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Políticas públicas ainda não frearam violência contra indígenas, aponta relatório

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A mudança de governo, no âmbito federal, não foi suficiente para frear a violência e o desrespeito aos direitos indígenas. A conclusão é do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), órgão vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) que lançou, no dia 22 de julho, o relatório anual ‘Violência Contra os Povos Indígenas do Brasil’, dados de 2023.

“O conselho lança esse relatório com profundo pesar”, afirma o presidente do Cimi e arcebispo de Manaus (AM), Leonardo Steiner, na apresentação do documento.

“A cada ano, depois de organizarmos e analisarmos os dados e as informações que nos são enviadas pelas equipes de missionárias e missionários, bem como as obtidas junto aos órgãos públicos e à imprensa, vemos que as descrições de fatos e as cenas de violência se repetem e nos impactam profundamente.”

Segundo o conselho, o primeiro ano da atual gestão federal (2023) foi marcado pela retomada das ações fiscalizatórias e maior repressão às invasões em alguns territórios, como o dos yanomami, no Norte do país, mas a demarcação de novas áreas da União destinadas ao usufruto exclusivo indígenas e também as ações de proteção e assistência às comunidades permaneceram insuficientes.

O relatório cita a criação do inédito Ministério dos Povos Indígenas (MPI), à nomeação de representantes de diferentes etnias para postos importantes, como o próprio MPI, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e a Secretaria de Saúde Indígena (Sesai), e a declaração de Emergência Nacional de Saúde na Terra Indígena Yanomami, com a subsequente operação de retirada – ou desintrusão – de não-indígenas, sobretudo garimpeiros, da reserva.

Após seis anos de paralisação dos processos demarcatórios, o governo federal homologou, no ano passado, oito novas terras indígenas. De acordo com a Funai, a União também destinou mais de R$ 200 milhões para ações de proteção e demarcação territorial. E cerca de R$ 5,3 milhões foram destinados ao pagamento de indenizações por benfeitorias a ocupantes de boa-fé retirados de terras indígenas.

Marco temporal

No relatório, o Cimi reconhece que, em 2023, houve uma melhora na execução da política indigenista em comparação aos anos anteriores, mas ainda insuficiente.

“Após anos de abandono e omissão ativa de governos anteriores frente à presença ilegal de garimpeiros na Terra Indígena Yanomami, a declaração de Emergência Nacional de Saúde e o início de uma grande operação de desintrusão no território apontaram na direção de uma mudança efetiva em relação à política indigenista. Sem demora, contudo, a realidade política se impôs. O Congresso Nacional atuou para esvaziar o MPI e atacar os direitos indígenas, especialmente por meio da aprovação da Lei 14.701/2023”, destacou o conselho.

Aprovada em setembro do ano passado, a Lei nº 14.701 estabelece o chamado marco temporal. Pela tese, os indígenas só têm direito aos territórios originários que ocupavam ou já reivindicavam até 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal.

O Supremo Tribunal Federal (STF) tinha apontado a inconstitucionalidade da tese apenas uma semana antes de os deputados federais e senadores aprovarem a lei. O que motivou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a vetar este ponto da lei, em outubro.

Em dezembro, o Congresso derrubou o veto de Lula, mantendo o marco temporal. A queda de braço entre Executivo e Legislativo foi judicializada por setores favoráveis e contrários à lei. Em abril, o ministro Gilmar Mendes, do STF, determinou a instauração de um processo de conciliação, suspendendo o julgamento de qualquer ação que trate do tema.

A previsão é de que a comissão criada para tentar estabelecer um acordo entre as partes comece a funcionar no próximo dia 5 de agosto.

Para o Cimi, as disputas em torno dos direitos indígenas, travadas no âmbito dos três Poderes (Executivo, Judiciário e Legislativo), se refletem em um ‘cenário de continuidade das violências e violações contra os povos originários e seus territórios’.

O relatório destaca que os ‘avanços’ na constituição ou reestruturação, pela Funai, dos grupos técnicos responsáveis por identificar e delimitar os territórios indígenas indicam ‘a disposição do órgão em dar andamento à primeira etapa na regularização de demandas represadas há anos’.

Encaminhamentos

Segundo a Funai, em 2023, os processos relativos a 25 terras indígenas foram encaminhados a fim de permitir a publicação das chamadas portarias declaratórias, uma declaração estatal sobre os limites da área já identificada e delimitada por antropólogos como território tradicional indígena. Além disso, foram constituídos 37 grupos técnicos para verificar a situação de outras áreas reivindicadas.

“Contudo a indefinição sobre o marco temporal torna impossível uma previsão acerca do cumprimento dos prazos estabelecidos, na medida em que o governo hesita e utiliza a Lei 14.701/2023 como justificativa para não avançar nos procedimentos demarcatórios”, acrescenta o conselho.

O documento reforça que a homologação de oito terras indígenas ao longo do ano passado ficou ‘aquém das expectativas’, ainda que o resultado seja superior ao dos quatro anos anteriores, quando nenhum novo território foi homologado.

Governo

Consultados, os ministérios dos Povos Indígenas e da Saúde informaram não ter tido acesso prévio ao relatório divulgado esta tarde e que se manifestarão após analisar o documento.

Em nota, o Ministério da Justiça e Segurança Pública informou que a Força Nacional de Segurança Pública tem atuado em terras indígenas, sob demanda, para auxiliar outros órgãos a manter a ordem pública e garantir a segurança e integridade patrimonial e das pessoas.

Ainda segundo a pasta, só no primeiro semestre deste ano, agentes da tropa federativa participaram de operações em 21 áreas indígenas de nove unidades federativas, incluindo ações de combate ao garimpo ilegal, remoção de não-indígenas, proteção dos recursos naturais, policiamento ostensivo e fiscalização ambiental.

Além das operações, a Força Nacional também trabalha na desintrusão das terras Yanomami, Karipuna, Arariboia, Kayapó, Munduruku, Uru-Eu-Wau-Wau e Trincheira Bacajá, esta última, já concluída e, atualmente, em fase de monitoramento da região e elaboração de um plano de sustentabilidade do território.

A nota do Ministério informa ainda que as desocupações correm no âmbito da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 709, expedida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em novembro de 2023. A Suprema Corte homologou os planos operacionais de retirada de invasores dos sete territórios, destacando a necessidade de planejamentos semelhantes e adaptados à realidade de cada comunidade.

“Além disso a Secretaria de Acesso à Justiça (Saju) mantém diálogo constante com comunidades indígenas e com organizações como o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), recebendo e articulando as demandas das populações dentro do MJSP e com outros órgãos do Governo Federal a fim de garantir a efetivação dos direitos dos povos indígenas”, concluiu a pasta.

Leia o relatório:

*Com informações da Agência Brasil

Queimadas aumentaram 189% em Rondônia no mês de julho em comparação à 2023

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Em 23 dias do mês de julho, 763 focos de queimadas foram identificados em Rondônia. O número corresponde a um aumento de 189% em comparação ao mesmo período de 2023. Os dados são do Programa de BDQueimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Mesmo antes de acabar, julho de 2024 já se destacou como o pior em relação a queimadas nos últimos três anos.

Porto Velho é o município do estado com mais focos, seguido por Nova Mamoré (104), Cujubim (76) e Candeias do Jamari (67).

A capital de Rondônia também se destaca negativamente em um panorama nacional, sendo a 4ª cidade do país que mais teve vegetação queimada neste mês. Nova Mamoré (RO) também faz parte do ranking.

O período entre 15 a 21 de julho foi o mais dramático no estado, segundo os dados do BDQueimadas. Somente nesses sete dias, 560 focos foram identificados.

Já em relação às unidades de conservação, o Parque Estadual Guajará-Mirim é o mais afetado. Na região, 90 focos de queimadas foram contabilizados.

Ao longo dos anos, a região vem sofrendo devastação em decorrência da permanência de invasores no local. Os crimes mais recorrentes são extração ilegal de madeira, desmatamento, incêndio, pastagem, caça e pesca ilegal e grilagem de terras.

Estiagem e seca extrema

O município de Porto Velho completou quase dois meses sem chuvas este mês, segundo o Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam). No período de estiagem, os moradores enfrentam altas temperaturas e tempo seco.

As previsões do Sipam para esta semana, indicam atuação de uma massa de ar quente e seca que causam: ventos fracos, baixa umidade e ausência de chuva. Essas condições de tempo aumentam o risco de incêndios florestais.

Em Rondônia, 18 municípios já foram reconhecidos pelo governo federal como em situação de emergência devido à estiagem extrema. Entre eles, Porto Velho e Nova Mamoré.

*Com informações da Rede Amazônica RO

Pesquisador do Inpa debate sobre mudança do ciclo hidrológico na Amazônia e o impacto nas populações ribeirinhas

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O pesquisador afirma que eventos extremos são influenciados por muitos fatores, a exemplo o aquecimento global. Foto: Débora Vale

As mudanças climáticas na região amazônica têm influenciado o aumento significativo dos eventos extremos como secas e enchentes, que por sua vez tem afetado o ciclo hidrológico na Amazônia. É o que apontou o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), Jochen Schöngart, durante a participação na 76ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Na mesa-redonda intitulada ‘A Hidrografia, os aquíferos, as secas e enchentes na Amazônia‘, o pesquisador afirmou que eventos extremos são influenciados por muitos fatores, a exemplo o aquecimento global. .

De acordo com Schöngart, tanto as populações da Amazônia quanto seus ecossistemas são afetados por esses eventos.

O ciclo hidrológico é o processo contínuo de circulação da água entre os diferentes ecossistemas da da natureza como a atmosfera, os oceanos, os rios, os lagos, as geleiras e os lençóis subterrâneos. A Amazônia é caracterizada por altos índices pluviométricos, com chuvas intensas ao longo do ano, principalmente durante a estação chuvosa entre dezembro e maio. A umidade excedente é absorvida pela vegetação, que realiza a evapotranspiração, ou seja, joga a  água para a atmosfera, formando nuvens e contribuindo para o regime de chuvas na região. 

Entretanto, o aumento das secas somado ao desmatamento tem resultado em impactos negativos no ciclo hidrológico local e regional. As mudanças no ciclo hidrológico na Amazônia têm gerado impactos significativos para as populações ribeirinhas da região, dentre esse impactos pode-se citar: a inundação de áreas habitadas; o nível dos rios que afetam a pesca, a agricultura e outras atividades tradicionais; saúde e segurança; e a perda de recursos naturais.

Jochen enfatiza que é crucial investir em educação, pesquisa e tecnologia para mitigar os efeitos das mudanças climáticas.

Jochen é pesquisador titular da Coordenação de Pesquisas em Dinâmica Ambiental (Codam) do Inpa, membro e vice-coordenador do Grupo de Pesquisa Ecologia, Monitoramento e Uso Sustentável de Áreas Úmidas (Maua).  Atua também como membro do Comitê Científico do Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA/Inpa-MCTI) e faz parte do corpo docente dos Programas de Pós-Graduação em Ecologia, Botânica e Ciências de Florestas Tropicais, todos do Inpa.

Além de Schöngart, participaram da mesa o professor Ingo Daniel Wahnfried da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), o pesquisador Ayan Fleischmann do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM),  e como mediador,  Naziano Filizola, também da Ufam. 

Para acompanhar a mesa completa, clique aqui.

Saiba qual vila histórica amapaense tentou “virar país” três vezes no século 19

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A Amazônia amapaense abriga uma vila histórica que tentou “virar país independe” três vezes. O atual distrito de Cunani, no município de Calçoene, a cerca de 426 quilômetros da capital Macapá, tentou se tornar uma república independente pela primeira vez no dia 23 de julho de 1886.

As demais tentativas ocorreram em 1887 e 1892 e também não foram reconhecidas pela comunidade internacional. Elas fracassaram após neutralizações dos governos francês e brasileiro na época. No período, o Brasil e a França disputavam a área que compreende o atual Rio Oiapoque ao Rio Araguari, no que foi chamado de Contestado Franco-Brasileiro.

O Cunani foi fundado pelo francês Prosper Chaton e se chamava “Guanany” que na língua Tupi significa Tucunaré, uma espécie de peixe em abundância na região. Apesar de ter um nome indígena, a vila foi formada principalmente por escravizados fugitivos, aventureiros e comerciantes franceses e brasileiros.

Após a descoberta de ouro em Calçoene, houve um crescimento significativo de moradores em busca do metal na região em meio à disputa econômica, geopolítica e militar. De acordo com o historiador Célio Alício, houve a emissão de moedas próprias e selos postais da “República Independente da Guiana”, ou “República do Cunani”.

“A comunidade surge no contexto do Contestado Franco-Brasileiro, região rica em minério que foi encarada como um ‘Eldorado” desde o século 17 e desde então ocorreu uma disputa que durou mais de 200 anos. Primeiro foi entre Portugal e França e depois entre Brasil e França, após a independência”, descreveu o historiador.

Distrito do Cunani, no município de Calçoene. Foto: Rafael Aleixo/Rede Amazônica

As tentativas de independência: 1886, 1887 e 1892

As três tentativas de independência ocorreram nos anos de 1886, 1887 e em 1892. Nenhuma teve êxito por conta de que a área já estava na disputa entre Brasil e França.

As duas ações foram lideradas pelo escritor e jornalista francês Jules Gros, integrante da Sociedade de Geografia Comercial de Paris. Apesar da área do possível “novo país” estar localizado na América do Sul, ele era governado de Paris, de onde o fundador emitia as moedas e selos.

Brasão, bandeira e a condecoração Ordem da Cavalaria Estrela de Cunani também foram criados. Ainda de acordo com o historiador Célio Alício, a criação da república e o seu governo a partir da Europa evidenciam os fins comerciais dos idealizadores e não de interesse em ajudar a população local.

Ainda segundo o historiador, as pessoas que recebiam as comendas não precisavam necessariamente ser simpáticas à causa, mas apenas comprar o título de nobreza ou as comendas. A terceira tentativa de independência ocorreu de 1892 a 1911 e foi liderada pelo francês naturalizado brasileiro Adolph Brezet.

Telha importada de Marseille, na França, que foi usada na antiga igreja de Cunani. Foto: Rafael Aleixo/Rede Amazônica

O Cunani em 2024

Em 2020, a vila recebeu o certificado como remanescente de quilombo. O acesso remoto, parte pelo oceano e parte pelo Rio Cunani, além das más condições da única estrada que liga a vila com a sede do município de Calçoene, tem dificultado a vida de quem ainda reside no distrito.

Com o passar dos anos, os moradores foram abandonando o local por falta de escolas para a educação dos filhos. De acordo com o Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apenas 56 pessoas moram em Cunani.

O agricultor Rodivaldo Alves Chagas, de 68 anos, nasceu e cresceu na vila. Ele colhe cacau para produzir chocolate caseiro, técnica que aprendeu com os pais e avós.

Outro destaque na economia local é a produção de açaí, considerado um dos melhores do norte do país. De acordo com uma pesquisa da Embrapa Amapá, o fruto da região possui um alto teor antocianinas, característica que deixa a polpa mais arroxeada e priorizada no mercado internacional.

*Por Rafael Aleixo, da Rede Amazônica AP

Pará se destaca com plano de recuperação da vegetação nativa

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No Dia Nacional de Proteção às Florestas, celebrado no dia 17 de julho, o Pará foi destacado como pioneiro na construção do Plano de Recuperação da Vegetação Nativa (PRVN), uma iniciativa que integra a Política Estadual de Mudanças Climáticas (PEMC) do Governo do Estado. O plano busca o enfrentamento da emergência climática com estratégias robustas e sustentáveis.

A Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), responsável pela coordenação das ações, avança com a implementação do Plano, com a estruturação do processo de recuperação de uma área de 10 mil hectares dentro da Área de Preservação Ambiental (APA) Triunfo do Xingu, além da implementação de uma biofábrica para fornecer mudas de qualidade, essenciais para a restauração ambiental.

Leia também: Pará abre consulta pública sobre concessão florestal na Unidade de Recuperação Triunfo do Xingu

Resultado de um processo participativo, a construção do PRVN, lançado em 2023, na 28ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 28), contou com a participação ativa de Povos Indígenas, Quilombolas e Comunidades Tradicionais.

Ampliar as ações de recuperação da vegetação nativa é um desafio central na Década das Nações Unidas da Restauração de Ecossistemas (2021-2030). Diversos países, incluindo o Brasil, comprometeram-se a restaurar 350 milhões de hectares até 2030, como parte do Desafio de Bonn. O Brasil estabeleceu a meta de recuperar 12 milhões de hectares, compromisso reforçado por acordos internacionais como o Acordo de Paris, a Declaração de Nova York sobre Florestas e a Iniciativa 20×20 na América Latina.

O Pará criou um ambiente político favorável para a implementação desta agenda ambiental desde 2019. Em 2020, o estado instituiu a Política Estadual sobre Mudanças Climáticas e, posteriormente, lançou o Plano Estadual Amazônia Agora (PEAA), no qual se comprometeu a recuperar 5,6 milhões de hectares até 2030. O PRVN-PA é, portanto, o principal instrumento do estado para atingir essa ambiciosa meta.

*Com informações da Agência Pará

1ª edição de Feira de Economia Solidária do Baixo Amazonas une diversidade e sustentabilidade

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Com apoio da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), por meio do Instituto de Ciências da Sociedade (ICS) e com participação da Incubadora de Economia Solidária (Iecosol), será realizada em 24 e 25 de julho a 1ª Feira de Economia Solidária do Baixo Amazonas, com o tema ‘Diversidade e Sustentabilidade’. 

O evento ocorre na praça Barão de Santarém, no centro da cidade. Durante a feira será lançado o Plano Safra da Agricultura Familiar, um conjunto de ações do governo federal para fortalecimento da agricultura familiar com o objetivo de promover a produção sustentável de alimentos.

O governo federal liberará R$ 76 bilhões a juros mais baixos para todo o Brasil, e uma parte desses recursos será destinada a agricultores familiares do estado do Pará. 

Os recursos serão anunciados pelo representante do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) no Pará, Edson Júnior, e pelo secretário de Agricultura Familiar do Pará, Cássio Pereira, que estarão presentes na feira.

Na ocasião, a professora Annelyse Figueiredo, do Instituto de Saúde Coletiva (Isco), fará palestra em que apresentará seus estudos sobre a ‘problemática do agrotóxico’. Calouros da Ufopa participarão de uma gincana ambiental, coordenada pela professora Márcia Janete da Cunha Costa e pela aluna do curso de Gestão Pública Mariah Vanzeler, ambas da incubadora Iecosol.

*Com informações da Universidade Federal do Oeste do Pará

Conheça os Mashco Piro, indígenas do maior povo isolado do mundo

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Com cerca de 750 indivíduos, o povo Mashco Piro é o maior grupo indígena isolado do mundo e habita a floresta amazônica, em uma região de fronteira entre o Acre, no Brasil, e o Peru. No entanto, a integridade deste grupo está ameaçada, segundo a organização Survival International, que nesta semana divulgou imagens raras do grupo.

O registro mostra os indígenas caminhando às margens do rio Las Piedras, no sudeste do Peru, supostamente atrás de comida. A Survival alertou para as ameaças a que os Mashco Piro estão submetidos por conta de atividades de madeireiras que operam na mesma região em que eles vivem. Entenda, em três pontos, quem são, como vivem esses indígenas e qual é o alerta dado:

Quem são e onde vivem?

Os Mashco Piro vivem em total isolamento na Amazônia peruana e brasileira, mais precisamente na faixa fronteiriça entre o Acre e o Peru. A área total de extensão da fronteira Brasil-Peru é de 2.995 quilômetros, já a faixa que compreende ao Acre é de 1.565 km.

Estes indígenas dependem exclusivamente do que cultivam e caçam na floresta, tanto para obter os alimentos como para ter as ferramentas e construir os tapiris, que são as casas onde eles moram. Eles evitam contato até com outros indígenas de outros povos.

No Brasil, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) tem três registros confirmados de indivíduos pertencentes ao povo Mashco Piro, sendo:

  • Na Terra Indígena Mamoadate, no limite da fronteira entre Brasil e Peru;
  • No Parque Nacional do Manú, que abrange as regiões peruanas de Cusco e Madre de Dios;
  • E na região do Rio Envira, mais ao Norte, na terra indígena Kampa.

No Peru , onde estão em maioria, eles vivem em uma área de cerca de 816 mil hectares, perto do Parque Nacional Alto Purus. É a Reserva Indígena Mashco Piro, equivalente a uma Terra Indígena no Brasil.

É estimado que o grupo tenha cerca de 750 integrantes, mas o número exato é difícil de ser calculado, segundo a ativista e pesquisadora da organização Survival, Priscilla Oliveira. Eles falam uma língua própria pertencente ao tronco Arawak.

A distância do ponto onde o vídeo divulgado nesta semana foi feito no Peru, para o Brasil, mais precisamente até à estação ecológica do Rio Acre, é de cerca de 180 quilômetros.

Por que eles apareceram?

Acredita-se que eles apareceram porque estão sendo pressionados a sair de dentro do próprio território, principalmente no que diz respeito à busca por comida. A quantidade de indígenas registrados na região, segundo ela, chama atenção.

Nos últimos dias, mais de 50 indígenas Mashco Piro apareceram perto da aldeia dos Yine de Monte Salvado, no sudeste do Peru, que não são isolados. A Survival alertou que os Mashco Piro haviam relatado aos Yine, outro grupo indígena que fala língua parecida, sobre a presença dos madeireiros.

Foto: Arquivo /Survival International.

A Survival International explica que o último registro de indígenas Mashco Piro na região foi feito há dez anos, inclusive na região do Rio Envira.

No passado, mais precisamente em 1880, houve registros de exploração e escravização deste povo indígena. Isto ocorreu quando o território foi invadido por trabalhadores envolvidos na extração de látex, para fabricação de borracha. Alguns deles conseguiram escapar e, então, mantiveram o isolamento.

A Survival alerta que povos indígenas isolados são vulneráveis a qualquer tipo de contato com pessoas de fora, já que eles não possuem imunidade contra doenças comuns como a gripe.

Ainda segundo a ONG, o que se sabe sobre os Mashco Piro é de que eles têm a preferência de manter o isolamento, às vezes reagindo de forma agressiva.

O que está ocorrendo na região?

A ONG denuncia a exploração de madeira no território dos Mashco Piro, no Peru, que compromete a existência dos indígenas, uma vez que parte do território deles ficou de fora da proteção legal, sendo concedido a madeireiros a permissão para exploração de madeira na região.

Neste caso em específico, o espaço dos indígenas fica à beira de um rio, a poucos quilômetros da região onde uma madeireira chamada Canales Tahuamanu detém uma licença de extração certificada pelo Conselho de Manejo Florestal (FSC).

O selo de aprovação, encontrado em produtos feitos de papel, é um certificado de que a madeira utilizada é sustentável. Mas segundo a ativista, não é este o caso. Por conta disto, a ONG quer que esta certificação seja retirada da empresa madeireira e que o governo peruano acabe com as concessões dentro da terra indígena. O pedido é feito por meio de um abaixo-assinado.

Foto: Reprodução/Survival International

Em nota pública, a FSC disse que tomou medidas ao levantar esta questão com o órgão de certificação e a Assurance Services International (ASI) em 2022 e 2023. Falou ainda que, ao que se tem conhecimento, a madeireira tem concessão de exploração válida e que está em uma floresta de produção permanente.

“A unidade de manejo florestal da MCT [Madeireira Canales Tahuamanu] é adjacente à reserva territorial Madre de Dios, onde os Mashco Piro residem. A empresa tem protocolos em vigor para evitar encontros com membros dos Mashco Piro, projetados em coordenação com o Ministério da Cultura do Peru, que é responsável por proteger os povos indígenas que vivem em isolamento voluntário”, informou.

A organização disse ainda que o caso será analisado e revisado com mais cautela para verificar os limites de exploração e proteger os direitos dos povos indígenas.

“Esta revisão informará a posição do FSC em relação à certificação do MCT e orientará outros aspectos do nosso trabalho. Levamos esta investigação muito a sério e, devido ao seu escopo completo, exigirá uma abordagem cuidadosa e considerada para ser concluída”, concluiu.

O governo peruano ainda não se posicionou acerca da denúncia.

*Por Renato Menezes, da Rede Amazônica AC

Povo Puyanawa celebra independência econômica com alta produção de farinha de mandioca em festival 

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Em uma Terra Indígena de 24 mil hectares, em Mâncio Lima, no Acre, o povo Puyanawa faz ecoar para o mundo a sua música, dança, pinturas e culinárias, por meio do 6º Festival Atsa Puyanawa.

A celebração teve início no dia 18 e seguiu até 22 de julho. O evento surgiu com a proposta de fortalecer a cultura indígena da etnia, que tem como referência a atsa, como chamam a mandioca, a maior fonte de renda da comunidade.

Foto: Marcos Vicentti/Secom AC

Juntas, as aldeias Ipiranga e Barão, presentes na Terra Indígena Puyanawa, produzem uma média de 10 a 12 mil sacas de farinha de mandioca por ano (mais de meia tonelada), o suficiente para abastecer o mercado de Mâncio Lima.

Com a alta produção, realizada em 12 casas de farinha presentes na terra indígena, os Puyanawa conquistaram independência econômica e celebram esse momento durante o festival, que reverencia a atsa.

Foto: Marcos Vicentti/Secom AC

Da atsa, a comunidade produz outros alimentos, muito presentes na culinária Puyanawa. Bolos, goma de tapioca, beju, e sorvete são alguns dos alimentos típicos que estão sendo apreciados pelos visitantes de vários lugares do Brasil e do mundo, durante o festival.

Foto: Marcos Vicentti/Secom AC

Kawa, o prato mais procurado do festival

Kawa, o peixe assado na folha da bananeira, que acompanha arroz, mandioca, farofa e salada é o prato mais procurado pelos visitantes do Festival Atsa Puyanawa. Preparado na hora, a um custo acessível, que varia de R$ 20 a R$ 30, o kawa é servido no almoço e na janta, na maioria das barracas que funcionam diariamente, durante os cinco dias de festival.

Foto: Marcos Vicentti/Secom AC

Além dele, o bolo de mandioca, o pé-de-moleque e as tapiocas recheadas atraem os turistas às barracas que oferecem sombra e um agradável ambiente para conversar ou descansar.

“Estou aqui desde o primeiro festival e a cada ano tento me aperfeiçoar, trazer alguma coisa diferente e com sabor especial aos nossos visitantes’, disse Nilza Puyanawa, responsável por uma das barracas com vendas de alimentos.

Experiência cultural e gastronômica

A servidora pública Ana Carolina Gomes veio de Brasília, no Distrito Federal, para participar do festival. Ela conta que esta é a sua primeira vez na região norte e que ficou encantada com o povo, a energia da aldeia, a alegria das crianças e a culinária farta.

Ana Carolina teve pouco mais de dois meses para a planejar a viagem, que aconteceu por um acaso. “Eu estava em uma farmácia, vi que a atendente estava usando acessórios indígenas e logo perguntei de onde eram. Ela me passou o telefone do sobrinho, um Puyanawa que confecciona o artesanato que ela usava, e em contato com ele para comprar um brinco, acabei sabendo do festival e vim parar aqui, junta com minha amiga”, explica..

A amiga Jennifer da Cruz disse que foi pega de surpresa com o convite, mas logo aceitou e hoje considera que fez uma excelente escolha. “É maravilhoso estar aqui participando de todas essas atividades do festival com o Povo Puyanawa”, destacou.

*Com informações da Agência Acre

XTERRA Amazônia 2024: atletas superam obstáculos únicos proporcionados pela floresta

O XTERRA é um evento esportivo internacional conhecido por desafiar atletas em provas que combinam natação, corrida e ciclismo. Mas imagine o quanto pode ser ainda maior o desafio ao competir nessas modalidades em meio à floresta amazônica? Esse foi objetivo do XTERRA Amazônia, realizado nos dias 19 e 20 de julho em Novo Airão, no Amazonas.

Com quase mil participantes entre inscritos e organização, o evento movimentou o município amazonense em sua quarta edição no Estado. As provas foram divididas em corridas de 5km, 10km, 21km e 50 km, além de disputas de triathlon e ainda a Short Track, uma novidade para os atletas de alto nível de experiência convidados à participar nesta edição.

As disputas começaram às 6h30, com largada das provas de 21k e 50k. Em seguida as disputas de triathlon masculino e feminino. E ainda pela manhã, as provas de 5k e 10k. No período da tarde somente a Short Track, masculino e feminino, foi realizada, com transmissão ao vivo pelo canal Amazon Sat e pelo Portal Amazônia.

Confira alguns dos melhores momentos:

XTERRA Amazônia 2024

O XTERRA Amazônia 2024 é uma realização da Fundação Rede Amazônica (FRAM) e tem o apoio da Braga Veículos; Secretaria Municipal de Inovação, Indústria, Comércio e Turismo da Prefeitura de Novo Airão; Secretaria de Estado do Desporto e Lazer, do Governo do Amazonas.

Naturatins realiza monitoramento do período reprodutivo do pato-mergulhão no Tocantins

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Durante o período de junho a julho uma equipe composta por pesquisadores do Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins) e do Laboratório de Ornitologia da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), Câmpus de Caxias, está na região do Parque Estadual do Jalapão para monitoramento do período reprodutivo do pato-mergulhão. A iniciativa integra o Plano de Ação Nacional (PAN) Pato-Mergulhão, sob gestão do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (Cemave), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), autarquia do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA).

O inspetor de Recursos do Naturais do Naturatins, Marcelo Barbosa, explicou que a atividade tem por objetivo investigar os primeiros estágios de desenvolvimento dos filhotes para compreender os fatores que afetam a sobrevivência nas primeiras semanas de vida e realizar testes sobre o uso de ninhos artificiais pela espécie.

Marcelo Barbosa informou que na temporada reprodutiva de 2024, os mestrandos do Laboratório de Ornitologia da UEMA, Janaína Silva e Franciel Lima, sob a orientação do professor Dr. Flávio Ubaid, estão monitorando um ninho da espécie e esperam registrar, nos próximos dias, o nascimento de novos filhotes.

Desde 2007, o Naturatins desenvolve trabalho para conservação do pato-mergulhão. E, a partir de 2008, possui representação no Grupo de Assessoramento Técnico (GAT) do PAN Pato-Mergulhão.

Neste ano, as atividades que tiveram início em abril e prosseguem até setembro, contam com a colaboração da Fundação Pró-Natureza (Funatura); da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), Câmpus de Caxias; Universidade Federal do Tocantins (UFT); do Instituto de Desenvolvimento Rural do Tocantins (Ruraltins), agência de Porto Alegre e da Reserva Conservacionista Piracema, de Almas; o custeio de parte dos recursos é oriundo de doação do Fundo de Conservação de Espécies Mohamed bin Zayed, dos Emirados Árabes Unidos.

Foto: Marcelo Barbosa/Governo do Tocantins

A parceria entre Naturatins, Funatura e UEMA, conforme Marcelo Barbosa, teve início em 2019. “Essa união de esforços permitiu a realização quase anual do censo da espécie no Rio Novo, região do Jalapão”, informou ao destacar que o Naturatins também monitora de forma remota ninhos naturais utilizados em estações anteriores, por meio da instalação de armadilhas fotográficas (câmeras trap), capturando dados sobre a espécie, incluindo predadores potenciais e a dinâmica de uso do ninho pela fêmea.

Além disso, a parceria também resultou na publicação de artigo em revista cientifica sobre o manejo de cavidade/ninhos naturais do pato-mergulhão. No trabalho, de coautoria entre os pesquisadores do Naturatins, Marcelo Barbosa, e da Funatura, Paulo de Tarso Zuquin Antas, eles desenvolveram técnicas de manejo que propiciaram melhorias no uso pelo pato-mergulhão, fundamentais para a sua reprodução e conservação em longo prazo.

Registro do nascimento de filhotes

Durante uma das atividades de monitoramento do período reprodutivo do pato-mergulhão, o Naturatins registrou imagens inéditas do nascimento de oito filhotes da espécie. O registro foi realizado pelo inspetor de Recursos Naturais do órgão ambiental, Marcelo Barbosa.

Conforme o inspetor de Recursos Naturais, o registro é o primeiro na região do Jalapão e está disponível para visualização nos canais oficiais do Naturatins. “O vídeo mostra o momento exato em que os filhotes deixaram o ninho acompanhados pela fêmea”, explicou.

*Com informações do Naturatins