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Aquecimento da água na Amazônia é generalizado, alertam pesquisadores

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As águas dos lagos na Amazônia vêm esquentando nas últimas décadas em escala sem precedentes, apontam estudos conduzidos por pesquisadores do Instituto Mamirauá em Tefé, no Amazonas.

Por meio da análise de dados sobre a temperatura da superfície da água obtidos por satélites, pesquisadores da entidade, vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), têm constatado tendência de aumento de 0,6ºC por década em 25 lagos da Amazônia central e atribuem esse aquecimento às mudanças climáticas.

Resultados preliminares do estudo, em revisão, foram apresentados em uma mesa-redonda sobre a hidrografia, os aquíferos, as secas e enchentes na Amazônia, realizada na última quinta-feira (11/07), durante a 76ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). O evento terminou sábado (13/07), no campus Guamá da Universidade Federal do Pará (UFPA), em Belém.

De acordo com o pesquisador, o pico foi atingido na seca extrema de 2023, quando a temperatura da água do lago Tefé, medida ao longo de toda a coluna d’água, a dois metros de profundidade, atingiu mais de 40ºC.

Essa temperatura, sem precedentes, causou a morte de 209 botos em um mês, a maior parte deles botos-cor-de-rosa (Inia geoffrensis) e alguns tucuxi (Sotalia fluviatilis), contou o pesquisador, que integrou uma força-tarefa para identificar as causas da mortandade dos animais.

“Especialistas da área de mamíferos aquáticos comentam que, se a gente encontra três carcaças de botos em algumas semanas, já é um alerta vermelho. Agora, 70 animais mortos em um dia [como aconteceu em 28 de setembro de 2023], é uma tragédia. Peixe morrer em uma seca extrema é muito comum na Amazônia, mas boto morrer nessa proporção ninguém tinha visto. E a grande pergunta era o que estava acontecendo”, relatou Fleischmann.

A fim de encontrar uma resposta, foi desencadeada a Operação Emergência Botos Tefé, coordenada pelo Instituto Mamirauá e com a participação de dezenas de instituições do país e do exterior.

Os pesquisadores constataram que a causa da morte dos animais foi hipertermia, causada por uma combinação catastrófica. Durante a seca de 2023, a Amazônia registrou recorde de dias seguidos sem nuvem, o que é raro na região. Sem a cobertura das nuvens, aumentou a radiação solar no lago que, devido à seca, estava muito raso e, consequentemente, mais fácil de aquecer. Além disso, as águas estavam turvas, o que facilitou o aquecimento.

Esse quadro resultou em picos de temperatura de mais de 40ºC em toda a coluna d’água do lago Tefé, explicou Fleischmann. “Medimos 40ºC, 41ºC em um a dois metros de profundidade. Isso é muita coisa”, afirmou.

De acordo com o pesquisador, é sabido que lagos na Amazônia podem atingir temperaturas extremas na superfície. Limnólogos que trabalham há décadas na região já mediram temperaturas variáveis entre 37ºC e 40ºC. Quando se mede o nível da água abaixo de 30 centímetros em relação à superfície, por exemplo, a temperatura cai rapidamente para entre 30ºC e 35ºC. Na seca de 2023 na Amazônia, contudo, a temperatura da superfície do lago Tefé permaneceu no patamar de 40ºC e não havia refúgio térmico para os animais.

Essa variação, combinada com o calor e o lago muito raso, fez com que os animais perdessem e ganhassem calor alternadamente de forma muito rápida. “Essa amplitude de temperatura é muito estressante para o animal, que atinge não só o limite de temperatura máxima, mas também de amplitude diária”, explicou.

Ações de adaptação

Após o registro do pico de temperatura no lago Tefé, os pesquisadores estabeleceram, entre setembro e outubro de 2023, uma rede de monitoramente emergencial para tentar medir a temperatura da água em diversos lagos da Amazônia central.

Os resultados das análises dos dados indicaram que mais da metade dos dez lagos incluídos no mapeamento registraram temperatura superior a 37ºC.

O pesquisador alerta que esse aquecimento generalizado da superfície dos lagos da Amazônia representa um risco real para os ecossistemas aquáticos e para as pessoas que vivem no bioma, principalmente as comunidades ribeirinhas que dependem do rio para o transporte e acesso a serviços essenciais.

“Foi uma verdadeira catástrofe humanitária o que aconteceu na Amazônia na seca de 2023. Não só as comunidades ribeirinhas, mas áreas urbanas em tributários do rio Amazonas e, especialmente, cidades que ficam em rios menores também ficaram muito isoladas”, contou.

Uma vez que esse tipo de evento climático extremo tende a acontecer com maior frequência e intensidade, é preciso criar urgentemente programas de acesso à água na Amazônia, avaliou o pesquisador.

“Não é porque estamos na beira do maior rio do mundo que o acesso à água de qualidade para o consumo é garantido”, ponderou.

Algumas das ações de adaptação que precisam ser implementadas na região são a construção de cisternas para a captação de água da chuva e de poços mais profundos, especialmente para comunidades em terra firme, além da distribuição de kits de tratamento emergencial da água e ampliação da cobertura de tratamento de esgoto na região.

“As pessoas não tinham água da chuva para beber durante a seca porque não tinham capacidade de armanezar. Elas tiveram de tomar água direto do rio, que estava extremamente barrenta e imprópria para o consumo”, contou.

Segundo cálculos dos pesquisadores, mesmo durante a seca de 2023 seria possível armazenar água de chuva em volume suficiente para atender às necessidades básicas de uma família com cinco integrantes se houvesse cisternas e poços disponíveis.

Em agosto de 2023, o mês mais seco no médio Solimões, o volume pluvial na região chegou a 50 milímetros. Essa quantidade de chuva, se armazenada em uma cisterna, pode gerar 2 mil litros de água, estimaram os cientistas.

*O conteúdo foi originalmente publicado pela Agência Fapesp, escrito por Elton Alisson, de Belém

Preparação para o XTERRA Amazônia: como são os treinos dos atletas que competem?

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O XTERRA Amazônia, realizado pela quarta vez em solo amazonense, acontece em Novo Airão no dia 20 de julho. Nesta etapa do circuito nacional, a aventura esportiva conta com aproximadamente 600 atletas amadores e profissionais inscritos, com uma só vontade: desafiar-se diante da floresta amazônica.

Participar da trail run ou do cross triathlon na Amazônia foge de tudo que é convencional para quem compete nestes tipos de corridas, desde a hidratação, preparação física ou até mesmo compra de novos acessórios. Essas mudanças precisam ser feitas para um bom desempenho na competição e para prevenir a integridade física do atleta, seja amador ou profissional.

O preparador físico e especialista em preparação de atletas de alta performance, Frankney Lopes, explica detalhes de como funcionam os meses que antecedem a preparação desses atletas que se dispõe a enfrentar as trilhas na Amazônia.

O educador físico relata que o cross triathlon, por exemplo, possui uma preparação mais “dura” se comparada com competições fora da zona de trilhas. 

Fotos: Antonio Lima/XTERRA

Recomendações para atletas iniciantes 

Segundo Frankney Lopes, geralmente as trilhas têm muitos obstáculos, como tronco, poças de lama, areia, grama, pedra, por isso é necessário ter força para correr. “Caso você treine no asfalto, trabalhe muitos tiros em subidas. Se for na esteira, use esteira inclinada. Fazendo assim, um treino de força por muito mais tempo”, recomenda.

O preparador informa ainda que na academia, o método Hiit – que consiste em alternar momentos de exercício de alta intensidade – pode ajudar bastante quando se trata de trabalho de força para ganho específico e ganho de potência.

Tempo de preparação de um atleta para competições como o XTERRA Amazônia

Em quanto tempo um atleta (amador ou profissional) está apto após iniciar um ciclo de treinos para participar de uma competição do nível do XTERRA Amazônia? 

Foto: Divulgação/XTERRA

Quando se trata de um desafio como o cross triathlon, o treinador afirma que o grau de dificuldade é medido pelo grau técnico e que a bicicleta é sempre a que pede mais preparo. Ele cita três pontos importantes:  

Força – “Durante a prova, ela será testada várias vezes com a questão da altimetria do percurso, por conta das subidas de bike serem mais pesadas. Por isso treinamento específico para ganho de potência em cima da bike, trabalhando sprints em subidas com uma intensidade muito alta”. 

Capacidade aeróbica – “Trabalhamos bastante os treinos longos de ciclismo, para que você consiga imprimir um ritmo em ladeira longa e consiga ter menos gasto energético e fadiga na musculatura, para conseguir sair para correr com lactato baixo”.  

Eficiência e técnica – “Precisamos fazer treinos educativos em cima da bike, alguns treinos específicos, em terrenos de barro, de areia, pedra e trilha. Geralmente na MTB (mountain bike) precisa ter muita experiência, porque isso faz diferença para ter um bom resultado. No triathlon, a que mais cobraria seu tempo seria o ciclismo, mas se alinharmos todos no mesmo nível, você chega preparado para a prova sem defeito nenhum”. 

Dicas de escolha dos equipamentos

XTERRA Amazônia 2024

O XTERRA Amazônia 2024 é uma realização da Fundação Rede Amazônica (FRAM) e tem o apoio da Braga Veículos; Secretaria Municipal de Inovação, Indústria, Comércio e Turismo da Prefeitura de Novo Airão; Secretaria de Estado do Desporto e Lazer, do Governo do Amazonas.

Livro ‘Um sonho Garantido’ é lançado em Parintins

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No dia da tradicional matança do Garantido, 17 de julho, no ‘Curralzinho da Baixa’, em Parintins (AM), acontece o lançamento do livro ‘Um sonho Garantido’, escrito por Cleumara Monteverde, neta de Lindolfo Monte Verde, criador do Boi Garantido.

A obra foi produzida com incentivo da Lei Paulo Gustavo, executada pelo Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa. O livro tem como proposta, de acordo com a autora, evidenciar o papel da mãe de Lindolfo, Dona Alexandrina (conhecida como Dona Xanda), na trajetória de vida do seu filho e como foi sua influência na concepção da criação do boizinho.

Cleumara relata que sua avó era uma mãe observadora, que percebeu que o filho sonhava com a criação de um boi.

Curuatá

O livro relembra do primeiro boi de Lindolfo que ele, quando curumim, usando o curuatá (invólucro de uma palmeira), colocava nas costas imitando os movimentos de boi, como as histórias que ouvia.

Fotos: Divulgação/Secretaria de Cultura e Economia Criativa

Ela lembra que começou a escrever em 2011, mas por inúmeras questões deixou guardado. “Com o edital, resolvi inscrever e passou. São relatos que ouvi e decidi deixar registrados para servir de fonte de pesquisa para futuras gerações”, explica.

‘Um sonho Garantido’ é dividido em doze capítulos e composto de 50 páginas. As ilustrações são de Alexandre Haidos e a revisão de Fátima Guedes. Cleumara adianta que os livros serão distribuídos em dez escolas do Estado.

*Com informações da Agência Amazonas

Governo do Acre apresenta resultados dos projetos de desenvolvimento sustentável executados com recursos do Programa REM

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A Missão de Monitoramento e Avaliação 2024 ocorreu entre os dias 9 e 13 de julho, com o objetivo de monitorar e avaliar in loco os avanços na implementação do Programa REM Acre – Fase II e pactuar medidas para a melhoria das ações e a continuação do programa. A agenda incluiu reuniões técnicas com órgãos co-executores e visitas aos beneficiários dos projetos Cadeia Produtiva da Bovinocultura, em Porto Acre e Epitaciolândia, e do Subsídio da Borracha, na Comunidade 2 Irmãos, em Xapuri.

A missão contou com a presença de Franziska Tröeger, primeira-secretária para o Desenvolvimento Sustentável/Florestas da Embaixada do governo alemão; Klaus Köhnlein, gerente de portfólio do Banco KfW; Svenja Bunte, gerente do Programa REM no Department for Energy Security & Net Zero – DESNZ; Louise Hill, gerente do portfólio de financiamento climático (REM e LEAF) pela International Climate Finance Manager – IFC, além de representantes do governo do Acre.

Cadeia Produtiva da Bovinocultura

No subprograma “Pecuária Diversificada Sustentável” o foco é promover o incremento na produtividade e a diversificação da criação de animais, incentivando a recuperação de áreas degradadas e reduzindo a pressão para abertura de novas áreas de pasto.

A degradação do solo, um problema sério enfrentado pela bovinocultura, é combatida por meio de atividades que incluem o diagnóstico da propriedade, a aplicação de insumos e a recuperação dos nutrientes. Esses esforços resultam em pastagens mais produtivas, maior disponibilidade de forragem para o gado, aumento na produção de carne e leite, e uma maior rentabilidade para os produtores.

Foram visitadas duas unidades demonstrativas de bovinocultura sustentável que somam-se ao subprograma. Ambas as fazendas são de pecuária leiteira. O primeiro local visitado pertence ao produtor rural Glauber Valhejo. A propriedade localizada na estrada para Porto Acre, recebeu a equipe do Programa REM e colaboradores.

Segundo o produtor, cinco hectares da propriedade estão sendo usados para desenvolver uma pecuária sustentável, que tem gerado o triplo de resultados em relação ao modelo antigo de produção, que consistia em desmatar para ter mais terra para o rebanho: “Conseguimos elaborar esse projeto [Pecuária Diversificada Sustentável], até então só em cinco hectares; esse trabalho já pega essa [área] aqui que a pastagem já está bem melhor, mesmo com a falta de chuva. Eu praticamente reduzi o volume do meu gado para apenas um hectare e tripliquei a produção de leite”.

Na oportunidade, a secretária adjunta de Planejamento, Kelly Lacerda, representando a Secretaria de Estado de Planejamento (Seplan), esteve presente na fazenda do produtor Vallejo e agradeceu a recepção e a presença das equipes que a acompanharam, destacando a representatividade dos órgãos parceiros. Ela ressaltou a importância da parceria com os doadores internacionais e dedicação do governo do Estado, além de agradecer aos coordenadores do Programa REM e destacar a importância de cada órgão e secretaria parceira do programa.

Foto: Pedro Devani/Secom AC

Em Epitaciolândia, foi visitada a unidade demonstrativa de Gildeon Chavier. O produtor rural relata que, antes do Programa REM, a produção de leite da fazenda ficava entre 30 e 40 litros e o produtor precisava trabalhar fora para complementar a renda familiar. Quando ele conheceu o projeto e começou a implementá-lo, a produção aumentou para 80 a 90 litros por dia, permitindo que focasse apenas na fazenda. Com o projeto, ele também conseguiu implementar a silagem, essencial para a região onde os projetos começam no inverno, mas sofrem no verão com a seca. Ele já havia tentado recuperar as áreas desmatadas antes, mas sem sucesso devido às condições climáticas.

“Graças ao projeto [Pecuária Diversificada Sustentável], conseguimos dividir e manejar adequadamente nossas áreas, incluindo a reserva, totalizando entre 8 e 10 hectares. Com o apoio dos técnicos da Seagri [Secretaria de Estado de Agricultura], seguimos o manejo correto, o que nos permitiu chegar ao verão com pastagem suficiente. Além disso, plantamos milho e produzimos silagem, garantindo alimentação para o rebanho durante o verão intenso. Mantivemos a produção de leite estável, mesmo reduzindo o número de animais no verão, graças ao planejamento e à alimentação adequada. Antes, a mentalidade era abrir mais áreas para pastagem, mas, com o projeto, aprendemos a manejar melhor o que já temos, alcançando resultados positivos e sustentáveis”, celebrou o produtor.

No subprograma “Pecuária Diversificada Sustentável”, a visita às unidades demonstrativas destaca o impacto positivo alcançado ao adotar práticas que não só aumentam a produtividade, mas também promovem a sustentabilidade ambiental na região. A cooperação entre produtores locais, governo estadual e parceiros internacionais, por meio do Programa REM, tem sido fundamental para esses avanços. Esse modelo bem-sucedido inspira outras iniciativas, como o programa “Subsídio da Borracha”, onde estão sendo escritas novas histórias de transformação e desenvolvimento sustentável.

Subsídio da Borracha

No subprograma “Territórios de Produção Familiar Sustentável”, o apoio é voltado para o fortalecimento das cadeias produtivas sustentáveis desenvolvidas por povos originários, extrativistas e produtores tradicionais. A atividade de extração da borracha, essencial para a produção de diversos produtos, recebe subsídios que garantem a viabilidade econômica e evitam o abandono da atividade pelos seringueiros.

Com esse objetivo, a Comitiva da Missão de Monitoramento e Avaliação 2024 do Programa REM – Fase II foi, no último dia da missão, ao município de Xapuri, onde foi guiada por Sebastião Nascimento de Aquino – conhecido por Tião Aquino -, presidente da Cooperativa Agroextrativista de Xapuri (Cooperxapuri), membro do Conselho da Cooperativa Central de Comercialização Extrativista do Estado do Acre (Cooperacre) e residente do Seringal Dois Irmãos, a conhecer os produtos que são resultados do trabalho diário de seringueiros e extrativistas.

Ainda na sede da Cooperacre, Tião Aquino apresentou à equipe de monitoramento os produtos que são viabilizados economicamente por meio dos incentivos do REM, com destaque para os tênis produzidos pela marca Veja, que utiliza na sola dos calçados borracha 100% xapuriense; além desse produto, foram apresentados a castanha, óleos e o mel.

Foto: Pedro Devani/Secom AC

Após esse momento, foi visitada a Casa de Chico Mendes, símbolo da luta ambientalista e um dos patrimônios históricos mais importantes do Acre, a casa de número 487, localizada na rua Batista Moraes. Deste local, a equipe seguiu por 60 km, em direção à Reserva Extrativista (Resex) Chico Mendes, em específico, para os Sistemas Agroflorestais (SAFs) implantados na Fase I do Programa REM e para a comunidade Seringal Dois Irmãos, onde ocorreu uma reunião com o Comitê de Mulheres do Alto Acre.

Nesta reunião, foi percebido como o impacto do Programa REM na comunidade foi profundo, abrangendo tanto aspectos sociais quanto econômicos, especialmente no que diz respeito à distribuição de renda.

Segundo Tião Aquino, iniciativas como a implantação de projetos de piscicultura e florestas plantadas, além do subsídio direto oferecido, têm desempenhado um papel crucial ao proporcionar uma transferência de renda essencial para as famílias da região: “O Programa REM impactou significativamente nossa comunidade, tanto social quanto economicamente. Socialmente, contribuiu diretamente para a distribuição de renda, principalmente com iniciativas de implantação de piscicultura e florestas plantadas, além do subsídio direto que proporciona uma transferência de renda crucial para as famílias”.

Oportunidade única

O Programa REM é fruto de cooperação financeira entre os governos do Acre, da Alemanha, por meio do Ministério Federal de Cooperação e Desenvolvimento Econômico da Alemanha (BMZ), e do Reino Unido, por meio do Departamento de Segurança Energética e Net Zero do Reino Unido (DESNZ) e do KfW, para implementação de projetos voltados à conservação das florestas que, por meio de diversos órgãos, beneficiam milhares de produtores rurais, ribeirinhos, extrativistas e indígenas.

Klaus Köhnlein, gerente de portfólio do Banco KfW, refletiu sobre a missão de monitoramento de 2024 de maneira positiva e reveladora. Ele destacou que a experiência foi fundamental para compreender como os recursos estão impactando positivamente a comunidade.

E acrescentou: “É essencial conversar com as pessoas, ouvir suas necessidades e utilizar essas informações para aprimorar o programa, tornando-o mais eficiente e sustentável. Agradeço sinceramente pela oportunidade de passar esses dias junto às equipes do governo e às comunidades locais. Quero expressar meu reconhecimento pelo profissionalismo de todos os envolvidos e espero que nos vejamos novamente no próximo ano, se assim Deus permitir”, afirmou Klaus Köhnlein.

Foto: Pedro Devani/Secom AC

A gerente do portfólio de financiamento climático (REM e LEAF) pela International Climate Finance Manager (IFC), Louise Hill, afirmou que foi muito interessante visitar os projetos apoiados pelo Programa REM. Ela mencionou que a visita incluiu dois tipos de projetos: o da Pecuária Diversificada Sustentável, onde foi possível observar a experiência dos produtores familiares com a rotação de pastagem e como essa técnica pode ajudá-los a aumentar a produtividade. Bunte destacou que a parte mais interessante foi entender como esses produtores podem usar essa tecnologia para enfrentar períodos de estiagem e seca, sem perdas significativas na produção e sem grande impacto sobre os animais.

“Também foi muito interessante poder conhecer a reserva Chico Mendes, conhecer os extrativistas, entender um pouco mais o trabalho deles e os desafios que eles passam. O Programa REM apoia os extrativistas e a Reserva Chico Mendes com diversos projetos. E eu acho que o mais importante para a gente é conseguir ter essa dimensão do impacto dos projetos, do impacto do programa e também poder ver quais são os desafios, para que possamos, juntos, pensar em soluções inovadoras, que possam beneficiar as comunidades que são o público-alvo desse programa”, afirmou Louise Hill.

*Com informações da Agência Acre

COP 30: projeto Museu das Amazônias recebe doação de US$ 800 mil

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Foto: Reprodução/SeTur PA

O Banco de Desenvolvimento da América Latina e do Caribe (CAF) anunciou em junho a aprovação de concessão de apoio não reembolsável de US$ 800 mil (aproximadamente R$ 4,2 milhões) ao governo do Pará para a criação do Museu das Amazônias. O projeto terá suporte técnico do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no âmbito de acordo de cooperação técnica discutido entre o banco e a Secretaria de Cultura do Pará.

O museu será um dos legados deixados pela 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), realizada em Belém (PA), em novembro do ano que vem.

O evento de anúncio do acordo de cooperação e da doação, realizado na sede do BNDES, no Rio, contou com a presença do presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, do presidente executivo do CAF, Sergio Díaz-Granados e participação virtual  do governador do Pará, Hélder Barbalho. O BNDES colabora no esforço de articulação de novos parceiros e apoios para a viabilização do museu.

“O banco soma seus esforços à ações já existentes para a implementação do projeto”, afirmou o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante. “Legado da COP30, o Museu das Amazônias será um equipamento de difusão científica e cultural, que dará voz aos seus habitantes e comunidades, de forma duradoura, construtiva e lúdica, fomentando um novo polo turístico agregador”, completou.

“Lançamos hoje (11/06) a pedra fundamental desse espaço tão importante, que será um dos principais legados da COP 30 e que vai muito além de ser um Museu como conhecemos tradicionalmente. Será um espaço de informação, de capacitação, educativo e que possibilitará o vislumbre da complexidade e da riqueza da Amazônia, que se estende por oito países e que é pilar fundamental da biodiversidade e da sustentabilidade climática do planeta. Com esses recursos iniciais, faremos essa iniciativa decolar, com o apoio do BNDES em seu papel de articulador de parceiros que viabilizem a construção desse valioso bem cultural brasileiro”, declarou Díaz-Granados.

O plano de trabalho do projeto é fruto de acordo de cooperação já firmado do governo paraense com o Instituto de Desenvolvimento e Gestão (IDG). Os recursos do CAF serão destinados ao desenvolvimento do desenho e à implantação dos projetos executivos necessários para a construção do museu, assegurando a qualidade técnica, os critérios de sustentabilidade e o alinhamento com as diretrizes aplicáveis à região amazônica, incluindo o estado do Pará e o município de Belém.

A cooperação internacional inclui também o desenvolvimento de programas de investigação, inovação, desenvolvimento tecnológico e de conhecimentos tradicionais locais e ancestrais, sob os conceitos programáticos do Museu. Além disso, está previsto o estabelecimento de um plano museológico e programas de capacitação para docentes, educadores e investigadores e redes colaborativas entre atores-chave, promovendo o intercâmbio de experiências, a colaboração e o desenvolvimento contínuo das práticas educacionais e científico-culturais relacionadas à Amazônia.

A construção do conteúdo museográfico e expográfico terá a parceria do Museu Goeldi (MCTI), que também atuará na articulação com centros de pesquisa e produção científica da Pan-Amazônia. O conceito proposto é o de um espaço interativo para compartilhar e aplicar o conhecimento científico, a inovação, o desenvolvimento tecnológico e os saberes tradicionais, comprometido com a sustentabilidade, biodiversidade e pluralidade cultural.

O museu contemplará um olhar sobre os povos de todos os territórios que compõem a Amazônia, Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela, em quatro eixos temáticos: Amazônia milenar – que promove os  saberes ancestrais indígenas; Amazônia secular – um olhar para os ribeirinhos, quilombolas, extrativistas, seringueiros, pescadores e outros povos que ocupam a região há séculos; Amazônia degradada – alertando o risco sobre a região e o mundo; e Amazônias possíveis – um debate sobre os rumos do bioma.

*Com informações da Agência de Notícias do BNDES

Manejo de bacurizal em Abaetetuba, no Pará, melhora renda de mulheres quilombolas

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Desde fim de junho, pelo menos 30 mulheres quilombolas de Abaetetuba, no Baixo Tocantins, estão sendo orientadas pelo escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater) a manejar árvores nativas de bacuri, com o intuito de aumentar a produtividade e criar uma rede de comercialização, além da colheita para a subsistência.

O Projeto Putirum (em tupi, algo como “mutirão”) é uma iniciativa da Associação de Mulheres Quilombolas Agroextrativistas do Ramal do Bacuri (Raízes do Bacuri), com recursos da organização-não governamental (ONG) Cáritas Brasileira, o apoio do governo do Estado, e da Federação dos Órgãos para Assistência Social e Educação (Fase).

O objetivo imediato é, por meio de atividades coletivas de instalação e manutenção, observar e empreender tecnologicamente sobre três unidades demonstrativas (uds), cada uma com 2 mil e 500 m².

Sem as intervenções científicas devidas, como espaçamento, o bacuri dos territórios Cataiandeua e Ramal do Bacuri, no adentramento da rodovia PA-151, atualmente, não chega a atingir nem 1% do potencial de frutificação, conforme estimativa de especialistas da Emater. Ainda no apontamento da Instituição, a polpa é uma das mais caras do mercado regional de espécies amazônicas, o que repercute em margem significativa de lucro, na venda direta.

Uma das ameaças para a cadeia produtiva é o desmatamento, haja vista a madeira do bacurizeiro ser considerada nobre, com uso tradicional na construção de pequenas embarcações.

A agricultora vive sozinha com a filha, Maitê, de 8 anos. A família trabalha com açaí, cupuaçu, limão e mandioca. Poucos bacurizeiros são produtivos na propriedade. A colheita acaba destinando-se apenas ao próprio consumo.

Para o engenheiro agrônomo da Emater Flávio Ikeda, o manejo transforma a realidade: “A incidência na natureza, as plantas por acaso, por obra do ‘cara lá de cima’, é de muita proximidade, de cerca de meio metro entre cada uma. Quando espaçamos para 10 metros, e plantamos espécies de retorno rápido no caminho, tais quais abacaxi, o processo alavanca a produtividade”, explica.

O Projeto

O Projeto Putirum também é voltado ao plantio e beneficiamento de mandioca. Duas Unidades de Demonstração são implantadas pela Emater, a partir de duas estratégias desenvolvidas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa): Jardim de Reciclagem e Plantio Direto Agroecológico.

*Com informações da Agência Pará

Qualidade do óleo de andiroba é analisada para melhor valorização no mercado

Foto: Nathalie Brasil/Fapeam

Avaliar formas que resultem na qualidade e, consequentemente, na valorização do óleo de andiroba (Carapa guianensis) no mercado, produzidos por cooperativas em grande parte da Amazônia brasileira, foram os objetivos principais de um estudo desenvolvido por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).

O estudo ‘Controle de qualidade do óleo de andiroba: autenticidade e avaliação de estabilidade’, coordenado pelo doutor em Química Orgânica Sergio Massayoshi Nunomura, pesquisador do Inpa, analisou quimicamente diferentes lotes de sementes e óleos de andiroba, coletados em diversas localidades do estado, a fim de investigar nos produtos as propriedades físico-químicas, a composição química e suas principais propriedades biológicas.

Segundo o pesquisador, a autenticidade e a estabilidade do óleo de andiroba estão associadas à composição saponificável composta de lipídeos (moléculas orgânicas insolúveis em água e que podem ser convertidas em sabão), e a fração insaponificável (moléculas orgânicas não lipídicas). Essas duas frações constituem quimicamente o óleo.

Durante a pesquisa amostras autênticas foram usadas como referência para avaliar a estabilidade oxidativa do óleo, que corresponde a um importante parâmetro utilizado para avaliação da qualidade de um óleo; e observou-se, claramente, que além dos parâmetros clássicos de análise de óleos vegetais como índice de acidez e peróxidos, e, principalmente, o perfil químico da fração saponificável alterou-se pelos efeitos da oxidação, que ocorre quando o óleo reage quimicamente com o oxigênio.

Por outro lado, não foi possível observar uma variação na fração insaponificável com a degradação por oxidação no modelo utilizado. Sergio Nunomura disse que foi interessante notar, também, que a degradação oxidativa pode ser drasticamente reduzida, quando se armazenou a andiroba não como óleo extraído, mas como farinha de sementes, que é uma etapa anterior a obtenção do óleo.

“Concluímos no laboratório quais são as características que estabelecem um óleo de qualidade e, também, aprendemos a produzir em laboratório um óleo de qualidade”, afirma o pesquisador, acrescentando que foi possível manter a qualidade do óleo de andiroba por vários meses, após a coleta das sementes.

Do ponto de vista científico e tecnológico, o principal resultado observado foi de que é possível armazenar o óleo de andiroba de uma forma relativamente simples, que resultou num produto com boa qualidade, isto é, sem alteração nos perfis químicos das frações saponificáveis e insaponificáveis, mesmo após meses de armazenamento. Experimentos em campo em maior escala, em cooperativas, por exemplo, devem ser conduzidos para confirmar esses resultados e adaptar para escalas maiores.

“Os desafios da pesquisa sobre a região Amazônica são grandes e somente com apoio financeiro continuado é que a prospecção e valoração das potencialidades amazônicas podem se tornar uma realidade, com benefícios para a região, para o país e o planeta”, destaca o coordenador, acrescentando que o projeto tem grande interesse para a região, pois a andiroba é um dos principais produtos extrativistas da Amazônia.

A pesquisa é apoiada pelo Governo do Amazonas, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) – via Programa de Apoio à Pesquisa (Universal Amazonas), Edital Nº 002/2018.

*Com informações da Agência Amazonas

Estiagem: Rio Solimões volta a secar na região da Tríplice Fronteira

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Rio Solimões durante estiagem de 2024 em Tabatinga, no Amazonas. Foto: Roney Elias/Rede Amazônica AM

Apesar de apresentar subidas repentinas no volume de água, o Rio Solimões continua secando na região da tríplice fronteira entre o Brasil, Peru e Colômbia. Desde o mês de junho, quando começou o processo de estiagem na região, o nível do Rio Solimões tem variado.

Conhecido como repiquete, essas subidas repentinas duram, em média, três dias. A última elevação ocorreu entre os dias 11 e 13 de julho, quando o rio subiu dezessete centímetros.

O Solimões voltou a secar no último domingo (14) e até segunda-feira (15), baixou mais seis centímetros, atingindo a cota de 5,76m.

Dos vinte municípios em situação de emergência no Amazonas por causa da estiagem, sete estão na região do Alto Solimões: Tabatinga, Benjamin Constant, Atalaia do Norte, São Paulo de Olivença, Amaturá, Santo Antônio do Içá e Tonantins.

Por causa da seca, algumas embarcações que transportam cargas e passageiros de Manaus não estão viajando mais para a cidade de Benjamin Constant. Algumas comunidades rurais já enfrentam dificuldades de acesso fluvial para chegar as sedes dos municípios.

O menor nível registrado no Rio Solimões pelo Serviço Geológico do Brasil foi em 11 de outubro de 2010, quando as águas chegaram a cota de -0,86m.

*Por Rôney Elias, da Rede Amazônica AM

Orquídeas fazem parte de ingredientes para produção de chocolate no Equador

Você sabia que o chocolate também pode ser feito de orquídeas? Pode até soar estranho, mas a verdade é que, embora seja uma especiaria, a baunilha (Vanilla planifolia) faz parte da família das orquídeas. A planta é tão versátil que além de ornamentar ambientes, contribui para indústria de cosméticos, medicamentos e, claro, de alimentos.

No Equador, por exemplo, associações trabalham desde o cultivo das mudas dessa planta até a extração para a produção do chocolate.

Confira:

Trecho do programa ‘Planeta Amazônia’. Veja o episódio completo no amazonsat.com.

Amazônia registra maior área queimada do total atingido pelo fogo no país em 2024

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O Brasil queima. É o que revelam os dados mais recentes do MapBiomas. Em todo o país, a área atingida pelo fogo no primeiro semestre deste ano foi de 4,48 milhões de hectares, sendo que 78% desse total ocorreu em vegetação nativa – a maioria em vegetação campestre (40%). Entre os biomas, a Amazônia registrou a maior área queimada, com 2,97 milhões de hectares – 66% do total atingido pelo fogo no país. 

O Cerrado foi o segundo bioma mais atingido pelas chamas, com 947 mil hectares queimados nos seis primeiros meses de 2024 – o que representa 48% (307 mil hectares) a mais, quando comparado ao mesmo período de 2023. A maior parte do fogo ocorreu em áreas de vegetação natural (72%).

Em junho, esse bioma foi o que mais registrou áreas queimadas, com 534 mil hectares. Os números fazem parte do Monitor do Fogo do MapBiomas, mapeamento mensal das áreas queimadas no Brasil desde 2019, produzidos a partir de monitoramento por imagens de satélites e processamento de dados com uso de inteligência artificial.

No primeiro semestre deste ano, os estados com mais áreas queimadas no país foram: Roraima, com 2 milhões de hectares, o que representa 44% do total queimado no Brasil; Pará, com 535 mil hectares, e Mato Grosso do Sul, com 470 mil hectares. Os três representaram 67% do total da área afetada pelas chamas no semestre.

“Em junho, o fogo se concentrou mais  no Cerrado e no Pantanal, regiões que enfrentam sua temporada de fogo devido à redução das chuvas e ao aumento das temperaturas. No Cerrado, é comum queimar mais durante esta época por causa da estiagem, porém a área queimada no primeiro semestre no bioma foi a maior dos últimos seis anos monitorados. Já no Pantanal, a temporada de fogo começou mais cedo do que o esperado, intensificando os desafios para a gestão do fogo”, explica Vera Arruda, pesquisadora no IPAM e coordenadora técnica do Monitor do Fogo.

No Pantanal 468 mil hectares queimaram no primeiro semestre deste ano, 370 mil hectares em junho – o equivalente a 79% do total, a maior área queimada no bioma no primeiro semestre já observada pelo Monitor do Fogo. Uma das áreas mais afetadas pelo fogo no Pantanal em 2024 foi nas proximidades da cidade de Corumbá, com 299 mil hectares queimados apenas em junho. Nos seis primeiros meses do ano, a área queimada no bioma aumentou 529%. Foram 394 mil hectares a mais em comparação à média histórica dos cinco anos anteriores. 

Seca extrema e incêndios no Pantanal em 2024

A relação entre água e fogo no Pantanal é inegável; a redução drástica da superfície de água associada a eventos extremos de seca cria condições propícias para a ocorrência e propagação de incêndios. O Pantanal, proporcionalmente, foi também o bioma que mais secou ao longo dos últimos 39 anos. A superfície de água em 2023 foi de 382 mil hectares – 61% abaixo da média histórica. O ano de 2023 foi 50% mais seco do que 2018, quando ocorreu a última grande cheia no bioma. As equipes do MapBiomas elaboraram uma nota técnica que detalha a relação entre seca e fogo no bioma.

Nos últimos meses de 2023, o Pantanal já registrava uma superfície de água inferior à média dos últimos seis anos e equivalente aos anos de 2020 e 2021, que foram os anos mais secos já observados desde 1985. Em 2024, a situação se agravou, com a precipitação acumulada de janeiro a maio atingindo o menor nível desde 2020, indicando um retorno às condições de seca extrema. “Em 2024, não tivemos o esperado pico de cheia. Pelo contrário, estamos enfrentando um período de seca que deve se estender até setembro, facilitando a incidência e propagação do fogo.”, ressalta Eduardo Rosa, do MapBiomas.

Panorama das Áreas Queimadas na Mata Atlântica, Pampa e Caatinga

Na Mata Atlântica, 73 mil hectares foram queimados entre janeiro e junho de 2024, a maior parte (71%) concentrada em áreas agropecuárias. No Pampanesse mesmo período, a área queimada foi de 1.145 hectares, figurando entre as menores observadas nos últimos seis anos. Normalmente, o Pampa apresenta pouca extensão de áreas queimadas, que ficam ainda mais reduzidas em períodos de El Niño, fenômeno climático que no sul do Brasil se manifesta de modo inverso, resultando em aumento das chuvas. Na Caatinga queimaram 16.229 hectares nos seis primeiros meses, um aumento de 54% em relação ao mesmo período de 2023, concentrado principalmente em formações savânicas (65%).

Recordes da área queimada no mês de Junho

Em junho 1,1 milhão de hectares foram queimados no país – número 103% maior do que o mesmo período do ano passado (560 mil hectares a mais). Desse total, 81% da área queimada foi em vegetação nativa – a maioria em formação campestre (46%). Nas áreas de uso agropecuário, 11% das áreas atingidas pelas chamas em junho foram em pastagens. 

Com relação aos estados, os que mais queimaram nesse mês foram: Mato Grosso do Sul (369 mil hectares), Tocantins (229 mil hectares) e Mato Grosso (202 mil hectares), com destaque para os municípios de Corumbá (MS), Tangará da Serra (MT), e Porto Murtinho (MS).

Sobre o Monitor do Fogo: o Monitor do Fogo é o mapeamento mensal de cicatrizes de fogo para o Brasil, abrangendo o período a partir de 2019, e atualizados mensalmente. É baseado em mosaicos mensais de imagens multiespectrais do Sentinel 2 com resolução espacial de 10 metros e temporal de 5 dias. O Monitor de Fogo revela em tempo quase real a localização e extensão das áreas queimadas, facilitando assim a contabilidade da destruição decorrente do fogo (https://plataforma.brasil.mapbiomas.org/monitor-do-fogo).

*Com informações do MapBiomas