o impacto de uma máquina para quebrar vagens de cacau e outras inovações em uma fazenda paraense. Os resultados, publicados na na revista ‘Engenharia Agrícola’, mostram que o novo sistema pode aumentar o retorno financeiro em duas vezes e meia após três anos.

Segundo o trabalho, o lucro do ano corrente da fazenda na produção de cacau, de cerca de 59 mil dólares, passaria para quase 150 mil no terceiro ano. O aumento começaria a ser sentido já nos primeiros 12 meses de implantação do processo. O teste também apontou para a possibilidade de reduzir em até 70% o tempo de trabalho de processamento do fruto ainda no primeiro ano de implementação da máquina.

O experimento foi realizado em uma fazenda da região cacaueira de Novo Repartimento, no Pará, que anualmente produz 55 toneladas de cacau — em um fluxo inconsistente que depende, em grande parte, do trabalho manual. Os pesquisadores calcularam a viabilidade técnica e econômica de possíveis mudanças na produção, dedicadas a otimizar o espaço e maximizar a eficiência. Além da máquina para quebrar as vagens, mudanças no posicionamento dos estágios de fermentação e secagem do fruto também foram recomendadas. No seu cálculo, os pesquisadores consideraram os custos das mudanças propostas e as expectativas de retorno nos três anos seguintes.

Segundo o artigo, a tecnologia pode beneficiar as pequenas propriedades paraenses especialmente na produção de cacau fino, produto com sabor e aroma superiores, utilizado em preparos da alta gastronomia. Ele pode custar o triplo daquele vendido em bolsa de valores, ou seja, como commodity.

Hoje, esse tipo de produto é pouco rentável para pequenos produtores por causa do custo da colheita seletiva e da fermentação de alta qualidade envolvidos em sua produção. “Essa pesquisa pode contribuir na redução do custo e no aumento da produtividade de fermentação, possibilitando melhor condição de mercado”, explica André Mesquita, pesquisador da UFPA e coautor do trabalho.

Os resultados do estudo motivaram os pesquisadores a proporem a criação de um Centro de Inteligência do Cacau no estado do Pará. Conforme Mesquita, o objetivo é trazer rentabilidade aos produtores locais compatível com a qualidade de seus produtos.

*O conteúdo foi originalmente publicado pela Agência Bori

4 balneários para se refrescar no verão em Macapá

Banhada pelo Rio Amazonas, Macapá é uma cidade atrativa para quem busca lazer e diversão perto da natureza. A capital amapaense possui lugares encantadores, como os balneários, que ajudam a “fugir” do calor durante o período do verão na Amazônia. Confira algumas opções para se refrescar:

Portal do Sol Sítio Clube

Distante 50 km de Macapá, o local possui acesso direto ao rio, além de um restaurante com comida regional e chalés privativos para pernoite e diárias. Para chegar é necessário passar por um ramal de 17km. O Portal do Sol Sítio Clube também aluga a área para passeios, aniversários e piqueniques.

Foto: Pabliane/Tripadvisor

Balneário Santa Helena

Com o slogan “Um pedaço do céu no Amapá”, o Balneário Santa Helena, localizado no Km 48 da BR-156, conta com opções de chalés climatizados a partir de R$ 200, além de opções de canoagem.

Foto: Reprodução/Instagram-balneariosantahelena_ap

Rancho Recanto do Curiaú

Localizado no Quilombo do Curiaú, há 15 minutos da capital Macapá, é um dos lugares que oferecem lazer e gastronomia regional típica, além de camping. Funciona todos os dias, das 9h às 18h, com bar e restaurante. O Rancho Recanto do Curiaú também pode ser alugado para eventos e ainda ensaios fotográficos.

Foto: Reprodução/Instagram-recantocuriau

Balneário do Américo

Localizado na capital, é um balneário com uma ampla área de lazer em contato direto com a natureza. A área de banho do balneário é um lago que se forma no período de chuvas na região e conta com três piscinas. Funciona de segunda à segunda das 8h às 18h3. O acesso é pela Rodovia AP 20, no Km 09.

Foto: Luis Lopes/Blog Trip no Amapá

Verão na Rede

O projeto Verão na Rede é uma iniciativa da Fundação Rede Amazônica (FRAM) que visa promover a cultura, a arte, o entretenimento e o turismo em Macapá (AP).

Além de valorizar artistas regionais, também enfatiza a importância da preservação ambiental e da sustentabilidade, promovendo conscientização e educação ambiental entre os participantes e a comunidade local.

O projeto conta com apoio da GEAP Saúde e da Prefeitura de Macapá, que realiza paralelamente o ‘Macapá Verão’, que consiste em uma série de eventos culturais e atividades ao ar livre, proporcionando momentos de lazer e integração comunitária.

Dragagem dos rios Madeira e Amazonas permitirá o transporte fluvial na região durante todo o ano

Por Osíris M. Araújo da Silva

O Departamento Nacional de Infraestrutura em Transportes (DNIT) promoveu, na última sexta-feira, 5, a abertura dos envelopes com as propostas das empresas interessadas em executar as obras de dragagem dos rios Madeira e Amazonas. Segundo fontes oficiais, foi vencedora a empreiteira DTA Engenharia Portuária e Ambiental, de S. Paulo. De acordo com o Ministério dos Portos e Aeroportos (MPOR), serão investidos R$ 505 milhões nos rios Madeira (Manaus-Itacoatiara), Solimões (Codajás, Coari, Benjamin Constant e Tabatinga). No Madeira, serão aplicados R$ 118,9 milhões nos trechos críticos entre o passo do Tabocal e a foz do rio. Já no rio Amazonas, a previsão é de gastar R$ 129,1 milhões no paraná do Abacate e nas ilhas do Juçara e do Tracari. As dragagens entre Tabatinga e Benjamin Constant serão feitas nos canais superior e inferior, envolvendo recursos da ordem de R$ 139,8 milhões.

Segundo o DNIT, as ações incluem inspeções técnicas e serviços de batimetria para mapear e monitorar as profundidades aquáticas, contribuindo para a adoção de medidas preventivas e a redução dos impactos ambientais na região amazônica. A hidrovia do Rio Madeira, importante eixo logístico do Norte, continua desempenhando papel crucial no transporte de mercadorias.

Como a rodovia BR-319 ainda não apresenta condições plenas de uso, a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) anunciou aumento do volume de cargas no primeiro trimestre deste ano em comparação com o mesmo período de 2023. Os trechos são essenciais para o transporte de insumos destinados às empresas do Polo Industrial de Manaus (PIM) e produtos em geral para o abastecimento do comércio amazonense. O rio Madeira, convém salientar, permite o escoamento da produção de soja e de produtos agropecuários do Sul do Amazonas e de Roraima para o resto do Brasil.

O desassoreamento dos trechos deverão minimizar impactos de futuras estiagens padrão 2023, prevista para repetir-se este ano. Estudos do MPOR constatam que, no cenário atual, parte significativa do transporte da produção agropecuária da região é feita pelo chamado Arco Norte, que abrange os estados do Acre, Rondônia, Amazonas, Pará, Mato Grosso e Tocantins. É fundamental, por conseguinte, que, por meio de processos permanentes de dragagem, proceda-se à manutenção integral dos canais de navegação dos rios Madeira, Tapajós e Amazonas. Em semelhante grau de importância, que se conclua as obras de recuperação da rodovia BR-319 abrindo espaço para a plena interconexão dos modais.

Ao mesmo tempo, o governador Wilson Lima vem atuando para fortalecer laços de cooperação com organismos federais visando alinhar políticas públicas estaduais com a União. Desse esforço resultaram ações do governo federal via DNIT para dar curso ao edital para contratação dos serviços de dragagem dos trechos dos rios Amazonas e Solimões tendo em vista assegurar plena capacidade de navegação dos rios, essencial, na Amazônia, ao transporte de pessoas e escoamento de mercadorias. O governo do Amazonas igualmente confere prioridade ao estabelecimento de cooperação com “portos privados” que operam no Estado antecipando ações preventivas ante efeitos danosos de futuras estiagens que possam vir a ocorrer.

Na terça-feira, 2/07, o vice-governador Tadeu de Souza promoveu reunião com dirigentes do Super Terminais, visando o alinhamento de ações voltadas à mitigação do fenômeno, que este ano deverá superar a estiagem de 2023, a mais severa dos últimos 100 anos, que causou prejuízos à indústria superiores a R$ 1 bilhão de reais. Para Souza, “o Governo do Amazonas vem se preparando preventivamente para enfrentar efeitos de nova seca a se repetir este ano como se a de 2023 “ainda não tivesse terminado. Essa cooperação é primordial como demonstração de alinhamento do Estado com o ambiente privado, com os atores que acreditam e investem no Amazonas a longo prazo”.

Sobre o autor

Osíris M. Araújo da Silva é economista, escritor, membro do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA) e da Associação Comercial do Amazonas (ACA).

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

A Manaus de ontem, de um passado não muito distante

Avenida Eduardo Ribeiro, Centro de Manaus. Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal

Por Abrahim Baze – literatura@amazonsat.com.br

Se a arquitetura é o símbolo mais visível de uma sociedade, a fisionomia urbana de Manaus reflete bem o espírito da sociedade que aqui floresceu em fins de 1800 e início de 1900. Na verdade a arquitetura de Manaus, a arquitetura mais antiga exprime uma atitude emocional e estética do apogeu de um período do látex e da burguesia enriquecida pelo processo produtivo.

A cidade que despertou a admirarão de tantos estrangeiros imigrantes ou visitantes, nas primeiras décadas de 1900, surgiu como por encantamento.

De uma aldeia dos índios Manaus, o antigo Lugar da Barra se transformara num dos mais importantes centros do mundo tropical, graças a vitalidade econômica da borracha, que lhe deu vida, riqueza e encantos, como na antiguidade o comércio intenso no Mediterrâneo e no Adriático possibilitou a Roma, Florença e Veneza papel preponderante na economia, nas artes, nas letras e na arquitetura da Velha Europa.

Tal como Veneza, por meio de seu comércio de longo alcance com povos europeus e extras europeus, Manaus veio conhecer o gosto e a experiência de países extras americanos onde sua burguesia procurava inspirações de vida e de ação. O passeio de férias à Europa era ocorrência de rotina para a família de Manaus que, por sua vez, de lá traziam ideias e sugestões transformados em valores culturais, às vezes um tanto invulgar de uma sociedade desejosa de crescer e firmar-se como força civilizadora.

Cidade de suaves colinas, Manaus desdobrava-se em vistas múltiplas para quem a cruzasse nas avenidas e ruas de um lúcido urbanismo. E não deixa de impressionar a obra urbanizadora da capital, creditada ao governo de Eduardo Gonçalves Ribeiro, a topografia da cidade, antes do governo dele, deslumbrava-se em cortes hidrográficos: era o Igarapé do Salgado, o Igarapé da Castelhana, o Igarapé da Bica, o Igarapé do Espirito Santo, Igarapé de Manaus, Igarapé da Cachoeirinha, Igarapé de São Raimundo, Igarapé dos Educandos, etc.

Eduardo Gonçalves Ribeiro aterrou os caudais em benefício de um urbanismo funcional, que lutou contra a natureza até fazer secar os pequenos cursos d’água, transformada em amplas avenidas.

[…] Avenida Eduardo Ribeiro, com sua imponência, resultado do aterro do Igarapé do Espirito Santo. Outros tantos igarapés atravessados por sólidas pontes de ferro, em disposições geométricas artisticamente apresentadas. O Teatro Amazonas erigido no topo de uma colina, como se fosse a Acrópole dos Deuses da Floresta, marca a capital no espaço e no tempo, inaugurado em 1896.

Fonte: TOCANTINS, Leandro. O rio comanda a vida: uma interpretação da Amazônia. Manaus: Valer, 2000. Pág.: 188-189.

Cidade rica, progressista e alegre, calçadas com granito e pedra de liós, trazida de Portugal, sombreadas por frondosas mangueiras e de praças e jardins bem cuidados, com belas fontes e monumentos, tinha todos os requisitos de uma cidade grande urbe moderna: água encanada e telefonias; energia elétrica, rede de esgoto e bondes elétricos deslizando em linhas de aço espalhadas por toda malha urbana e penetrando na floresta até os arredores mais distantes do Bairro de Flores. O seu porto flutuante, obra-prima da engenharia inglesa, construído a partir de 1900, o qual recebia navios de todos os calados e das mais diversas bandeiras.

O movimentar do centro comercial regurgitando de gente de todas as raças, nordestinos, ingleses, peruanos, franceses, judeus, norte-africanos, norte-americanos, alemãs, italianos, libaneses, portugueses, caboclos e índios.

Rua Ferreira Pena, 1933. Destaque para os Bungalows, projetados pelo professor Coreolano Durand. Foto: Bazar Esrpotivo/Acervo Fundação Getúlio Vargas

A Avenida Eduardo Ribeiro concentrava um número expressivo de casas comerciais. Nas proximidades do Mercado Municipal Adolpho Lisboa, Ruas Marcílio Dias, Guilherme Moreira, Quintino Bocaiúva, 7 de Setembro, Henrique Martins, Instalação, Praça XV de Novembro. Tudo o que o comércio internacional oferecia à época poderia ser encontrado nesta longínqua cidade, plantada a milhares de quilômetros dos principais centros capitalistas.

Atividades comerciais bem constituídas abrigavam, no andar inferior, o comércio e no andar superior a residência do proprietário, instalado próximo ao seu trabalho, o que ocorria normalmente das 7h às 21h da noite.

Esse espaço residencial era o que predominava em nosso centro comercial. Mas, afastadas como a Praça dos Remédios ao longo da Joaquim Nabuco, Largo de São Sebastião, Avenida 7 de Setembro, Rua Barroso, 24 de Maio, Saldanha Marinho e outras ruas circunvizinhas, dispunha-se as residências mais ricas, magníficos palacetes construídos no melhor estilo da época, assoalhos de acapu e pau amarelo, pinho-de-riga, onde o sol vazava as janelas e vitrais europeus. As salas normalmente iluminadas de belíssimos lustres europeus, paredes e tetos decorados de pinturas e telas ou de ar frescos.

Seus salões amplos exibiam luxuosíssimos móveis, porcelanas, cristais, pratarias e que permaneciam sempre abertos para receber visitas e festas de aniversários, banquetes e saraus, as diversões familiares da belle époque.

Casas de alvenaria com porões habitáveis, com fachada de painéis de azulejos europeus, com suas entradas de escadas em degraus de pedra de liós, ou madeira, sala de visita, alcova, sala de jantar, o grande corredor, ladeados de dois três quartos, cozinha em mais dependências.

[…] As famílias de menores recursos habitavam as extensas vilas de casas populares, o que ainda encontramos hoje nas ruas 24 de maio, Lauro Cavalcante e Joaquim Nabuco e as chamadas estâncias, extensas construções de meia-água divididas em pequenos quartos para aluguel. Entre os hotéis destacavam-se o Casina, na Praça Dom Pedro II e o Grande Hotel na Rua Municipal número 70, belíssimo edifício de dois andares, com quarenta e dois quartos, cujos cômodos eram decentemente mobiliados.

Fonte: LOUREIRO, Antônio José Souto. A Grande Crise. Pág.: 33 e 34. In. BAZE, Abrahim. Luso Sporting Clube: A Sociedade Portuguesa no Amazonas. Manaus: Valer, 2007.

Sobre o autor

Abrahim Baze é jornalista, graduado em História, especialista em ensino à distância pelo Centro Universitário UniSEB Interativo COC em Ribeirão Preto (SP). Cursou Atualização em Introdução à Museologia e Museugrafia pela Escola Brasileira de Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas e recebeu o título de Notório Saber em História, conferido pelo Centro Universitário de Ensino Superior do Amazonas (CIESA). É âncora dos programas Literatura em Foco e Documentos da Amazônia, no canal Amazon Sat, e colunista na CBN Amazônia. É membro da Academia Amazonense de Letras e do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA), com 40 livros publicados, sendo três na Europa.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

Curauá: bromélia da Amazônia pode ser alternativa ao plástico do petróleo

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Pesquisas realizadas com uma espécie de bromélia nativa da Amazônia e semelhante ao abacaxi, o curauá (Ananás erectifoliu), tem revelado um alto potencial de alternativa econômica sustentável para a substituição do plástico de origem petroquímica. O estudo, desenvolvido no Centro de Bionegócios da Amazônia (CBA), em Manaus (AM), já está em fase de implantação por meio de um projeto-piloto de extensão desenvolvido com produtores da agricultura familiar.

Por meio de um acordo de cooperação com outras instituições, o CBA fornece as mudas, capacita os produtores para o plantio e produção da fibra e conecta com uma empresa para a produção do bioplástico.

A pesquisadora do CBA, Simone da Silva, mostra o abacaxi amazônico. Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

Presente na região de não floresta, o curauá é fiel às características de clima e solo da região, preferindo solo não encharcado, ácido e pouco fértil. De acordo com os pesquisadores, é uma excelente opção de manejo sustentável por desenvolver melhor em área de sombra e com outras espécies.

Além do preparo da área não exigir fogo ou derrubada, o plantio pode ser feito em qualquer época do ano. “Vai muito ao encontro da nossa ideia de implantar em sistemas agroflorestais. O produtor não precisa deixar de plantar o que é a vocação natural dele. Se produz açaí, macaxeira, mamão, maracujá, que ele possa produzir em consórcio”, observa a pesquisadora.

A sustentabilidade do curauá também se expressa na viabilidade econômica, que desperta interesse da indústria, em substituição ao polietileno de origem petroquímica, à fibra de vidro e até mesmo às outras fibras naturais como a malva e a juta, exportadas de Bangladesh (Ásia).

O beneficiamento da bromélia amazônica também é simples e pode ser feito pelo próprio produtor por meio de um equipamento que beneficia o sisal e já existe no mercado, adaptado para o tamanho da fibra do curauá. A máquina é segura e não representa risco de acidentes no manuseio, garante a pesquisadora Simone Silva.

“A nossa ideia é que o produtor não comercialize a folha, mas que, minimamente, ele forneça a fibra, gerando o maior valor agregado possível para ele”, complementa Simone.

As mudas geradas nos laboratórios são de curauá branco, espécie que naturalmente já apresenta vantagem por perfilhar mais em relação ao curauá roxo. Após o plantio, a colheita é feita do 10º ao 12º mês, no primeiro ano. A partir do segundo ano, é possível ter de três a quatro colheitas.

Bromélia Amazônica (abacaxi curauá) é pesquisada no Centro de Bionegócios da Amazônia. Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

“A planta que vem de cultura de tecido [em laboratório] leva um efeito residual dos hormônios que a gente usa para brotar, então, naturalmente ela gera mais brotos do que uma planta convencional. O que se torna uma vantagem para o produtor e é um investimento só inicial dele adquirir mudas in vitro, mas que ele pode depois ampliar o seu plantio ou ser uma nova fonte de renda ao vender mudas para o seu vizinho”, explica a pesquisadora.

Como o mercado de curauá ainda não foi estabelecido na região, os pesquisadores evitam especular sobre rendimentos aos produtores, mas garantem que vários setores industriais já manifestaram interesse em adquirir a produção. “O que os setores interessados dizem é como eles pagam muito caro por uma fibra de juta e malva, por exemplo, que vem de Bangladesh, eles estão dispostos a pagar o mesmo valor na fibra de curauá, que pode gerar entre R$ 9 e R$ 10 o quilo da fibra”, disse Simone.

*Com informações da Agência Brasil

Acervo indígena com mais de 500 peças retido na França chega ao Brasil depois de 20 anos

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Vinte anos depois de permanecerem retidos no Museu de História Natural de Lille (MHN), na França, 585 dos 607 artefatos indígenas chegaram ao Brasil no dia 10 de julho. As demais peças que faltam não puderam compor o acervo transportado por falta de documentação necessária para a retirada. Alguns artefatos são considerados raros por terem sido confeccionados com elementos de flora e fauna em extinção. O conjunto de objetos provém de mais de 40 povos diferentes.

A repatriação do acervo é fruto de negociação entre o museu francês e a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Ministério das Relações Exteriores (MRE) e Ministério Público Federal (MPF), dada a importância da coleção e a proteção constitucional do patrimônio cultural brasileiro.

Foto: Museu do Índio

Os materiais são protegidos pela Convenção sobre Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção (Cites), estabelecida no Brasil por meio do Decreto nº 3.607, de 21 de setembro de 2000.

Joenia também anunciou que tão logo seja possível, a Funai e o Museu do Índio (MI) irão promover exposições das peças repatriadas.

Vistoria do acervo

O acervo deve passar por minuciosa vistoria antes de ser liberado pelas autoridades aduaneiras. Após a conferência e autorização, a carga será transportada ao Museu do Índio, órgão científico-cultural vinculado à Funai, localizado no Rio de Janeiro.

No MI, as peças serão desembaladas para a conferência de seu estado em comparação com os relatórios emitidos quando os artefatos saíram do MHN de Lille. “Nossa recomendação é que o acervo passe por um período de quarentena antes de ser exibido, para evitar possíveis contaminações, como é de praxe com acervos museológicos”, sugere a diretora do MI, Fernanda Kaingang.

As peças foram enviadas ao exterior em 2004 sem obedecer os trâmites legais que envolvem a saída do Brasil desse tipo de material.

Peças raras

O acervo repatriado é composto de itens etnográficos que representam a variedade de manifestações da cultura material dos povos indígenas que vivem no Brasil. Entre eles, encontram-se diversos adornos Kayapó e Enawenê-Nawê, considerados raros ou inexistentes nas coleções brasileiras. E também objetos Araweté como chocalhos, arcos e raros brincos emplumados produzidos a partir das penas do anambé azul e da arara vermelha.

Reparação

Com o acervo indígena de volta ao país de origem, a expectativa é que se negocie com a França medidas de reparação aos povos envolvidos, levando-se em consideração o complexo processo para garantir o retorno das peças, bem como o tempo que o acervo ficou retido e os danos sofridos.

Foto: Leo Macario

Para o coordenador técnico-científico do Museu do Índio, Seije Nomura, que tem acompanhado o processo de repatriação das peças, é preciso encontrar medidas que garantam que os empréstimos de acervos sejam mais vantajosos para as comunidades indígenas, com repartição de benefícios para os povos de onde advém as expressões culturais em circulação. E, ainda, medidas que garantam o correto acompanhamento e retorno de acervos emprestados a museus estrangeiros.

“Deve-se estimular, como já tem ocorrido, que eventuais empréstimos também contemplem a previsão de os próprios artistas e mestres de saberes apresentarem e falarem sobre seus acervos – o que promove o protagonismo dos povos indígenas”, ressaltou Seije Nomura.

A partir do recebimento dos itens no Museu do Índio no Rio de Janeiro, a Coordenação de Patrimônio Cultural fará a gestão do acondicionamento das peças para poder encerrar esta etapa do processo de repatriação.

*Com informações da Funai

Operações federais na Terra Yanomami impõem prejuízo de R$ 110 milhões ao garimpo ilegal

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O garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami está em processo acentuado de queda desde a implantação da Casa de Governo, em Boa Vista (RR), no final do mês de fevereiro deste ano. Com todas as ações do Governo Federal centralizadas e coordenadas na nova estrutura, o resultado do trabalho dos 31 órgãos federais que atuam na região estabeleceu ao garimpo ilegal a destruição da infraestrutura montada para as ações criminosas.

A megaoperação do Governo Federal contabiliza um prejuízo de mais de R$110 milhões imposto aos criminosos, com a inutilização de aeronaves, motores e geradores, entre outros equipamentos usados na atividade criminosa.

Do valor total de prejuízos impostos às atividades de criminosos na TIY, somente com apreensões de ouro e outros minérios, o valor corresponde a R$ 9 milhões, apreensão de veículos R$ 2 milhões e multas aplicadas já somam R$ 11 milhões. Em outra frente, que se dá por meio de destruição e/ou inutilizações, já são R$ 19 milhões apenas com aeronaves, mais R$ 34 milhões com pistas de pouso e outros R$ 30 milhões referentes a maquinários e mais R$ 5 milhões em outras apreensões e/ou destruições.

O extrato de custos do garimpo foi mapeado através do trabalho de inteligência realizado pelos órgãos federais. De acordo com a apuração, o aluguel de um barco para acessar a terra chega a R$ 25 mil; o frete de voo custa em torno de R$ 15 mil; e o garimpo tem pago a pilotos de aeronaves R$200 mil ao mês. “A grama do ouro comprado direto do garimpo está com custo elevado, em torno de R$ 370”, revela o diretor da Casa de Governo, Nilton Tubino, responsável pela articulação dos órgãos federais envolvidos.

Com a inutilização da infraestrutura arquitetada pelos criminosos, o custo do garimpo ilegal se torna cada vez mais alto. O diretor da Casa de Governo apresentou à equipe interministerial, durante reunião no Palácio do Planalto na última segunda-feira (8), o dado de 40% de aumento nos custos da atividade criminosa dentro da terra indígena. “O garimpo ilegal na Terra Yanomami será antieconômico”, afirmou Tubino.

Equipe

Mais de 560 servidores federais formam a equipe em atuação. Eles realizaram 967 operações de inteligência, fiscalização e repressão entre os meses de março, abril, maio, junho e o início de julho deste ano. Neste mesmo período, 58 pessoas foram presas.

Nilton Tubino considera que o Governo Federal segue para uma nova fase do trabalho na Terra Yanomami. “Os resultados já alcançados mostram a efetividade da articulação e do planejamento instituído a partir da instalação da casa de Governo. É importante destacar que estamos falando da maior terra indígena do Brasil, onde as riquezas do solo, dos rios, atraíram a atividade criminosa, com altos volumes de investimentos para a prática ilegal do garimpo. Mas estamos mostrando aos criminosos que não vamos tolerar a continuidade desta exploração”, afirmou.

*Com informações da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República

Cientistas se unem a povos da floresta amazônica para proteger sítios arqueológicos em risco

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A descoberta nas últimas décadas de milhares de sítios arqueológicos na Amazônia tem contribuído para mudar a perspectiva sobre o passado da maior floresta tropical do mundo. Esses locais, onde ficaram preservados os testemunhos e evidências de atividades de populações tradicionais, contudo, estão sob o risco de serem destruídos pelo avanço do desmatamento, do garimpo e das mudanças climáticas, entre outros fatores.

Por meio de tecnologias emergentes, como a de sensoriamento remoto aerotransportado “Lidar” (acrônimo em inglês para light detection and ranging), pesquisadores brasileiros, em parceria com povos da floresta, estão mapeando esses sítios arqueológicos em áreas ameaçadas da Amazônia, a fim de lhes conferir maior proteção.

Resultados preliminares do projeto, intitulado “Amazônia revelada”, foram apresentados em uma mesa-redonda realizada na terça-feira (09), durante a 76ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). O evento vai até amanhã (13) no campus Guamá da Universidade Federal do Pará (UFPA), em Belém.

Para realizar o mapeamento, os pesquisadores participantes do projeto, financiado pela National Geographic Society e apoiado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), entre outras instituições, inicialmente conversam com representantes das populações que vivem nos locais onde há evidências da existência de sítios arqueológicos para saber se há interesse ou não de que sejam mapeados.

Neves apresentou a pesquisa no dia 13 de julho, durante a Reunião Anual da SBPC. Foto: Elton Alisson/Agência FAPESP

“Não queremos pegar um avião e sair voando por aí porque seria, mais uma vez, uma forma de reproduzir práticas colonialistas científicas”, avaliou Neves.

Algumas das populações já consultadas e que deram aval para sobrevoos foram uma comunidade quilombola em Costa Marques e o povo indígena Amondawa da Aldeia Trincheira, em Rondônia.

Os pesquisadores pretendiam sobrevoar a região do Alto Xingu, mas cancelaram o plano após conversas com representantes do povo indígena Kuikuro. “Eles não queriam que sobrevoássemos por enquanto a terra deles porque a nossa ideia é tornar públicas as informações e não querem que outras pessoas saibam da existência daqueles locais que são importantes para eles”, contou Neves.

Com a mudança de planos, o novo local escolhido foi a ilha de Marajó, no Pará, onde há evidências de criação de estruturas artificiais. “Ao olharmos para escavações arqueológicas feitas na região, observamos uma série de cores diferentes que são camadas construtivas de aterros feitas por populações que ocuparam Marajó no primeiro milênio da era comum, a partir de mais ou menos 400 anos depois de Cristo, até o segundo milênio. Esses aterros foram construídos, ocupados e serviam como locais de cemitério”, contou o pesquisador.

Outra região que será sobrevoada é a Terra do Meio, no Pará, atravessada pelo rio Xingu e afluentes e formada por reservas, unidades de conservação e as terras indígenas Cachoeira Seca, Xipaya e Kuruya. Alvo de de garimpeiros ilegais, a região também sofre com desmatamentos e roubo de madeira.

Santa Terezinha. Foto: Edison Caetano

Primeiros resultados

Em razão do grande número de queimadas na Amazônia no ano passado, não foi possível realizar a maior parte dos sobrevoos programados. Este ano, o trabalho foi iniciado mais cedo e já começou a produzir os primeiros resultados.

Por meio de sobrevoos feitos em uma região situada entre o Acre, o sul da Amazônia e Rondônia, foi possível identificar um sítio arqueológico composto por estruturas geométricas triangulares e circulares associadas a estradas.

Já na Serra da Muralha, em Rondônia, foi possível identificar outro sítio arqueológico, composto por uma muralha de pedra e estruturas de alvenaria associadas a uma estrada. Na região está localizado um dos maiores parques nacionais da Amazônia, o Mapinguaria, cuja extremidade oeste foi invadida por um garimpo em 2019.

De acordo com o pesquisador, atualmente há mais de 6 mil sítios arqueológicos cadastrados em toda a bacia amazônica. Na opinião dele, contudo, esse número está subestimado.

“Em qualquer lugar que a gente vá, no interior da Amazônia, nunca deixamos de achar um sítio arqueológico. A questão é saber o que fazer com eles”.

Na avaliação do pesquisador, é preciso pensar a Amazônia não somente como um patrimônio natural, mas também biocultural, como um produto da história das populações tradicionais que incluem não somente os povos indígenas, mas também populações quilombolas, ribeirinhas e beiradeiros, que vêm ocupando a região há pelo menos 13 mil anos.

Resultados de estudos anteriores conduzidos por Neves com apoio da FAPESP podem ser encontrados em: agencia.fapesp.br/51197agencia.fapesp.br/40304 e agencia.fapesp.br/39387.

*O conteúdo foi originalmente publicado pela Pesquisa Fapesp, escrito por Elton Alisson, de Belém

15 anos de história: Romaria das Águas exalta cura pela fé, no Amazonas

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Com o tema ‘Cura Pela Fé – Amazônia’, a maior procissão fluvial da região amazônica celebra 15 anos de história no Amazonas. A emblemática procissão para Nossa Senhora do Carmo dá continuidade às tradições culturais que sucedem o Festival Folclórico de Parintins, que ocorre no último fim de semana de junho.

Em 2024, a procissão tem como símbolo uma escultura de Nossa Senhora do Carmo com 16 metros de altura. A imagem sagrada da santa padroeira de Parintins, percorrerá o Rio Amazonas, simbolizando a fé e devoção dos fiéis.

A escultura foi idealizada e projetada pelo artista parintinense Juarez Lima e seus filhos Thyago Lima e Juarez filho, e traz uma simbologia de tradição e herança para futuras gerações.

Foto: Reprodução/Prefeitura de Parintins

Apesar dos 15 anos de Romaria, este é o quarto ano em que o cortejo sai de Manaus até Parintins. O evento foi criado em 2009 por Juarez derivado de uma promessa para a melhora da saúde de um amigo que havia sofrido de um acidente vascular cerebral (AVC).

Durante a pandemia, Juarez perdeu sua esposa para a Covid-19 e com uma nova promessa de recuperação de seus filhos, também acometidos pela doença, a Romaria passou a partir da capital amazonense.

Nossa Senhora do Carmo

O Dia de Nossa Senhora do Carmo é celebrado em 16 de julho. A santa é padroeira de Parintins e a Catedral em sua homenagem foi tombada por sua importância cultural pela Lei Nº 618/2004.

A Romaria das Águas é uma procissão em preparação para celebrar o dia da santa. Durante o dia 16, ocorre uma novena em homenagem à padroeira e uma procissão pelas principais ruas e avenidas de Parintins. Uma missa marca o encerramento da festa.

Programação

Neste ano, a Romaria iniciou no dia 13 de julho. De acordo com a página oficial do evento, a embarcação com fiéis saiu de Manaus ainda no sábado com destino à Parintins, chegando dia 14 de julho, às 14 horas, com uma parada oficial na Boca do Limão para o início da Romaria, saindo da Boca do Limão às 17h30 com destino ao Porto de Parintins, para o grande ato da missão da Romaria das Águas.

Após a celebração, a embarcação retorna a Manaus no dia 17 de julho, partindo às 7h do Porto de Parintins.

Para mais informações, o contato da organização do evento é (92) 99195-1434.