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Cinco festivais curiosos que acontecem na Colômbia

A Colômbia gosta de um bom festival e há centenas dessas celebrações realizadas todos os anos, com dança, carros alegóricos, música, rainhas da beleza e atividades culturais homenageando diferentes elementos da cultura local. Mas alguns festivais são mais conhecidos do que outros.

Se você está procurando por algo um pouco diferente, por que não visitar um desses festivais colombianos? Confira:

Festival do Morcego

Os morcegos são populares graças ao Halloween e ao Conde Drácula, o que significa que a maioria das pessoas não tem consciência de seu papel no ecossistema. Eles não só podem comer seu próprio peso corporal em insetos, controlando pragas como mosquitos, como também polinizam plantações, incluindo bananas, abacates e mamões. Tudo isso é celebrado no Festival de Morcegos realizado todo mês de outubro.

Foto: Reprodução/Governo da Colômbia

Festival do Mel

Oiba, em Santander, é o paraíso do mel da Colômbia e sedia o Festival do Mel todo mês de janeiro para celebrar o trabalho extraordinário das abelhas colombianas. Seu destaque é o Honey Pageant, quando os concorrentes vão para as ruas em carros alegóricos coloridos. Os visitantes do desfile também são presenteados com iguarias regionais e, claro, muito mel local, além de, geralmente, participarem de uma viagem para a caverna Cachalú, a cachoeira Chaguatá e o morro San Miguel, nas proximidades.

Foto: Reprodução/Governo de Colômbia

Festival do Burro

O Festival do Burro da Colômbia é irônico, especialmente seu Concurso de Beleza do Burro, que coroa um Rei e uma Rainha entre os burros reunidos, que estão completamente enfeitados para a ocasião em elaboradas fantasias. O festival, realizado toda Páscoa em San Antero, Córdoba, inclui música ao vivo, dança, comida e artesanato. O Rei e a Rainha Burro são batizados com novos nomes assim que são coroados.

Foto: Reprodução/Governo da Colômbia

Festival de Astronomia

Milhares de entusiastas do espaço, amadores e internacionais, reúnem-se todos os anos para o Festival de Astronomia da Colômbia, que acontece em Villa de Leyva, Boyacá, todo mês de fevereiro. O festival é organizado pela Associação de Astronomia da Colômbia (ASASAC), que explora os céus há mais de 50 anos. A associação trabalha com a cidade para garantir que ela apague as luzes e ofereça as melhores condições possíveis para observação de estrelas.

Foto: Reprodução/Governo da Colômbia

Festival de la Subienda

Todo mês de fevereiro, o povo de Honda, Tolima, a “Cidade das Pontes ”, sedia o Festival “Coming Up” (Festival de la Subienda) para marcar a chegada dos peixes em sua seção do Rio Magdalena. A temporada, quando os peixes deixam as áreas mais pantanosas da Colômbia e nadam rio acima, dura cerca de quatro meses. O festival inclui demonstrações culturais e de pesca e celebra o trabalho dos pescadores da cidade, que pescam durante a noite, na subida, para garantir sua captura.

Foto: Reprodução/Governo da Colômbia

*Com informações do Governo da Colômbia

‘MiSordo’ busca incluir surdos indígenas, refugiados e ribeirinhos do Pará e de Roraima

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O Programa Interinstitucional de Apoio a Migrantes e Refugiados Surdos (MiSordo), da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), foi um dos cinco finalistas do V Prêmio Ibero-Americano de Educação em Direitos Humanos. O MiSordo concorreu com outros 141 projetos inscritos. Estar entre os cinco classificados garantiu ao programa o certificado que o reconhece como ‘Educação não Formal para os Direitos Humanos’.

O MiSordo é constituído e articulado de forma interinstitucional entre a Ufopa e a Universidade Federal de Roraima (UFRR) e tem como público-alvo surdos que chegam ou estão no Brasil com dificuldades de se comunicar nas línguas utilizadas nos órgãos públicos, em especial, no âmbito jurídico, educacional e de saúde.

A premissa do programa é o acolhimento linguístico na língua de uso das comunidades na perspectiva das teorias da intercompreensão e translinguagem, considerando a gestualidade presente nas línguas de sinais, em três eixos que sustentam a sua implementação: (in)formação de/para o trabalho com minorias surdas; valorização das línguas de sinais; e acesso aos direitos humanos.

Na Ufopa, o MiSordo é direcionado à formação de professores nos aspectos da pluralidade inerente às comunidades surdas e com as questões de acesso aos direitos humanos e de identificação das dinâmicas socioculturais e linguísticas decorrentes da migração de surdos e sua interrelação com as comunidades surdas brasileiras. No público-alvo estão também outras minorias surdas que compartilham das mesmas dificuldades, como os surdos ribeirinhos e os surdos indígenas.

Sobre o prêmio

O V Prêmio Ibero-Americano de Educação em Direitos Humanos visa distinguir o trabalho de organizações da sociedade civil, empresas, órgãos públicos, fundações e instituições educacionais (incluindo universidades) que contribuam para a educação em valores e direitos humanos ao longo do ciclo de vida das pessoas por meio da educação não formal. O prêmio é promovido pela Organização dos Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI) e pelo Ministério de Direitos Humanos e da Cidadania do Brasil.

Visa a reconhecer experiências que estejam envolvidos com os seguintes temas: a promoção da convivência democrática, a defesa do pluralismo, da igualdade e da liberdade; a igualdade racial e étnica e os direitos das populações indígenas e afrodescendentes; o empoderamento de mulheres e meninas e igualdade entre homens e mulheres em todas as dimensões; uma gestão segura e responsável das migrações, com respeito aos direitos humanos da população migrante; a defesa e a promoção dos direitos ambientais e os desafios da transformação verde; a defesa e a promoção dos direitos humanos na transformação digital e no uso das redes.

*Com informações da Ufopa

Entenda como são divididas as modalidades disputadas no XTERRA Amazônia 2024

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O XTERRA Amazônia 2024 é uma edição que promete aventura em Novo Airão, no Amazonas, para os cerca de 600 atletas inscritos nessa fase da competição nacional. O grupo terá oportunidade de desafiar seus limites em uma das etapas que promete ser uma das mais eletrizantes do circuito.  

Isso porque, ao invés de águas calmas e trechos de ciclismo e corrida planas, o XTERRA Amazônia se dá em águas movimentadas, um percurso desafiador de MTB (mountain bike) e corrida em um terreno fora dos asfaltos, ou seja, um evento off-road (termo que designa atividades variadas praticadas em locais desprovidos de estradas pavimentadas) com diversas modalidades. 

Em Novo Airão, o percurso conta com trilhas, igarapé, um verdadeiro paraíso amazônico preparado para receber atletas do Brasil e de outros países para disputas nas seguintes modalidades:

TRAIL RUN – Corrida em ambiente natural como, trilhas, montanhas, florestas e praias. No XTERRA terá disputa nas distâncias de 5, 10 e 21 quilômetros.

ENDURANCE – Esportes de longa duração e predominância, de intensidades leves e moderadas feitas de forma contínua. No evento a disputa entre os atletas será de 50 quilômetros.

TRIATHLON É a junção de três modalidades: natação, ciclismo e corrida.

Foto: Antonio Lima/XTERRA

O gerente comenta que “a principal recomendação é aproveitar ao máximo o percurso, que é desafiador, mas acessível para todos os níveis de experiência. Mesmo quem corre ocasionalmente até mesmo em asfalto, pode participar sem problemas. Priorize sempre a segurança, aprecie a paisagem e sinta a energia do ambiente’’. 

Na modalidade Endurance, o gerente relata que esta edição contará com muitos participantes amazonenses e que a modalidade requer muita preparação.

No triathlon, o desafio será a diversão e a segurança dos atletas, não deixando de lado a competição e alto nível técnico de avaliação.     

Foto: Divulgação/XTERRA

Short Track

O Short Track, também conhecido como corrida de curta distância, é uma modalidade de percurso reduzido, que geralmente envolve voltas em um circuito pequeno. Essa modalidade é caracterizada por ser altamente intensa e técnica, com atletas enfrentando obstáculos e fazendo várias ultrapassagens em um curto espaço de tempo.

Foto: Divulgação/XTERRA

No evento, essa modalidade será disputada por atletas convidados nacionais e internacionais de alto nível técnico.

XTERRA Amazônia 2024

O XTERRA Amazônia 2024 é uma realização da Fundação Rede Amazônica (FRAM) e tem o apoio da Braga Veículos; Secretaria Municipal de Inovação, Indústria, Comércio e Turismo da Prefeitura de Novo Airão; Secretaria de Estado do Desporto e Lazer, do Governo do Amazonas.

Obras de implantação de esgoto avançam na avenida Epaminondas, no Centro de Manaus

A partir desta terça-feira (16), as obras de implantação de rede de esgoto na avenida Constantino Nery entram na reta final.  O serviço irá seguir sem interrupções no sentido da rua Epaminondas, no Centro de Manaus. A previsão é que a obra seja finalizada até o fim desta semana.

Hoje, o serviço se concentra no cruzamento das avenidas Constantino Nery com a Leonardo Malcher. A partir desta quarta-feira (17), a obra ocorre na avenida Epaminondas, no trecho entre as avenidas Leonardo Malcher e Ramos Ferreira, sempre na faixa da direita.

O trabalho desta etapa da avenida Constantino Nery – uma das principais vias da cidade – iniciou na primeira semana de junho, com a implantação da linha de recalque, que é a rede especial responsável pelo transporte do efluente. Durante a execução da obra, agentes do Instituto Municipal de Mobilidade Urbana (IMMU) realizam acompanhamento, com orientações aos motoristas e pedestres que utilizam as vias. A área também recebe sinalização de desvio para os ônibus que passam pelo local.

“Estamos finalizando este trabalho na Constantino Nery e com isso, Manaus ganha em qualidade de vida, saúde e preservação ambiental. A previsão é que a conclusão desta grande obra seja nesta semana, com liberação total da via. Nestes últimos dias intensificamos com uma força-tarefa que envolveu mais de 70 colaboradores, além de agentes do IMMU”, destaca o gerente de Projetos, Jean Damaceno.

Durante todas as etapas, equipes atuaram durante todos os turnos para que a obra fosse entregue no prazo estabelecido pelo cronograma de obras do Trata Bem Manaus. O programa tem como objetivo a universalização do esgotamento sanitário, por meio da expansão do serviço de coleta e tratamento de esgoto.

Para os próximos anos, estão previstas a construção de mais de 2,7 milhões de metros de rede, além da construção de mais de 70 Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs).

*Por Águas de Manaus

Especialista dá dicas de como se proteger durante o verão amazônico

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Durante o segundo semestre do ano, a região amazônica sinaliza tempos de seca, com baixo volume nos rios, afluentes e muito calor. O fenômeno, conhecido popularmente como ‘verão amazônico’, é marcado por temperaturas altas e chuvas abaixo da média no período de julho até novembro. 

Essas temperaturas mais elevadas pedem um cuidado especial para aqueles que não hesitam em aproveitar o período de férias. Sítios, praias, programações em geral durante o dia, precisam de atenção redobrada quando se fala de proteção e hidratação, fatores primordiais para a saúde.

A doutora e especialista em dermatologia Patrícia Bandeira Melo dá recomendações para aproveitar ao máximo o verão amazônico de forma protegida, “de preferência com o uso de barreiras UV, UVA e UVB, sem colocar em risco a saúde”.

Temperatura chegou a 34,6°C na capital do Amazonas. — Foto: Rebeca Beatriz/G1 AM
 Foto: Rebeca Beatriz/Acervo g1 Amazonas

O que vestir durante os dias mais quentes? 

De preferência roupas mais leves, de cores mais claras e com tecidos que facilitem a transpiração. Tecidos muito sintéticos impedem a transpiração adequada da pele e propiciam o aumento da umidade, facilitando alguns tipos de infecções como as fúngicas, por exemplo, especialmente em áreas mais abafadas como as dobras cutâneas”.

Frutas X Refrigerantes

Patrícia Bandeira diz ainda que o envelhecimento precoce “é um vilão” que acompanha aqueles que ainda insistem em aproveitar esse período sem proteção.

Verão na Rede

O projeto Verão na Rede é uma iniciativa da Fundação Rede Amazônica (FRAM) que visa promover a cultura, a arte, o entretenimento e o turismo em Macapá (AP).

Além de valorizar artistas regionais, também enfatiza a importância da preservação ambiental e da sustentabilidade, promovendo conscientização e educação ambiental entre os participantes e a comunidade local.

O projeto conta com apoio da GEAP Saúde e da Prefeitura de Macapá, que realiza paralelamente o ‘Macapá Verão’, que consiste em uma série de eventos culturais e atividades ao ar livre, proporcionando momentos de lazer e integração comunitária.

Coleção de ‘Joias de Nazaré 2024’ é exposta na Casa do Artesão de Belém

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A Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia (Sedeme) promove nesta quarta-feira (17) na Casa do Artesão do espaço São José Liberto (ESJL), a ‘Feira de Projetos’ da ‘Coleção de Joias do Círio de Nazaré 2024′. Neste ano, a programação traz o tema ‘Trajetos de Fé: Orações a Maria’. A mostra, que ocorre das 14h às 18h, compreende a 2ª etapa do processo de produção das ‘Joias de Nazaré 2024’.

Ao todo, 24 projetos foram criados a partir do Workshop de Geração e Produtos ‘Joias de Nazaré 2024’, realizado no último dia 12 de julho. A oficina foi ministrada pela designer de joias e professora do curso de bacharelado em design da Universidade do Estado do Pará (UEPA), Dra. Rosângela Gouvêa Pinto, que também é responsável pela análise dos projetos. Durante o evento, os projetos serão comercializados por marcas de joias paraenses, em um processo que culminará com a produção das peças religiosas.


Foto: Marcelo Seabra/Agência Pará

Conforme Rosangela Gouvêa, na avaliação, foram considerados os lugares de passagem da imagem, as formas de expressão da fé pelos fiéis, objetos que representam a gratidão, religiosidade e respeito à Nossa Senhora de Nazaré, como a Berlinda, o Manto, a Corda e a Basílica Santuário, além de outros ícones do universo mariano. “Portanto, para os projetos, foram levados em consideração elementos representativos do percurso e os pontos de homenagem ao longo da maior procissão paraense, destacando também diferentes estilos de prédios históricos”, enfatizou.

O processo de criação das peças religiosas inicia a partir da oficina para geração de produto, que este ano reuniu cerca de 30 profissionais, entre eles empreendedores do Programa Polo Joalheiro (designers e ourives), e estudantes do curso de Bacharelado em Design de Joias. Durante o workshop, foi realizada uma roda de conversa, destacando a “vivência na arte de criar e confeccionar o Manto Oficial de Nossa Senhora de Nazaré”, com a participação especial dos profissionais responsáveis pela produção do manto oficial da padroeira dos paraenses, usado nas procissões. São eles: a estilista Letícia Nassar (design e confecção); Antônio José de Souza (bordados); e Marcelo Monteiro, da empresa Ourogema, instalada no ESJL (ourivesaria).

Foto: Marcelo Seabra/Agência Pará

A coordenadora de Projetos Estruturantes da Sedeme, Poliana Gualberto, destacou que o processo criativo da mostra é formado a partir das inspirações trabalhadas nos workshops de joias. “O objetivo é fortalecer a produção de joias religiosas genuinamente paraenses, além de promover a cultura regional através da valorização das características culturais e criativas desenvolvidas pelos profissionais envolvidos em todo o processo, que culmina na produção da coleção de joias de Nazaré”, disse.

Mulheres indígenas e brigadistas voluntários mapeiam nascentes e reflorestam margens de igarapés no Maranhão

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Na Terra Indígena (TI) Rio Pindaré, no Maranhão, a parceria entre dois grupos locais tem um objetivo comum: retomar práticas ancestrais, que anciãs e anciãos guardam na memória sobre a riqueza de nascentes e florestas diversas no território. Essa é a principal proposta do projeto executado pelo grupo de mulheres indígenas Wiriri Kuzá Wá e a Brigada Voluntária Indígena, que tem como título “Mãe D’água: das nascentes para reflorestar mentes”. 

O povo Guajajara habita a TI, que possui uma extensão de 15.002,91 hectares, com uma população de 2 mil pessoas. O território é quase inteiramente localizado no município de Bom Jardim, distante pouco mais de 240 km da capital São Luís, com uma pequena porção (2%) no município de Monção. Na área, o Rio Pindaré dá nome ao lar dos Guajajara e marca uma parte das divisas da TI. 

A iniciativa das mulheres e a parceria proposta por meio do projeto segue na contramão dos dados alarmantes de desmatamento no Maranhão. Conforme o Relatório Anual do Desmatamento no Brasil (RAD) 2023 do MapBiomas, o estado é primeiro lugar na perda de vegetação nativa, com uma área desmatada que contabiliza 331.225 hectares. Isso significa um aumento de 95,1% no desmatamento, o que implica na nova posição de líder do desmatamento assumida pelo estado do Maranhão em 2023.

Foto: Robert Miller/Acervo ISPN

É em um cenário de resistência que mais de 50 mulheres da Wiriri, juntamente com 15 homens da Brigada Voluntária, empenham uma luta para fortalecer as práticas culturais e ambientais de seu povo. Excursões na mata ocorreram em abril deste ano nas aldeias Januária; Piçarra Preta, Novo Planeta e Guarimã, para identificar cinco nascentes de igarapés prioritárias para o reflorestamento e para o plantio de 80 mudas de espécies nativas nas margens, principalmente frutíferas. No geral, as atividades propostas pelo projeto envolvem jovens, adultos e anciãos das nove aldeias do território, com destaque para as mulheres indígenas. 

Durante dois dias de excursões, os grupos visitaram esses cinco pontos prioritários de nascentes, se deslocando de barco pelo rio ou em caminhada por babaçuais. Com a identificação das nascentes, houve a qualificação e marcação dos pontos por GPS, acompanhado do plantio de mudas de juçara, bacaba e cupuaçu, provenientes do viveiro da Brigada Voluntária na Aldeia Januária.

Para a liderança indígena local Vanussa Viana Guajajara, participar das excursões foi um momento de reconexão com a natureza, um preenchimento na memória das histórias contadas pelos mais velhos sobre a riqueza de animais e paisagens outrora intocadas em diversos pontos da TI. Além, de membro da Wiriri Kuzá Wá, Vanussa faz parte da Articulação de Mulheres Indígenas do Maranhão (AMIMA), é acadêmica de Ciências Biológicas na Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), agricultora familiar e pescadora artesanal.

Foto: Robert Miller/Acervo ISPN

“É uma parte da história que estava faltando, um vácuo que precisava ser preenchido. Meu pai já foi cacique e contava sobre os lugares que visitamos, dizia ‘Ah, eu conheci, a gente fazia esse monitoramento’. Isso desde a infância dele e dos ‘mais antigos’. Mas, só quando a gente começa a entender que o espiritual vem antes de qualquer outro tipo de articulação, a gente se sente mais fortalecido. Sentimos a necessidade desse vínculo, é uma carga de energia que não pode ser explicada, mas é sentida por cada um que compartilha desses momentos”, comenta Vanussa.

O resgate das memórias da paisagem da TI com as anciãs e anciões é uma etapa essencial das atividades do projeto, onde a vivência completa esses relatos que estão nas lembranças dos adultos e são repassados aos mais jovens. Durante as excursões na mata, além de ser uma oportunidade para visualizar aquilo que os “mais antigos” contam em suas histórias, foi um momento de relembrar alguns cenários já observados por algumas das participantes há tempos. É o caso da agente de saúde Eloide Rodrigues Guajajara, que também quer contar essas histórias aos seus filhos e netos.

“Vi esses lugares quando criança, mas são poucas as lembranças. A luta para preservar nosso território vem desde a minha mãe, foi uma luta da minha vó e é uma luta que vem antes delas. Quero mais tarde poder mostrar para os meus filhos e netos, quero deixar minha história e que as pessoas digam ‘Ela sempre esteve nessa luta, ela sempre esteve aqui’, quero mostrar para eles nossa luta indígena. Para isso, temos que partir para as atividades de reflorestar aquilo que foi perdido”, explica Eloide.

*Com informações do ISPN

Tecnologia dos povos originários indica soluções para crise climática

Foto: Oswaldo Forte

Controvérsias sempre fizeram parte do universo científico, uma vez que novas evidências podem fundamentar diferentes interpretações dos fenômenos. O Antropoceno, por exemplo, ainda não é plenamente aceito pela comunidade científica, embora o debate em torno da suposta nova época geológica iniciada com a Revolução Industrial, no século XIX, suscite discussões interessantes. Esse foi o tema que o professor Marcos Pereira Magalhães, do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), doutor em História Social, trouxe para a Conferência ‘O Antropoceno e a Amazônia: o conhecimento indígena como resistência ao modelo econômico vigente’. A sessão foi mediada pela professora Sue Anne Regina Ferreira da Costa (UFPA/MPEG).

De acordo com Magalhães, cada época geológica evolui ao longo de milhares de anos, portanto a comprovação do Antropoceno (como uma época tornada global com as primeiras explosões atômicas e acentuada com a chamada Grande Aceleração Capitalista, deflagrada em 1973) seria possível apenas a longo prazo. Contudo há inúmeras evidências de que as ações humanas se tornaram planetariamente impactantes desde o fim do Pleistoceno, também conhecido como Era do Gelo, que durou entre 2.5 milhões e 11,7 mil anos atrás, pertencente ao Período Quaternário da Era Cenozoica.

Há pelo menos 10 mil anos, são reunidos indícios dos impactos causados pela expansão humana na Terra. Por esta razão, o professor defende que, em vez de o Antropoceno ser visto como uma época geológica, é possível que, na verdade, seja um período no Holoceno (a atual época geológica do Período Quaternário da Era Cenozoica, iniciada há 11,7 mil anos antes do presente). Isso, porém, não é menos significativo.

“Se formos considerar os impactos que os seres humanos estão causando para além da estratosfera, como os resíduos espaciais que a circundam e os rejeitos deixados nos solos da Lua e até de Marte, podemos prever uma nova época que não só deixaria marcas globais na Terra, mas também na formação geológica de outros astros do Sistema Solar, ou seja, uma época ‘Antropossolar’”, comenta.

Amazônia

Ainda que a sua definição não seja consenso entre os cientistas, as consequências do Antropoceno são visíveis na Região Amazônica. “A partir da década de 1970, quando foram implantados grandes projetos de mineração (legais e ilegais), a pecuária e a monocultura expandiram-se e começaram a ser construídas usinas hidrelétricas. Essa expansão capitalista na Amazônia vem gerando significativos impactos ambientais e sociais, que se multiplicam exponencialmente quando são associados à crise climática pela qual passamos”, afirma Magalhães.

Para o professor, questionar o Antropoceno pela perspectiva histórica e arqueológica aponta caminhos que não foram pensados pelas Ciências da Terra. O conhecimento tradicional, sobretudo o modelo indígena para a produção de alimentos – que envolve o cultivo intensivo de plantas nativas domesticadas, o manejo por meio de currais, animais de terra e água etc. -, indica algumas soluções para atravessar as oscilações climáticas, típicas do Holoceno.

“A arqueologia vem mostrando que, durante o longo passado histórico vivido pelas populações humanas que habitavam a Amazônia, foram desenvolvidas tecnologias sociais e de manejo que garantiram a sua continuidade histórica e cultural”, explica.

“Estamos falando de densas concentrações urbanas (aldeias com mais de 50 mil pessoas) em diferentes lugares, as quais demandavam grande produção de alimentos e o consumo de diversos recursos naturais. Neste sentido, o saber tradicional é referência para manter a floresta sempre viva e muito produtiva”, completa Marcos Magalhães.

*Com informações da UFPA

Universidades em rede: Cisam fortalece pautas para pesquisa na Amazônia

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“Um galo sozinho não tece uma manhã: ele precisará sempre de outros galos”. Os versos do poeta João Cabral de Melo Neto (1920-1999) poderiam ilustrar a missão do Centro Integrado da Sociobiodiversidade Amazônica (Cisam), liderado pela Universidade Federal do Pará (UFPA) e com parceria de outras doze universidades federais sediadas na região.

De acordo com a base de dados Web of Science, a UFPA lidera a produção científica sobre e na Amazônia. As demais universidades públicas amazônicas contam igualmente com expressiva produção científica sobre a realidade local, o que garante um elenco de instituições aptas a contribuir com ciência para o conhecimento e desenvolvimento da região.

No entanto, o cenário é crítico em matéria de financiamento para a pesquisa. Conforme estudo publicado na revista Perpective in Ecology and Conservation em 2024, co-assinado pelo professor Leandro Juen (UFPA), doutor em Ecologia e Evolução, a Amazônia é a região brasileira que menos recebe recursos para pesquisas em biodiversidade.

Dentro do bioma, as desigualdades acentuam-se, pois os grandes centros urbanos concentram mais investimentos. Para transformar diretamente a forma como a pesquisa, o ensino e a extensão são conduzidos na região, considerando o ecossistema no todo e em sua complexidade, é preciso somar esforços.

Neste sentido, o Cisam inova ao reunir 13 instituições federais amazônicas em torno de uma ampla finalidade: fortalecer suas atividades de pesquisa, ensino e extensão, a partir de oito áreas temáticas: Biodiversidade e Conservação; Monitoramento de Água, Floresta, Solo e Clima; Monitoramento do Oceano e da Foz do Amazonas; Contaminação Ambiental e Saúde do Amazônida; Povos e Populações da Amazônia; Cidades Vilas e Territórios Amazônicos; Dinâmicas Socioeconômicas Territoriais e Fundiárias na Amazônia; Inovação, Socio-Bioeconomia e Desenvolvimento Sustentável.

Igualmente, o Centro objetiva o compartilhamento de recursos, a formação de equipes interdisciplinares e multi-institucionais, o intercâmbio de pesquisadores, professores e estudantes, o compartilhamento de infraestrutura laboratorial e equipamentos, a organização e realização de eventos, além da otimização de recursos e a participação ativa e per manente da sociedade amazônida como protagonista e responsável pelo desenvolvimento sustentável da região. Unem-se à UFPA na composição do Cisam as Universidades Federais do Acre (UFAC), do Amapá (UNIFAP), do Amazonas (UFAM), do Maranhão (UFMA), do Mato Grosso (UFMT), do Norte do Tocantins (UFNT), do Oeste do Pará (UFOPA), de Rondônia (UNIR), de Roraima (UFRR), do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA), do Tocantins (UFT) e Rural da Amazônia (UFRA).

O protagonismo e a liderança com os amazônidas

A consolidação de várias redes de pesquisa na Amazônia é um diferencial do Centro Integrado da Sociobiodiversidade Amazônica, uma vez que permite o protagonismo e a liderança ativa das instituições e pessoas amazônidas. “Alinhados aos princípios da ciência cidadã, o Cisam busca compreender a realidade dos amazônidas e do bioma, e não apenas tratá-los como objetos de estudo. Isso implica uma abordagem ‘de dentro para fora’, com as universidades federais e os grupos de pesquisa da Amazônia liderando os projetos em parceria com instituições e grupos externos à Amazônia”, comenta Juen.

A união dessas universidades pode produzir avanços significativos na esfera do desenvolvimento sustentável, pois um ambiente de inovação e de formação de recursos humanos altamente qualificados mostra-se mais atrativo a investimentos. Segundo o reitor da UFPA, Emmanuel Zagury Tourinho, “o Cisam é integrado em vários sentidos: ele integra o esforço em pesquisa, extensão e formação de 13 universidades públicas sediadas na região; ele integra a academia a setores não acadêmicos que discutem a realidade das populações amazônicas; ele integra contribuições de diferentes áreas de conhecimento, buscando apreender a complexidade dos problemas regionais em um ambiente de diálogo interdisciplinar; e ele integra a produção de conhecimento ao esforço para colocá-lo à disposição das populações locais. Por isso, com o Cisam, nossas universidades poderão fazer mais e com maior impacto na sociedade”.

Espera-se que as informações científicas produzidas pelos grupos de pesquisa nas oito áreas temáticas possibilitem a elaboração de diagnósticos periódicos para responder às demandas da sociedade, assim como sirvam de base para a formulação de políticas públicas. Da mesma forma, idealiza-se a implementação do Museu das Amazônias (MAS), compreendendo acervos sobre biodiversidade e diversidade sociocultural dos povos originários e tradicionais amazônidas.

Arte: Erick Coelho/UFPA

De maneira concreta, o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Sínteses da Biodiversidade Amazônia (INCT SinBiAm), sediado na UFPA, traduz os objetivos do Cisam, dado que seus trabalhos têm contribuição de mais de 32 instituições (destas, 15 são da Amazônia), bem como integram dados em larga escala, aprimorando a capacidade de síntese da biodiversidade amazônica, promovendo a conservação da sociobiodiversidade com dados atualizados, permitindo que instituições e tomadores de decisões possam definir políticas públicas e ambientais na região.

O Instituto Amazônico do Mercúrio (IAMER), recém criado, é também um bom exemplo do trabalho que vem sendo estruturado no âmbito do Cisam. Coordenado pela professora Elena Crespo, da UFPA, o IAMER conta também com pesquisadores da UFOPA, UNIFAP e UNIR , além de pesquisadores da Universidade do Estado do Amazonas e Universidade do Gurupi, no Tocantins, para a pesquisa sobre a contaminação por mercúrio na região e ações com as populações atingidas.

Cooperação com instituições nacionais e estrangeiras

O Cisam é uma iniciativa instalada e liderada por instituições na Amazônia, em colaboração com instituições e grupos de pesquisa brasileiros e estrangeiros. Várias parcerias já estão em andamento ou sendo construídas para esse fim, como o convênio de cooperação firmado em abril passado entre a Universidade Federal do Pará (UFPA) e a Universidade de São Paulo (USP), por meio do Centro de Estudos da Amazônia Sustentável (CEAS/USP).

O instrumento permite o desenvolvimento de projetos de pesquisa em parceria na Amazônia, com atribuições compartilhadas na liderança intelectual e gestão de recursos. “Contar com parcerias que venham para somar e que reconhecem a capacidade já instalada na Amazônia pelas intuições sediadas no bioma é muito importante”, avalia Juen.

Segundo o reitor Emmanuel Tourinho, “os grupos de pesquisa amazônicos têm uma familiaridade única com a realidade regional, mas não desejam e não podem dar conta dos desafios científicos da Amazônia atuando de modo isolado. Valorizamos muito o trabalho colaborativo com instituições brasileiras e estrangeiras que reconhecem a importância e capacidade científica de nossas universidades. Este novo momento da cooperação entre UFPA e USP ilustra esse cenário positivo e nos abre um horizonte para muitas realizações conjuntas importantes”.

Lista de atuação do Cisam:

  • Biodiversidade e Conservação
  • Monitoramento de Água, Floresta, Solo e Clima
  • Monitoramento do Oceano e da Foz do Amazonas
  • Contaminação Ambiental e Saúde do Amazônida
  • Povos e Populações da Amazônia
  • Cidades Vilas e Territórios Amazônicos
  • Dinâmicas Socioeconômicas Territoriais e Fundiárias na Amazônia
  • Inovação, Bioeconomia e Desenvolvimento Sustentável

*O conteúdo foi originalmente publicado pelo Jornal Beira do Rio, da UFPA, edição 171, escrito por Thays Braga

Pesquisa detecta fungo causador de histoplasmose em morcegos no Acre

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Foto: Arnold/Pixabay

O egresso do mestrado em Sanidade e Produção Animal Sustentável na Amazônia, da Universidade Federal do Acre (Ufac), Jhonatan Henrique Lima da Rocha, apresentou, em reunião com instituições de saúde, os resultados do seu trabalho ‘Detecção de ‘Histoplasma capsulatum’ em Morcegos (Mammalia: Chiroptera) no Município de Rio Branco, Acre, Amazônia Ocidental’.

A exposição ocorreu em 25 de junho, no auditório da Unidade de Ensino e Pesquisa em Medicina Veterinária, campus-sede da Ufac, com o objetivo de tratar da detecção pioneira do ‘Histoplasma capsulatum’, que é um fungo presente na natureza, de caráter saprofítico e potencialmente zoonótico nunca notificado no Estado do Acre e agora detectado em populações de morcego.

Esse fungo tem interesse público por estar relacionado a doenças em seres humanos e em animais, causando a histoplasmose, doença infecciosa sistêmica de origem fúngica, conhecida como doença das cavernas, que ataca o sistema respiratório, com sintomas como tosse, fadiga, febre, dores de cabeça e no peito.

Foto: Reprodução/Ufac

Os morcegos atuam como reservatórios desse fungo, colaborando com sua dispersão pelas fezes, as quais são utilizadas como fonte nutritiva para manutenção do fungo no meio ambiente. A infecção ocorre pela inalação de esporos fúngicos presentes no ambiente. Seres humanos, animais domésticos e silvestres são susceptíveis à infecção, uma vez que a temperatura corpórea favorece os mecanismos de ação do patógeno.

“Compreender os aspectos epidemiológicos e patogênicos se faz fundamental para implementação de medidas de prevenção e controle”, completou.

Por isso ela ressaltou a importância da presença das instituições de saúde e vigilância sanitária na reunião. Estiveram presentes representantes da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Secretarias de Saúde do Estado e Município, Departamento de Controle de Zoonoses, Laboratório Central de Saúde Pública, Parque Ambiental Chico Mendes, 4º Batalhão de Infantaria de Selva (Círculo Militar) e coordenadores do curso de Medicina Veterinária e do Parque Zoobotânico da Ufac.

*Com informações da Ufac