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Estudo aponta que Brasil precisa fortalecer ações de proteção de florestas para cumprir metas internacionais

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Desmatamento registrado em região próxima à Floresta Estadual do Antimary, no Acre. Foto: Beatriz Cabral/Inpe

Sede da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) em 2025 – a primeira a ser realizada na Amazônia –, o Brasil está em um momento crucial. Ainda tem a possibilidade de cumprir suas metas internacionais de redução de emissão de gases de efeito estufa, mas precisa ajustar as ações socioambientais e fortalecer políticas focadas na salvaguarda das florestas e na restauração dos biomas. Esse é um dos principais apontamentos de pesquisa publicada na revista Perspectives in Ecology and Conservation.

Liderado por cientistas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), o estudo ressalta a necessidade de controlar o desmatamento ilegal e a degradação dos biomas, incorporando um olhar para florestas secundárias – que crescem após a remoção da cobertura original.

Sugere ainda reforçar e expandir políticas que mantenham os serviços ecossistêmicos. Esse processo deve vir acompanhado de mecanismos consistentes de atração de investimentos para financiar atividades de restauração e pagamentos por serviços ambientais em todos os biomas, incentivando iniciativas de bioeconomia e criando novas áreas de proteção ambiental.

Para a bióloga Liana Oighenstein Anderson, orientadora de Dutra e pesquisadora no Cemaden, mesmo quando há medidas preventivas, ainda assim elas têm sido insuficientes frente ao desafio das mudanças climáticas. “É o caso dos incêndios florestais registrados neste ano na Amazônia e no Pantanal.

A prevenção não foi suficiente para conter os números alarmantes. Quando fazemos estimativas como na pesquisa, temos a sensação de sermos extremamente conservadores frente ao que a realidade está mostrando e aos desafios enfrentados”, diz Anderson à Agência FAPESP.

O Brasil vem registrando neste ano recordes de queimadas. Entre janeiro e 4 de agosto, foram 65.325 focos de calor detectados no país, o maior número em quase 20 anos – o mais alto até então havia sido em 2005 (69.184 no mesmo período), segundo dados do Inpe. Os biomas Amazônia e Cerrado são os mais atingidos (28.396 e 22.217, respectivamente).

De janeiro a julho, o Pantanal teve 4.756 focos, o maior desde 1998, início da série histórica. Para o bioma, até o momento, 2020 teve o pior total anual de focos de queimadas.

“Em 2020, os incêndios no Pantanal chamaram a atenção do mundo e levaram a uma série de reações. O Ministério da Ciência e Tecnologia criou, por exemplo, a Rede Pantanal e, em escala local, o Estado de Mato Grosso do Sul instituiu um plano de manejo integrado do fogo. Em 2023, o governo federal lançou um plano de manejo para o bioma e, em abril, Mato Grosso do Sul decretou estado de emergência. Ou seja, houve um conjunto de ações de gestão, de governança, de regulamentação para tentar evitar os incêndios, mas, infelizmente, não foi suficiente. Tivemos avanços. Porém, há necessidade de aperfeiçoamentos na governança, nas estratégias adotadas e no financiamento das ações. É preciso acelerar o passo”, completa Anderson.

Coautor do artigo e pesquisador do Inpe, Luiz Aragão diz que a pesquisa é um alerta para a sociedade sobre questões relacionadas às emissões.

As mudanças no uso e na cobertura da terra (por exemplo, o desmatamento para o uso agropecuário e a degradação florestal) são as principais fontes de emissões do Brasil. Como um dos mais de 190 signatários do Acordo de Paris, firmado em 2005, o país assumiu o compromisso de ajudar a conter o aumento da temperatura média global em até 1,5°C em relação aos níveis pré-industriais (anos 1850-1900) – marca que já tem sido ultrapassada nos últimos meses.

O acordo, que deve passar por revisão na COP30, prevê que os países definam metas de redução de emissões até 2030, tendo o Brasil se comprometido a diminuir em 53% (comparado aos níveis de 2005). Apesar disso, as emissões de dióxido de carbono (CO2) líquidas (descontadas as remoções) por mudanças no uso e na cobertura da terra dobraram entre 2017 e 2022, segundo o Sistema de Estimativa de Emissão de Gases de Efeito Estufa (Seeg). Em relação à restauração, o Brasil tem a meta de restaurar 12 milhões de hectares de florestas nativas, o que corresponde a quase a área territorial de Portugal.

Dificuldades

A pesquisa aponta que um dos desafios é conter a alta do desmatamento em todos os biomas. Os cientistas destacam o crescimento da remoção de vegetação nativa desde que o país submeteu, em 2016, suas metas do Acordo de Paris, atingindo taxas próximas ou superiores a 2 milhões de hectares ao ano (considerando os seis biomas).

Somente em 2022, foram 2,8 milhões de hectares desmatados, a maior taxa desde 2008, impulsionada principalmente pela destruição da Amazônia e do Cerrado. Isso representaria 23% da meta de restauração do país. Aliado a isso, há um déficit de aproximadamente 16 milhões de hectares em áreas de reserva legal em propriedades rurais que precisam de restauração florestal. Desse total, mais da metade está na Amazônia e outros 25% no Cerrado.

Outro dado destacado pelo estudo é o crescimento de áreas de florestas secundárias, que têm alta capacidade de sequestrar carbono da atmosfera, mas não contam com legislação específica de proteção. De acordo com a pesquisa, 5,46 milhões de hectares de florestas secundárias cresceram no Brasil entre 2017 e 2022 fora de terras públicas – 40% na Amazônia e 36% na Mata Atlântica. Apesar de esse total representar quase metade da meta de restauração do Brasil, a manutenção do sequestro de carbono das florestas secundárias corre risco, já que elas estão suscetíveis a novos desmatamentos e incêndios.

Caminhos

No trabalho, os pesquisadores sugerem medidas a serem adotadas, entre elas o combate ao desmatamento ilegal – fortalecendo o arcabouço legal, ampliando a fiscalização e a responsabilização. Há destaque para a necessidade de medidas de prevenção e a implementação de programas para restaurar áreas de vegetação nativa em larga escala, com a criação de incentivos financeiros para proprietários rurais por meio de pagamentos por serviços ambientais.

Esses incentivos serão importantes, inclusive, para garantir que áreas passíveis de serem desmatadas legalmente permaneçam em pé. De acordo com o estudo, o Cerrado e a Caatinga têm as maiores áreas de vegetação nativa passíveis de desmatamento legal. Para garantir que as florestas secundárias consigam contribuir a longo prazo com o sequestro de carbono, a pesquisa aponta a necessidade de uma legislação nacional que aumente a proteção delas fora das áreas de reserva legal ou de preservação permanente.

Por meio da assessoria de imprensa, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima informou que tem adotado medidas para cumprir o compromisso de “desmatamento zero em todos os biomas até 2030”. Entre elas está o programa “União com Municípios”, lançado em abril como parte do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm), com R$ 785 milhões destinados a 70 municípios prioritários (até o momento 48 assinaram o termo de adesão).

Outras ações incluem alterações de regras do Conselho Monetário Nacional – como a restrição de crédito rural para proprietários com Cadastro Ambiental Rural (CAR) suspenso, com embargos e imóveis sobrepostos a Terras Indígenas, Unidades de Conservação e florestas públicas não destinadas.

Além disso, o ministério destaca a retomada do Fundo Amazônia, com novos contratos que somam R$ 1,4 bilhão e doações anunciadas que devem chegar a R$ 3,1 bilhões. Para o Cerrado, foi lançado um Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento. Em relação à restauração de florestas, cita o Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa, com o objetivo de ampliar e fortalecer políticas públicas, incentivos financeiros, mercados, tecnologias de recuperação e boas práticas agropecuárias, que deve passar por atualização neste ano.

Futuro

Segundo Dutra, os próximos passos da pesquisa estão direcionados para levantar perdas e impactos econômicos da destruição das florestas, aprofundando os dados do trabalho atual.

Para Anderson, é importante aprimorar o diálogo entre instituições – federais, estaduais, municipais, do terceiro setor e comunidades locais –, além da necessidade de responsabilização frente à inação ou omissão no desenvolvimento dos planos.

“Nossa capacidade de diálogo ainda é muito limitada, esbarrando em vieses políticos que estão muito aquém do que tecnicamente poderíamos fazer para avançar rapidamente”.

O estudo recebeu apoio da FAPESP por meio de seis projetos (20/15230-520/08916-822/11698-819/25701-823/03206-0; e 20/16457-3).

O artigo Challenges for reducing carbon emissions from Land-Use and Land Cover Change in Brazil pode ser lido em: www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2530064424000245#gs0010r.

*O conteúdo foi originalmente publicado pela Agência FAPESP, escrito por Luciana Constantino

Oficinas resgatam tradição do grafismo e teçume de arumã e tucum em artesanatos de mulheres indígenas

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O projeto ‘Parentas que Fazem’ vem realizando oficinas para resgatar tradições e trocas de saberes entre povos originários, como fazer artesanato com teçume de arumã e fibra de tucum, além do grafismo. O ‘Parentas que Fazem’ é implementado pela Fundação Amazônia Sustentável (FAS), com apoio do Google.org, instituição filantrópica do Google, e em parceria com a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) e Rede de Mulheres Indígenas do Amazonas (Makira-E’ta). 

As oficinas estão acontecendo nas sedes das próprias associações localizadas no Amazonas, que atuam com artesanato, entre outros produtos, para gerar renda, e compõem o projeto. Entre elas, está a Associação de Mulheres Indígenas do Alto Rio Negro – Numiã Kura (AMARN), com sede em Manaus, e considerada a mais antiga do país, com mais de 37 anos de atuação.

Foto: Lucas Bonny/FAS

Formada por mais de 35 artesãs de 10 povos indígenas, a AMARN vem recebendo oficinas para resgatar tradições antigas, inclusive, enfatizando a história de cada grafismo, seu significado e ensinando a inserir ele em peças de artesanato.

Uma das oficinas foi ministrada pela professora Ângela Moura, do povo Tukano, que é doutoranda na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e participou da fundação da associação na capital do Amazonas. Na oficina, ela trouxe a importância do grafismo no cotidiano das mulheres indígenas, o significado e o símbolo das cores em diferentes modelos, além do uso da arte dos grafismos na tecelagem, cerâmica, acessórios e outras peças. Houve ensinamentos sobre grafismos dos povos Tukano, Yanomami e Kayapó. 

Segundo a professora, que também é secretária da AMARN, a oficina serviu como espaço de empoderamento cultural e fortalecimento da identidade das mulheres indígenas, que aprenderam e transmitiram conhecimentos sobre técnicas e significados dos grafismos.

Considerado um tipo de arte visual, o grafismo surgiu da cultura indígena. Mas, atualmente, faz parte de diversas manifestações artísticas como nos artesanatos, quadros, tatuagens, roupas, acessórios, entre outros. Nos desenhos de grafismo, as linhas seguem um equilíbrio e ritmo constantes, formando imagens que identificam povos indígenas.

Foto: Lucas Bonny/FAS

Durante os encontros semanais, na sede da associação, as artesãs fazem uma roda de conversa, fazendo um resgate da história de cada uma; abordando o que faziam em suas comunidades; os ensinamentos de seus pais e dos anciões das aldeias; além das danças, comidas e costumes. Todas as informações são abordadas durante as atividades, fazendo, literalmente, um levantamento histórico da ancestralidade e legado do povo de cada artesã.

Para a secretária da AMARN, iniciativas como o Parentas que Fazem são importantes para estimular a nova geração de mulheres indígenas.

Ela explicou que a associação recebe mulheres indígenas de diversas aldeias localizadas no interior do Amazonas. Em Manaus, muitas dessas mulheres precisam se adaptar e passam por uma série de problemas como preconceito, falta de emprego, aprender a falar o português, abusos, violências, entre outros. A associação se torna um refúgio para muitas delas e os ensinamentos sobre o artesanato são uma forma de gerar renda para elas.   

Intercâmbio de saberes

Foto: Lucas Bonny/FAS

Outra oficina importante executada pelo projeto Parentas que Fazem foi a produção de artesanato com a arte do teçume de arumã, considerada uma tradição milenar indígena. Teçume é como as artesãs, ou teçumeiras da Amazônia, chamam o ato de tramar as fibras vegetais, criando peças a partir dos talos de arumã. O arumã é uma espécie de cana de colmo liso e reto, que possui superfícies planas, flexíveis e que suportam o corte de talas milimétricas. No processo do teçume, o colmo da planta é descascado/raspado, areado e pode ser tingido ou mantido na cor natural.

Entre os momentos marcantes dessa atividade, houve a apresentação de desenhos que representam como é feito o manejo de tucum em cada comunidade, inclusive, com fluxogramas sobre a forma que eles fazem o manejo. Divididos em grupos, os participantes apresentaram seus desenhos e compartilharam suas práticas, desafios e soluções, fazendo uma grande troca de saberes.

Um dos nomes brasileiros mais promissores da moda no mundo, o estilista Maurício Duarte, que estreou no São Paulo Fashion Week, em 2023, com uma moda sofisticada que valoriza o legado dos povos originários, também participou de ações do projeto Parentas que Fazem, a convite da FAS.

Foto: Lucas Bonny/FAS

Maurício, que é do povo Kaixana, acompanhou a oficina de teçume de arumã realizada na aldeia Yabi, do povo Baré, em São Gabriel da Cachoeira, município a 852 quilômetros de Manaus. Além disso, ele promoveu uma troca de conhecimento com as artesãs, ensinou técnicas e fez rodas de conversas, promovendo um grande intercâmbio. 

O estilista foi recepcionado ainda na aldeia Yabi com o ritual Dabucuri, tradição milenar dos povos indígenas do Alto Rio Negro que celebra a fartura e a união entre diferentes povos, além de ser uma celebração de boas-vindas.

“Foi uma experiência muito incrível, é uma forma de fortalecimento muito grande do trabalho. A maioria das pessoas envolvidas são mulheres, o que deixa muito claro a força feminina e o trabalho na comunidade para o fortalecimento da cultura indígena”, disse Maurício.

Ele também esteve na sede da AMARN, em Manaus, onde encomendou algumas peças, conversou com as artesãs, fez troca de saberes, entre outras ações. Maurício conheceu mais sobre o processo de grafismo e tecelagem com a fibra de tucum, e também levou seus conhecimentos sobre moda e confecção de roupas. 

O futuro nas raízes culturais

A supervisora da Agenda Indígena da FAS, Rosa dos Anjos, destaca o papel das oficinas como uma forma de valorização e resgate das culturas e tradições indígenas. 

“Ao promover essa troca de saberes, nós contribuímos para a perpetuação das tradições e conhecimentos ancestrais por meio das expressões culturais como o grafismo, o artesanato, a tecelagem. Isto é uma forma de manter as culturas indígenas vivas, valorizando o trabalho das mulheres artesãs e disseminando-a para o mundo. Sabemos que o artesanato é uma importante fonte de renda para esses povos, e o Parentas que Fazem vem para fortalecer esse trabalho, levando autonomia para as organizações femininas da Amazônia indígena”, declarou.

Sítio-Escola no Pará estimula interação entre estudantes internacionais para prática arqueológica na Amazônia

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A fim de promover o estudo de materiais arqueológicos na região amazônica, a Universidade Federal do Pará (UFPA), em parceria com o Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) e instituições internacionais, realizou uma atividade de sítio-escola de Arqueologia, na Comunidade do Jacarequara, localizada na Ilha de Trambioca, em Barcarena.

A experiência foi uma oportunidade para os estudantes de graduação e pós-graduação de Belém vivenciarem a formação prática nos métodos arqueológicos em um ambiente de convívio intercultural com moradores da área de pesquisa, professores e discentes de outras nacionalidades.

O sítio-escola foi desenvolvido por meio da disciplina “Métodos e Técnicas de Investigação em Arqueologia”, ofertada aos discentes do Programa de Pós-Graduação em Antropologia (PPGA/UFPA), do Programa de Pós-Graduação em Sociodiversidade (PPGDS/MPEG), da École du Louvre e da Graduação em Arqueologia da Universidade Estadual do Tenesse, nos Estados Unidos. 

A atividade tem o intuito de apresentar os pressupostos básicos da pesquisa arqueológica por meio da realização de prospecções geofísicas para o resgate e estudo de materiais arqueológicos que possam ajudar na compreensão do processo de formação e da história da ilha. Além dos pesquisadores, os próprios moradores da comunidade e crianças também tiveram a oportunidade de atuar ativamente nas escavações da região.

A expectativa é que, além de promover uma troca de informações entre os moradores locais e os pesquisadores, a experiência também possa vir a ter o potencial de aproximar crianças da ciência e despertar nelas um interesse no aprofundamento desse conhecimento adquirido no futuro.

Intercâmbio de experiências

Integrante da atividade de Sítio-Escola, a mestranda do Programa de Pós-Graduação em Antropologia (PPGA) Gisele Rosa comenta que a experiência conjunta de estudantes de diversos países também foi um fator que possibilitou novas perspectivas sobre a prática arqueológica. 

Durante a atividade, todos os pesquisadores também puderam ter contato com o aprendizado de métodos arqueológicos diferentes, utilizados por pesquisadores de fora do Brasil.

“Como estudante de doutorado francês, tive a oportunidade de escavar com estudantes brasileiros da UFPA e com estudantes americanos da Universidade do Tennessee. Conversamos sobre nossas diferenças e vínculos culturais e pudemos discutir metodologias de escavação e estudo, que podem variar de um país para outro”, apontou a pesquisadora Ninon Bour, da École du Louvre, da França.

“A UFPA e o MPEG são instituições de referência na pesquisa, sendo base para muitos pesquisadores estrangeiros que atuam e atuaram na arqueologia amazônica e, portanto, do intercâmbio de conhecimentos. O diferencial do sítio-escola, como o desenhamos, é que esse intercâmbio se dá com o desenvolvimento da pesquisa na Amazônia, por instituições amazônicas, focado na formação de discentes daqui, em conjunto com os discentes estrangeiros”, lembra a professora Daiana Alves. 

Sobre o projeto

Hoje, objeto de estudo do Projeto “Florestas Culturais e Territorialidades na Amazônia Oriental Pré-Colonial”, o Sítio Sambaqui Jacarequara é pesquisado pelo Museu Emílio Goeldi desde 2012. 

Dados prévios indicam, inclusive, que construções como os sambaquis eram lugares importantes para moradia, para realização de festas e rituais e para descarte de restos de comidas e outras coisas do dia a dia que demarcam uma territorialidade.

Nesta região, por exemplo, os pesquisadores apuraram que os antigos habitantes possuíam uma alimentação bastante diversificada e que eles próprios foram os responsáveis por construir o território da comunidade, o que gera orgulho, até hoje, para os moradores que têm interesse em conhecer os estudos e as pesquisas relacionadas à história de Jacarequara. 

Desse modo, já foram encontrados registros arqueológicos de uma diversidade de animais, entre eles, estão: antas, guaribas, porcos-do-mato, preguiças, tracajás, veados e uma grande variedade de peixes.  

Hoje, coordenado pelas professoras Daiana Travassos, do Programa de Pós-Graduação em Antropologia (PPGA); Helena Lima, do Programa de Pós-Graduação em Diversidade Sociocultural do MPEG; e Pedro José Tótora, também do PPGA da UFPA, o projeto tem o objetivo de aliar os pilares de formação em pesquisa, ensino e extensão em torno da herança arqueológica do local, que faz parte do conjunto de bens culturais produzidos pelos seres humanos, com preservação, proteção e cuidados garantidos pela legislação brasileira.

*Com informações da UFPA

Encerramento do Glocal Amazônia reúne Caprichoso e Garantido no Largo de São Sebastião

Manaus viveu três dias de cultura, arte e debates sobre sustentabilidade durante a Glocal Amazônia 2024, que chegou ao fim neste sábado (24). O evento foi realizado pela Fundação Rede Amazônica.

“Mais uma vez a Glocal foi um grande sucesso. Um encontro de ideias inovadoras, soluções concretas e muita cultura. Isso está no DNA da Fundação, é isso que nós nos propomos a fazer em cada evento, em cada ação: reunir as pessoas em busca de alternativas para os problemas da nossa Amazônia. Estamos extremamente felizes com todo esse resultado”, destacou Mariane Cavalcante, diretora executiva da Fundação Rede Amazônica.

O encontro dos dois bois, símbolos do Festival de Parintins, trouxe ao público manauara a magia do tradicional evento, emocionando os presentes com suas toadas, coreografias e a energia contagiante dos bois.

“A Glocal é sobre inspirar as pessoas a pensarem globalmente e agirem localmente para que a gente possa ter uma Amazônia mais sustentável, mais justa. E como fazer isso? Além das palestras, oficinas e workshops, nós trouxemos os bois, que são parte da cultura, do coração da cultura amazônica”, destacou Rodrigo Baggio, diretor da Glocal.

Elias Albuquerque, que faz parte da tradicional torcida Raça Azul, esteve presente com seus integrantes no Largo de São Sebastião.

“Mais uma vez, nossa torcida marca presença para prestigiar o nosso boi. Para a gente, é fundamental estarmos presentes nesse show. Nós fomos para Parintins com 80 componentes para ajudar o nosso boi a ser campeão, e aqui vai ser mais uma grande festa do nosso tricampeonato”, destacou o nutricionista Elias Albuquerque.

Já do lado vermelho, Juliana Nogueira chegou cedo com a torcida do Comando Garantido para fazer a festa com o maior campeão do festival.

“É um evento que sabemos ser muito importante para o nosso Amazonas, e como a gente representa o Boi, nos convém muito estar aqui hoje. Vamos entregar tudo, como sempre fizemos em todos os eventos. Estamos sempre preparados para o Garantido”, destacou a monitora de transporte escolar.

Durante os três dias de evento, a Glocal Amazônia 2024 promoveu discussões sobre temas cruciais para a preservação da floresta amazônica e o desenvolvimento sustentável da região. Especialistas, ativistas e representantes de comunidades locais compartilharam experiências e soluções inovadoras para os desafios enfrentados pela Amazônia, envolvendo o público em um debate necessário e urgente.

“Eu acho que isso é inegável. Não tem como falar de sustentabilidade, não tem como falar de meio ambiente sem falar no Amazonas, sem falar na Amazônia como um todo. Então a Glocal realmente tem esse objetivo de trazer, de dentro para fora, a voz da Amazônia falando para o mundo e de colocarmos a Amazônia no centro da discussão socioambiental mundial, trazendo especialistas para falarem dos assuntos mais importantes para o povo do Amazonas, para o povo do Norte”, destacou Arthur Barros, gestor da Glocal Amazônia.

A Glocal Amazônia reforçou o papel do estado do Amazonas como protagonista das discussões sobre a Amazônia e deixou claro que a união entre tradição e modernidade é o caminho para a preservação e valorização da maior floresta tropical do mundo.

Sobre o Acelera Amazônia

Glocal Experience Amazônia faz parte do projeto Acelera Amazônia 2024 e tem o apoio da Apa Móveis, Prefeitura de Manaus, Secretaria do Meio Ambiente (SEMA), Amazonastur e Governo do Amazonas. Idealização e operação: Dream Factory. Realização: Fundação Rede Amazônica (FRAM).

Glocal Experience nasceu em maio de 2022 com sua primeira edição no Rio de Janeiro. O encontro busca se tornar anual e tem a intenção de ser realizado em cada Estado da Amazônia. Em 2024, Manaus (AM) recebe o evento pela segunda vez.

Ipês colorem a região amazônica, mas você sabia que as flores podem ser usadas na alimentação?

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De julho a setembro a região amazônica recebe uma coloração especial. É que esse é o período da florada dos ipês, árvores conhecidas principalmente por terem flores coloridas, embelezando as paisagens urbanas e naturais onde estão presentes.

O período de floração costuma durar poucas semanas. “A flor em si dura poucos dias. É frequente que a intensa floração seja sucedida pela formação de numerosos frutos”, diz. Os ipês adoram um lugar bem iluminado. “As espécies de ipê são heliófitas, isso significa que preferem o sol do que a sombra. Em condições de luminosidade adequadas, tendem a crescer com mais vigor e mais rapidamente”, diz.

E as flores coloridas dessas plantas tem um papel importante para assegurar a reprodução da espécie. “A coloração serve de atrativo visual para os polinizadores, especialmente abelhas. Após a fecundação da flor pelo polinizador, o fruto é formado. Esse fruto se abre quando maduro e as sementes são dispersadas através do vento”, explica.

Os ipês estão presentes em todos os seis biomas do Brasil: da Amazônia ao Pampa, com maior número de espécies na Mata Atlântica. Segundo o botânico, diversas espécies são popularmente chamadas de ipês, mas há diferenças significativas entre elas.

“No entanto, geralmente, compartilham o hábito arbóreo, apresentam folhas compostas formadas por folíolos, com tricomas (pêlos), flores tubulares e vistosas, e o fruto do tipo cápsula, que se abre quando maduro, liberando uma semente alada que é carregada pelo vento”, completa.

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Foto: Vanessa Monteiro

De acordo com o professor Felipe Fajardo, ‘Ipê’ é um termo popular associado a um conjunto de espécies arbóreas, ou, mais raramente, arbustivas, caracterizadas pelas flores tubulares coloridas. A maioria das espécies de ipês pertence ao gênero Handroanthus, da família Bignoniaceae. Algumas poucas espécies estão posicionadas no gênero Tabebuia, que também pertence à família Bignoniaceae. São reconhecidas 27 espécies de Handroanthus no Brasil, sendo 15 restritas ao país, das quais 6 espécies ocorrem no estado do Pará.

Foto: Vanessa Monteiro

“Ou seja, algumas espécies de ipês são exclusivamente brasileiras, enquanto outras apresentam uma distribuição geográfica mais ampla”, explica o professor.

Ipê na alimentação?

O que muitos não sabem é que flores de ipê, especialmente as amarelas também estão sendo usadas na alimentação. “As flores de ipê são empregadas na culinária em função da coloração, conferindo um destaque visual ao prato servido”, explica o professor.

De acordo com o professor, os ipês amarelos fazem parte de um grupo de plantas chamadas de PANC (Plantas Alimentícias Não Convencionais). Ele explica que as PANC são plantas com potencial alimentício, mas que não são usualmente consumidas. “Há inúmeras páginas na internet que, aos pouquinhos, estão apresentando as PANCs aos brasileiros, mas é um processo relativamente lento e gradativo”, diz.

Foto: Júlia Marques

Diferentes partes das PANC podem ser consumidas e adicionadas na alimentação humana. No caso do ipê, o que está sendo utilizado por alguns grupos e restaurantes especializados é a flor de cor amarela, sendo servida crua; cozida; refogada; salteada ou à milanesa.

Outro atrativo é que as flores também são empregadas nos pratos em função do leve amargor que elas possuem, sendo comparável ao gosto do alface.

“Por exemplo, quando servidas com batata ou abóbora proporcionam um contraste de sabor entre o doce e o amargo, que pode agradar o paladar de algumas pessoas”, diz o professor. 

Mas somente as flores de cor amarela são consumidas? Há contraindicações? Há propriedades medicinais ou nutritivas nessas flores? Segundo o professor, são respostas que a ciência ainda não possui.

Sobre as contraindicações ao consumo da flor, o professor diz que ainda não há registros específicos. “Contudo, recomenda-se colher as flores no pé ou utilizar aquelas recém caídas em locais limpos. Após lavá-las, deve-se retirar o cálice basal, e usar apenas a corola, que é o conjunto de pétalas que formam a flor”, diz.

*Com informações da Ufra

Glocal Amazônia destaca importância das ‘vozes’ dos amazônidas

Apesar de sua importância, as vozes amazônidas frequentemente enfrentam desafios para serem ouvidas e respeitadas. A marginalização dessas comunidades em discussões políticas e econômicas, bem como a pressão de interesses externos, ameaça a continuidade de suas culturas e seu direito à terra.

Esse foi um dos temas debatidos no terceiro dia do ‘Glocal Experience Amazônia’ neste sábado (24). Durante o painel ‘A influência das vozes amazônidas no pertencimento local’, as influenciadoras Ira Maragua, Karen Mabel e Rita Flor falaram sobre a importância de amplificar as vozes dos amazônidas e, dessa forma, garantir que eles desempenhem um papel central nas decisões que afetam a Amazônia.

Com mais de 80 mil seguidores nas redes sociais, a influenciadora Ira Maragua mostra curiosidades sobre o universo indígena. “Acho importante ressaltar a importância da cultura indígena para a sociedade. Através das minhas produções, eu consigo passar para os meus seguidores um pouco do conhecimento que os indígenas carregam consigo”, disse.

No painel, a influenciadora falou sobre pertencimento local na Amazônia e que tudo está ligado à defesa dos direitos territoriais e culturais das comunidades amazônidas. “Quando essas vozes são valorizadas e respeitadas, o sentimento de pertencimento se fortalece, resultando em maior sentido de comunidade. Além disso, quanto mais pessoas são alcançadas, mais elas contribuem para a conservação da floresta e para a manutenção dos modos de vida tradicionais”, afirmou a indígena.

Foto: Dieg Oliveira/Rede Amazônia

Passando a tocha

Conhecida como a ‘dona de Manaus’, a influenciadora Karen Mabel afirmou que cabe a próxima geração continuar o trabalho da geração atual. “Para que o sentimento de pertecimento continua florescer, é fundamental que as histórias, osa sabores e as lutas desssas comunidades sejam ouvidos, respeitados e integrados nas políticas e ações voltadas para a região”, desta.

Karen destacou ainda que os jovens precisam se envolver em questões impartantes e que podem afetar a realidade deles. “Nunca é tarde para mudar e conhecer uma nova pespectiva. Espero que as pessoas façam das redes sociais uma oportunidade para divulgar e exaltar a Amazônia”, contou.

Sobre o Acelera Amazônia

Glocal Experience Amazônia faz parte do projeto Acelera Amazônia 2024 e tem o apoio da Apa Móveis, Prefeitura de Manaus, Secretaria do Meio Ambiente (SEMA), Amazonastur e Governo do Amazonas. Idealização e operação: Dream Factory. Realização: Fundação Rede Amazônica (FRAM).

Glocal Experience nasceu em maio de 2022 com sua primeira edição no Rio de Janeiro. O encontro busca se tornar anual e tem a intenção de ser realizado em cada Estado da Amazônia. Em 2024, Manaus (AM) recebe o evento pela segunda vez.

Isabelle Nogueira, Luana Borba e Daniela Branches debatem papel da comunicação no Glocal Amazônia

Três potências da comunicação do Amazonas se reuniram para um painel no Glocal Experience Amazônia 2024 na tarde deste sábado (24). A ex-BBB Isabelle Nogueira e as jornalistas do Grupo Rede Amazônica, Luana Borba e Daniela Branches, falaram sobre a importância da comunicação em massa na promoção da sustentabilidade.

Amada pelo público depois de sua participação no reality show Big Brother Brasil, Isabelle Nogueira ficou conhecida por ser a ‘embaixadora da cultura amazonense’. Além de divulgar a cultura do Norte, Isabelle também debateu pautas importantes durante sua participação no programa da Rede Globo, como por exemplo, a preservação da floresta amazônica.

“Se você parar para pensar, o Festival Folclórico de Parintins é uma aula lúdica de história, pois estamos contando sobre o passado. Então, o festival merece ser apreciado pela sua forma técnica de preservação e credibilidade. Porque a gente vive o ciclo perfeito do econômico, o ambiental e o social. Não só no Amazonas, não só em Manaus, não só em Parintins, mas no Norte”, destacou a influenciadora.

Foto: Diego Oliveira/Portal Amazônia

Todas as noites, os telespectadores amazonenses têm um encontro marcado com a jornalista Luana Borba no Jornal do Amazonas Segunda Edição do Grupo Rede Amazônica. Há mais de 20 anos, Luana se dedica a levar notícias para o público.

“Acho extremamente importante a gente mostrar que a comunicação está inserida também na sustentabilidade. Nos noticiários, falamos muito sobre meio ambiente e a importância da preservação da natureza”, afirmou.

Quem também marcou presença no painel foi a jornalista Daniela Branches. Com mais de 30 anos atuando na comunicação, ela participou de diversas coberturas jornalística, mas o seu foco sempre foi a Amazônia. “É um prazer conhecer a região amazônica, já que é um lugar tão importante para todos nós”, destacou.

Sobre o Acelera Amazônia

Glocal Experience Amazônia faz parte do projeto Acelera Amazônia 2024 e tem o apoio da Apa Móveis, Prefeitura de Manaus, Secretaria do Meio Ambiente (SEMA), Amazonastur e Governo do Amazonas. Idealização e operação: Dream Factory. Realização: Fundação Rede Amazônica (FRAM).

Glocal Experience nasceu em maio de 2022 com sua primeira edição no Rio de Janeiro. O encontro busca se tornar anual e tem a intenção de ser realizado em cada Estado da Amazônia. Em 2024, Manaus (AM) recebe o evento pela segunda vez.

União e Funai são condenadas a pagar R$ 1 milhão a povo indígena do Acre por demora em demarcação

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A União e a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) foram condenadas a pagar R$ 1 milhão de dano moral coletivo ao povo indígena Huni Kuin que vive na TI Henê Baria Namakia, antigo Seringal Curralinho, em Feijó, interior do Acre.

A Advocacia-Geral da União (AGU) e a Funai afirmaram que “foram intimadas da decisão e avaliam, no momento, as medidas cabíveis”.

A Justiça Federal determinou também que o processo de demarcação da terra indígena seja concluído em até 24 meses. O procedimento administrativo de demarcação já dura mais de duas décadas.

“Diante desses elementos e reconhecida a mora do governo brasileiro na demarcação da Terra Indígena Henê Baria Namakia deve haver a condenação da União e da Funai, de forma solidária, ao pagamento de indenização por danos morais coletivos ao povo Huni Kui que lá vive”, diz um trecho da decisão.

O valor da indenização levou em consideração o tempo que a comunidade do local aguarda pela demarcação. A decisão atende a um pedido feito em janeiro de 2023 pelo Ministério Público Federal (MPF) em ação civil pública pelo procurador Lucas Costa Almeida Dias, do Ministério Público Federal do Acre (MPF-AC).

Na época, o órgão federal destacou que a demora na conclusão do processo “somente tem servido para acirrar os conflitos entre indígenas e não indígenas, haja vista a ausência de reconhecimento do território tradicional”.

A ação civil estipulou o prazo de 180 dias para finalização dos trabalho ainda em 2023 e uma indenização por dano moral coletivo para os povos que residem no local de R$ 5 milhões.

No último dia 13, a juíza federal Raffaela Cássia de Sousa determinou que a União e a Funai “prossigam imediatamente com o procedimento administrativo de demarcação da terra indígena, retomando os estudos de identificação, delimitação e grupos de trabalho que ainda estiverem pendentes, tudo isso no prazo máximo de 24 meses”.

O prazo começa a contar a partir da intimação da decisão. “Não cumprida a tutela de urgência no prazo fixado e/ou não sendo informados os andamentos dos trabalhos nos prazos, incidirá multa diária de R$ 500 a ser revertida em favor do povo indígena, com acompanhamento da disponibilização e uso dos valores pelo MPF e Funai”, destaca o processo.

Demarcação já leva 22 anos

De acordo com o MPF, em 2001 teve início a primeira etapa do processo de identificação e delimitação do Seringal Curralinho, onde o território é localizado. Foi criado um grupo de trabalho, que após 7 anos de atuação não apresentou conclusões.

Em 2013, um novo grupo de trabalho foi criado para dar continuidade ao processo iniciado em 2001. Mas essa nova tentativa também não obteve resultados.

Foto: Reprodução

O MPF argumentou também que o histórico de conflitos demonstra que os povos do território Henê Baria Namakia tem a sobrevivência física e cultural ameaçada, e recomenda que o processo, que já leva muito tempo, seja finalizado e os invasores sejam retirados do local.

*Com informações da Rede Amazônica AC

Glocal Amazônia 2024 discute colaboração como estratégia de impacto sistêmico

Ao longo das várias conferências proporcionadas pelo Glocal Experience Amazônia 2024 foram abordadas diversas temáticas voltadas ao impacto das mudanças ambientais na região, como também estratégias sociais para amenizar esses impactos.

Um desses métodos discutidos foi a colaboração como estratégia de impacto sistêmico. A conferência, realizada no último dia do evento, foi mediada por Rodrigo Baggio e apresentada por Tatiana Monteiro de Barros, Valcicleia Solidade, Roberto Brito, Raimundo Leite Souza e Enoque Ventura.

Ao longo da conferência foi citado que a colaboração envolve o poder público, o setor privado e membros da sociedade civil. A Superintendente de desenvolvimento sustentável de Comunidades da FAS (Fundação Amazônia Sustentável), Valcleia Solidade comenta um pouco sobre essa interação entre entidades.

Foto: Acervo/Portal Amazônia

Em relação às fumaças e a estiagem intensa vivenciada nesse período do ano na Amazônia, ela avalia:

Sobre o Acelera Amazônia

Glocal Experience Amazônia faz parte do projeto Acelera Amazônia 2024 e tem o apoio da Apa Móveis, Prefeitura de Manaus, Secretaria do Meio Ambiente (SEMA), Amazonastur e Governo do Amazonas. Idealização e operação: Dream Factory. Realização: Fundação Rede Amazônica (FRAM).

Glocal Experience nasceu em maio de 2022 com sua primeira edição no Rio de Janeiro. O encontro busca se tornar anual e tem a intenção de ser realizado em cada Estado da Amazônia. Em 2024, Manaus (AM) recebe o evento pela segunda vez.

Nível do Rio Acre atinge menor marca em Brasiléia pelo terceiro dia seguido

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O nível do Rio Acre em Brasiléia, no Acre, chegou a 73 centímetros na manhã do dia 22 e teve o menor índice já registrado na história da cidade pelo terceiro dia seguido. De acordo com a Defesa Civil Municipal, o manancial começou a semana chegando a 75 centímetros na segunda-feira (19) e se manteve na marca até a terça (20). Na quarta (21), mais uma cota mínima histórica, com o rio em 74 centímetros, índice superado nesta quinta.

A situação atual, que preocupa as autoridades por conta do risco de desabastecimento, contrasta com o que foi vivenciado pelos moradores em fevereiro deste ano, quando o Rio Acre alcançou a maior marca de sua história na cidade: 15,58 metros. Na época, cerca de 80% do município ficou inundado.

Foto 1: Arquivo/Secom Brasiléia — Foto 2: Defesa Civil de Brasiléia

O coordenador da Defesa Civil, tenente Sandro Cordeiro, informou que já solicitou ajuda do governo federal através da Secretaria Nacional de Defesa Civil. A cidade também está na lista das que tiveram a situação de emergência reconhecida por conta da estiagem.

De acordo com o tenente, o apoio deve chegar em breve por meio de caminhões-pipa e caixas de 5 mil litros em comunidades da zona rural que já enfrentam problemas no abastecimento de água. Caso o cenário de redução do nível se mantenha, a distribuição também pode ser afetada na parte urbana de Brasiléia.

Maior enchente da história

Foto: Prefeitura de Brasiléia

Brasiléia é mais um município que passa por seca recorde após registrar enchente histórica no início de 2024. No dia 28 de fevereiro, o nível do Rio Acre iniciou com 15,56 metros no município. No decorrer do dia, o manancial aumentou mais dois centímetros.

Com isso, superou a marca registrada em 2015 em Brasiléia, de 15,55 metros, naquela que ficou conhecida como a pior cheia da história da cidade, quando as águas do manancial cobriram 100% da área urbana do local.

Na época, quase 4 mil pessoas estavam desabrigadas ou desalojadas, segundo a prefeitura do município. Os moradores de Brasiléia e de Epitaciolândia, cidade vizinha, faziam filas para aguardar as embarcações que faziam o transporte de moradores para várias atividades. Naquela ocasião, 16 abrigos haviam sido montados para receber a população desabrigada.

No bairro Leonardo Barbosa, que chegou a ficar isolado do lado brasileiro, uma cratera se formou. A área, porém, não sofreu rompimento definitivo do território nacional.

*Por Victor Lebre e Aline Nascimento, da Rede Amazônica AC