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Projeto incentiva desenvolvimento sustentável de produtores em Oriximiná

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A capacitação de assentados, quilombolas e indígenas em regiões isoladas do do Brasil é de extrema importância, por isso a startup ManejeBem está atuando no Norte do país, levando práticas modernas e sustentáveis de cultivo que podem garantir uma produção mais eficiente e de maior qualidade, contribuindo para a segurança alimentar, manejo adequado dos recursos naturais e o empoderamento dos produtores rurais e extrativistas, dando-lhes as ferramentas e o conhecimento necessários para se tornarem autossuficientes e resilientes. 

O projeto COOPATEC, em parceria com Cooperativa Mista dos Povos e Comunidades Tradicionais da Calha Norte (Coopaflora) e NeSst Brasil, leva uma rede de suporte especializados e assistência técnica agrícola, facilitando a troca de conhecimentos e experiências entre produtores e extrativistas. 

Com duração de um ano, a iniciativa deve abranger produtores e extrativistas assentados, indígenas e quilombolas. “O projeto COOPATEC é uma iniciativa dedicada a fornecer assistência técnica agrícola para comunidades indígenas, quilombolas e assentados. O objetivo é compartilhar conhecimento especializado com produtores e extrativistas, promovendo o desenvolvimento sustentável e a melhoria das práticas agrícolas. A assistência técnica é oferecida de forma online, garantindo acessibilidade e alcance. Esse esforço tem proporcionado grande satisfação e tem feito uma diferença significativa na vida desses produtores, contribuindo para o fortalecimento de suas atividades e a promoção de sua autonomia econômica e social”, destaca a COO da ManejeBem Caroline Luiz Pimenta.

O projeto tem a capacidade de 500 beneficiários que atuam dentro município de Oriximiná, no Pará, uma região que possui uma forte cultura de produção rural familiar. Localizada na região amazônica, a cidade tem uma economia predominantemente baseada na agricultura, pesca, extrativismo vegetal e pecuária, atividades que são amplamente conduzidas por famílias locais.

Iniciativa leva assistência técnica agrícola para comunidades indígenas, quilombolas e assentados. Foto: divulgação

A Cooperativa Mista dos Povos e Comunidades Tradicionais da Calha Norte (Coopaflora) se dedica a manter os meios de subsistência das comunidades tradicionais e a proteger as terras florestais das quais dependem para sua sobrevivência. Ela se esforça para fortalecer a união de diferentes grupos étnicos na defesa de seus territórios e promover a coleta sustentável de produtos oriundos da floresta.

A ManejeBem é uma startup que ajuda empresas a alcançarem metas de ESG através do desenvolvimento de comunidades agrícolas vulneráveis, unindo empresas que procuram caminhos para alcançar suas metas de sustentabilidade e comunidades de produtores rurais que necessitam de capacitação e que se encontram em situação de vulnerabilidade. Desde sua fundação, há 6 anos, a empresa já impactou a vida de mais de 1 milhão de produtores familiares e técnicos agrícolas, espalhados por mais de 17 estados brasileiros, em 210 municípios, com 35 projetos executados.

Nas curvas do tempo com Luiz Antony

Trecho da rua Luiz Antony, no então Centro de Manaus. Em primeiro lugar, na parte central da foto, o espaço em obras é, hoje, os fundos do Colégio e Faculdade Dom Bosco. Em segundo lugar, mais adiante, vê-se a parte superior do antigo Hotel Cassina e, logo a seguir, o topo do prédio do INPS (IAPETEC). Acervo: Arquivo Público Municipal de Manaus. Foto: Reprodução/Instituto Durango Duarte

Por Abrahim Baze – literatura@amazonsat.com.br

Sonhar e acreditar. Dessas duas qualidades resultam as realizações e os afazeres do espírito humano, fatores indispensáveis para a perpetuação das aspirações enobrecedoras e a construção de possibilidades efetivas para a existência humana.

Toda nova geração, especialmente aquela que imigra para nosso estado, e, é o caso de Luiz Antony, forja novos padrões, valores e atitudes sobre a vida e a sociedade em que se estabeleceram. Esses caminhos escolhido por ele se descortinam e na sua época foram o resultado do seu entusiasmo, da fé e da crença por dias melhores em nosso torrão e se construíram com doação e muito trabalho.

A história de um povo, de uma nação, é feita por homens e mulheres. O homem faz a história e a história faz o homem. Luiz Antony compreendeu que era possível construir e perpetuar sua história entre nós. Ele nasceu em Florença, na Itália, ainda muito jovem, em companhia de seu pai, o negociante Henrique Antony, embarcaram para Manaus. Aqui cresceu e se educou ao melhor estilo da época, e muito mais tarde, tornou-se comerciante, como fora no exemplo das atividades e das amplas relações sociais de seu pai. No decorrer do tempo, viajou para o Rio de Janeiro, como destaca Agnello Bittencourt, na sua obra Dicionário Amazonense de Biografias – vultos do passado:

[…] O Brasil vivia tempos difíceis, os dois, pai e filho, se alistaram voluntariamente para Guerra do Paraguai, representando o fronte e a defesa do Brasil. O ardor da luta, assinalou a tempera de verdadeiros heróis. Chegaram ao posto de Tenente Coronel. Mas, o pai, em combate foi atingindo por um estilhaço de granada perdendo a vida”.

Fonte: BITTENCOURT, Agnello. Dicionário Amazonense de Biografias: vultos do passado. Rio de Janeiro: Editora Conquista, 1973. Pag,: 333.

Lucano Antony (1897-1946). Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal

Luiz Antony continuou em combate, até o final da guerra, regressando vitorioso e promovido no posto de Coronel.

Já em Manaus casou-se com a senhora Francisca Perdigão, era o início de sua vida familiar na cidade que escolhera para viver. O casal trouxe ao mundo os filhos: Coronel Antônio Guerreiro Antony, que foi destaque na vida política do nosso estado e de grande prestígio local, tornou-se no decorrer do tempo funcionário público ate aposentar-se, Coronel Hidelbrando Luiz Antony, também funcionário público ate aposentar-se, Leandro Perdigão Antony, também funcionário público até aposentar-se e João Carlos Antony Engenheiro Chefe da Prefeitura Municipal de Manaus por cerca de 45 anos. A saga da família Antony são de pessoas notáveis, que marcaram e continuam marcando sua presença em Manaus.

Seu filho João Carlos Antony natural do Amazonas tornou-se umas das figuras mais representativa da ilustre família dos Antony. Sua mãe Senhora Leocádia Antony, era amazonense filha de Antônio José Brandão, um português também ilustre, irmão do celebre Arcebispo de Braga e de Lisboa Dom Frei Caetano Brandão.

Lucano Antony e amigos. Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal

Após concluir seus estudos seguiu para Florença na Itália, onde diplomou-se em Arquitetura, logo após regressando ao Brasil para Belém do Pará, no mês de julho de 1876, nesta mesma oportunidade transitava por Belém com destino aos Estados Unidos, o Imperador Dom Pedro II, nesta oportunidade João Carlos Antony integrou-se à Comissão Receptadora dos festejos em homenagens à sua Majestade.

De volta à Manaus iniciou sua vida profissional ao lado do Engenheiro inglês John Moreton tendo organizado a empresa de abastecimento de água em Manaus, em cujo trabalho além da rede de distribuição de água havia também o Reservatório da Castelhana e a Casa de Máquina do Bombeamento, eram um serviço que exigia grande responsabilidade, com a chegada da república, a firma Antony & Moreton encerrou seu contrato com o governo do estado.

João Carlos Antony. Um dos líderes do movimento abolicionista no Amazonas com destacada atuação. Foto:Abrahim Baze/Acervo Pessoal

João Carlos Antony que na verdade assinava seu nome como J. Carlos Antony ingressara na vida política e tendo sido eleito para a Assembleia Legislativa Provincial entre o biênio de 1874 à 1875. Naquele período, nomes importantes da Polícia local estiveram ao lado dele, tais como: Dr. Luiz Carneiro da Rocha, Tenente Coronel Clementino José Pereira Guimarães e outro também de família tradicional Coronel Francisco Antônio Monteiro Tapajós.

No término de seu mandato continuou na vida pública onde fora nomeado Engenheiro Chefe da Prefeitura de Manaus, cuja função permaneceu por 45 anos. Homem simples, de hábitos simples nunca pode construir uma residência para sua família, a aposentar-se cansado e envelhecido procurou comprar uma pequena casa no Bairro do Alto Nazaré, casa esta que jamais pode concluir sua obra na qual residiu até sua morte. Seu trabalho na prefeitura lhe permitiu participar da abertura do Cemitério São João Batista, tendo planejado o traçado o novo cemitério da cidade e participou de sua inauguração.

João Carlos Antony casou-se com professora Maria Lima de Amorim Antony, filha do negociante português Alexandre Paula de Brito Amorim que a esta altura foi o primeiro Cônsul Português, em Manaus e o introdutor da navegação estrangeira inglesa para o Amazonas.

Coronel Antonio Guerreiro Antony, casado com Raimunda de Andrade Antony. Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal

Outro fato interessante que está ligado diretamente ao João Carlos Antony ocorreu no dia 8 de novembro de 1885, quando Comendador José Cláudio Mesquita recebeu a visita do médico Dr. João Machado de Aguiar Melo oferecendo gratuitamente seus serviços médicos, logo que o Hospital dispunha de uma enfermaria que pretendia estabelecer e receber seus doentes, este fato humanitário foi aceito imediatamente. João Carlos Antony foi autor da primeira planta do projeto da construção do primeiro hospital português no Largo da Uruguaiana.

J. Carlos Antony nasceu em Manaus a 19 de março de 1833, tendo falecido no dia 2 de novembro de 1918. A tradicional família Antony escreveu com seus descendentes importantes momentos da história do Amazonas.

Raimunda de Andrade Antony. Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal

Sobre o autor

Abrahim Baze é jornalista, graduado em História, especialista em ensino à distância pelo Centro Universitário UniSEB Interativo COC em Ribeirão Preto (SP). Cursou Atualização em Introdução à Museologia e Museugrafia pela Escola Brasileira de Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas e recebeu o título de Notório Saber em História, conferido pelo Centro Universitário de Ensino Superior do Amazonas (CIESA). É âncora dos programas Literatura em Foco e Documentos da Amazônia, no canal Amazon Sat, e colunista na CBN Amazônia. É membro da Academia Amazonense de Letras e do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA), com 40 livros publicados, sendo três na Europa.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

Demandas do centro-sul impactam no desmatamento da Amazônia mais do que exportações

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A Amazônia Legal Brasileira (ALB) – que compreende toda a parte da Bacia Amazônica situada no Brasil e vastas porções adjacentes do Cerrado, estendendo-se por nove Estados – soma mais de 5 milhões de quilômetros quadrados (km2) e corresponde a quase 60% do território nacional. Atualmente, 23% dessa área já foi desmatada e mais de 1 milhão de km2 encontram-se degradados, colocando a região em risco de atingir um ponto de inflexão ecológica que poderia colapsar os ecossistemas e liberar bilhões de toneladas de carbono na atmosfera.

Algumas regiões da ALB, especialmente nas franjas do Cerrado e no chamado “Arco do Desmatamento”, já são emissoras líquidas de carbono. A manutenção da área preservada e a recuperação de porções degradadas são necessidades urgentes, que mobilizam diferentes atores da comunidade global.

A demanda estrangeira por commodities é frequentemente considerada a motivação principal do desmatamento. Mas, embora esta constitua um fator muito relevante, os mercados domésticos exercem pressão ainda maior. Foi o que constatou um estudo realizado por Eduardo Haddad e colaboradores, publicado na revista Nature Sustainability.

O pesquisador é professor titular da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária da Universidade de São Paulo (FEA-USP) e consultor de agências internacionais de desenvolvimento, como o Banco Mundial (BM), Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e o Joint Africa Institute (JAI).

A metodologia adotada no estudo baseou-se principalmente na chamada Matriz de Insumo-Produto (MIP). Criada pelo russo naturalizado norte-americano Wassily Leontief (1906-1999), a MIP (Input-Output Matrix, em inglês) representa matricialmente as relações entre os diversos setores da economia, registrando os fluxos de bens e serviços e possibilitando conhecer os impactos que as alterações em um setor produzem nos outros.

A configuração atual da Amazônia Legal Brasileira. imagem: Reprodução/IBGE

Mudanças no uso da terra

A Amazônia passou por enormes transformações no último meio século. Inovações técnicas, investimentos em infraestrutura e mudanças políticas facilitaram a expansão do cultivo de soja: da região central do Cerrado para vastos segmentos da ALB. A produção local de soja, que era inferior a 200 toneladas em 1974, representando apenas 0,02% do montante nacional, alcançou 50 milhões de toneladas em 2022, 41,5% do total brasileiro. Igualmente vertiginoso foi o crescimento da pecuária: de 8,9 milhões de cabeças de gado em 1974 (9,5% do rebanho brasileiro) para 104,3 milhões de cabeças em 2022 (44,5% do total).

O estudo ressalta que, apesar de afetar diferentes biomas da Amazônia Legal, o desmatamento ocorrido até agora no Brasil se concentrou geograficamente nessa região. Em 2015, a ALB respondia por 65,7% do total do desmatamento acumulado no país. A pecuária foi a principal causa imediata (93,4% do total regional), seguida pela produção agrícola, principalmente de soja, milho e algodão (6,4%), e pela mineração (0,2%). A construção de infraestrutura e o processo intensivo de urbanização também fazem parte dos fatores antrópicos diretamente ligados à eliminação ou à degradação da cobertura vegetal original da Floresta Amazônica e do Cerrado.

O estudo em pauta demonstra que a demanda econômica originada no centro-sul mais desenvolvido do Brasil impõe uma pressão ainda maior sobre o desmatamento na Amazônia do que as exportações internacionais. Esse conhecimento é muito relevante para orientar políticas públicas e ações da sociedade civil voltadas para preservação ou regeneração. E, como as mudanças no uso da terra, por meio da pecuária e da agricultura, continuam sendo as principais fontes de emissões de dióxido de carbono (CO2) no Brasil, o controle do desmatamento e da degradação torna-se imperativo para que o país possa cumprir suas metas de redução de emissões de gases de efeito estufa.

Além de Haddad, participaram do estudo Inácio Fernandes de Araújo Junior, Rafael Feltran Barbieri, Fernando Salgueiro Perobelli, Ademir Rocha, Karina Simone Sass e Carlos Afonso Nobre. O grupo recebeu apoio da FAPESP por meio de dois projetos (14/50848-9 e 21/12397-9).

O artigo Economic drivers of deforestation in the Brazilian Legal Amazon pode ser acessado em: www.nature.com/articles/s41893-024-01387-7.

*O conteúdo foi originalmente publicado pela Agência Fapesp, escrito por José Tadeu Arantes

FAEA propõe ao governo estadual medidas preventivas para combate à estiagem de 2024 que poderá superar 2023

Foto: Eduardo Cavalcante/Seduc AM

Por Osíris M. Araújo da Silva

De forma atípica, o ciclo da seca do ano em curso teve início logo no mês de junho. Com efeito, o pico da vazante nos rios Solimões, Negro e Amazonas, segundo a Defesa Civil, deve ocorrer em outubro, alcançando níveis recordes. Há um temor generalizado de que se repitam os danos do ano passado devido aos baixos níveis dos rios para o período, indicando que a cheia de 2024 foi insuficiente para a recuperação das águas em padrão médio da bacia em ciclo normal. Em 2023, a seca foi extrema. Rios como o Negro, Solimões, Amazonas e Madeira superaram suas mínimas históricas, privando comunidades de acesso a água e comida. Plantações típicas da várzea foram perdidas devido ao aquecimento excessivo do solo e à falta d’água. As medições do Porto de Manaus comprovam: Na última sexta-feira, 19, o nível do Rio Negro alcançou 26,07 m, descendo à razão de 5/7 cm por dia. No ano passado, no mesmo 19 de julho, a medição apontava 27,42 m, secando em média 4 cm/dia. Quadro que, afirmam especialistas, dificilmente irá se alterar.

Diante da possível repetição da seca de 2023, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Amazonas (Faea), Muni Lourenço Jr., encaminhou ao governador Wilson Lima na semana passada propostas de medidas visando “minimizar os efeitos de nova e grave estiagem anunciada, que, se concretizada, voltará a prejudicar boa parte dos nossos produtores rurais, gerando graves e irreversíveis prejuízos à economia do Estado”. Por conseguinte, sem a BR-319 devidamente asfaltada, e com a navegação prejudicada, salienta o documento, “teremos sérias tribulações no abastecimento de insumos indispensáveis à atividade agropecuária”. O documento em referência, elaborado pela equipe técnica da Faea, elenca ações preventivas emergenciais e de longo prazo como forma de se antecipar a mais essa estiagem que se preanuncia e garantir o mínimo de danos ao produtor rural, ao comércio e à indústria do Amazonas.

Dentre as propostas, destacam-se: equipar os municípios incluídos no Decreto de Emergência com brigadistas, equipamentos, aviões e helicópteros para combate a incêndios florestais de origem e autoria desconhecida que destroem propriedades rurais, lavouras e pastagens; anistiar produtores rurais afetados pela seca em relação a financiamentos da Afeam e demais agentes que operam com crédito rural; adquirir a produção agropecuária para atender sedes municipais e zonas ribeirinhas prejudicadas; fornecer insumos aos produtores rurais evitando a morte de animais e a perda da produção agrícola; providenciar a construção de poços artesianos nas zonas afetadas; propor ao governo federal ampliar ações do “Programa Cisternas”; ampliar o “Programa Garantia Safra”, já iniciado no Amazonas, para atender produtores rurais dos municípios mais atingidos; ampliar o orçamento dos programas de irrigação, calcário e mecanização agrícola; abrir linha de crédito especial para a retomada da atividade agropecuária, assim como a distribuição de sementes e mudas a produtores cadastrados.

Tendo-se a informação como de vital importância para a sociedade, pois já se observou no passado certos direcionamentos no sentido de culpar o produtor rural por incêndios por eles comprovadamente não praticados, a Faea propõe, visando “evitar desencontros de informações que a divulgação dos fatos junto à mídia tenha a coordenação única do comitê de enfrentamento recentemente criado e que comporta 33 secretarias de estado”. Segundo Muni Lourenço, “os pleitos resultaram de reuniões com as lideranças rurais, ouvidos sindicatos, produtores, entidades, lideranças agropecuárias e técnicos do setor. Pelo que se observa, tais adversidades, infelizmente, deverão fazer parte do nosso cotidiano rural. Já pensando em outras ações de médio e longo prazo, o documento inclui, além das sugestões acima, outras propostas à consideração do governo do Estado”.

Sobre o autor

Osíris M. Araújo da Silva é economista, escritor, membro do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA) e da Associação Comercial do Amazonas (ACA).

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

Estiagem: situação de emergência em 18 municípios de Rondônia é reconhecido pelo governo federal

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O governo federal publicou uma portaria, no dia 19 de julho, reconhecendo a situação de emergência em 18 cidades de Rondônia que enfrentam um período de estiagem extrema. O reconhecimento permite a mobilização de recursos federais para ajudar os municípios.

Em Rondônia, os principais rios estão com níveis abaixo da média histórica para o período de estiagem, segundo informações da Defesa Civil Estadual. São eles: Candeias, Guaporé, Jamari, Mamoré, Machado, Madeira e Pirarara.

A portaria foi emitida por meio do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional e da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil e já está em vigor.

Fazem parte da lista os seguintes municípios (por ordem alfabética):

  • Alta Floresta do Oeste
  • Alto Alegre dos Parecis
  • Ariquemes
  • Campo Novo de Rondônia
  • Cerejeiras
  • Cujubim
  • Espigão D’Oeste
  • Jaru
  • Ji-Paraná
  • Machadinho D’Oeste
  • Ministro Andreazza
  • Nova Mamoré
  • Porto Velho
  • Primavera de Rondônia
  • Santa Luzia do Oeste
  • São Miguel do Guaporé
  • Seringueiras
  • Urupá

O reconhecimento do governo federal permite que as prefeituras solicitem recursos como cestas básicas, água mineral, refeição para trabalhadores e voluntários, kits de limpeza de residência e higiene pessoal.

Há duas semanas, o governo do estado de Rondônia publicou um decreto onde declara emergência em razão do período “crítico” de estiagem enfrentado no estado.

Poucos dias depois, a prefeitura de Porto Velho também assinou um decreto de emergência por conta do que foi classificado como ‘cenário de extrema seca’ na cidade. De acordo com o Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), a cidade de Porto Velho completou quase dois meses sem registro de chuva.

Em 2023, o rio Madeira chegou ao menor nível já registrado na história. Bancos de areia e montanhas de pedras surgiram onde antes era possível enxergar somente água. Desde então, especialistas já previam uma seca ainda mais extrema no estado em 2024.

*Com informações da Rede Amazônica RO

Empreendedores e produtores rurais do Norte contrataram R$ 8,16 bilhões em Fundos Constitucionais

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Empreendedores e produtores rurais do Norte, Nordeste e Centro-Oeste contrataram R$ 35,90 bilhões com recursos dos Fundos Constitucionais de Financiamento (FNE, FNO e FCO), no primeiro semestre de 2024, o que representa um acréscimo de 12% quando comparado ao mesmo período do ano de 2023.

Os recursos, administrados pelo Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), em conjunto com as Superintendências do Desenvolvimento Regional (Sudam, Sudene e Sudeco), e concedidos por meio do Banco do Nordeste (BNB), Banco da Amazônia (Basa) e Banco do Brasil (BB), aquecem a economia, geram emprego e renda nas áreas atendidas.

Embora as operações de crédito sejam voltadas, prioritariamente, a atividades produtivas de pequenos e mini produtores rurais e pequenas e microempresas, também são asseguradas condições atrativas de financiamento a médio e grandes investidores.

Para o ano de 2024, estão previstos R$ 63,9 bilhões para contratação por meio dos Fundos Constitucionais de Financiamento (FNE, FNO e FCO).

O Ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), Waldez Góes, explica que os fundos constitucionais são fundamentais para fomentar atividades produtivas e, consequentemente, gerar emprego e renda.

Fundo Constitucional do Norte (FNO)

Empreendedores urbanos e produtores rurais da Região Norte contrataram R$ 8,16 bilhões por meio do FNO. Este valor corresponde a 54,7% da meta anual programada de R$ 14,9 bilhões. Os números são relativos ao primeiro semestre de 2024 e representam um aumento de 51% no volume de recursos financiados no mesmo período do ano passado, quando foram acessados R$ 5,41 bilhões.

O responsável pela operacionalização é o Banco da Amazônia. A maior parte dos valores foi captada por empreendedores e produtores de menor porte, com um total de R$ 4,35 bilhões (equivalente a 53,31% do total). Outros R$ 3,81 bilhões (46,69%) foram contratados por representantes enquadrados na categoria médio e grande portes.

Do total de R$ 8,16 bilhões do FNO, 62,1% foram acessados pelo setor rural, que foi responsável pela contratação de R$ 5,07 bilhões. O valor também é um avanço na comparação com 2023, quando o setor financiou R$ 4,27 bilhões.

Os fundos constitucionais são fundamentais para fomentar atividades produtivas e, consequentemente, gerar emprego e renda. (Foto: Divulgação/MAPA)

Os recursos direcionados aos empreendedores urbanos e produtores rurais localizados nos municípios classificados com tipologia Baixa ou Média Renda na PNDR somaram cerca de R$ 6,4 bilhões cerca de 78% do valor total contratado com o FNO.

Por estado

Na área de atuação da Sudam, o principal destaque foi o volume de financiamentos contratados por empreendedores urbanos e produtores rurais do Pará. Eles foram responsáveis pela formalização de contratos que somaram R$ 2,12 bilhões (26%). Em seguida, Tocantins, com R$ 1,93 bilhão (23,7%); Rondônia, com R$ 1,70 bilhão (20,8%); Roraima, com R$ 936,9 milhões (11,4%); Amazonas, com R$ 914,6 milhões (11,2%); Acre, com R$ 449,1 milhões (5,5%); e Amapá, com R$ 102,1 milhões (1,2%).

*Com informações do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional

Novo santuário de árvores gigantes na Amazônia é revelado no oeste do Pará

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Uma descoberta na Amazônia ganha destaque: um novo santuário de árvores gigantes foi revelado na Floresta Estadual (Flota) do Paru, no oeste paraense. A descoberta iniciou em 2022, quando foi encontrado um angelim-vermelho (Dinizia excelsa) de 88,5 metros de altura e 3,15 metros de diâmetro foi identificado, sendo então, a maior árvore da América do Sul e a quarta maior do mundo.

Cercando o angelim-vermelho, cientistas descobriram pelo menos mais 38 outras árvores de grande porte, duas delas com mais de 80 metros de altura. Essa concentração impressionante de árvores gigantes aponta para a rica biodiversidade do território, reforçando a importância de sua proteção.

Em maio deste ano, uma nova expedição foi realizada para aprofundar análises físicas e biológicas na região, o que levou à descoberta de um novo santuário de árvores gigantes.

A expedição científica, organizada pelo Governo do Pará, por meio do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio), em parceria com o Instituto Federal do Amapá (IFAP), a Fundação Amazônia Sustentável (FAS) e com financiamento do Andes Amazon Fund (AAF), marcou um passo significativo na conservação desses vegetais colossais.

Para o presidente do Ideflor-Bio, Nilson Pinto, a descoberta do angelim-vermelho é um testemunho da grandiosidade e biodiversidade da Amazônia e simboliza a importância da preservação desse ecossistema único.

Foto: Fernando Sette

Expedição

Entre os dias 16 e 30 de maio de 2024, uma equipe multidisciplinar de pesquisadores e técnicos do Ideflor-Bio, IFAP e FAS percorreu rios e trilhas da Flota do Paru. O processo foi para coletar dados para a caracterização de uma área florestal de 560 mil hectares, que abrange uma zona de concentração das árvores gigantes. Esse levantamento fornecerá subsídios para transformar parte da Flota do Paru em uma nova área de proteção integral.

A expedição revelou novos exemplares de árvores gigantes, incluindo angelins-vermelhos e outras espécies, com alturas superiores a 65 metros. O maior espécime registrado mede aproximadamente 73 metros de altura e 3 metros de diâmetro. Os achados indicam que a ocorrência de árvores gigantes é mais frequente e dispersa do que se esperava, aumentando a necessidade de proteger uma vasta extensão de floresta primária.

Para a engenheira florestal e técnica do Ideflor-Bio, Luciana Santos, a Flota do Paru, como UC de Uso Sustentável, exemplifica a importância da recategorização parcial da área para a Proteção Integral. A especialista destaca, ainda, a necessidade de preservar esses santuários e garantir a proteção da biodiversidade amazônica.

“Isso mostra o quanto devemos preservar realmente esses santuários, e mostra a importância do IDEFLOR-Bio enquanto órgão, recategorizar parcialmente essa área em uma nova categoria, de proteção integral. O estado precisa continuar presente na proteção da biodiversidade amazônica, uma biodiversidade grande”, afirmou Luciana Santos.

Foto: Fernando Sette

Relevância

As árvores gigantes da Amazônia desempenham um papel crucial na manutenção da biodiversidade e no equilíbrio ecológico do bioma. Elas ajudam na regulação do clima, absorvendo grandes quantidades de carbono da atmosfera e mitigando os impactos da crise climática. Além disso, são habitat para uma vasta gama de espécies de fauna e flora, contribuindo para a proteção da diversidade biológica regional.

O engenheiro florestal e professor do IFAP, Diego Armando Silva, reforça que a criação da UC não só protegerá essas árvores monumentais, como também promoverá a pesquisa científica e a sustentabilidade na região. Ele explica que esses esforços são fundamentais para garantir a preservação de um patrimônio natural e cultural inestimável.

Nova UC

A próxima etapa no processo de criação da UC das Árvores Gigantes será a realização de consultas públicas com os moradores do Distrito de Monte Dourado, em Almeirim e que abrange essa porção da floresta. Essa ação busca assegurar que a comunidade local esteja envolvida e informada sobre os benefícios e objetivos da nova área protegida.

O Projeto “Árvores Gigantes Para Uma Nova Era – Áreas Protegidas no Estado do Pará” apoia essas ações, levando assistência técnica aos órgãos ambientais do estado e buscando fortalecer outras UCs no Pará. O superintendente de Inovação e Desenvolvimento Institucional da FAS, Victor Salviati, destaca que a recategorização parcial da Flota do Paru representa o compromisso do estado com a conservação da Amazônia.

“É uma honra para a FAS prover apoio técnico e buscar parceiros financiadores para intensificar as ações de conservação e proteção no estado do Pará. A recategorização parcial da Flota é muito simbólica e representa o comprometimento do estado com a conservação da Amazônia”, ressaltou Victor Salviati.

*Com informações da Agência Pará

Pesquisadores reforçam monitoramento de botos na região de Mocajuba, no Pará

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Cerca de 12 botos da região de Mocajuba, no Pará, devem passar por avaliação de pesquisadores da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) a partir deste sábado (20). O município é conhecido pela presença dos animais na área do mercado de peixes, o que se tornou um dos atrativos turísticos para quem visita a região. Com o mês das férias escolares e do ‘verão amazônico’, a interação entre botos e visitantes se intensifica, e esse é um dos motivos que levam os pesquisadores ao local nesse período. 

A equipe, formada por professores e alunos da pós-graduação, monitora os botos da região desde 2023, a partir do projeto ‘Parâmetros fisiológicos e análise de risco para patógenos zoonóficos em botos-do-Araguaia (Inia araguaiaensis) sob impactos ambientais no contexto One Health‘. 

Os pesquisadores devem ficar no município até o mês de agosto. 

No estudo é realizado um mapeamento da saúde dos animais, desde aspectos fisiológicos, até vocalização e biologia. Os pesquisadores fazem a avaliação da saúde dos animais, coleta de sangue,  borrifo e ultrassom. O foco são os botos-do-Araguaia, ou Inia araguaiaensis, espécie catalogada em 2014 por cientistas da Universidade Federal do Amazonas (UFAM).

Os botos dessa espécie habitam a bacia Araguaia-Tocantins, que abrange os estados do Pará, Tocantins, Maranhão, Goiás e Mato Grosso, além do Distrito Federal. No Pará, o pólo reúne 45 municípios, entre eles Mocajuba. A espécie se soma às já conhecidas nos rios amazônicos: Inia geoffrensis e Inia boliviensis, além da Sotalia fluviatilis. 

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Foto: Reprodução/Acervo do projeto

Todo o estudo é feito com os animais em ambiente natural. As técnicas de manejo para que isso ocorra de forma eficaz e com menos stress ao animal também são alvo da pesquisa.

Segundo o professor, pesquisas sobre o bem estar são fundamentais para a conservação de animais em vida livre, pois ajudam a entender sobre aspectos importantes do comportamento da espécie em seu ambiente natural.

“Isso nos dá subsídios para manejar melhor a espécie, proporcionando resultados mais claros de como deve ser a interação animal-homem”, diz. 

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Foto: Reprodução/Acervo do projeto

O projeto também conta com a parceria dos professores Abelardo Júnior, da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) e Rinaldo Mota, da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), que analisam os potenciais agentes zoonóticos. Agentes zoonóticos são aqueles que podem afetar a saúde dos botos a partir do contato com o homem, e vice-versa. Para isso os pesquisadores vão realizar diversos tipos de coleta, que incluem amostras de água, pele dos botos e fezes, além de testes de PCR em tempo real para identificação dos tipos de vírus e bactérias com esse potencial. 

Espécie vulnerável

Apesar do registro científico recente, a espécie já é considerada ‘vulnerável’ e já integra a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. De acordo com os critérios da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), ‘vulnerável’ é quando uma espécie tem um risco elevado de extinção na natureza, exceto se as circunstâncias que ameaçam a sua sobrevivência e reprodução melhorem.

No caso dos botos, a vulnerabilidade é causada principalmente pelas interações negativas com atividades pesqueiras e pela perda ou destruição de habitat. Mas há uma outra questão preocupante. O animal é cercado pelo imaginário popular, o que inclui as histórias sobre o homem charmoso, vestido de branco, que aparece para seduzir moças ribeirinhas e depois se transforma em boto, causando medo e a ira dos ribeirinhos. Na Amazônia, os botos também são alvo do comércio de subprodutos místicos.

Foto: Reprodução/Acervo do projeto

Mas segundo a pesquisadora Angélica Rodrigues, em Mocajuba a relação é bem diferente da maioria das comunidades onde esses animais ocorrem. “No caso de Mocajuba são os botos que atraem o turismo e ajudam os pescadores nos paredões de pesca”, revela. 

A preservação desses animais impacta diretamente no equilíbrio do meio ambiente. “Eles tem um papel importantíssimo na natureza, porque são sentinelas ambientais, a partir deles conseguimos mapear a saúde de um rio. São animais topos de cadeia, importantes para o equilíbrio da cadeia trófica do rios, além disso são sentinelas importantes apontado as fragilidades dos ecossistemas fluviais”, diz a pesquisadora. 

O grupo Bioma

O projeto foi contemplado com o primeiro lugar no edital da Iniciativa Amazônia +10 , em 2023. Mas a saúde dos botos da região é monitorada pelo grupo Bioma desde 2013, período em que já foram registrados os nascimentos de oito filhotes. O grupo tem como estudo as espécies de golfinhos de rios e peixe boi, a interação deles na natureza, papel ecológico e interação com humanos. As pesquisas são realizadas no rio Guamá, Tocantins e Tapajós e também na zona costeira paraense. 

*Com informações Universidade Federal Rural da Amazônia

Unemat empossa primeira indígena como coordenadora de curso intercultural

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A Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) delimitou mais um marco histórico em sua atuação com os povos originários ao empossar a professora Eliane Boroponepá Monzilar como coordenadora da Licenciatura Intercultural Indígena. O evento de posse aconteceu na Faculdade Intercultural Indígena (Faindi), no Câmpus de Barra do Bugres, nesta quarta-feira (17).

Formada pela primeira turma da Faindi em 2006, Eliane é mestre em Desenvolvimento Sustentável junto a Povos de Terras Indígenas e doutora em Antropologia pela Universidade de Brasília (UnB).

Atuando de fato na coordenação desde novembro de 2023, a posse foi possível com a cedência da Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso (Seduc-MT), órgão de lotação da professora da educação básica. Ela também é professora colaboradora do mestrado do Programa de Pós-Graduação em Ensino em Contexto Indígena Intercultural (PPGecii) da Unemat.

Este discurso de Eliane foi incentivador para os 41 povos indígenas entre os 46 do Estado atendidos pela Unemat em seus cursos de licenciatura, bacharelado e mestrado.

Monzilar se dirigiu às representantes do Executivo estadual, professora Rute Ferreira Bento, da Seduc-MT, e professora Bernadete Fernandes Gregolin, secretária municipal de Educação, Cultura e Esporte de Barra do Bugres, para dizer que a educação é transformadora e o investimento na educação indígena não é gasto. Isto porque se reverte em benefício para o município e o estado, pois os estudantes indígenas são cidadãos que consomem bens e serviços.

Em seu discurso, a pró-reitora de Ensino de Graduação, Nilce Maria da Silva lembrou o silenciamento que os povos indígenas sofreram nestes mais de 500 anos de colonização e a nossa fragilidade não-indígena de não saber falar nenhuma língua destas 41 etnias que a Unemat atende. “Precisamos que vocês nos ajudem a aprender os seus saberes e a construir nossos projetos de cursos com estes saberes. 

Foto: Dapi Juruna

Precisamos muito de vocês, que nos ajudem a quebrar nossas resistências. Eliane, não fique calada diante do que você não se sentir confortável, para que você consiga falar e propor o que deve ser a formação de vocês”, incentivou a pró-reitora.

Nilce fez, ainda, um paralelo com a discriminação sofrida pelas mulheres não-indígenas na gestão quando não ter sua voz ouvida por estarem na condição de mulher. Como primeira professora indígena na Unemat, “Eliane abre portas para outros, sendo representatividade para vocês sonharem para mudar a vida da sua comunidade e do seu povo”, animou.

Com representação da Unemat, do Executivo estadual e da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai(, a mesa de autoridades abordou a diversidade da educação escolar indígena. Participaram, além da pró-reitora, o diretor de Gestão de Educação Indígena, Adailton Alves da Silva; os diretores do Câmpus de Barra do Bugres, Eduardo Oenning e Rivelino Fulvio Linhares, e da Faindi, José WIlson Pires Carvalho; Rute Ferreira Bento, da Coordenadoria de Educação Escolar Indígena da Seduc; o coordenador regional da Funai, Benedito Cesar Garcia Araujo; e a secretária municipal de Educação, Cultura e Esporte de Barra do Bugres, Bernadete Fernandes Gregolin. Também esteve na composição da mesa o cacique Luciel Boroponepá.

A família de Eliane e sua comunidade da etnia Balatiponé Umutina marcaram presença. As apresentações culturais foram realizadas por seu povo e pelas etnias do Xingu (Ikpeng, Kaiapó, Mebengrokê e Panará) em nome das demais. Ao final, todos foram convidados das oferendas trazidas, beiju, peixe e chicha (bebida indígena).

Sobre a Faindi

Foto: Dapi Juruna


A presença da mulher vem aumentando desde que a Unemat iniciou o primeiro curso de licenciatura, em 2001, graduando a primeira turma em 2006, pela Faculdade Intercultural Indígena. Das primeiras 200 vagas oferecidas, 20 foram destinadas a dez estados, tornando a Unemat precursora na formação de professores de diferentes etnias em Mato Grosso, Acre, Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Paraíba, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Tocantins. 

Oferecidos em parceria com as secretarias de Estado de Educação (Seduc) e de Saúde (SES), os cursos contam com a parceria estratégica da Funai em alguns momentos, e do Governo Federal, como o Programa Institucional de Fomento e Indução da Inovação da Formação Inicial Continuada de Professores e Diretores Escolares (Pril), que possibilitou oferecer o curso de Matemática Intercultural, em Luciara-MT.

Com a última turma que colou grau, em 2022, foram formados 570 professores indígenas. Os cursos pioneiros são as Licenciaturas Intercultural com habilitação em Ciências Sociais, Ciências Matemáticas e da Natureza, e Línguas, Artes e Literaturas, iniciados em 2001; e a Pedagogia Intercultural, iniciada em 2016. Em 2023, a Unemat inaugura seu primeiro bacharelado em Enfermagem Intercultural.

Coordenados por professores da Unemat, atualmente, são 30 alunos na Pedagogia Intercultural, coordenada por Waghma Fabiana Borges Rodrigues; 90 nas Licenciaturas Intercultural Indígena, coordenadas por Antonio Francisco Malheiros e Eliane Boroponepá Umutina (Seduc/Unemat); 50 na Enfermagem Intercultural, por Ana Cláudia Trettel; e 20 no Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu Mestrado Profissional em Ensino em Contexto Indígena Intercultural, coordenado por Raimundo Nonato Cunha de França.

*Com informações da UNEMAT

Theatro da Paz, em Belém, será candidato a Patrimônio da Humanidade

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O Theatro da Paz, um dos ícones de Belém (PA), será candidato a Patrimônio da Humanidade. A Prefeitura de Belém e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) se reuniram no dia 18 de julho para a candidatura do Theatro da Paz a Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade.

Um seminário, que será organizado pela gestão municipal de Belém e Iphan, debaterá a estruturação e importância do Theatro da Paz. O evento será realizado nos dia 26, 27 e 28 de agosto e faz parte do início do processo de candidatura do imóvel histórico junto à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). Além do Theatro da Paz, o Teatro Amazonas, em Manaus (AM), também será candidato a Patrimônio da Humanidade.

Os representantes da gestão municipal se reuniram com a superitendente do Iphan, Cristina Vasconcelos, para debater a iniciativa que envolverá secretarias municipais que administram o entorno do Theatro da Paz, além da Secretaria de Estado de Cultura (Secult) e Governo Federal.

O objetivo do seminário é reunir técnicos, pesquisadores das universidades historiadores e a sociedade para debater toda a estruturação e importância histórica do Theatro da Paz e arredores.

Apesar do imóvel centenário ser administado pela Secult, a área do entorno do Theatro da Paz é de responsabilidade da Prefeitura de Belém. A superintendente do Iphan explica, que os debates com a administração municipal e estadual serve para ajustar e alinhar as ações para levar os teatros Amazonas e da Paz à Unesco com a finalidade de torná-los Patrimônio Histórico e Cultral da Humanidade. “Nós estamos iniciando a candidatura, que é um processo que dura de três a quatro anos”, detalhou Cristina Vasconcelos.