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“O principal desafio continua sendo o desconhecimento”, comenta CEO da Rede Amazônica no Glocal Amazônia

O ‘Glocal Experience Amazônia’, realizado em Manaus (AM), conta com uma vasta programação que debate a sustentabilidade e ações com foco na Amazônia. Na manhã desta sexta-feira (28), no segundo dia de evento, o CEO do Grupo Rede Amazônica, Phelippe Daou Junior, participou da conferência ‘Amazônia Produtiva: Caminhos para uma economia sustentável’.

A conferência contou ainda com a participação da diretora executiva do Instituto Ava, Isabel Ferreira, e da presidente do Conselho de Administração da Bemol, Ilana Benchimol Minev.

Durante o debate, Phelippe Daou Junior falou sobre a importância de investir e cuidar da região amazônica: “A gente sofre uma série de ameaças ao desenvolvimento da Amazônia, por esse motivo temos que buscar, evidentemente, alternativas para passar pelas crises. Eu diria que o principal desafio continua sendo o desconhecimento que se tem a respeito da Amazônia”.

Foto: Diego Oliveira/Portal Amazônia

O CEO do Grupo Rede Amazônia afirmou que o veículo de comunicação é mais que notícias e entretenimento. “De certa maneira, nós formamos os telespectadores. Eles se tornam donos do seu próprio destino e passam a ter uma perspectiva econômica”, comentou.

“A participação no Glocal é sempre importante, pois podemos dividir com as pessoas toda a bagagem que adquirimos durante esses 52 anos de experiência”, completou.

Investimento

O mediador do painel, o professor aposentado da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e Conselheiro Empresarial, José Alberto Machado, destacou que a economia sustentável é importante para o crescimento da região amazônica. “Precisamos debater sobre o tema, pois ainda falta infraestrutura para que você possa ter rotas logísticas que conectem as nossas possibilidades com os grandes mercados”, disse.

Machado ainda falou sobre a importância do Distrito Industrial para a cidade de Manaus. “É muito claro que nós temos aqui uma economia industrial que dá sustentação para tudo aquilo que a gente tem. Assim, tem se conseguido preservar o nosso Estado do Amazonas”, disse o especialista. 

Glocal Amazônia 2024: confira a programação e os locais de realização do evento

Sobre o Acelera Amazônia

Glocal Experience Amazônia faz parte do projeto Acelera Amazônia 2024 e tem o apoio da Apa Móveis, Prefeitura de Manaus, Secretaria do Meio Ambiente (SEMA), Amazonastur e Governo do Amazonas. Idealização e operação: Dream Factory. Realização: Fundação Rede Amazônica (FRAM).

Glocal Experience nasceu em maio de 2022 com sua primeira edição no Rio de Janeiro. O encontro busca se tornar anual e tem a intenção de ser realizado em cada Estado da Amazônia. Em 2024, Manaus (AM) recebe o evento pela segunda vez.

Rios da Amazônia registram níveis abaixo da média histórica, aponta Censipam

Seca no Amazonas em 2023. Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Um mês antes da atingir o período mais crítico da estiagem, que costuma ser em setembro, os rios da Amazônia têm registrado recordes de baixas cotas na comparação com as séries históricas de registros em agosto. De acordo com dados do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), órgão ligado ao Ministério da Defesa, o Rio Solimões está 3 metros abaixo da média observada nesse período do ano e alguns de seus afluentes como os Rios Madeira e Acre registram cotas próximas aos mínimos históricos.

Segundo o analista do Censipam, Flávio Altieri, embora o volume de chuvas esteja abaixo da média esperada para esta época do ano em grande parte da Amazônia, ainda é cedo para afirmar que a seca será a mais intensa registrada na região:

De acordo com o analista, o que já vem se confirmando é um quadro de seca extrema, que é o penúltimo nível de severidade na escala de cinco estágios de medição do fenômeno. Nesse nível é esperada escassez de água generalizada, restrições e grande perdas de plantações. “O Censipam, por meio de suas previsões hidrológicas divulgadas em junho durante o evento Pré-Seca, já havia alertado que 2024 a Amazônia enfrentaria uma seca semelhante à de 2023”, destaca.

Altieri reforça que com os baixos níveis, comunidades tradicionais que dependem dos rios como vias de acesso são as mais afetadas. “Essas populações enfrentam desafios agravados pelo desabastecimento de alimentos e água potável, além de dificuldades no acesso a serviços essenciais como saúde e educação”, explica.

Uma reunião de ministros com governadores da Amazônia Legal realizada na tarde dessa quarta-feira (21), no Palácio do Planalto, tratou de medidas para amenizar os impactos da estiagem no norte do Brasil. Durante o encontro, o Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), informou que já aprovou nessa terça-feira (20) o repasse de R$ 11,7 milhões para ações de defesa civil nos estados do Amazonas e Roraima e também reconheceu a situação de emergência em 53 municípios do Acre, Amazonas, Roraima e Rondônia.

*Com informações da Agência Brasil

Água potável é levada à TI Yanomami com ajuda do Exército Brasileiro

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Militares do 6º Batalhão de Engenharia de Construção (6º BEC) realizaram a perfuração de um poço no Distrito Sanitário Especial Indígena, em Surucucu, para levar água à comunidade local. A ação é parte da Operação Catrimani II, em parceria com agentes locais e com coordenação da Casa de Governo em Roraima.

A abertura do poço foi concluída no dia 15 de agosto, garantindo o abastecimento de água para o Centro de Referência em Saúde Indígena em Surucucu e beneficiando os povos indígenas, militares e agentes que atuam na Terra Indígena (TI) Yanomami. O poço integra o projeto de construção do Centro de Referência, já em andamento, que visa aprimorar o atendimento em saúde na área.

O poço perfurado tem uma profundidade de 61 metros e uma vazão estimada de três mil litros por hora, operando de forma contínua. A bomba de extração da água é acionada por energia solar, o que elimina a necessidade de combustível reduz e os custos logísticos. O poço artesiano abastecido por energia solar oferece uma solução sustentável e minimiza o impacto ambiental na região. 

Agora, a equipe do 6º BEC e o maquinário utilizado para a perfuração desse primeiro poço seguem para a Aldeia Koriyaoupe, onde continuam os trabalhos em área próxima ao 4º PEF. O esforço conjunto para superar os desafios logísticos da região amazônica também foi atuou no deslocamento, em um helicóptero UH-15 da Marinha, de uma perfuratriz da região de Maloca Paapiú para Kayanaú, onde também será aberto um poço, contribuindo para a saúde e qualidade de vida da população local.

A Operação Catrimani II é uma ação conjunta entre órgãos de Segurança Pública, Agências e Forças Armadas, em coordenação com a Casa de Governo de Roraima, no emprego, temporário e episódico, de meios na Terra Indígena Yanomami, em cumprimento à Portaria GM-MD N° 1511, de 26 de março de 2024, que visa agir de modos preventivo e repressivo contra o garimpo ilegal, os ilícitos transfronteiriços e os crimes ambientais.

*Com informações do Exército Brasileiro

Alegria, prazer e felicidade não são a mesma coisa

Por Julio Sampaio de Andrade – juliosampaio@consultoriaresultado.com.br

Ouvi de um empresário recentemente: “Eu não sou bom com este negócio de felicidade. Aqui a gente leva o trabalho muito a sério”.

Pedi que me explicasse melhor o que ele queria dizer com isso.

“Aqui na empresa, trabalhamos muito e somos exigentes com os nossos colaboradores quanto à qualidade de nossos serviços; temos também metas ousadas e um orçamento que nos obriga a sermos disciplinados. Estamos sempre buscando ser melhores do que somos, o que nos mantém focados. Não há espaço, no dia a dia, para nos preocuparmos em criar um ambiente mais festivo, onde as pessoas estejam alegres, sentindo muito prazer com o trabalho. Queremos sim, que os nossos clientes estejam felizes”.

Pedi que falasse um pouco mais de sua empresa e dos resultados que vem obtendo. Da conversa concluí que: a empresa dele tem um propósito inspirador; vem superando as suas metas que, mesmo ele, considera ousadas; ele percebe que a equipe atua realmente focada no trabalho e engajada em atender aos clientes; as condições de trabalho são consideradas boas, assim como as remunerações justas; as lideranças são bem-preparadas para obter o melhor dos colaboradores; a equipe demonstra ser fiel e a grande maioria deseja continuar na empresa. E, por último, os clientes estão aumentando e sinalizam estar satisfeitos.

A conversa se estendeu e ele sustentou algumas destas informações com índices, dados e fatos para comprovar o que estava dizendo, com entusiasmo. Perguntei então como ele se sentia diante de tudo isso. “Feliz”, respondeu ele. E a sua empresa? “Pensando bem, feliz também”. No que você não é bom, mesmo? Brinquei.

Há uma confusão de termos quando tratamos de felicidade. Felicidade não é prazer, alegria ou bem-estar, embora possa abranger todos estes momentos. Felicidade é algo mais duradouro do que momentos pontuais, e inclui uma maneira de ser e não de estar. Há várias dimensões de felicidade, como demonstram estudos da psicologia positiva, da neurociência e da filosofia. Escrevi sobre elas em outros artigos.

Dois exemplos mostram o quanto o prazer e a alegria podem estar dissociados da felicidade e serem até contrários a ela. Se é um prazer que nos torna dependentes, ele não contribuirá para a nossa felicidade. Se é uma alegria provocada pela desgraça de alguém, mesmo que seja a de um concorrente, ela não nos fará mais felizes. Outros exemplos poderiam ser dados.

Da mesma maneira que prazer não é felicidade, o sofrimento também não é sinônimo de infelicidade. A dor e as perdas nos causam sofrimento, mas não precisam nos tornar infelizes. A maneira como lidaremos com acontecimentos indesejados será muito mais determinante. Reforçando, a felicidade é uma maneira de ser, de nos tornarmos. A felicidade não cai do céu e deve ser construída.

Como pessoas, para sermos mais felizes, precisamos nos tornar melhores pessoas. Para empresas, não é diferente. Não sei se você se lembra de um frase do empresário acima: “Estamos sempre buscando ser melhores do que somos”. É por isto que o tema Felicidade estará na pauta da próxima reunião de conselho desta empresa. Sempre poderemos ser melhores e mais felizes.

Sobre o autor

Julio Sampaio (PCC,ICF) é idealizador do MCI – Mentoring Coaching Institute, diretor da Resultado Consultoria, Mentoring e Coaching e autor do livro Felicidade, Pessoas e Empresas (Editora Ponto Vital). Texto publicado no Portal Amazônia e no https://mcinstitute.com.br/blog/.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

Norte e Nordeste são as regiões com maior carência de médicos no Brasil, aponta associação

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A desigualdade na distribuição de médicos atuando no Brasil é ainda mais evidente no Norte e Nordeste, regiões com o menor número de profissionais na ativa, segundo dados da Associação dos Mantenedores Independentes Educadores do Ensino Superior (AMIES). Ambas as regiões contam com menos de dois médicos por mil habitantes, número muito abaixo da recomendação de 3,73 médicos da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Estados como o Maranhão, na região Nordeste, e o Pará, na região Norte, contam com os menores índices de médicos por mil habitantes: 1,13 e 1,22, respectivamente. Outros estados também se destacam negativamente pela falta de profissionais, como o Piauí, com 1,40 médico por mil habitantes, Acre com 1,46 médico, Bahia com 1,90 médico e Ceará com 1,95 médico.

Somando as regiões Norte e Nordeste, são mais de 71 milhões de habitantes e apenas 130 mil médicos, números que reforçam a carência de profissionais. Para atenuar esse cenário, há diversas faculdades que estão com processos em tramitação no MEC (Ministério da Educação) para abertura de novos cursos de medicina e também para aumentar as vagas nos cursos já existentes em ambas as regiões.

No Nordeste, são 50 pedidos de criação de novos cursos e 32 pedidos de ampliação das vagas, como na Universidade Federal de Campina Grande, na Paraíba, e na Faculdade de Medicina de Olinda, em Pernambuco.

Já no Norte, são 24 pedidos de criação de novos cursos e cinco pedidos de ampliação das vagas, como na Faculdade de Ciências Médicas de Palmas, no Tocantins, e no Centro Universitário CEUNI – FAMETRO de Manaus, no Amazonas.

“Em abril de 2018, o MEC publicou a Portaria MEC nº 328/2018 suspendendo por cinco anos a criação de novos cursos de medicina e o aumento de vagas em cursos já existentes”, explicou o advogado Esmeraldo Malheiros.

“Nesse sentido, diversas instituições de ensino, fundada no direito de petição e na livre iniciativa no campo do ensino, assegurada no art. 209, II da CF, pleitearam ao MEC autorização para a implantação de curso de medicina, tendo em vista a demonstração da demanda e da necessidade social do curso na região, bem como a carência de profissionais médicos e a existência de equipamentos públicos de saúde e de infraestrutura preparada exclusivamente para a oferta do referido curso, tais como laboratórios, corpo docente, biblioteca”, afirmou.

MEC anuncia repasse de R$ 32 milhões para ações educacionais na Terra Indígena Yanomami

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Foto: Lohana Chaves/Funai

O Ministério da Educação (MEC) destinou R$ 32 milhões para a construção de escolas na Terra Indígena Yanomami (TIY), localizada nos estados de Roraima e do Amazonas. Os recursos são destinados também à manutenção dos espaços e à formação de educadores no território etnoeducacional Yanomami e Ye’kwana, de forma emergencial. A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) ficará responsável por executar as obras. Além disso, o Instituto Federal de Roraima (IFRR) conduzirá a formação de professores para atuarem junto aos estudantes Yanomami. 

O ministro da Educação, Camilo Santana, anunciou o repasse na terça-feira (20), em reunião com lideranças indígenas para tratar de ações voltadas à educação.  A diretora de Administração e Gestão, Mislene Methacuna, e o coordenador de Processos Educativos, André Ramos, representaram a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) no encontro,  no qual também foi anunciado o investimento de mais de R$ 195 milhões para construção de outras escolas indígenas no país. 

Acompanhada de servidores das áreas técnicas da Funai, a presidenta Joenia Wapichana cumpre agenda em Roraima desde terça-feira (20) para dialogar com as lideranças indígenas Yanomami e Ye’Kwana e com os órgãos parceiros sobre as ações de enfrentamento à crise humanitária no território, causada pelas atividade criminosas do garimpo na região. Entre as demandas apresentadas pelos indígenas, estão pedidos voltados para a pauta da educação. 

Foto: Angelo Miguel/MEC

Investimento

O território etnoeducacional Yanomami e Ye’kwana será o primeiro a receber o apoio do MEC por meio das universidades e institutos federais, neste ano. O investimento será destinado para a construção de quatro casas-escola Yanomami e Ye’kwana; dez espaços de saberes de autogestão; e um centro de formação. Também será criado um curso técnico em magistério indígena pelo IFRR, além de outras atividades de formação de professores e da compra de material didático. 

Do investimento total de R$ 32 milhões, aproximadamente R$ 18 milhões serão destinados à formação de professores, maior demanda trazida pelas lideranças. Os Yanomami são a etnia brasileira com o menor número de profissionais formados pela educação superior — menos de 1% tem formação neste nível. Os novos aportes visam fortalecer o Programa Saberes Indígenas no Território, responsável pela formação continuada e pela produção de material didático voltado a esse público. 

Participação indígena 

A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, defendeu os avanços na educação indígena, mas apontou que ainda é preciso fazer mais. “Mesmo com o que já conquistamos, sabemos que existem dificuldades enfrentadas por esses povos e que ações mais articuladas são fundamentais para a superação da crise humanitária e educacional. Políticas e iniciativas de educação indígena trabalham mais do que o quesito educacional dos povos, elas permeiam aspectos sociais e culturais dos territórios”, declarou. 

O ativista e escritor indígena Ailton Krenak pediu mais participação dos povos na educação. “É muito importante que conselhos consultivos, formados por membros da comunidade indígena, façam parte da tomada de decisões na educação indígena. Assim, podemos ajudar a garantir a efetividade das políticas e sua integração com a realidade dos povos originários”, ressaltou. 

Presidente da Hutukara Associação Yanomami (HAY) e escritor, Davi Kopenawa destacou a união de esforços para a manutenção da educação escolar indígena. “É importante pensarmos juntos nessas políticas e ações para atingir o nosso desejo coletivo: a garantia da educação indígena com qualidade para os brasileiros”, afirmou Kopenawa. “Nosso povo precisa aprender a ler e a escrever porque só por meio da educação teremos a capacidade de garantir os nossos direitos e a nossa terra”, finalizou. 

*Com informações do Ministério da Educação e da Funai

Turismo sustentável, progresso e representatividade são debatidos no Glocal Amazônia

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O Glocal Amazônia 2024 discute desafios e ações para a região amazônica com foco na sustentabilidade. O evento iniciou na manhã desta quinta-feira (22) e segue até sábado (24) com vasta programação.

Nas conferências do primeiro dia, os temas discutidos foram ‘Amazônia 2030 + Índice de Progresso Social’, ‘Conectado à Amazônia: desafios e oportunidades digitais’ e ainda ‘Caminhos para o Turismo sustentável’.

Glocal Amazônia 2024: confira a programação e os locais de realização do evento

Na primeira, ‘Amazônia 2030’, o consultor de projetos socioambientais para planos de desenvolvimento local e governamentais, baseado no Índice de Progresso Social (IPS), Sergio Marangoni, citou a importância de debater temas como o IPS “na Amazônia e para a Amazônia”.

“O Amazônia 2030 é um grande estudo que fazemos lá no Imazon, junto a outras instituições, para repensar a Amazônia e desenvolver alternativas, para termos melhores condições aqui na Amazônia. Atrelado a isso, apresentamos o Índice de Progresso Social, que faz um mapa, como se fosse um exame de sangue, de cada um dos municípios”, explicou Sérgio.

Fotos: Diego Andreoletti/Amazon Sat

A segunda conferência, ‘Conectado à Amazônia’, contou como um dos palestrantes o líder quilombola e conselheiro do Instituto Conexão Povos da Floresta, José Carlos Guerreiro. Para ele, eventos como o Glocal Amazônia são oportunidades para dar visibilidade às comunidades quilombolas amazônidas.

“Um evento como esse é uma oportunidade de ganharmos mais visibilidade. Apesar de tanta luta, as comunidades quilombolas ainda estão muito invisíveis, principalmente agora que se fala de COP30 na Amazônia, mas a Amazônia negra não aparece. Somos comunidades que preservam tanto quanto qualquer outro povo a floresta”, afirmou o líder quilombola. 

Para fechar os debates do dia, o evento promoveu a palestra do dia abordou os ‘Caminhos para um turismo sustentável’, que contou com a participação do Secretário de cultura de Manaus, Jander Lobato, o líder comunitário e empreendedor na área do turismo de base comunitária, Roberto Brito, e a Fundadora do Hostel da Milla, a Turismóloga e especialista em Gestão Hoteleira, Camilla Gonçalves. Que retratam, o quanto a região é privilegiada por ser cercada pela Natureza.

“Nós temos muitos desafios e segmentos, mas nosso estado nos ensina todos os dias, o turismo é apaixonante, a cultura está presente no turismo, nós precisamos mostrar para o mundo a dimensão da nossa cultura”, disse a turismóloga Camilla Gonçalves. 

Sobre o Acelera Amazônia

Glocal Experience Amazônia faz parte do projeto Acelera Amazônia 2024 e tem o apoio da Apa Móveis, Prefeitura de Manaus, Secretaria do Meio Ambiente (SEMA), Amazonastur e Governo do Amazonas. Idealização e operação: Dream Factory. Realização: Fundação Rede Amazônica (FRAM).

Glocal Experience nasceu em maio de 2022 com sua primeira edição no Rio de Janeiro. O encontro busca se tornar anual e tem a intenção de ser realizado em cada Estado da Amazônia. Em 2024, Manaus (AM) recebe o evento pela segunda vez.

Mariri Yawanawa: a celebração da vida na floresta do Acre

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A Aldeia Mutum do povo Yawanawa, no Alto Rio Gregório, em Tarauacá, no Acre, recebeu por seis dias (10 a 15 de agosto) indígenas de todas as suas comunidades para uma grande festa de celebração cultural. O Mariri Yawanawa é um encontro ancestral que tem como objetivo unir as famílias da etnia para fazer planos de vida, comer juntos, dançar, cantar, participar de cerimônias espirituais e brincadeiras.

Durante esse período as lideranças das aldeias da Terra Indígena Yawanawa se encontram para fortalecer a união entre eles. Apesar da seca do verão amazônico, que dificulta a navegação nas águas do Rio Gregório, cerca de mil pessoas participam do Mariri, entre indígenas e visitantes.

O Mariri era praticado pelos ancestrais Yawanawa desde tempos imemoriais, mas foi perdendo a sua força a partir do contato com os brancos e o aculturamento religioso, que quase aniquilou a cultura tradicional Yawanawa. No entanto, há 24 anos, por meio da luta de jovens lideranças e, principalmente, da atuação de dois pajés, Tatá e Yawa, o Mariri voltou a ser celebrado unindo toda a Nação Yawanawa e atraindo visitantes de várias partes do Brasil e do mundo.

O professor indígena Nani Yawanawa, morador da Aldeia Yawarani, um dos guardiões da cultura do seu povo, explica o sentido do Mariri.

Foto: Altino Machado/FEM

Nani, que além de ensinar os mais jovens está elaborando um dicionário do idioma Yawanawa, afirma que a questão da produção de alimentos é um dos pontos dos debates entre os indígenas.

“Falamos sobre plantações e criação de animais. Pra nós termos saúde é preciso se ter algo para comer. Quem não tem o que comer da terra onde mora é um homem doente, miserável e perdido. O nosso povo sempre teve muita fartura e o que não se tirava da agricultura era buscado na floresta, na caça e na pesca”, afirmou.

Segundo Nani, no Mariri se via quem era o melhor caçador, aquele que sabia fazer caiçuma mais rápida, o melhor contador de histórias e quem mais cuidava do povo. Mas o sentido espiritual da vida é marcante na celebração do Molutê ou Mariri.

“A espiritualidade é dada pelo Espírito por meio de uma escolha que depende de uma vida inteira de práticas. É preciso fazer a doação de um tempo da nossa vida a Deus, que chamamos de dieta. Nos sonhos durante a dieta vem toda a orientação de como evoluir na espiritualidade, assim como a manifestação do poder de cura e da sabedoria”, conta Nani.

Um dos principais organizadores do Mariri é Tashka Yawanawa. Ele viabiliza apoios internos e externos para a realização da celebração na floresta e explica o propósito da Festa.

Tashka faz questão de esclarecer que a vinda de visitantes de várias partes do mundo é importante, mas o objetivo principal do Mariri é o fortalecimento cultural.

Foto: Altino Machado/FEM

“O Mariri é uma manifestação cultural e espiritual para fortalecer o nosso povo. Durante esses dias pegamos inspiração para irradiarmos para o mundo essa luz de alegria. Cada canto e reza que é cantado no Mariri corta o silêncio da floresta e ecoa para o planeta trazendo mais força para a afirmação da cultura Yawanawa”, poetiza Tashka.

O renascimento cultural do povo Yawanawa

O jovem cacique da aldeia Mutum Rasu Yawanawa, filho do pajé Tatá, entende o Mariri como um fator de libertação.

“O Mariri representa a existência do nosso povo porque há muito tempo fomos proibidos de ser quem somos. Não podíamos falar a nossa língua, rezar os nossos rezos e nem cantar os nossos cantos. Passamos um tempo sem a nossa identidade e depois que conseguimos virar essa página os velhos pajés trouxeram de volta a nossa cultura. E há mais de 20 anos realizamos o primeiro Festival Cultural e conseguimos inspirar outros povos indígenas. Então, o Mariri significa que o nosso povo está de pé com as nossas raízes ancestrais vivas”, salienta o cacique.

Júlia Yawanawa é uma das produtoras do Mariri mais dedicadas e com muitas responsabilidades para que a festa possa acontecer.

“O Mariri envolve muita confiança e entrega para Deus. Já trabalhamos essa celebração desde o ano 2000. Somos inspirados nas orientações do meu pai Raimundo Luis, Tuiukuru, que buscou nas suas memórias e nas histórias dos mais antigos como os Yawanawa cantavam, se vestiam e como eram as brincadeiras. Assim, aprendemos a melhorar e aperfeiçoar cada vez mais a realização do Mariri”, conta Júlia.

Foto: Altino Machado/FEM

Apoio

Nedina Yawanawa, diretora da Secretaria de Povos Indígenas, participa do Mariri como representante do governo do Acre. “É muito clara a visão do governador Gladson Cameli sobre a importância dos povos indígenas que cuidam das nossas florestas. Nós temos os festivais indígenas no calendário oficial do governo. Isso é uma manifestação de respeito com os povos originários do Acre, além dos vários programas sociais que realizamos para as comunidades indígenas por intermédio da Sepi [Secretaria de Povos Indígenas]”, explica Nedina.

Esse investimento, segundo Nedina, fortalece cada vez mais as culturas das diversas etnias do Acre e gera renda para muitas famílias.

“O etnoturismo é um cartão postal do nosso estado. Então, esse apoio que o governo tem dado para vários festivais é uma forma de impulsionar a economia dos povos indígenas, por meio do artesanato e outros produtos ofertados aos visitantes. Também é importante acolher os turistas que vêm participar dessas festas e que movimentam a economia dos municípios acreanos nas hospedagens, em hotéis, transportes, alimentação, entre outros itens de consumo”, destaca Nedina.

Leia também: Etnoturismo: 9 aldeias acreanas que atraem turistas por suas tradições culturais

Foto: Altino Machado/FEM

Etnoturismo cada vez mais forte no estado

Renata Reluz é uma operadora de turismo com uma agência em Rio Branco especializada em grupos de viagens para as aldeias indígenas. Nascida no Maranhão, mudou-se para o Acre para fortalecer cada vez mais as atividades de turismo sustentável.

No Mariri de 2024, Renata trabalhou também na produção interna do evento por intermédio da Associação do Povo Yawanawa. Houve uma divulgação de 45 dias no Instagram e a sua agência reuniu um grupo de 13 pessoas para participar das festividades.

“Essa é uma festa do povo Yawanawa e a gente veio com esse grupo para entender a sua cultura e a espiritualidade. É uma oportunidade para conviver com indígenas de diversas aldeias, um momento único e muito especial”, salienta.

Renata também faz uma reflexão sobre o aspecto econômico que é movimentado no estado durante o Mariri.

“O etnoturismo traz não só sustentabilidade para os povos originários, mas também a bandeira da preservação ambiental. O etnoturismo precisa da floresta em pé para poder acontecer. Esse é um aspecto diferenciado de qualquer outro tipo de turismo. Mas existe um movimento financeiro gerado com a logística do movimento dos visitantes que pode chegar próximo a um milhão de reais. No meu trabalho sempre favoreço os hotéis da região e a prestação de serviços com pessoas que vivem no Acre”, conclui.

*Com informações do Governo do Acre

Barroco e heavy metal? Professor no Amapá lança livro com análise de componente literário em discos do Angra

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Fã de heavy metal, o docente do curso de Letras Português da Universidade Federal do Amapá (Unifap), Victor Cantuário, lançou o livro ‘O peso do metal: por uma tempestade barroca’, no dia 14 de agosto. O livro, publicado pela editora da UFPR, propõe-se a examinar o componente literário presente nos três primeiros discos da banda de heavy metal brasileira Angra (‘Angels Cry’, de 1993; ‘Holy Land’, lançado em 1996; e ‘Fireworks’, de 1998), balizando os aspectos líricos e estéticos à luz do movimento artístico Barroco.

Segundo o autor, o livro é resultado do seu Trabalho de Conclusão (TCC) na graduação de Letras-Francês na Unifap, defendido em novembro de 2008.

Foto: Divulgação

Sinopse

Ao longo da década de 1990, a banda brasileira de power metal Angra lançou os épicos discos “Angels Cry” (1993), “Holy Land” (1996) e “Fireworks” (1998). O primeiro álbum é considerado pela crítica especializada como a maior obra do maestro e então vocalista André Matos (morto em 2019), sendo um marco na história do heavy metal nacional. A qualidade musical e técnica desses trabalhos é inquestionável.

O que este livro propõe é o exame minucioso da elaboração literária deles, a qual extrai do movimento artístico Barroco a energia criativa das composições em seus aspectos líricos e estéticos. Esta obra se constitui, portanto, como uma rica e capilarizada fonte de informações científicas sobre a história de quase meio século da música pesada, cuidadosamente pensada com o ouvido, a filosofia e a literatura do autor.

Sobre o autor

Victor André Pinheiro Cantuário possui doutorado em Estudos Literários pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp) e mestrado em Planejamento e Políticas Públicas pela Universidade Estadual do Ceará (Uece).

É especialista em Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa e Estrangeira e em Metodologia do Ensino de Filosofia e Sociologia (Facinter). Graduou-se em Letras Português-Francês pela Unifap e em Filosofia pela Universidade do Estado do Amapá (Ueap).

Escreveu também “Hipomodernidade: a era de Narciso e as faces do consumo” (Editora Unifap, 2022).

*Com informações da Universidade Federal do Amapá

Projetos buscam restauração ecológica produtiva de áreas degradadas no Amazonas

O Bosque da Ciência do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), em Manaus (AM), recebeu o Seminário Floresta Viva Amazonas no início de agosto para fomentar a restauração ecológica no estado. Dois projetos apoiados pelo Floresta Viva na região pretendem demonstrar as possibilidades de fazer com que a Amazônia siga desempenhando suas funções ecossistêmicas enquanto tem sua área degradada recuperada, gerando renda para as comunidades locais.

Realizadas pelo Idesam e Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ), essas duas iniciativas têm como meta restaurar 400 hectares na região de Manaus e Presidente Figueiredo por um período de quatro anos.

No projeto ‘Restauração Ecológica Produtiva: Promovendo uma Paisagem Sustentável na Amazônia’, parceria entre Idesam, projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais (PDBFF/INPA) e a Universidade Federal do Amazonas (Ufam), que é realizado em quatro unidades de conservação no entorno de Manaus, o compromisso é restaurar 200 hectares: 80 hectares com sistemas agroflorestais e 120 hectares com enriquecimento de capoeiras.

A iniciativa realizará capacitações para as populações tradicionais em práticas de restauração ecológica e no manejo dos sistemas agroflorestais. Para isso, pretende unir as forças dos integrantes da cadeia da restauração para que seja possível montar um modelo produtivo sustentável na região, desenvolver e fomentar os negócios ligados à restauração.

No mesmo âmbito, o projeto ‘Reflora – Recuperação Ecológica e Implantação de Sistemas Agroflorestais Multifuncionais’, do IPÊ, pretende contribuir, desde já, para a garantia da conservação da Amazônia e recuperação das áreas que foram degradadas já em um grau elevado. Concentrado dentro dos limites da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Puranga Conquista, em Manaus, o projeto pretende trabalhar de maneira integrada ao território, ou seja, provendo os recursos naturais que as comunidades locais necessitam.

“Para nós, é fundamental reunir pesquisadores, as instituições, o Estado e em especial as comunidades desses territórios, para que a gente consiga pensar uma estratégia coletiva, de fato. Que seja um processo em que todos os atores envolvidos no território consigam participar de uma restauração florestal completa em todas as esferas: ambiental, social e econômica”, afirma Gustavo Brichi, técnico-extensionista que integra a equipe do Floresta Viva Amazonas pelo IPÊ.

Atualmente, a Aliança pela Restauração na Amazônia, tem compartilhado experiências sobre a restauração ecológica produtiva e outras técnicas de restauração que podem ser empregadas na Amazônia. A Aliança é um coletivo biotemático com mais de 130 atores ligados à restauração e que estão distribuídos em vários estados da Amazônia Legal, cujo objetivo é discutir critérios, orientações e posicionamentos acerca dessa temática para a região.

Foto: Divulgação/Idesam

A Aliança desenvolveu um planejamento estratégico, olhando para 2025, que tem várias linhas de atuação e de atividades esperadas, mas a principal delas está muito ligada à geração de conhecimento, capacidades locais e à inserção nas políticas públicas e como se apresentam as soluções inovadoras para a restauração na Amazônia.

Em termos de metas gerais, a Aliança não é uma restauradora de áreas, mas um coletivo que congrega vários restauradores de áreas em várias regiões da Amazônia. E o objetivo disso é justamente fomentar as políticas públicas de maneira geral, gerar o conhecimento e aumentar as capacidades para alcançar ganho de escala de restauração em todo o bioma.

Para Marcelo Ferronato, da Aliança pela Restauração da Amazônia, um dos principais desafios para a restauração ecológica naquela região é a necessidade de ganhar escala para outras regiões. Para ele, hoje, algumas regiões conseguiram avançar mais, porém em termos de escala nas regiões que estão começando o desafio é sempre o mesmo: engajar as pessoas para restaurar mais áreas.

“Somos um coletivo muito importante que tem ganhado muita força e representatividade aqui na região. Esperamos desempenhar cada vez mais o papel de engajar pessoas e atores em outras localidades da Amazônia, que ainda não têm essa história da restauração ecológica tão fomentada assim. Os desafios da restauração ecológica são similares independente da região. Seja por conta do engajamento das pessoas, aspectos científicos, de conhecimento tradicional associado a isso tudo, das técnicas de restauração que podem ser utilizadas, bem como em aumentar nosso conhecimento acerca disso”, afirma ele.

A iniciativa Floresta Viva Amazonas recebe apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Eneva, empresa que atua na exploração e produção de gás natural e no fornecimento de soluções energéticas. A gestão administrativa é realizada pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO).

A iniciativa tem como objetivo alavancar investimentos para a restauração em diferentes biomas no Brasil. Em 2023 foi lançado um edital com foco em projetos de restauração no entorno de Manaus (AM). As propostas poderiam ser submetidas para 10 diferentes Unidades de Conservação e os projetos selecionados elencaram cinco dessas unidades de conservação. São elas: Poranga-conquista, APA tarumã-mirim, APA Sauim-de-Manaus, RDS do Tupé e RDS do Uatumã.

A experiência da organização com editais em todas as regiões indica que a diferença entre eles é o fornecimento de insumos necessários para as ações de restauração, sendo que os projetos apoiados são focados no fortalecimento da cadeia, que também é uma estratégia da iniciativa Floresta Viva. “Não queremos só mobilizar recursos para as ações de restauração em si, mas também para a cadeia da restauração, capacitando pessoas, novos atores e fomentando a distribuição de insumos necessários para as ações de restauração”, finaliza Rodolfo.

*Com informações do Idesam