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“Seca impactou nas chuvas criando situação de alto risco para incêndios florestais”, diz diretora de Ciência do IPAM

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A diretora de Ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), Ane Alencar, dá um panorama sobre a situação da temporada do fogo que, em função da seca, tende a ser mais severa este ano. A entrevista foi divulgada na newsletter Um Grau e Meio, uma produção quinzenal e gratuita do IPAM com análises exclusivas sobre clima e meio ambiente. Confira a entrevista:

Qual o cenário que se apresenta para a temporada do fogo na Amazônia este ano?

O cenário é preocupante. Infelizmente o efeito da seca severa que atingiu a Amazônia em 2023 e se estendeu até o início de 2024, acabou por impactar a estação chuvosa de 2024, reduzindo sua extensão e intensidade. Este ano, as chuvas só começaram a cair em Roraima – último Estado a começar a chover – no final de março atrasando esse período em quase um mês.

Por outro lado, no ponto mais extremo ao sul da Amazônia, no estado do Mato Grosso, as chuvas param mais cedo em 2024 determinando o fim do período chuvoso, o que geralmente no fim de maio. Esse encurtamento da estação chuvosa depois de um período de seca extrema, não foi suficiente para recarregar o solo e os rios, que já iniciaram o período seco de 2024 em situação de estresse.

Quais os estados e municípios que podem ser mais impactados?

A seca de 2023 e início de 2024 acabou por afetar principalmente o norte da Amazônia, mais precisamente a região ao longo e a norte da calha do rio Amazonas. Estas regiões que compreendem o norte do estado dos estados do Amazonas e Pará, e Roraima e Amapá, essa região está muito suscetível devido ao estresse hídrico gerado anteriormente, mas essa região que tem seu período ápice de fogo em Outubro pode receber um impacto positivo do La Nina que em outubro já espera-se que esteja mais forte e antecipe o período de chuvas.

Isso significa que talvez a região mais preocupante seja mesmo aquela ao sul da calha do Amazonas que apesar de não ter sofrido o nível de seca extrema do norte da Amazônia, teve um período anômalo de seca e agora já dá indícios de estar muito inflamável. O Estado do Acre, Sul do Amazonas, Rondônia, norte do Mato Grosso e Sul do Pará entram nessa lista de regiões onde as atenções devem ser redobradas, ainda mais que essas são as regiões onde o desmatamento também se mostra bastante ativo.

Quanto tempo deve durar?

O auge do período seco em grande parte da região são os meses de agosto e setembro. Normalmente no meio do mês de outubro, já começam as chuvas no sul da região. O fenômeno La Nina, pode antecipar esse período chuvoso o que pode ser uma boa notícia para reduzir os riscos de incêndios na região. Eu diria que tudo vai depender de quando o La Nina ganha força e do nível de influência do aquecimento do Oceano Atlântico.

Por que os incêndios florestais se agravam nesta época?

É nessa época que grande parte da Amazônia está sem chuvas e as pessoas aproveitam para queimar as áreas recém desmatadas e fazer uso do fogo para renovar seus pastos. O uso descontrolado do fogo acaba por criar situação de riscos onde o fogo escapa para as florestas adjacentes e causa incêndios. O que acontece justamente no período que a paisagem está mais inflamável como um todo.

Quais as características destes incêndios florestais?

Normalmente os incêndios florestais na Amazônia tem características muito próprias. Devido ao nível de umidade e cobertura de copa, uma área de floresta afetada pelo fogo uma primeira vez tem uma característica onde as chamas são baixas, de 20cm a 50cm, e a frente de fogo é lenta. 

Isso acaba matando grandes arvores que não tendo uma proteção de casca apropriada são expostas a altas temperaturas por um longo período. Uma vez que essas áreas de floresta são queimadas, favorecem que um segundo fogo tenha características diferentes, já sendo mais intenso e podendo chegar a copa dependendo do nível de seca do ambiente.

Quais atividades econômicas mais contribuem para os incêndios florestais?

Os incêndios são derivados das queimadas que finalizam o processo de desmatamento e é muito utilizado como ferramenta para a renovação de pastagem. Como a principal atividade econômica da Amazônia é a pecuária, ocupando cerca de 90% da área desmatada na região, e essa atividade usa o fogo como principal ferramenta de manejo, podemos afirmar que o uso descontrolado do fogo para a manutenção das áreas de pastagem são fontes importantes para os incêndios na região.

Que tipo de providência pode ser tomada para se antecipar e prevenir o cenário?

Em um cenário onde a paisagem está muito inflamável, a melhor coisa a se fazer é reduzir o fogo na paisagem e tomar medidas para controlar o uso do fogo onde ele é autorizado. Isso quer dizer, que a redução do desmatamento e incentivos para práticas agropecuárias sem o uso do fogo seriam medidas muito bem vistas nesse momento de extrema inflamabilidade das florestas da região.

O que é e por que existe uma temporada do fogo na Amazônia?

A temporada do fogo existe pois ele é usado como ferramenta na prática produtiva e de manejo do principal uso da terra da região, a pecuária. Seu uso vai desde a formação das áreas de pasto através do desmatamento até a manutenção dos pastos plantados, sendo uma forma barata de limpar os arbustos e plantas não palatáveis para o gado e favorecer a rebrota do capim plantado.

Há locais que estão lidando melhor com a situação do que outros? Como suas experiências podem ser um exemplo a ser replicado no bioma para a redução do fogo?

Eu vejo que é difícil imaginar a paisagem da Amazônia sem nenhum fogo acontecendo justamente pela sua importância na prática agropecuária, mas vejo o uso do fogo diminuindo e aonde ele tem que ocorrer, ser de forma controlada e responsável. Isso sem dúvidas vai reduzir e muito a possibilidade de incêndios que acabam por gerar uma situação de degradação e perda de qualidade das florestas e dos ecossistemas da Amazônia como um todo. 

Um exemplo de que a redução e uso controlado do fogo reduzem o risco de incêndios ocorreu em 2023, quando de acordo com um estudo lançado recentemente pelo IPAM, indicou que os municípios que tiveram maior redução do desmatamento, também reduziram a área queimada, principalmente por incêndios. Esse esforço de redução do desmatamento precisa continuar, assim como o de controlar o uso do fogo.

*Com informações do IPAM Amazônia

Museu de Guajará está abandonado

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O prédio é uma relíquia arquitetônica da Amazônia. Foto: R. Machado

Por Júlio Olivar – julioolivar@hotmail.com

Localizado em frente ao rio Mamoré, fronteira natural entre Brasil e Bolívia, o Museu Municipal de Guajará-Mirim, a 359 km de Porto Velho, está em estado de abandono e fechado à visitação pública há pelo menos quatro anos. Instalado na antiga estação da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré (EFMM), o espaço cultural guardava relíquias importantes da história local e regional.

Nesta semana, o fotógrafo e memorialista Rosinaldo Machado, de Porto Velho, esteve em Guajará. Ele fotografou o museu e escreveu um texto em que lamento a situação. O ativista, que é também membro da ARL (Academia Rondoniense de Letras), resume o quadro desta forma: “Desprezo, descaso e crime contra a nossa história”.

A estação foi criada em 1912. Sessenta anos depois, foi fechada, após a desativação definitiva da histórica ferrovia. Somente em 1992, foi reaberta, agora transformada em museu. “Em seu interior há valiosas peças que retratam a história da ferrovia, dos heróicos e anônimos trabalhadores, dos seringueiros e dos indígenas”, relata Machado, em tom indignado.

Em 2006, o prédio foi tombado pelo Iphan como patrimônio histórico nacional. Tornou-se um cartão postal visitado por turistas, estudantes e pesquisadores. Ao longo dos anos, o clássico imóvel passou por algumas reformas, sendo a última concluída em 2013 pelo Governo do Estado em convênio com o Governo Federal.

Telhado ameaça desabar. Foto: R. Machado

Atualmente, “as paredes estão desgastadas pelo tempo, o telhado está desabando e as belíssimas peças que estavam no interior do museu sumiram ou estão sendo degradadas pelo tempo”, aponta o fotógrafo.

A prefeitura afirma que o espaço pertence à União e que não foi repassado, formalmente, ao Município. Não há nenhum projeto da prefeitura em curso encaminhado ao Governo Federal pedindo solução para o problema. Rosinaldo Machado entrou em contato com o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e aguarda uma manifestação do órgão. O ativista também citou o Ministério Público Federal para que se pronuncie.

Sobre o autor

Júlio Olivar é jornalista e escritor, mora em Rondônia, tem livros publicados nos campos da biografia, história e poesia. É membro da Academia Rondoniense de Letras. Apaixonado pela Amazônia e pela memória nacional.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

Após baixa do nível do Rio Madeira, Defesa Civil de Porto Velho recomenda “uso essencial de água”

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A estiagem no Norte do Brasil continua intensa e agravando a crise hídrica a cada dia. No dia 5 de agosto, para se ter uma ideia, o nível do rio Madeira chegou a 2,08 metros, bem abaixo da média para este período do ano. Porém, conforme a Defesa Civil de Porto Velho, o rio Madeira pode subir cerca de 30 centímetros nos próximos dias, por causa das chuvas no Rio Beni.

Ele acrescentou que equipes continuam realizando visitas nas comunidades ribeirinhas, verificando situações específicas em cada uma delas. Além disso, estão distribuindo hipoclorito de sódio para tratamento de poços, águas de nascentes ou de rios, tornando-as propícias ao consumo humano.

Água Mineral

Eles também já estão trabalhando para que seja executado a partir da segunda quinzena de agosto, o cronograma de distribuição de água mineral em algumas comunidades, cujos ‘poços amazônicos’ não resistem e secam no período mais crítico da seca.

Outras localidades estão sendo contempladas com poços artesianos. “O cronograma de perfuração de poços artesianos está sendo executado, em fase de perfuração ou em processo de contratação desse serviço, com objetivo de aumentar o quantitativo de poços a serem perfurados e reduzir a escassez de água potável para as famílias”, afirmou Ribeiro.

Foto: Reprodução/SMC

Navegação

Quanto às embarcações, o coordenador alerta que a navegação noturna no rio Madeira continua proibida e o transporte aquário segue com a capacidade reduzida, o que significa que o volume de carga transportada nesse período está sendo abaixo da média, para garantir a segurança na navegação.

Por outro lado, para a segurança das pessoas, a Defesa Civil Municipal não recomenda que banhistas frequentem as praias do Madeira, por causa do perigo de afogamentos e ataques de animais como jacarés, cobras e arraias, entre outros.

Diálogos

A Defesa Civil Municipal permanece unida e em constante diálogo com a Agência Nacional de Águas (ANA), Centro Gestor Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), Defesa Civil Estadual e o Serviço Geológico do Brasil (SGB), obtendo informações e sugestões de enfrentamento à crise hídrica, extremamente úteis para o planejamento estratégico da gestão municipal.

Os encontros entre esses entes federativos acontecem semanalmente e o próximo está agendado para sexta-feira (9), sob a coordenação da Defesa Civil Estadual de Rondônia.

*Com informações da Prefeitura de Porto Velho

Floresta Viva: parceria promove recuperação em 4 unidades de conservação no Amazonas 

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O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Eneva anunciaram parceria para promover a recuperação florestal em quatro unidades de conservação (UCs) no estado do Amazonas, por meio da iniciativa Floresta Viva

São dois projetos que envolvem o plantio de espécies nativas e a implantação de sistemas agroflorestais, combinando culturas agrícolas com espécies florestais nativas, e que também atuam para capacitar a população local e criar oportunidades de renda para as comunidades envolvidas, como a criação de uma rede de coletores de sementes de espécies nativas.

O esforço conjunto inclui a restauração ecológica de 400 hectares de áreas degradadas, o que equivale a 560 campos de futebol, com um investimento superior a R$ 10 milhões. As ações se concentram na Área de Proteção Ambiental (APA) Margem Esquerda do Rio Negro – Setor Tarumã Açu e Tarumã Mirim – e nas reservas de desenvolvimento sustentável (RDSs) do Uatumã, Puranga Conquista e Tupé.

Selecionados por edital, ambos têm prazo de execução de até 48 meses e estão alinhados com os objetivos de desenvolvimento sustentável (ODSs) das Nações Unidas.

A diretora Socioambiental do BNDES, Tereza Campello, destaca que o banco já aprovou oito projetos do Floresta Viva para ações de recuperação em restingas e manguezais, com investimentos de mais de R$ 47 milhões. 

De acordo com a diretora-executiva de Estratégia e ESG da Eneva, Flavia Heller, os projetos selecionados se inserem no compromisso da empresa em contribuir para a conservação e recuperação do bioma da Amazônia em áreas degradadas, “sempre com um aspecto social muito importante: o de capacitação e criação de cadeias produtivas compatíveis com a floresta, que possam gerar renda e oportunidade de emprego para as comunidades locais”.

Projetos

Coordenado pelo Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam), o projeto Restauração Ecológica Produtiva: Promovendo uma Paisagem Sustentável na Amazônia será desenvolvido em três UCs da região de Manaus e dos municípios de Itapiranga e São Sebastião do Uatumã e atuará na restauração da floresta por meio de sistemas agroflorestais, conciliando o plantio de espécies agrícolas e nativas em 200 hectares.

O projeto deverá produzir e plantar aproximadamente 66 mil mudas. Além de instalar viveiros comunitários, o projeto pretende aperfeiçoar viveiro existente e realizar cursos de capacitação nas comunidades. “O propósito é fomentar a cadeia da restauração como um instrumento de mudança do modelo de ocupação da terra, com geração de renda e valorização da alta biodiversidade existente na região”, destacou o diretor Técnico do Idesam e coordenador do projeto, André Viana.

O projeto Reflora, liderado pelo Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ), vai implementar a restauração em 200 hectares na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Puranga Conquista, no rio Negro, em Manaus. Na área, será criada a rede de coletores de sementes, bem como outras práticas de desenvolvimento de sistemas agroflorestais para diversificar produtos extraídos ou cultivados na floresta.

Iniciativa

Concebida pelo BNDES para mitigar os efeitos das mudanças climáticas e promover a preservação da biodiversidade em diferentes biomas brasileiros, a iniciativa Floresta Viva tem o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Fuinbio) como responsável pela gestão operacional e pela condução da execução. 

Seminário

Representantes do Banco apresentaram nesta terça-feira, 6 de agosto, durante seminário na sede do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), em Manaus, o projeto Floresta Viva Amazonas, fruto de edital da iniciativa Floresta Viva lançado em 2023.  O projeto prevê investimento de R$ 250 milhões do BNDES, ao longo de quatro anos, em ações de restauração ecológica em territórios do bioma amazônico, começando pelo Estado do Amazonas.

Campos Amazônios-71
Foto: Divulgação / Funbio

O projeto prevê a restauração ecológica de 400 hectares de ecossistemas degradados e enriquecimento de capoeiras de reservas extrativistas e áreas de proteção ambiental na região de Manaus e Presidente Figueiredo.

As ONGs Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ) e Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável no Amazonas (Idesam) atuarão em cinco unidades de conservação: a Área de Proteção Ambiental (APA) Ufam-Acariquara, no caso do IPÊ, e as reservas de desenvolvimento sustentável (RDSs) Poranga Conquista, São João do Tupé e Uatumã, além da APA Tarumã Mirim e do Parque Estadual Samaúma, na área urbana de Manaus.

*Com informações de Agência BNDES de Notícias.

Justiça anula licença prévia do trecho do meio da BR-319 

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Uma decisão liminar da 7ª Vara Ambiental e Agrária do Amazonas anulou a licença prévia n° 672/2022 do trecho do meio da BR-319, que liga Manaus (AM) a Porto Velho (RO). A decisão foi deferida pela juíza Maria Elisa Andrade em resposta a uma ação civil pública movida pelo Observatório do Clima (OC). A organização argumentou que a licença, concedida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em 2022, ignorava dados técnicos e científicos fundamentais.  

A ação civil pública também destacou que a licença desconsiderava uma série de pareceres técnicos do próprio Ibama e a necessidade de governança ambiental para controlar o desmatamento antes do início das obras. A juíza Maria Elisa Andrade afirmou que a falta de políticas públicas eficazes para prevenção e repressão de crimes ambientais torna inviável a obra. Ela ressaltou que a reconstrução da BR-319 só poderia ser considerada se houvesse um fortalecimento significativo da governança ambiental e fundiária. 

No despacho, a magistrada enfatizou que, sem políticas públicas de controle e prevenção ao desmatamento e a grilagem, a destruição da floresta amazônica é inevitável, tornando o empreendimento inviável. Além disso, a liminar aponta a necessidade de incluir estudos de impactos climáticos, mencionando que a falta de tais estudos compromete tanto o controle governamental quanto o público, enfraquecendo compromissos nacionais para mitigar a crise climática. 

Em caso de descumprimento da decisão, a juíza estipulou uma multa de R$ 500 mil sobre o patrimônio do agente público responsável. 

“A decisão da justiça federal demonstra que a política não pode se sobrepor à lei e à técnica. Não se pode dar seguimento ao processo visando à emissão da Licença de Instalação quando a Licença Prévia está eivada de nulidade. Não há governança na região capaz de controlar o desmatamento gerado pelo asfaltamento do trecho do meio da BR 319”, disse o especialista em litígio estratégico do OC e um dos autores da ação civil pública, Nauê Bernardo. 

Leia a decisão na íntegra aqui.

*O conteúdo foi originalmente publicado pelo Observatório BR-319, com texto adaptado do original publicado pelo Observatório do Clima.

Pesquisadores realizam estudo sobre qualificação dos estoques de carbono na região da Amazônia Maranhense

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Uma pesquisa realizada no Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade e Conservação (PPGBC) da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) revela informações significativas sobre os estoques de carbono na Amazônia Maranhense, ressaltando a importância das florestas da região na mitigação das mudanças climáticas globais. A pesquisa foi conduzida pelo aluno Admo Silva e supervisionado pelo docente Celso Junior, ambos pertencentes ao programa, e publicada recentemente na Revista Brasileira de Geografia Física.

O estudo teve uma abordagem aprofundada para a quantificação e valorização dos estoques de carbono florestal na Amazônia Maranhense, utilizando dados de sensoriamento remoto para analisar a vegetação, que inclui as características das florestas de terra firme, vegetação secundária, manguezais e áreas protegidas. A pesquisa utilizou uma abordagem multidisciplinar, combinando dados de sensoriamento remoto, análise econômica e avaliação ecológica para fornecer uma visão abrangente do papel das florestas na Amazônia Maranhense.

As principais descobertas da pesquisa retrataram um levantamento da Amazônia Maranhense, demonstrando que a região armazena aproximadamente 279 milhões de toneladas de CO₂, avaliados em 6,70 bilhões de dólares (utilizando a abordagem do custo social do carbono). Foram destacadas as áreas com maior concentração de carbono, onde estão as florestas maduras e a vegetação secundária, particularmente, na Reserva Biológica do Gurupi e em terras indígenas.

A análise apontou que mais de 80% dos estoques de carbono de florestas secundárias estão fora de áreas protegidas. Também, foi identificada a questão da degradação florestal (incêndios florestais e extração seletiva de madeira) que tem impacto significativo na redução dos estoques de carbono de florestas maduras.

Imagem: Reprodução/UFMA

Admo Silva destacou a relevância da preservação dessas áreas. “Nossos resultados mostram que as florestas maduras e a vegetação secundária desempenham um papel vital no sequestro de carbono. Proteger essas áreas não só é essencial para a biodiversidade, mas também para mitigar o aquecimento global”, frisa.

O estudo tem o intuito de adotar estratégias integradas e sustentáveis que promovam a proteção ambiental, a fim de proporcionar a proteção do meio ambiente em evidência, a importância emergente na mitigação das mudanças climáticas, que envolve a implementação de políticas públicas com incentivos à conservação e à restauração das florestas secundárias e áreas protegidas.

O professor do PPGBC, Celso Henrique Leite Silva Junior, acrescenta a importância dos resultados do estudo que facilitou a identificação precisa dos níveis de carbono, além de proporcionar uma visão detalhada sobre a distribuição geográfica na região.

A pesquisa foi financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e contou com o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

*Com informações da UFMA

XTERRA Amazônia 2024: relembre como evento esportivo desafiou atletas na floresta

Foto: Rodrigo Barreto/XTERRA Brasil

O maior circuito off-road do mundo. Essa é a melhor maneira de definir o XTERRA. Há mais de 25 anos o evento esportivo reúne atletas que buscam desafios e o XTERRA Amazônia 2024 foi exatamente isso. A edição movimentou o município de Novo Airão, no Amazonas, com corridas de 5, 10, 21 e 50 km, além de disputas de thriatlon e ainda a Short track, um mega desafio dedicado a atletas de alta performance.

Com provas que combinaram corrida, natação e ciclismo em meio à floresta amazônica, o XTERRA possibilitou uma experiência única tanto para os quase mil participantes quanto para os espectadores. A programação iniciou no dia 19 de julho com uma palestra gratuita para os moradores e atletas inscritos na competição. E, no dia seguinte, os atletas acordaram cedo, competindo desde às 6h30.

No período da tarde foi a vez da prova especial: Short track. Os campeões e campeãs subiram ao pódio e comemoraram seus desempenhos e superação por terem competido em um cenário tão paradisíaco quando difícil.

A programação oficial do XTERRA Amazônia finalizou no dia 2 de agosto, quando foi realizado um plantio de 70 mudas de árvores nativas da Amazônia na comunidade São Francisco do Mainã, em Manaus (AM).

O plantio faz parte de uma ação socioambiental que visa minimizar os impactos de emissão de carbono resultantes da execução do evento.

Confira alguns momentos:

XTERRA Amazônia 2024

O XTERRA Amazônia 2024 é uma realização da Fundação Rede Amazônica (FRAM) e tem o apoio da Braga Veículos; Secretaria Municipal de Inovação, Indústria, Comércio e Turismo da Prefeitura de Novo Airão; Secretaria de Estado do Desporto e Lazer, do Governo do Amazonas.

Startup AeroRiver, do Amazonas, conquista edital Finep em aviação sustentável

A startup amazonense AeroRiver foi contemplada com recursos de subvenção econômica para projetos inovadores, na temática de aeronáutica, para o projeto ‘Volitan’. Os recursos são oferecidos pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), através da Financiadora de Estudos e Projetos – Finep, com o intuito de fomentar o desenvolvimento tecnológico de iniciativas inovadoras que gerem impacto positivo nos contextos de mobilidade e sustentabilidade.

O projeto ‘Volitan’ consiste na concepção e fabricação do primeiro veículo de efeito solo do Brasil para transporte de passageiros e cargas, otimizado para o cenário amazônico, onde o setor logístico sofre por falta de alternativas mais ágeis e baratas de transporte.

A tecnologia do ‘Volitan’ é a junção de um barco e um avião. Isso permite que ele sobrevoe os rios com até 40% mais eficiência energética em consumo de combustível em relação a aeronaves de mesmo porte e capacidade, que não são otimizadas para o voo em efeito solo.

Imagem: Divulgação

A equipe, composta por engenheiros com especialização no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), enxerga no contexto amazônico o futuro da modalidade de transporte regional local. Além disso, o modelo de negócio prevê a expansão para outros cenários, onde fatores operacionais e altos custos são fatores limitantes.

Para Lucas Guimarães, co-fundador da Aeroriver, esta é uma grande conquista para o desenvolvimento da região amazônica, além de um grande passo em prol daqueles que penam pela falta de alternativas de transporte e escoamento na região:

Os recursos concedidos são da ordem de aproximadamente R$ 10 milhões e serão empregados nas fases de aperfeiçoamento do projeto e desenvolvimento do primeiro protótipo em escala real, a ser testado e otimizado nos rios da região amazônica.

Os resultados parciais podem ser acessados aqui.

Ideflor-Bio registra nascimento de 52 tartarugas marinhas em praia paraense

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A Praia do Atalaia, em Salinópolis, na região nordeste paraense, testemunhou o nascimento das primeiras tartarugas marinhas de 2024. No total, 52 filhotes de Lepidochelys olivacea (tartaruga-oliva) emergiram da areia e seguiram rumo ao oceano, marcando um momento significativo para a conservação dessas espécies ameaçadas de extinção, no litoral paraense.

O nascimento é resultado do trabalho dos pesquisadores do Projeto de Monitoramento de Desovas de Tartarugas Marinhas (PMDTM). Após as tartarugas adultas depositarem seus ovos na faixa de areia, o material é transferido para uma área segura nas proximidades da Unidade de Conservação (UC) do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio) – Monumento Natural do Atalaia. Esse procedimento visa aumentar as chances de sobrevivência dos filhotes, protegendo de predadores e da ação humana.

500 filhotes em 2023

No ano passado, o local registrou uma taxa de natalidade de aproximadamente 90%, o que resultou no nascimento de cerca de 500 tartarugas, o que consolidou a Praia do Atalaia como um importante balneário de conservação marinha paraense. Para este ano, com o nascimento dos primeiros 52 filhotes, as expectativas são bastante otimistas.

O PMDTM, executado pela Mineral Engenharia e Meio Ambiente, é uma medida de mitigação exigida pelo licenciamento ambiental federal conduzido pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). O projeto abrange várias áreas de desova ao longo do litoral paraense, onde as tartarugas marinhas depositam seus ovos.

Fotos: Vinicius Leal/Ideflor-Bio

Ações

Desde o início de 2023, o Ideflor-Bio, em parceria com órgãos de segurança pública, bloqueia 3 km da faixa de areia da Praia do Atalaia para proteger cinco espécies de tartarugas marinhas que utilizam o local para desova e eclosão dos ovos. Entre elas, além da tartaruga oliva, estão a tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta), tartaruga-verde (Chelonia mydas), tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata) e tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea).

O presidente do Ideflor-Bio, Nilson Pinto, enfatizou que o sucesso do trabalho reforça a importância da continuidade dessas ações. “O trabalho se tornará permanente, pois tem gerado bons resultados”, disse ele, ressaltando que as tartarugas marinhas desempenham um papel fundamental no equilíbrio dos ecossistemas marinhos.

O Ideflor-Bio destaca, ainda, que o Monumento Natural do Atalaia, criado em 2018, é uma UC de Proteção Integral que preserva ecossistemas vitais como manguezais, restingas e dunas. O local é uma das últimas áreas preservadas na região, abrigando diversas espécies de animais, incluindo mamíferos e uma rica avifauna, com especial atenção aos períodos de reprodução das tartarugas marinhas.

*Com informações do Ideflor-Bio

Com apoio da UEA, Harvard realiza programa de imersão na Amazônia

O “Harvard Amazon Rainforest Immersion” é um evento realizado pela Universidade de Harvard, com apoio da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), cujo objetivo é promover uma programação, além de explorar as complexidades da região e discutir os desafios do desenvolvimento sustentável na Amazônia. O grupo de participantes, formado por estudantes, docentes e pesquisadores de Harvard e do Brasil, terá acesso a experiências voltadas a diferentes conhecimentos.

O reitor da UEA, André Zogahib, reforça a importância do programa: “Estou muito agradecido. Esse evento fala sobre sustentabilidade. Não tem uma ação que essa universidade tenha feito nos seus 23 anos de existência, no seu curto espaço de vida, que não seja voltada à sustentabilidade”.

Dentre os temas apresentados, estão:

  • o desenvolvimento de pesquisas na Amazônia;
  • cases de sucesso reconhecidos como referências globais;
  • biodiversidade e seu potencial para o fortalecimento da ciência, tecnologia e recursos naturais no desenvolvimento socioeconômico sustentável;
  • culturas locais;
  • a relação entre cultura e políticas climáticas, entre outros.

A atividade é ofertada pela David Rockefeller Center for Latin American Studies Brazil Office e Salata Institute for Climate and Sustainability, em colaboração com a UEA, Academia Amazônia Ensina e o Instituto de Desenvolvimento da Amazônia (Idesam).

Na UEA, estão realizando a organização do evento o Prof. Dr. Sérgio Duvoisin Jr., Prof. Dr. Rodrigo Augusto Ferreira, Prof. Rafael Lopes de Oliveira e Prof. Dr. Adriano Nobre Arcos.

O evento começou no dia 7 e segue até 18 de agosto na Escola Superior de Tecnologia da UEA (EST), localizada na avenida Darcy Vargas, 1.200, Parque Dez de Novembro, em Manaus (AM).

*Com informações da UEA