Home Blog Page 65

Dia Nacional da Saúde: Ampliação do esgotamento sanitário está diretamente ligado às melhorias no setor da saúde de Manaus

O Dia Nacional da Saúde, comemorado nesta semana, chama a atenção sobre o papel essencial do saneamento como forma de prevenir doenças e, principalmente, promover saúde e qualidade de vida para população. De acordo com o IBGE, Manaus é a 7º capital mais populosa do País e ações como o investimento na ampliação do esgotamento sanitário são fundamentais para que os mais de dois milhões de habitantes que vivem na cidade tenham acesso à saúde, por meio do serviço.

Os serviços de coleta e tratamento de esgoto estão diretamente ligados ao desenvolvimento humano, qualidade de vida de todo ecossistema e a promoção da saúde da população, por meio da prevenção de diversas doenças.

Para a dra. Pesquisadora do Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD) / Fiocruz Amazônia, Arlete Almeida, os serviços de saneamento são primordiais para a saúde da população das cidades.

Hoje, Manaus avança no quesito através do programa Trata Bem Manaus, que visa a universalização dos serviços de coleta e tratamento de esgoto em menos de 10 anos. Lançado em janeiro deste ano, o programa prevê a construção de mais de 2,7 milhões de metros de rede coletora de esgoto e cerca de 70 Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs).

Somente em 2024, já estão sendo construídos mais de 200 mil metros de rede coletora de esgoto em diversas áreas da cidade, como bairros das zonas Norte, Sul, Centro-Sul e Oeste. A previsão é que até o final deste ano a cobertura chegue a 38% da cidade.

Além de contemplar estas áreas a concessionária também segue com a implantação de rede em áreas de palafitas. O projeto iniciou em 2022, beneficiando moradores do Beco Nonato, localizado no bairro Cachoeirinha. Hoje, o modelo foi expandido para outras áreas com as mesmas características.

Ainda neste ano, a concessionária irá implantar redes de esgoto em áreas de palafitas no bairro Educandos, uma das áreas mais antigas da cidade. “Estudamos a melhor maneira de implantar a rede de esgoto em Manaus, respeitando a cultura e nos adaptando à realidade geográfica da cidade. Desta forma, vamos expandido o serviço que é tão importante para a prevenção da saúde dos moradores e para a preservação ambiental, sem deixar ninguém para trás”, ressalta o gerente de Responsabilidade Social da Águas de Manaus, Semy Ferraz.

Melhorias reais

Dados da Fundação de Vigilância Sanitária em Saúde do Amazonas – Dª Rosemary Costa Pinto (VFS – DCP) comprovam que nos últimos anos, doenças como diarreia e hepatite A, tiveram redução de casos nos últimos seis anos. O período condiz com a ampliação do esgotamento sanitário na cidade. Contudo, para que os investimentos que estão sendo feitos tenham efeitos positivos, é necessária a participação da população, por meio da adesão ao sistema.

*Por Águas de Manaus

Mapa divulga nova lista de marcas e lotes de café torrado impróprios para consumo

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) divulga aos consumidores 16 novas marcas de café torrado desclassificadas após a detecção de matérias estranhas e impurezas ou elementos estranhos acima do limite permitido na Portaria nº 570/2022.  

Os produtos desclassificados são considerados impróprios para consumo e deverão ser recolhidos pelas empresas responsáveis após a fase de análise dos laudos laboratoriais e cientificação das empresas responsáveis pelos produtos quanto aos resultados. A ação está respaldada pelo artigo 29-A do Decreto 6.268/2007, que prevê a aplicação do recolhimento em casos de risco à saúde pública, adulteração, fraude ou falsificação de produtos.   

Aos consumidores que caso tenham adquiridos esses produtos, o Mapa orienta que deixem de consumi-los, podendo solicitar sua substituição nos moldes determinado pelo Código de Defesa do Consumidor.  

Ainda, caso encontrem alguma dessas marcas sendo comercializadas, o Ministério solicita que seja comunicado imediatamente pelo canal oficial Fala.BR, informando o estabelecimento e endereço onde foi adquirido o produto. 

As fiscalizações de café torrado e moído no mercado interno são realizadas pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal da Secretaria de Defesa Agropecuária. “Após a realização da Operação Valoriza, em março de 2024, em que foram feitas fiscalizações de café torrado durante duas semanas de maneira concentrada, o Mapa continuou realizando fiscalizações de rotina durante os meses seguintes, incluindo o atendimento às denúncias feitas por cidadãos por meio da plataforma Fala.BR”, explica Ludmilla Verona, coordenadora de Fiscalização da Qualidade Vegetal.   

As ações fazem parte do Programa Nacional de Prevenção e Combate à Fraude e Clandestinidade em Produtos de Origem Vegetal (PNFRAUDE), que visa diminuir a ocorrência de fraudes e promover a regularidade de estabelecimentos produtores de produtos de origem vegetal. Vale ressaltar que a adição de matérias estranhas ou elementos estranhos ao café é considerada fraude que gera dano ao consumidor, motivo pelo qual o produto foi incluído nas ações do Programa.   

Veja quais marcas e lotes não devem ser consumidos: 

Foto: Divulgação/Mapa

Dicas ao consumidor 

Como o café torrado é moído, pode conter fraudes indetectáveis a olho nu. A atuação dos auditores fiscais federais agropecuários e técnicos de fiscalização agropecuários é fundamental para garantir a qualidade e a segurança dos produtos disponíveis no mercado. 

É crucial que os consumidores verifiquem se os estabelecimentos torrefadores estão devidamente registrados no Mapa, o que pode ser feito clicando aqui. Os consumidores são aconselhados a evitar produtos com preços muito abaixo do padrão e a desconfiar de produtos com sabor e aroma inadequados, pois um café de qualidade deve apresentar características agradáveis. 

*Com informações do Ministério da Agricultura e Pecuária

Corpo de Bombeiros alerta para estiagem severa e pede apoio da população na prevenção de incêndios florestais em Mato Grosso

0

Desde o início do período proibitivo, o Corpo de Bombeiros Militar está em campo atuando na prevenção e combate dos incêndios florestais em Mato Grosso. Entretanto, os próximos meses apontam para um agravamento da estiagem, por isso os Bombeiros pedem para que a população respeite o período e evite queimadas.

O uso irregular do fogo associado ao desmatamento ilegal gera multa de até R$ 7,5 mil por hectare, conforme determina a Lei 9.605, de 1998, conhecida popularmente como Lei de Crimes Ambientais. As multas são aplicadas pelo Corpo de Bombeiros Militar e chegaram a R$ 40,5 milhões no primeiro semestre deste ano.

O major explica que o cumprimento das leis federais e decretos do Poder Executivo Estadual são essenciais para que o meio ambiente seja preservado. Mato Grosso conta com 47 unidades de conservação.

Cenário atual

No total, 140 bombeiros, servidores do Estado e civis combatem 18 incêndios florestais em 13 municípios mato-grossenses. As ações contam com apoio de três aviões, um helicóptero, 35 caminhonetes, 10 caminhões-pipa, nove máquinas e três embarcações.

Vinte e sete incêndios florestais já foram extintos em Canarana, Chapada dos Guimarães, Poconé, Cuiabá, Vila Bela da Santíssima Trindade, Nova Lacerda, Barão de Melgaço, Planalto da Serra, Nova Brasilândia, Rosário Oeste, Canarana, Cáceres, Novo Santo Antônio, Peixoto de Azevedo, Marcelândia, Primavera do Leste, Paranaíta, Nova Mutum, Sinop e São José do Rio Claro.

*Com informações Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Mato Grosso.

Aluno do Acre é indicado para publicar pesquisa sobre matemática e história nos seringais acreanos

0

O ex-aluno do curso de Licenciatura de Matemática, do Instituto Federal do Acre (Ifac), João Felipe de Almeida Correia, foi o único acreano indicado a publicar as discussões de sua pesquisa científica na revista científica Acervo (Qualis A3), do grupo de pesquisa “História da Educação Matemática”.  

O jovem, que atualmente é mestrando do programa de pós-graduação em Ensino de Ciências e Matemática da Universidade Federal do Acre (MPECIM/Ufac), escreveu sobre como desenvolveu o processo de ensino sobre números inteiros, para estudantes da Escola Estadual Serafim da Silva Salgado, a partir de discussões históricas envolvendo a vida cotidiana dos seringueiros e como eles produziam suas dívidas nos barracões localizados nos seringais acreanos.

Leia mais sobre a pesquisa desenvolvida por João Felipe

Foto: Divulgação

O periódico no qual João Felipe terá sua pesquisa publicada reúne textos científicos que abordam temáticas envolvendo a história da educação matemática. O trabalho é orientado pelo professor do campus Rio Branco, Paulo José dos Santos Pereira, e foi apresentado durante o XXII Seminário Temático Internacional, que ocorreu em São Luís (MA), em maio deste ano.

Foto: Divulgação

O barracão

Intitulado “O barracão: trabalhando números inteiros diante da formação histórica e sociocultural do estado Acre”, as discussões propostas pelo ex-aluno do Ifac trazem relatos sobre como ele abordou de forma interdisciplinar conceitos matemáticos, como a ideia de débito e crédito com a utilização dos números inteiros, envolvendo de maneira prática e histórica as vendas que eram feitas nos  barracões  e  a formação de dívidas  pelos seringueiros.

Ainda de acordo com João Felipe, em sua pesquisa, para que os estudantes se aproximassem ainda mais da temática em discussão, foi realizada “a simulação da anotação das dívidas dos seringueiros em um caderno”. A dinâmica,  “proporcionou aos estudantes a oportunidade de trabalhar  com  a  representação  dos  números  inteiros através  de  cálculos  matemáticos.  Eles compreenderam  como  eram  registrados os gastos e dívidas na época, explorando conceitos matemáticos, como adição, subtração, débito, crédito e até mesmo o uso de valores monetários correspondentes  à moeda brasileira de 1902”.

Dessa maneira, como destaca João Felipe em sua pesquisa, “ao calcular as dívidas dos seringueiros, os estudantes não apenas exploraram a matemática, mas também entenderam melhor a economia da época, a relação entre os diferentes produtos e seus valores, além de obterem uma visão mais ampla sobre a vida e o trabalho dos seringueiros durante o ciclo da borracha”.

XXII Seminário Temático Internacional

Pela primeira vez, o Acre esteve representado com seis trabalhos presenciais orientados pelo professor do Ifac, Paulo José dos Santos Pereira, no XXII Seminário Temático Internacional. Além disso, o docente também coordenou uma das salas de comunicações científicas, como também apresentou pesquisas. O evento foi organizado pelo grupo de pesquisa “História da Educação Matemática” (GHEMAT Brasil) e em 2024 teve como tema “Produção, circulação e apropriação da Matemática para o ensino e para a formação de professores, século XXI”.

Dentre os trabalhos orientados pelo docente Paulo José está o do estudante do Ifac, Eduardo Rodrigo Pessoa Silva, que cursa Licenciatura em Matemática, no campus Rio Branco. A pesquisa apresenta os resultados do projeto de extensão “II Jornada Formativa de Educação em Ciências e Matemática do Acre”, que aconteceu em 2023 e foi promovido pelo Grupo de Estudos e Pesquisas de Formação de Professores que Ensinam Ciências e Matemática (FORPROCIM). O projeto ressaltou as discussões sobre os elementos do saber profissional e as abordagens pedagógicas na matemática. 

*Com informações de Instituto Federal do Acre

Mais de 300 nortistas que nunca fumaram podem receber o diagnóstico de câncer de pulmão em 2024

0

O câncer de pulmão é a principal causa de morte por tumores malignos, tendo o fumo do tabaco como o agente cancerígeno mais determinante. Por sua vez, alerta o Grupo Brasileiro de Oncologia Torácica (GBOT), estudos epidemiológicos sugerem que 20% a 25% dos casos de câncer de pulmão podem não ser atribuíveis ao tabagismo. Na somatória da incidência dos sete estados da região Norte, deverão ser registrados 1.530 novos casos de câncer de pulmão em 2024 e, a partir deste dado oficial do Instituto Nacional de Câncer (INCA), a projeção é que entre 306 e 382 nortistas que nunca fumaram recebam este ano o diagnóstico de um tumor maligno no pulmão.

A maior prevalência de câncer pulmonar na região é registrada no Acre, com 10,93 casos para cada mil acrianos. A mais baixa é observada no Amapá, com 7,66 casos para cada 100 mil. Em relação à incidência, o maior número é registrado no Pará, com 650 casos. Os menores números de casos estão no Amapá e Roraima, ambos com 50 casos cada.

Foto: Divulgação

Em todo o mundo, segundo o Observatório Global de Câncer da Agência Internacional par Pesquisa do Câncer (IARC) são registrados mais de 2,4 milhões de casos de câncer de pulmão e a doença responde por 1,8 milhão de mortes anuais. Ao menos 360 mil destas mortes por câncer de pulmão são de pessoas que nunca fumaram.

No Brasil, os dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) apontam que 32 mil pessoas devem receber o diagnóstico de câncer de pulmão em 2024. Considerando a estimativa de ao menos dois entre dez casos serem em não tabagistas, a expectativa é que ao menos 6 mil brasileiros, que nunca fumaram, sejam diagnosticados com a doença este ano. 

O câncer de pulmão em quem nunca fumou (lung cancer in never smokers/LCINS) é o sétimo contribuinte para morte por câncer. São diversas as etiologias (causas) para o câncer de pulmão em não tabagistas. Pensando nisso, em alusão ao Agosto Branco de 2024, o GBOT busca aumenta a conscientização sobre os fatores de risco do câncer de pulmão em não fumantes. “Esta iniciativa tem como objetivo educar o público geral sobre as causas menos conhecidas do câncer de pulmão, que muitas vezes é uma doença erroneamente associada apenas aos fumantes. Ampliar essa informação é crucial, com potencial de promover diagnóstico precoce e salvar vidas”, afirma Clarissa Baldotto.

Confira os principais fatores de risco para câncer em não fumantes.

1 – Exposição ao Gás Radônio: O radônio é um gás radioativo natural que pode infiltrar-se em casas através de rachaduras na fundação. A exposição prolongada a altos níveis de radônio pode aumentar significativamente o risco de câncer de pulmão. Testar e mitigar os níveis de radônio nas casas pode reduzir esse risco.

2 – Fumo Passivo: Não fumantes que são regularmente expostos ao fumo passivo têm um risco maior de desenvolver câncer de pulmão. Isso inclui viver com fumantes ou frequentar ambientes onde o fumo é comum. Defender ambientes livres de fumaça pode ajudar a proteger contra esse risco.

3 – Poluição do Ar: A exposição prolongada à poluição do ar, incluindo emissões de veículos, processos industriais e usinas de energia, é um fator de risco conhecido para o câncer de pulmão. Apoiar políticas que visam reduzir a poluição do ar e promover energia limpa pode mitigar esse risco.

4 – Exposição Ocupacional: Certas ocupações expõem os trabalhadores a carcinógenos como amianto, fumaça de diesel e alguns produtos químicos usados na fabricação. Garantir medidas de segurança adequadas e equipamentos de proteção nos locais de trabalho pode reduzir a incidência de câncer de pulmão entre não fumantes.

5 – Fatores Genéticos:  Um histórico familiar de câncer de pulmão pode aumentar o risco de uma pessoa, mesmo que ela não fume. Incentivar as pessoas a discutirem seu histórico médico familiar com seus médicos pode levar a estratégias de rastreamento e detecção precoce mais personalizadas.

6 – Doenças Pulmonares Prévias: Condições como a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) ou fibrose pulmonar podem aumentar o risco de câncer de pulmão. O diagnóstico e manejo precoces dessas condições são essenciais para reduzir esse risco.

7 – Uso de Cigarros Eletrônicos (Vape): Embora os cigarros eletrônicos (vapes) frequentemente sejam vistos como uma alternativa mais segura ao fumo tradicional, o uso desses dispositivos ainda apresenta riscos, mesmo sem a presença de nicotina. Os líquidos de vape contêm várias substâncias químicas que podem ser inaladas profundamente nos pulmões. Estudos preliminares sugerem que alguns destes produtos químicos podem ser prejudiciais e potencialmente aumentar o risco de câncer de pulmão e outras doenças pulmonares. Promover a conscientização sobre os riscos associados ao uso de vapes, mesmo sem nicotina, é crucial.

Sintomas

Os sintomas do câncer de pulmão variam de pessoa para pessoa. Muitas vezes, os sintomas são facilmente confundidos com doenças respiratórias comuns, como bronquite ou pneumonia, atrasando um diagnóstico preciso. Os sintomas mais comuns do câncer de pulmão incluem:

– Tosse que não desaparece e piora com o tempo
– Dor no peito constante e muitas vezes agravada pela respiração profunda, tosse ou riso
– Dor no braço ou ombro
– Tosse com sangue ou catarro cor de ferrugem
– Falta de ar
– Chiado
– Rouquidão
– Infecções como pneumonia ou bronquite que não desaparecem ou voltam com frequência
– Inchaço do pescoço e rosto
– Perda de apetite e/ou perda de peso
– Sentir-se fraco ou cansado
– Alargamento das pontas dos dedos e leito ungueal também conhecido como “baqueteamento digital”

Se o câncer de pulmão se espalhar para outras partes do corpo, pode causar:


– Dor no osso
– Fraqueza no Braço ou dormência na perna
– Dor de cabeça, tontura ou convulsão
– Problemas de equilíbrio ou uma marcha instável
– Icterícia (coloração amarela) da pele e dos olhos
– Gânglios linfáticos inchados no pescoço ou ombro

*Com informações de Grupo Brasileiro de Oncologia Torácica

Estudantes apresentam projetos para a Amazônia em maratona

Projetos que vão desde produtos faciais a papinhas para bebês, utilizando matérias-primas da Amazônia com foco no impacto socioambiental e destinados à comercialização no mercado internacional, estão entre os três primeiros colocados na quinta edição do hackathon “Amazon Experience”, maratona de idealização e desenvolvimento deste tipo de empreendimento, desenvolvida e realizada em parceria entre o CESUPA (Centro Universitário do Estado do Pará) e a PUC-Campinas.

O evento teve o patrocínio do ICE (Instituto de Cidadania Empresarial), por meio de seus programas de Coalização pelo Impacto e Universidades +Engajadas, e foi coordenado pelos professores Caio Fanha (coordenador do International Office do CESUPA) e José Antonio Olmos (assessor da Pró-Reitoria de Inovação da PUC-Campinas).

Após 15 dias de capacitação e mentoria on-line, estudantes de sete universidades brasileiras foram divididos em oito equipes para desenvolvimento, conclusão e apresentação de um pitch (exposição de ideias de produtos e de negócios para potenciais investidores). A seleção, feita por uma banca composta por docentes da PUC-Campinas e do CESUPA, tinha disponível para cada membro o montante de 10.000 “Amazon Coins” – uma moeda hipotética a ser atribuída a cada projeto, simulando assim uma decisão de investidores.

Os três primeiros colocados foram os que receberam os maiores investimentos atribuídos pela banca. O mais importante é que os projetos fazem parte, agora, de uma lista de diagnósticos desenvolvidos quanto à viabilidade financeira, tonando-se, para os estudantes, já uma oportunidade para se transformarem em empreendimentos por apresentarem projeções econômicas, detalhamento de custos e estratégia de divulgação.

Sobre os projetos e produtos

Dos nove estudantes da ECON (Escola de Economia e Negócios) da PUC-Campinas, três estão entre os principais finalistas. O primeiro colocado foi o projeto skincare em bastão MIA – Made in Amazônia. Trata-se de um bastão 4×1 que proporciona hidratação, tratamento, proteção solar e cobertura suave em um só produto, resumindo a rotina de skincare diária e facilitando a adoção do hábito no dia a dia. Vegano, cruelty free (sem a utilização de cobaias), sustentável e reciclável, o MIA leva em sua composição quatro exclusividades amazônicas: o óleo de andiroba (com ativos para hidratação profunda), é cicatrizante e estimula a regeneração da pele; a manteiga de cupuaçu melhora a elasticidade da pele, é anti-inflamatória e antioxidante; o óleo vegetal de buriti (rico em vitaminas A, C e E, em ácido oleico), estimula a produção de colágeno; e a manteiga vegetal de açaí combate os radicais livres gerados pelo processo oxidativo e auxilia na regeneração da pele.

“Da Amazônia, produzido por comunidades locais, para a sua pele”, informa o slogan do produto. Estudante dos cursos de Relações Internacionais e Geografia na PUC-Campinas, Victória Beatriz Soares lembra que produtos como o MIA auxiliam no desenvolvimento das comunidades envolvidas na cadeia produtiva e levam ao mundo o verdadeiro potencial econômico sustentável da Amazônia. “Historicamente, o mercado europeu é um dos maiores para cosméticos naturais brasileiros, possuindo especial destaque aqueles que são provenientes da Amazônia. Além disso, este mercado está intrinsecamente inserido no mercado de consumo consciente, um dos principais impulsionadores do mercado clean beauty”, revela. Nesse sentido, o MIA estaria pronto para entrar em um mercado aquecido, com projeção de faturamento global de, estimativamente, cerca de US$ 400 milhões até 2029″. Espera-se que somente o mercado europeu adquira US$ 82 milhões no período. Além de Victória, o grupo foi formado por Andrei de Maia Souza (Eng. da Computação / CESUPA) e Evelyn Rayane da Costa Mesquita (Administração / UFPA).

Papinha para bebês

O segundo colocado foi o projeto “Papinha de mandioca para bebês e embalagem biodegradável de caroço de açaí”. A pasta de mandioca foi utilizada como matéria-prima e principal insumo amazônico. Por ser rica em fibras, minerais (como o ferro) e vitamina C, auxilia na recomposição de nutrientes necessários para bebês a partir dos 6 meses. O produto foi pensado como uma contribuição ao combate à desnutrição infantil e à má alimentação de crianças por ingestão de alimentos ultraprocessados. “Combinada com outros insumos, essa papinha ajuda no fortalecimento do sistema imunológico de bebês. É de fácil ingestão e possui ação antibacteriana. Para o aquecimento da economia local, a estudante Gabriela Requeijo dos Santos, do 7º semestre de Relações Internacionais da PUC-Campinas, destaca o incentivo aos pequenos agricultores amazônicos para o fornecimento de insumos, como a mandioca. Outro benefício é a embalagem biodegradável feita do caroço de açaí, que é normalmente descartado. Gabriela acredita no interesse do mercado internacional por ser este um produto inovador, sem concorrência direta. No grupo de Gabriela estavam, ainda, os estudantes Sabrina de Oliveira Araújo (Arquitetura / CESUPA), Matheus Freire Alves (Eng. de Materiais / UFC), Leidiane Rodrigues do Nascimento (Administração / UNB), José Ryan de Oliveira Coelho (Ciência da Computação / CESUPA) e Nathali Nicéia Rosa da Cunha (Ciências Econômicas / PUC-RS).

“Buriti Sérum”

O terceiro colocado foi o projeto “Buriti Sérum”, um produto facial com ingredientes 100% naturais, com propriedades antioxidantes, hidratantes, medicamentosas (útil no tratamento de doenças anti-inflamatórias da pele) e de proteção solar (grande concentração de betacaroteno). Conta, ainda, com o diferencial da embalagem reutilizável e reciclável. Além do óleo de buriti, o produto é composto por óleo essencial de rosa mosqueta (rico em ácidos graxos, ômega-3 e ômega-6, que ajudam a regenerar a pele e a reduzir a aparência de cicatrizes e rugas), óleo de jojoba (combate a oleosidade, tem ação antioxidante e hidratante, serve como um escudo contra fatores como poluição e fumaça) e por ácido hialurônico (molécula que se liga fisicamente à água na pele para torná-la mais fresca e jovem).

De acordo com os estudantes, esse produto mais natural ainda pode chegar ao mercado pela metade do preço de alguns atuais concorrentes. Do projeto de divulgação proposto constam a “criação de conteúdo educativo e envolvente nas redes sociais, incluindo vídeos, infográficos e entrevistas com especialistas em conservação, cosméticos e medicina da pele” e a “organização de palestras nas lojas nas quais os produtos serão vendidos, para conscientizar os vendedores sobre a biodiversidade e a importância da Amazônia para o equilíbrio ambiental global, aumentando a probabilidade de vendas”. 

O projeto é assinado pelas estudantes Raissa Sousa de Oliveira (Ciência da Computação / CESUPA), Gabriela Grosskreutz Beretta (Rel. Internacionais / PUC-Campinas), Maria Eduarda Queiroz dos Santos (Administração / Mackenzie), Juliana Parenza Silveira (Ciências biológicas / PUC-RS) e Nubia Paltrinieri Mazzolini (Administração e Marketing / PUC-Campinas).

Desenvolvimento da Amazônia

*Com informações da Assessoria

Marco temporal: entenda porquê a tese é inconstitucional e viola os direitos dos povos indígenas

0

O Marco Temporal voltou a ser pauta. O Supremo Tribunal Federal (STF) realizou no início desta semana a primeira reunião da comissão especial de conciliação designada pelo ministro Gilmar Mendes para tratar das ações que envolvem o marco temporal para demarcação de terras indígenas.

A conciliação foi marcada no bojo de processos nos quais se discute a inconstitucionalidade da Lei nº 14.701/2023. A mencionada lei foi parcialmente vetada pelo Presidente da República por razões de inconstitucionalidade e por contrariar o interesse público, mas os vetos foram derrubados em sua quase integralidade pelo Congresso Nacional.

A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) já solicitou ao STF o reconhecimento da inconstitucionalidade de diversos dispositivos da Lei 14.701/2023 que contrariam o texto constitucional. Para a Funai, tais dispositivos não apenas consolidam a violação de direitos dos povos indígenas, como também dificultam a implementação da política indigenista.

Os povos indígenas são guardiões da floresta. Várias terras demarcadas são verdadeiros cinturões de proteção ambiental em locais que são completamente degradadosJoenia Wapichana, presidenta da Funai
Entre as disposições prejudiciais para a política indigenista, em especial para a política territorial, está a tese do marco temporal, a vedação à revisão de limites de terras indígenas e a fragilização do direito de consulta aos povos indígenas, além de questões procedimentais para a demarcação de terras.

“A sociedade precisa tomar conhecimento do histórico de violações de direitos dos povos indígenas. Quantos povos não foram dizimados por disputa de terras ou expulsos das áreas que tradicionalmente ocupavam sem poder se defender à altura em ações judiciais que retiraram o seu direito à política territorial?”, critica a presidenta da Funai, Joenia Wapichana.

Para Joenia, a demarcação de terras não apenas garante o direito dos povos indígenas, como também contribui para a conservação ambiental em razão das suas práticas ecológicas e tradicionais.

“As terras indígenas são as áreas mais protegidas em relação à degradação ambiental no Brasil. Os povos indígenas são guardiões da floresta. Várias terras demarcadas são verdadeiros cinturões de proteção ambiental em locais que são completamente degradados”, ressalta Joenia Wapichana.

Confira a seguir alguns esclarecimentos a respeito do tema:

Quais são as principais alterações trazidas pela Lei 14.701/2023 que prejudicam a atuação da Funai?

A Lei 14.701 traz a previsão da teoria do Marco Temporal, no artigo 4º, a qual estabelece que os povos indígenas tinham que estar habitando determinados locais em 5 de outubro de 1988 para que seja possível realizar a demarcação de terra indígena de ocupação tradicional. Esse ponto contraria a decisão do Supremo Tribunal Federal, no Tema 1031 com repercussão geral, julgado em setembro de 2023.

A principal política territorial da Funai é a demarcação de terras indígena de ocupação tradicional. Quando a lei traz o requisito de que os indígenas estivessem no local reivindicado, desconsidera-se que no curso da história houve várias remoções forçadas de povos indígenas de seus locais de ocupação tradicional.

A Lei 14.701/2023 ressalva a possibilidade de demarcação se houver renitente esbulho, entendido como conflito físico ou demanda judicial em curso em 1988. A Funai questiona essa exigência perante o Supremo Tribunal Federal, pois antes de 1988, em geral, os indígenas não tinham a capacidade civil plena, não podendo ajuizar ações na justiça sem assistência da Funai.

A Funai também questiona perante o Supremo Tribunal Federal a desconsideração de situações fáticas, como casos nos quais os povos indígenas foram expulsos das áreas de ocupação tradicional e não tiveram meios físicos ou jurídicos de recorrer contra essa expulsão, o que acaba consolidando uma violação de direitos.

Outro ponto da Lei nº 14.701/2023 que está sendo questionado perante o Supremo Tribunal Federal é o disposto no artigo 13: vedação à revisão de limites de terras indígenas. O termo vedação de ampliação de terras indígenas não é tecnicamente adequado porque a Funai não aumenta terra indígena, mas realiza a revisão de limites de área já existente.

Antes de 1988, a Funai e o SPI (Serviço de Proteção ao Índio) realizaram vários procedimentos de demarcação de constituição de reservas, de parques ou de outras áreas indígenas, sem seguir um parâmetro mínimo que respeitasse a territorialidade dos povos indígenas, a cultura deles e o seu modo de vida.

Com isso, durante muito tempo, vigorou uma política de confinamento, que era a demarcação de pequenos espaços, sejam eles de habitação ou de produção, para liberar espaços para expansão agrícola e exploração econômica das áreas de ocupação tradicional.

Como, historicamente, essa política de confinamento foi o que inspirou a demarcação de terras indígenas antes da Constituição de 1988, a Funai tem muitas demandas para a revisão de limites, não para aumentar terra indígena, mas para declarar adequadamente os limites. Isto para não deixar que o ordenamento jurídico, o Estado, corrobore violações cometidas na época da política de confinamento.

Essa revisão de limites se presta para isso, para a declaração dos limites reais da terra indígena respeitando os parâmetros da Constituição de 1988, que são os quatro elementos de tradicionalidade: áreas de habitação permanente, áreas necessárias para reprodução física e cultural, áreas culturalmente relevantes para os povos indígenas e áreas necessárias para a preservação do meio ambiente. E esses elementos, em muitos casos, não foram respeitados. Esse é outro ponto que o Supremo Tribunal Federal considerou viável em algumas hipóteses fazer essa revisão de limites.

Há, também, em algumas disposições da Lei 14.701, uma fragilização do direito de consulta aos povos indígenas. Esses direitos estão estabelecidos tanto na Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), como na interpretação do artigo 231 da Constituição Federal. A Corte Interamericana dos Direitos Humanos também diz que a Declaração Americana dos Direitos dos Humanos traz o direito de consulta. E quando a lei traz algumas hipóteses de que os povos indígenas não precisam ser consultados, como é o caso do artigo 20, isso acaba criando insegurança.

A lei traz também requisitos excessivos para fazer o procedimento de demarcação de terras indígenas. O Supremo Tribunal Federal já tinha decidido em várias ocasiões que o procedimento adotado pela Funai para fazer a demarcação de terras indígenas era um procedimento constitucional. Apesar disso, a lei trouxe vários requisitos que tornam mais dificultoso e demorado esse processo. Esses novos procedimentos trazem maior ônus para a Funai.

Quais os impactos dessa tese jurídica para os povos indígenas?

Com a tese do marco temporal, aumenta a dificuldade do Estado brasileiro em realizar a demarcação de terra indígena e ocupação tradicional, ou seja, de efetivar o direito à proteção e a efetivação do direito às terras tradicionalmente ocupadas pelos povos indígenas.

Igualmente prejudicial são os dispositivos que tratam da revisão de limites das terras indígenas e a fragilização do direito de consulta dos povos indígenas. Todos esses pontos dificultam a implementação da política indigenista, em especial, a política territorial.

Como a Funai tem atuado nos processos de demarcação de terras desde a promulgação da lei?

A Funai tem analisado com cautela procedimento por procedimento para aferir se estão aptos a prosseguir ou se existe alguma providência que necessite ser tomada diante da Lei 14.701.

Como todo órgão público, a Funai tem que seguir toda legislação. E o procedimento de demarcação de terra indígena tem várias legislações que o regulamentam e que a Funai precisa cumprir, como a própria Constituição Federal, nos artigos 231 e 232, a Convenção 169, o Decreto n.º 1.775/1996, a Portaria MJ n.º 14/1996, a Portaria MJ n.º 2.498/2011, a Lei nº 6.001/1973 e a Lei nº 14.701/2023. É esse arcabouço de normas que regulamenta a atuação da Funai nesses processos.

É feita a análise de todo esse arcabouço incluindo a Lei nº 14.701/2023 que a Funai tem que respeitar. Cada caso tem a sua especificidade. Existem casos em que já existe a comprovação de que os indígenas estavam ali e, portanto, se aplica o marco temporal ou que houve o renitente esbulho, mas cada um tem que ser analisado com cuidado.

É uma análise técnica muito bem feita, inicialmente pela Diretoria de Proteção Territorial e, depois, a Procuradoria Federal Especializada junto à Funai (PFE) faz a análise jurídica. A Funai atua dessa forma para garantir a segurança jurídica no procedimento, quando possível.

De que forma a Funai está tentando reverter a medida?

A Funai está atuando de duas formas no Supremo Tribunal Federal. Já foi pedido o reconhecimento da inconstitucionalidade de todas as disposições da lei que, no entender da Funai, são inconstitucionais.

A Funai também está atuando no Tema 1031, proposto pela Funai e julgado pelo STF. Foi feito um pedido nesta ação por ter relação com o que foi julgado pelo STF e pedido para o Supremo julgar no bojo dela as inconstitucionalidades da Lei 14.701.

Foi solicitada atuação perante as Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs) que estão tramitando no Supremo Tribunal Federal. Além disso, a Funai também fornece informações técnicas e jurídicas à Advocacia-Geral da União que participa dessas Ações Diretas de Inconstitucionalidade. Ou seja, são encaminhadas informações para a atuação da AGU nesses processos.

Número de queimadas na Amazônia em 2024 já é o maior para o período em quase duas décadas

0

Com 20.221 focos de calor registrados de 01 de janeiro a 24 de julho de 2024, os registros de fogo na Amazônia nos sete primeiros meses do ano já são o maior para o período desde 2005, segundo dados do sistema BDQueimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Além de um recorde em quase 20 anos, o fogo registrado na Amazônia nos sete primeiros meses do ano teve um aumento de 43,2% em relação ao mesmo período de 2023 (14.116 focos de calor).

O especialista em campanhas do Greenpeace Brasil, Rômulo Batista, vê com especial atenção o mês de julho de 2024, que, a uma semana para o final do mês, já supera o total registrado em julho do ano passado: enquanto foram registrados 5.772 focos de calor de 01 a 31 de julho de 2023 na Amazônia, o período de 01 a 24 de julho deste já soma 6.732 focos.

Nos dias 23 e 24 de julho, a Amazônia teve 1.318 focos de calor. Para se ter noção da quantidade de fogo, esses dois mesmos dias no ano passado registraram 671 focos, um aumento de 96%. Em 2022, tais dias tiveram 399 focos.

Rômulo lembra que, historicamente, é esperado um alto índice de desmatamento e queimadas na Amazônia entre julho e outubro, época onde a maioria dos estados passa pelo chamado “verão amazônico”, caracterizado pela diminuição da chuva e da umidade relativa do ar e do aumento da temperatura, o que deixa a vegetação mais seca e sujeita ao fogo.

Saiba mais: “Verão amazônico”: entenda as origens do fenômeno e suas consequências

Parque Estadual Guajará-Mirim, em Rondônia, no dia 21 de julho. O local registra um terço dos focos de calor registrados em unidades de conservação na Amazônia este ano.

Múltiplos fatores

Vários fatores contribuíram para o aumento do fogo na Amazônia em 2024: a região está mais seca, o que está intimamente relacionado às mudanças climáticas e foi potencializada pelo fenômeno El Niño. 

Batista também aponta que a paralisação dos servidores do Ibama, devido às justas reivindicações salariais e reestruturação de carreiras, pode gerar a sensação adicional de impunidade.

“Somado ao contexto atual de paralisação do Ibama, outro problema histórico é que não há rigor por parte dos governos para punir os responsáveis pelos incêndios criminosos – não adianta apenas multar quem incendeia, é necessário fiscalizar se houve o pagamento da multa, o que não ocorre na maioria dos casos. Essa leniência permite que o crime seja cometido com mais frequência, pela certeza da impunidade. É preciso empenho integrado entre o governo federal e os governos estaduais na fiscalização das queimadas no bioma”, diz Batista.

*Com informações de Greenpeace Brasil.

Igualdade de gênero é tema do encontro de mulheres manejadoras de pirarucu no Amazonas

No mês de junho, além do Dia Mundial do Meio Ambiente, também foram iniciadas as celebrações dos 25 anos da implementação do manejo sustentável do pirarucu no Amazonas. São 25 anos de uma história repleta de conquistas significativas, alcançadas por meio do esforço contínuo dos povos das águas, das florestas e seus aliados. As primeiras comemorações foram idealizadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM), que integram o Coletivo do Pirarucu.

Em meio a esta jornada histórica, a luta das mulheres manejadoras de pirarucu vem ganhando destaque nos últimos anos, ecoada por suas vozes, mãos e corações. Embora enfrentem desafios de invisibilização de seus trabalhos, o cenário de valorização das mulheres na atividade econômica do manejo do pirarucu está avançando. Uma pesquisa liderada por Carolina Freitas publicada em 2020 revelou que uma comunidade que maneja o pirarucu tem 77% de chance de remunerar as mulheres na pesca; esse número cai para 8% nas comunidades pesqueiras onde não há o manejo.

Outra pesquisa realizada em 2022 pela Associação das Mulheres Agroextrativistas do Médio Juruá (Asmamj), Instituto Juruá e parceiros, aponta que 38% das mulheres e 38% dos homens extrativistas do Médio Juruá discordam completamente da afirmação que ambos os gêneros têm habilidades e capacidades iguais para desenvolverem atividades ligadas ao pescado. Porém, a mesma pesquisa expõe que as mulheres estão expressivamente presentes em quase todos os elos desta cadeia, incluindo a etapa da captura do peixe na água, e mais expressivamente na etapa de beneficiamento do peixe capturado. Ou seja, as mulheres participam ativamente e são habilidosas na pesca, mas ainda não recebem o devido reconhecimento por isso.

Diante desses e outros estudos, a gestão compartilhada dos recursos pesqueiros, com foco no manejo do pirarucu, representa uma importante alavanca para o empoderamento das mulheres nas comunidades tradicionais da Amazônia.

Foto: Talita Oliveira/OPAN

Fortalecendo identidades e redes

No contexto histórico de mais de duas décadas de luta e reconhecimento, o Coletivo do Pirarucu, que reúne diversos perfis e organizações para debater pautas importantes do manejo, formou um grupo de trabalho (GT) em novembro de 2023, denominado ‘GT Gênero, Juventudes e Intersecções’ para dar visibilidade à diversidade no manejo, com foco em mulheres, juventudes e outros grupos sociais invisibilizados. A primeira ação estratégica articulada pelo GT empenhou esforços no grupo das mulheres, por meio do “Encontro de Mulheres Manejadoras de Pirarucu: Fortalecendo Identidades e Redes“, realizado nos dias 8 e 9 de junho em Manaus, como abertura da 11ª Reunião do Coletivo do Pirarucu, de 10 a 12 de junho, que integrou o “Seminário de Vigilância Comunitária e fiscalização nas áreas de manejo do pirarucu no Amazonas” e culminou nas celebrações dos 25 anos de manejo no Amazonas, de 13 a 14 de junho, tendo a participação das mulheres do início ao fim de todos os eventos.

O evento contou com uma programação que permitiu um intenso processo de aprendizagem, trocas de experiências e criação de vínculos. “Estou muito alimentada de expectativas. Tenho certeza de que as mulheres manejadoras têm um Coletivo que pode olhar para cada uma e ajudar no empoderamento para se criar um futuro que possa trazer valorização para o trabalho de todas nós, mulheres e jovens”, expressou Vânia da Silva de Souza, da Comunidade Japurá, região do Médio Purus.

Além das dinâmicas de integração, acolhimento e promoção da confiança para a oratória e o debate, uma das atividades do Encontro abordou uma metodologia participativa sobre o que é empoderamento e desempoderamento comunitário, que foi adaptada por Ana Luiza Violato Espada, do Serviço Florestal dos Estados Unidos (USFS), para o contexto das mulheres manejadoras de pirarucu. A partir disso, também foi possível identificar quais são as percepções das identidades das mulheres que manejam pirarucu e os papeis de gênero que, na prática, vem sendo atribuídos nesta cadeia.

A palestra da Profª Dra. Edna Alencar (UFPA – Universidade Federal do Pará e IDSM) intitulada “Pescadoras artesanais e a gestão social de recursos pesqueiros na Amazônia: renda, conservação ambiental e resiliência”, também compôs a programação do encontro. Foram apresentados dados sociodemográficos de 192 pescadoras manejadoras, além de outras pesquisas próprias e de especialistas diversos, sobre a invisibilidade histórica do trabalho das mulheres na pesca.

Próximos passos

Como encaminhamento, o GT seguirá se reunindo mensalmente de forma remota para trabalhar estratégias e ações transversais no âmbito do Coletivo, em busca da equidade de gênero no manejo do pirarucu, tendo como foco inicial a valorização das mulheres e, posteriormente, atuação direcionada para juventudes e outras identidades de gênero.

*Com informações do Coletivo do Pirarucu

Focos de calor na Amazônia em julho de 2024 tiveram aumento de 98% em relação ao mesmo mês no passado

A Amazônia teve 11.434 focos de calor em julho de 2024, segundo dados do sistema BDQueimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), um aumento de 98% em relação ao mesmo mês no ano passado (que registrou 5.772 focos de calor). O maior registro de fogo no mês foi 30 de julho, com 1348 registros em um único dia. 

Julho também teve o maior registro de fogo na Amazônia desde 2005, quando ocorreu o recorde histórico de 19 mil focos de calor para um mês de julho. No estado do Amazonas, o recorde de focos de queimadas é histórico, sendo o maior desde 1998, quando o Inpe iniciou as medições.

É esperado um aumento nos alertas de de desmatamento e nas queimadas na Amazônia entre julho e outubro, época onde a maioria dos estados passa pelo “verão amazônico”período em há diminuição da chuva e da umidade relativa do ar e do aumento da temperatura, o que deixa a vegetação mais seca e sujeita ao fogo. 

Saiba mais: Verão amazônico, entenda as origens do fenômeno e suas consequências

O porta-voz também alerta que julho é apenas o primeiro mês deste período seco na Amazônia, e que há previsões de uma seca muito severa no bioma em 2024. 

Caminhos para o combate do fogo

“É preciso abandonar o uso do fogo na pecuária e agricultura, ficando seu uso restrito a povos indígenas, populações tradicionais que historicamente manejam o fogo em áreas muito pequenas e pequenos agricultores que não tem outra opção viável tecnicamente e financeiramente”, afirma o porta-voz.