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Evento celebra marca de 10 anos de contato com o povo Yura, no Acre

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O ano de 2024 marca uma década do contato estabelecido pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) com o povo Yura, do Acre. Desde 2014, a autarquia indigenista se faz presente na área, por meio da Base de Proteção Etnoambiental (Bape) Xinane, com equipes que atuam diariamente na Terra Indígena Kampa e Isolados do Rio Envira. 

O objetivo é proteger os Yura e os povos isolados que residem no território, localizado no município de Feijó, de modo a garantir sua integridade física e cultural.

Nesse sentido, a Funai promoveu, entre os dias 15 e 17 de julho, o I Colóquio ‘10 Anos Contato do Povo Yura’ para dialogar com os indígenas e fazer uma avaliação sobre as conquistas, desafios e lições aprendidas, com o propósito central de compreender o impacto e a eficácia das atividades realizadas nos últimos dez anos. 

Foto: Divulgação/ Funai

O evento ocorreu na Terra Indígena Alto Tarauacá, na Bape D’ouro, localizada no município de Jordão (AC), lugar tradicional do povo Yura, que desde os tempos de isolamento utilizava a região para desenvolvimento das suas dinâmicas territoriais.

No Colóquio, a Funai reafirmou seu compromisso com a defesa dos direitos dos povos indígenas de recente contato e seu desenvolvimento autônomo e sustentável. A autarquia atua para fortalecer e promover políticas públicas específicas para essas populações, que não compreendem todos os códigos da sociedade e, por isso, necessitam de atenção especializada.

O encontro, organizado pela Frente de Proteção Etnoambiental (FPE) Envira, foi marcado por importantes discussões e reflexões sobre os desafios e conquistas relacionados ao contato inicial com o povo Yura há uma década. Foram discutidos temas como saúde, gestão ambiental, educação e o acesso à documentação civil básica e a bens de consumo já instituído a partir do Regime de Circulação de Bens.

Foto: Divulgação/ Funai

O evento contou com a presença de cerca de 100 pessoas, entre elas indígenas dos povos Yura,  Ashaninka, Jaminawa, Huni Kuin, Manchineri, Shanenawa e Yawanawá, além de participantes envolvidos nas políticas de proteção e promoção dos direitos de povos de recente contato.  Com isso, foi possível realizar uma troca de experiências entre os povos.

De acordo com o coordenador, nos últimos dez anos, a Funai tem dedicado esforços incansáveis para garantir a promoção e proteção dos direitos do povo Yura.

O encontro contou ainda com a participação das Coordenações Regionais da Funai de Alto Purus e Juruá; da ​Coordenação de Políticas para Povos Indígenas de Recente Contato; do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Juruá; da Secretaria dos Povos Indígenas do Acre; do sertanista aposentado José Carlos dos Reis Meirelles Júnior e da prefeitura do município de Jordão.

*Com informações da Funai

Sorvete de açaí feito no Pará é eleito um dos mais icônicos do mundo pela segunda vez

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A enciclopédia gastronômica TasteAtlas, responsável por elencar pratos e receitas de destaque em todo o mundo, inseriu, pela segunda vez, o sorvete de açaí feito pela Cairu, em Belém (PA), como um dos mais icônicos. A lista com os 100 sabores mais apreciados foi publicada no dia 23 de julho.

“Esta lista apresenta as 100 gelaterias e sorveterias mais icônicas que deixaram uma marca indelével no cenário global de sobremesas. Ela abrange estabelecimentos que aprimoraram sua arte, às vezes até por mais de um século, servindo sabores consagrados como chocolate e pistache, ou combinações inventivas como ricota e pêra, sementes de gergelim e arroz”, descreve a enciclopédia sobre o que leva às escolhas.

Leia também: Sorveteria paraense é classificada como uma das melhores do mundo por enciclopédia gastronômica internacional

Na crítica sobre a representante paraense, informam:

Foto: TasteAtlas

Há mais de 60 anos no mercado, o nome da sorveteria paraense é uma referência ao sapo japonês ‘Kaeru’, considerado um amuleto da sorte, e é uma herança de pai para filho. Atualmente são mais de 30 sabores produzidos artesanalmente, assim como o de açaí.

Caso ‘Índio do buraco’: audiência de conciliação termina sem consenso

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Depois de audiência de conciliação ter encerrado sem uma solução consensual, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) deve concluir, em seis meses, estudo técnico sobre o território Tanaru, área onde vivia o “índio do buraco”, em Corumbiara (RO).

A medida foi definida pela Justiça Federal em ação civil pública apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF) para assegurar o reconhecimento da ocupação ancestral da terra indígena e a destinação socioambiental da área. A ação fica suspensa durante o prazo para conclusão dos estudos. 

A audiência, realizada por meio de videoconferência em 16 de julho, contou com a participação dos procuradores da República Daniel Dalberto, Caroline Helpa e Eduardo Sanches, de advogados e representantes da União, da Funai, da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) e proprietários rurais lindeiros da área em questão. Na ocasião, a União e a Funai indicaram que entendem a área como indígena. Porém, é necessário definir o instrumento jurídico adequado à preservação, o que será objeto de estudo pela Funai. 

De acordo com o MPF, o território já deveria ter sido demarcado, considerando todas as evidências já identificadas de que a ocupação tradicional da área é indígena. Na ação, o MPF sustenta que o território deve ser considerado patrimônio da União e que a destinação socioambiental da área deve ser definida com a participação dos povos indígenas da região e dos órgãos públicos envolvidos na questão. 

A área a ser demarcada inclui território de floresta contínua onde viveu o indígena até a sua morte. Porém, porções dessa área de floresta possuem matrículas de fazendas confrontantes. Advogados dos fazendeiros – que atuam como assistentes da União e da Funai na ação –propuseram deixar uma pequena área para que fosse erguido um memorial ao “índio do buraco”, que faleceu em agosto de 2022, sendo o último sobrevivente do genocídio de um povo indígena da região e que recusou todas as tentativas de contato e aproximação de não indígenas. Ele cavava misteriosos buracos no interior de suas palhoças, por isso recebeu o nome de “índio do buraco”. 

Buraco em Tapiri — Foto: Reprodução/Txai Surui

O MPF esclarece que não é possível negociar o território com particulares, já que a área pertence a União em decorrência da ocupação indígena ancestral. Já existe uma restrição de uso do território definida pela Funai, com duração até 2025.

O MPF pede ainda que a Funai e a União protejam a área durante todo o processo. Após a conclusão dos estudos técnicos, a Funai deve apresentar à Justiça proposta para demarcação e destinação do território. A proposta será analisada pelo MPF, que é autor da ação, e pelas demais partes envolvidas. 

*Com informações do MPF-RO

Primeiro café agroflorestal da Amazônia passa a ser encontrado em grande rede de supermercados

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O Café Apuí Agroflorestal, no Amazonas, primeiro café 100% robusto orgânico cultivado em agrofloresta na Amazônia irá receber recursos do Grupo Carrefour Brasil, que recentemente anunciou investimentos de R$ 28 milhões em projetos destinados ao combate ao desmatamento e à conservação das florestas. Entre as iniciativas está o Café Apuí Agroflorestal.

Leia também: Empreendedorismo e sustentabilidade: Café Apuí, o primeiro café agroflorestal da Amazônia

A iniciativa foi criada pelo Idesam, como sugestão aos produtores que haviam abandonado seus cafezais. Como solução, foi proposta uma nova forma de cultivo para esse café, o Sistema Agroflorestal (SAF), um plantio sombreado, em meio às árvores, que garante mais qualidade e sabor ao café. A organização criou ainda a ponta comercial para levar o café a outras regiões, a empresa Amazônia Agroflorestal, que também presta assessoria técnica aos produtores.

Disponível nas gôndolas da grande rede de supermercados, o café mostra como é possível manter a floresta em pé, gerar renda para agricultores e agricultoras na região e recuperar áreas desmatadas. Até 2023, a iniciativa plantou mais de 120 mil mudas de espécies nativas, apoiando a restauração de 190 hectares de floresta e a conservação de 7,7 mil. Ao todo, mais de 100 toneladas de café já foram produzidas junto a 113 famílias.

Café 100% Orgânico produzido por pequenos agricultores no Sistema Agroflorestal. Foto: Marcelo/Fuê

Disponível em 75 pontos de venda com mais de 100 clientes fixos, o Café Apuí Agroflorestal agora, com o Grupo Carrefour Brasil, irá construir estruturas que vão apoiar o restauro de mais de 190 hectares (equivalente a 1,95 milhões de metros quadrados) até 2027. Estima-se ainda o aumento da renda dos pequenos produtores por meio da produção do café Robusta, podendo chegar a 70% a mais O aporte da empresa será utilizado em três eixos: viveiro de mudas (equipamentos, estrutura e rede de sementes); produção e qualidade (capacitação dos produtores e equipe) e indústria de beneficiamento (melhoria da qualidade e preço).

*Com informações do Idesam

Estudo mostra que bactérias nos troncos das árvores da Amazônia são capazes de absorver metano

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A superfície do tronco das árvores amazônicas abriga um ecossistema em miniatura. Foto: Léo Ramos Chaves/Revista Pesquisa FAPESP

Bactérias que habitam as cascas das árvores parecem ser capazes de absorver um dos mais importantes gases do efeito estufa, o metano (CH4), conforme indica artigo publicado no dia 24 de julho, na revista Nature. Isso é importante porque, ao longo da última década, medições de gases que contribuem para o aquecimento global indicaram que a floresta amazônica poderia estar contribuindo para o problema, em vez de ser a solução. 

A entrada em cena dos novos atores sugere uma equação mais complexa do que parece, além de propor armas adicionais na busca pela mitigação dos danos globais agravados pela ação humana.

As coletas na Amazônia vêm sendo feitas desde 2013 por um grupo internacional liderado pelo biólogo brasileiro Alex Enrich Prast, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) atualmente na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), em parceria com o grupo do biólogo britânico Vincent Gauci, da Universidade de Birmingham, no Reino Unido. “Nós mediamos os fluxos de metano na floresta com baldinhos, enquanto outros faziam monitoramento com aviões”, conta Prast.

Além do trabalho em que está envolvido, ele se refere ao liderado pela química Luciana Gatti, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que, por meio de monitoramento aéreo colhendo ar em diferentes regiões da Amazônia, detectou um volume de emissões maior do que o esperado entre 2011 e 2013.

O trabalho dos pesquisadores de campo trouxe a explicação: o metano formado no solo sem oxigênio das áreas alagadas é processado pelas bactérias associadas às raízes das árvores, que funcionam como chaminés que lançam à atmosfera o gás nocivo. 

A união dos esforços dos dois grupos constatou que as árvores nessas áreas de várzea emitiam tanto metano quanto o que é liberado pelo oceano inteiro, como descreveram em artigo da mesma Nature, em 2017.

De lá para cá, Prast, Gauci e outros colaboradores continuaram a carregar seus equipamentos pelo meio da floresta e perceberam que muitas vezes as árvores fazem o contrário do que os resultados anteriores tinham levado a temer: assimilam mais do que emitem, funcionando como sumidouros de metano. Isso acontece nas próprias várzeas, quando não estão alagadas e têm oxigênio no solo, e também e principalmente em florestas de terra firme, não alagáveis.

Faltava entender por quê, para isso, prenderam às árvores, em diferentes alturas, aparatos que funcionam como câmaras detectoras de gases e mostraram que os troncos absorvem CH4. Mais especificamente, a microbiota do tronco das árvores, que por isso é classificada como metanotrófica, ou consumidora de metano.

Nas várzeas a absorção também acontece, mas não é visível no balanço de emissões na estação alagada devido ao metano produzido no solo sem oxigênio. Os pesquisadores também coletaram amostras da madeira em diferentes alturas, das quais extraíram DNA. 

“Já identificamos, na microbiota do tronco, algumas bactérias que oxidam metano”. Os pesquisadores já sabem também que há diferenças, por exemplo, na comunidade microscópica das cascas mais lisas ou mais rugosas. Por isso, mais adiante, será importante caracterizar a composição em diferentes espécies vegetais algo que ainda não foi feito pela dificuldade de se identificar todas as árvores em campo.

Na Amazônia, as medições foram feitas na Reserva Extrativista do Lago do Cuniã, em Rondônia, às margens do rio Madeira e cerca de 130 quilômetros (km) a nordeste de Porto Velho. Os cálculos indicam que a absorção de carbono pela superfície dos troncos em florestas maduras equivale a 15% da absorção média de todo o carbono pela biomassa vegetal da Amazônia, um valor significativo. 

Prast agrega que a absorção detectada foi maior que a realizada pelo solo, cuja microbiota era até agora considerada a protagonista nesse ciclo gasoso, e que o fluxo de metano nas folhas que também abrigam todo um ecossistema microscópico não é considerável.

O estudo incluiu análises semelhantes na floresta Gigante, na ilha de Barro Colorado, uma estação de pesquisa no Panamá, na floresta temperada de Wytham, no Reino Unido, e em Skogaryd, floresta hemiboreal de coníferas na Suécia. A comparação entre os ecossistemas deixou claro um gradiente associado à temperatura. Os troncos absorvem mais metano em climas mais quentes Amazônia e Gigante, em escala equivalente do que na vegetação britânica e, por fim, na sueca.

Foto: Nathalia Bulcão Soares / UFRJ

Mesmo florestas imaturas, com árvores finas, têm uma grande superfície capaz de abrigar bactérias. Entender seu papel reforça a importância do reflorestamento para mitigar as emissões de gases do efeito estufa. O estudo publicado nesta semana estima um benefício em termos de mitigação que corresponderia a 7% da absorção em florestas temperadas e 12% nas tropicais, o que equivaleria a um aumento de 10% no benefício que já tinha sido calculado para a expansão de florestas.

O agrônomo Jean Ometto, do Inpe, considera uma boa notícia a indicação de que a recuperação florestal possa ter um benefício climático adicional substantivo. “A redução das concentrações de metano antrópico na atmosfera, por sua dinâmica e tempo de residência, é de enorme relevância para que as metas do Acordo de Paris possam ser atingidas”, informa ele, que não participou do estudo, referindo-se ao tratado internacional firmado em 2015.

O metano tem vida curta na atmosfera, cerca de 10 anos, enquanto o CO2 permanece mais de um século. Mesmo assim, o CH4 tem um poder de aquecimento maior devido à maneira como sua estrutura molecular reage com a radiação solar.

Ometto alerta também para a necessidade de se entender melhor como se dá o fluxo de gases no interior da floresta. O pesquisador, especialista em balanço de gases do efeito estufa, indica que o metano que circula próximo aos troncos possa ser principalmente oriundo de incêndios florestais, mas também da atividade biótica de comunidades de microrganismos anaeróbicos presentes nos ecossistemas dos troncos e do solo.

Nos últimos anos, Prast e colaboradores mantiveram medições periódicas em regiões diferentes da Amazônia para entender melhor o papel da floresta, já que a biomassa de árvores varia muito conforme o local. Para chegar a conclusões abrangentes, porém, parece necessário que mais grupos de pesquisa se envolvam. 

Ele se diverte comparando a dificuldade de chegar e acampar no Cuniã (um local bastante acessível em termos de Amazônia) com o trabalho em Skogaryd, na Suécia, aonde os pesquisadores chegam por estrada em pouco tempo. “E voltam para dormir em casa depois da coleta.”

Ele ressalta que o conhecimento sobre a microbiota surgiu a partir de um resultado que parecia negativo: uma emissão de metano pela floresta, que a punha no papel de vilã. “Essa nova área da ciência não avançaria se não tivéssemos prestado atenção a esse resultado.”

“Considerar que a microbiota das cascas das árvores também consome metano altera significativamente o balanço de gases”, diz a engenheira-agrônoma brasileira Júlia Gontijo, pesquisadora em estágio de pós-doutorado na Universidade da Califórnia em Davis, Estados Unidos, no grupo do engenheiro-agrônomo brasileiro Jorge Rodrigues. 

A pesquisadora publicou recentemente um artigo na revista Environmental Microbiome, no qual analisou a capacidade metanotrófica do microbioma do solo em áreas de florestas de várzea e de terra firme na região amazônica próxima a Santarém, no Pará, como parte do doutorado no Centro de Energia Nuclear na Agricultura da Universidade de São Paulo (Cena-USP). Ela incubou amostras de solo das áreas de estudo e simulou as estações de cheia e seca e o aumento de temperatura esperado em projeções de mudanças climáticas. 

Apesar de o solo da floresta de terra firme ser habitualmente um sumidouro de metano, Gontijo viu esse consumo diminuir com o aumento da temperatura. Já no solo de várzea, não detectou alterações expressivas no comportamento microbiano.

Gontijo se entusiasma com a possibilidade de sequenciar os genomas da microbiota dos troncos das árvores e compreender em profundidade quais organismos estão presentes e como a composição varia conforme o ambiente. “As metanotróficas são as minhas favoritas, pois elas podem nos ajudar no futuro.” Em amostras de solo amazônico, ela agora está estudando o material genético e também indicadores metabólicos, para investigar a ação microbiana.

 “A composição da microbiota não revela tudo, porque um microrganismo pode estar presente, mas dormente”, explica. Mais adiante ela pretende também sequenciar RNA para inferir a atividade desses organismos.

Projeto
Dimensões US-BIOTA – São Paulo: pesquisa colaborativa: integrando as dimensões da biodiversidade microbiana ao longo de áreas de alteração do uso da terra em florestas tropicais (nº 14/50320-4); Modalidade Projeto Temático, Programa Biota; Convênio NSF Dimensions of Biodiversity; Pesquisadora responsável Tsai Siu Mui (USP); Investimento R$ 4.199.250,78.

Artigos científicos
GAUCI, V. et al. Global atmospheric methane uptake by upland tree woody surfacesNature. On-line. 24 jul. 2024.
GONTIJO, J. B. et al. Methane-cycling microbial communities from Amazon floodplains and upland forests respond differently to simulated climate change scenariosEnvironmental Microbiome. v. 19, 48. 17 jul. 2024.
PANGALA, S. R. et alLarge emissions from floodplain trees close the Amazon methane budgetNature. v. 552, p. 230-4. 4 dez. 2017.

*O conteúdo foi originalmente publicado pela Revista Pesquisa FAPESP, escrito por Maria Guimarães

Amazônia tem menor desmatamento em unidades de conservação no primeiro semestre dos últimos 10 anos

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O desmatamento nas unidades de conservação (UC’s) da Amazônia fechou o primeiro semestre de 2024 com a menor derrubada nos últimos dez anos, registrando 93 km², uma queda de 18% quando comparado com o mesmo período de 2023.

Os números são do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), do Imazon. Conforme o instituto de pesquisa, os estados com mais unidades de conservação entre as dez mais desmatadas em junho de 2024 foram Acre e Rondônia, cada um com três no ranking. Apesar disso, foi o Pará que registrou a UC que mais desmatou no mês, a APA Triunfo do Xingu, que sozinha representa a derrubada de uma área equivalente a 700 campos de futebol.

Além das UC’s, as terras indígenas da região também tiveram uma redução na destruição florestal no primeiro semestre, com 15 km² derrubados, a menor área registrada desde 2016.

Imagem: Reprodução/Imazon

Após 14 meses com redução, Amazônia apresenta aumento na devastação

Desde abril de 2023, a Amazônia apresentava uma baixa consecutiva no desmatamento, tendo 14 meses seguidos de queda. Porém, os dados do mês de junho de 2024 mostraram um crescimento de 10% na derrubada se comparado com o mesmo mês de 2023, indo de 361 km² para 398 km².

 “O período mais seco do calendário do desmatamento ocorre entre os meses de maio a outubro, historicamente os valores são mais altos durante esses meses porque o clima propicia a prática do desmatamento.A Amazônia apresentou uma sequência de 14 meses consecutivos de redução, agora houve um aumento de 10% da devastação. Ainda assim, a taxa é baixa quando consideramos a série histórica para o junho. Devemos observar os próximos meses, os órgãos responsáveis devem seguir com as ações de combate para garantir o não aumento do desmatamento”, explica a pesquisadora.

Os estados que mais contribuíram para a destruição de floresta em junho de 2024 foram Amazonas (35%), Pará (26%) e Mato Grosso (15%), concentrando juntos 77% do total detectado na Amazônia Legal. Cinco dos dez municípios que mais desmataram estão localizados no Amazonas, e outros três no Pará.

Apesar do cenário do mês de junho, no acumulado do primeiro semestre, 2024 registra a menor área desmatada desde 2017, com 1.220 km². Quando comparada com o ano anterior, a diminuição chega a aproximadamente 36%. Mesmo reforçando a tendência de queda, o número ainda representa 670 campos de futebol devastados por dia.

Clique aqui para ver os dados de junho

Veja aqui os dados os meses anteriores

*O conteúdo foi originalmente publicado pelo Imazon

Tradicional dança do vominê movimenta Festa de São Tiago no Amapá

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A Festa de São Tiago completa 247 anos de muita tradição e devoção. Um dos costumes que mais cresce a cada ano é a dança do vominê, que representa a vitória dos cristãos sobre os mouros na lendária batalha entre os dois exércitos.

Ao rufar dos tambores e disparos para o alto, as casas e ruas da Vila de Mazagão Velho são invadidas pelos devotos de São Tiago, que alegremente festejam e repassam a tradição para as novas gerações. A programação de 2024 segue até 28 de julho.

Foto: Kelison Neves/GEA

De acordo com o professor Elton Jacarandá, um dos novos cavaleiros da festa, o vominê é uma tradição que envolve toda a comunidade durante a festividade, com simbolismos históricos da vitória dos cristãos sobre os mouros.

Foto: Kelison Neves/GEA

O pequeno Tiago Neves, de 11 anos, é um exemplo da continuidade da tradição por gerações. Ele mora na vila onde a festividade ocorre e diz que não perde uma dança.

Festa de São Tiago

Marcada pela mistura de celebrações religiosas, cavalhadas e teatro a céu aberto, a programação é realizada pela comunidade, por meio do Instituto Cultural da Festa de São Tiago, com apoio do Governo do Estado e da Prefeitura de Mazagão, atraindo milhares de visitantes para celebrar os santos e a cultura popular.

 *Com informações do Governo do Amapá

Morre pioneiro da aviação em Vilhena

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Aymoré chegou à região apenas dois anos após a abertura da BR-364. Foto: Júlio Olivar

Por Júlio Olivar – julioolivar@hotmail.com

O sargento da reserva da Aeronáutica Aymoré Barros Pereira, pioneiro da aviação em Vilhena, faleceu nesta sexta-feira, 26, aos 88 anos de idade, no Hospital Regional, após uma cirurgia para tratar de uma hérnia. Natural de Minas Gerais, ele mudou-se para Vilhena (sul de Rondônia) em 1962, apenas dois anos após a abertura da rodovia BR-29 (atual 364), que impulsionou a migração e a criação de vários municípios no estado.

Aymoré chegou a Vilhena em maio de 1962, aos 26 anos de idade (nascido em 12 de maio de 1936). O antigo aeroporto, localizado às margens da BR-364, tornou-se o epicentro da vila que se formava ao redor dele. O jovem sargento Aymoré destacou-se como uma das primeiras figuras importantes em Vilhena. Ele recorda: “Lembro-me de seu Alfredo [Fontinelli, um agricultor cearense], com seu semblante humilde e sua boa família. Além disso, havia outras pessoas, remanescentes da Camargo Corrêa e do DNER”.

A primeira missa em Vilhena ocorreu em 1963, no pátio da FAB (Força Aérea Brasileira), próximo ao aeroporto. Recebido por Aymoré, o padre Ângelo Spadari, da Itália, celebrou a missa para 35 pessoas durante a Semana da Asa, em homenagem a Santos Dumont. O local dessa missa é atualmente próximo ao número 3009 da avenida Sabino Bezerra de Queiroz, dentro da Vila da Aeronáutica, onde também está situada a primeira casa de alvenaria construída no núcleo urbano.

Sargento Aymoré, da FAB, com o filho Sérgio, na precária pista de pouso, na década de 1970 (Foto: Álbum de família). Foto: Acervo de família

O surgimento da FAB exigiu a presença de 12 operários civis vindos do Pará e do Rio de Janeiro, com experiência em motores geradores de energia elétrica, meteorologia, telegrafia, radioamadorismo e outros conhecimentos essenciais para o funcionamento do aeroporto. Eles atuaram sob o comando de Aymoré, também conhecido como Sargento Pereira.

Aymoré era uma figura respeitada na comunidade e frequentemente consultado para resolver problemas, inclusive questões conjugais. Sua calma, habilidade e discrição contribuíram para o desenvolvimento de Vilhena.

A primeira casa de alvenaria de Vilhena, em foto de 2022. Foto: Júlio Olivar

Em 1962, a pista do aeroporto recebeu um radiofarol para auxiliar na navegação das aeronaves. Naquele mesmo ano, a VASP realizou seu primeiro voo com um DC-3, transportando passageiros e cargas. A professora Noeme Barros Pereira, esposa de Aymoré, também desempenhou um papel importante na vila. Além da VASP, outras empresas aéreas operavam em Vilhena, incluindo a Taba (Transportes Aéreos Regionais da Bacia Amazônica) a partir de 1976, bem como o Correio Aéreo Nacional e os táxis aéreos.

Aymoré casou-se com Noeme em 1962, quando ela tinha 19 anos e veio de Pimenta Bueno para trabalhar como professora – a primeira da vila. O casal teve sete filhos, que desfrutavam da liberdade e disciplina enquanto brincavam no Rio Piracolino. Aymoré acreditava no potencial de Vilhena e nunca quis deixar a cidade. Hoje, Vilhena é um polo regional com o segundo melhor IDH do Estado. O corpo de Aymoré será sepultado neste sábado, 27, às 17h, no Cemitério Cristo Rei.

Sobre o autor

Júlio Olivar é jornalista e escritor, mora em Rondônia, tem livros publicados nos campos da biografia, história e poesia. É membro da Academia Rondoniense de Letras. Apaixonado pela Amazônia e pela memória nacional.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

Pesquisa do Imaflora identifica principais dificuldades da mão de obra em projetos de Restauração Florestal

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O Imaflora lançou a publicação ‘Perspectiva Imaflora – Salvaguardas Socioambientais em Projetos de Restauração: Um Olhar para os Trabalhadores’, que aborda os desafios da mão de obra na restauração florestal e propõe caminhos para superá-los. O lançamento ocorreu em conferência entre 8 e 12 de julho de 2024.

Durante a conferência, Natali Silveira, coordenadora de projetos de Cadeias Florestais e autora da publicação, apresentou os resultados da pesquisa de percepção dos atores envolvidos em projetos de restauração. 

No diálogo, participaram Ana Beatriz Liaffa, da SOS Mata Atlântica e membro da rede Pacto da Restauração da Mata Atlântica; Luiz Bugarelli, da ICM Federação Internacional de Trabalhadores da Construção e da Madeira; Márcio Macedo da Costa, do BNDES; e Lara Ribeiro, do H2A HUB Agroambiental, para discutirem caminhos que fortaleçam salvaguardas socioambientais na cadeia da restauração florestal.

A publicação, realizada com apoio do Instituto Clima e Sociedade (iCS), enfatiza que os projetos de restauração florestal demonstram maturidade e consciência sobre as salvaguardas sociais, podendo liderar a agenda de projetos de carbono de alta integridade no país.

A restauração florestal é uma estratégia crucial para a adaptação às mudanças climáticas, oferecendo benefícios sociais, econômicos e ambientais. Estudos indicam que a restauração de 12 milhões de hectares até 2030 pode gerar R$ 19 bilhões para o PIB brasileiro e mais de 5 milhões de empregos, sendo 2,5 milhões diretamente no campo.

No entanto, a mão de obra de campo é considerada um gargalo para o setor, os principais desafios incluem (i) a falta de capacitação técnica específica, (ii) salários baixos, (iii) dificuldades no cumprimento das legislações trabalhistas, (iv) a própria natureza do trabalho e (v) o desafio da sucessão de jovens no meio rural.

A falta de cursos profissionalizantes específicos para atividades de restauração e a baixa remuneração desestimulam os profissionais a aderirem e permanecerem na atividade de restauração, levando a alta rotatividade e competição com outras atividades agrícolas que oferecem melhores salários.

A formalização das relações trabalhistas e a contratação de muitos trabalhadores como Microempreendedor Individual (MEI) ou Pessoa Jurídica (PJ) podem indicar um cenário de ‘0pejotização’ na cadeia e precarização do trabalho.

O trabalho de restauração exige esforço físico e ocorre muitas vezes em áreas isoladas, tornando a logística de transporte e acesso um desafio adicional. A natureza do trabalho rural pesado desestimula os jovens, que buscam melhores oportunidades nas cidades ou outras atividades agrícolas menos exaustivas.

Para superar esses desafios, a publicação sugere investimentos específicos e o desenvolvimento de políticas públicas que criem condições favoráveis à formalização das relações trabalhistas, promovam capacitação técnica da mão de obra do campo, e permitam a otimização dos processos de restauração para que se alcance maior viabilidade financeira e melhoria dos salários.

Algumas das medidas propostas pelo estudo sugerem ainda que os projetos estejam atentos à saúde e segurança dos trabalhadores, forneçam treinamentos de segurança e infraestrutura básica, como banheiros portáteis, comunicação e áreas de vivência.

A capacitação e principalmente a tecnologia são vistas como chaves para a inclusão de jovens e mulheres nos projetos de restauração, em um cenário atual majoritariamente de profissionais homens e maiores de 40 anos.

Políticas públicas e novos editais de financiamento de projetos de restauração devem reconhecer os esforços do setor, orientar critérios e exigir processos de monitoramento social para alavancar os benefícios gerados pela restauração.

A verificação de terceira parte é uma forma de garantir a integridade socioambiental dos projetos de restauração. O Imaflora, por meio do programa Carbon on Track, realiza verificações socioambientais e de estimativa de remoção de carbono, assegurando que os projetos atendam aos critérios socioambientais e aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.

Para impulsionar a restauração em larga escala de forma socialmente justa, é necessário o reconhecimento dos esforços do setor e o desenvolvimento de políticas públicas que abordem e padronizem os critérios sociais nos projetos de restauração. 

*Com informações do Imaflora

Encontro de Tenores: artistas nacionais e internacionais celebram Dia da Ópera no Teatro Amazonas

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O tenor Miquéias William, organizador do XIII Encontro de Tenores do Brasil, que este ano acontece nos dias 25 e 26 de outubro, anuncia mais um artista confirmado para o evento. Trata-se do tenor brasiliense Daniel Menezes, que se apresentará pela primeira vez no palco do Teatro Amazonas, em Manaus (AM).

Além de Daniel Menezes, já estão confirmados no Encontro, o artista mexicano Noé Moreno e o carioca Fernando Portari, além do próprio idealizador do projeto, o amazonense Miquéias William.

O Encontro de Tenores do Brasil acontece anualmente e reúne, no Teatro Amazonas, artistas nacionais e internacionais, para celebrar a música erudita e o Dia Mundial da Ópera (25 de outubro).

Artistas confirmados

Daniel Menezes foi vencedor do Concurso Jovens Solistas 2013, na categoria canto, no XV Festival Eleazar de Carvalho. Ele estudou Licenciatura em Música na Universidade de Brasília e cursou o nível Técnico em Canto Erudito na Escola de Música de Brasília. Foi tenor solista em concertos como Lobgesang, de Mendelssohn, Missa Solemnis, de Beethoven, Magnificat, de Vivaldi e Requiém, de Mozart. Desde 2014, atua como professor de canto, monitor e orientador vocal de coros da cidade.

Também já foi confirmado no Encontro, o tenor mexicano Noé Moreno, que ganhou o concurso Maria Callas, promovido pela Companhia de Ópera de São Paulo e, como parte da premiação, irá se apresentar pela primeira vez em Manaus, no evento.

Miquéias William ressalta que, este ano, o Encontro de Tenores terá dois dias de apresentações, o que amplia a possibilidade de participação do público.

Os ingressos para os dois dias de concerto já estão sendo vendidos na bilheteria do Teatro Amazonas, no Largo São Sebastião, no Centro. Os valores variam de R$ 80 a R$170.