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Organizações alertam sobre risco de retrocesso em direitos indígenas no STF

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Doze organizações e representações que atuam como amici curiae – ‘amigas da Corte’ – nas Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs) contra a Lei do Marco Temporal (Lei 14.701/2023), emitiram uma nota pública expressando profunda preocupação com a condução da mesa de conciliação estabelecida pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A mesa, liderada pelo ministro Gilmar Mendes, tem sido alvo de críticas crescentes devido à falta de transparência e ao risco de retrocesso nos direitos indígenas.

As organizações se solidarizam com a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), que decidiu se retirar das negociações na última quarta-feira (28), após considerar que “negociar direitos fundamentais é inadmissível”.

Leia também: Entenda por que a Apib deixou a mesa de conciliação sobre o Marco Temporal

O principal foco das críticas é a forma como as discussões têm sido conduzidas, sem que questões cruciais levantadas pela Apib tenham sido devidamente respondidas, como o pedido de reconhecimento da inconstitucionalidade da Lei 14.701 (Lei do Marco Temporal), especialmente em relação aos dispositivos já julgados inconstitucionais pela Suprema Corte no Recurso Extraordinário (RE) 1.017.365, que teve repercussão geral e foi concluído em setembro de 2023.

Esse julgamento do STF foi considerado um marco na defesa dos direitos constitucionais indígenas. A posição do STF foi diametralmente oposta a diversos pontos que, depois, foram incluídos pelo Congresso Nacional na Lei 14.701. A norma está em vigor desde sua promulgação, em dezembro de 2023.

As organizações apontam que a falta de clareza sobre o objeto da discussão nas audiências de conciliação levam a crer que os direitos territoriais indígenas, reconhecidos como direitos fundamentais pelo próprio STF no julgamento de repercussão geral, podem acabar sendo “negociados e mesmo sofrer retrocesso”.

Foto: Reprodução/Agência Brasil

A nota também denuncia a postura intransigente do juiz auxiliar Diego Viegas Veras, que na primeira audiência chegou a exibir um áudio protagonizado pelo presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco, em que ameaçava colocar em votação no Congresso a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 48, que institui o Marco Temporal, caso não houvesse resultado da conciliação. Tal atitude, segundo as organizações, gerou um sentimento de “indignação e humilhação” entre as representações indígenas.

As entidades apoiam a saída da Apib, sublinhando que “a própria ideia de conciliação como autocomposição de conflitos parece supor que todas as partes concordaram com essa forma de solução da controvérsia. Quando uma das partes a recusa, o tema necessariamente volta ao julgador para a decisão. Do contrário, a parte recusante terá negado o seu acesso à justiça. A Apib, e não outra entidade indígena, convém lembrar, é uma das autoras da ADI 7.582”.

Apesar das críticas, as organizações reafirmam sua confiança no STF, citando o julgamento do RE 1.017.365 como um exemplo de interpretação que deve ser mantida para garantir o respeito aos direitos indígenas consagrados na Constituição Federal.

Leia a nota na íntegra:

Nota dos amici curiae sobre a condução da mesa de conciliação que discute a constitucionalidade da Lei 14.701/2023

As entidades abaixo relacionadas, todas admitidas como amici curiae nos autos da ADC 87, onde se encontram reunidas as ADI 7.582, 7.583 e 7.586, bem como a ADO 86, vêm externar a sua posição a respeito da condução dos trabalhos, pelo juiz auxiliar Diego Viegas Veras, no âmbito da Comissão Especial instituída pelo Ministro Gilmar Mendes com o propósito de buscar a resolução de problemas “no que se refere ao tema dos direitos da população indígena e não indígena que envolvem o art. 231 da CF e a Lei 14.701/2023”.

  1. A Comissão Especial começou a funcionar sem que questões prejudiciais, suscitadas reiteradamente pela Apib, fossem respondidas, em especial a necessidade de afirmar a inconstitucionalidade da Lei 14.701, ao menos de seus dispositivos em completo desacordo com o julgamento do STF no RE 1.017.365. Há jurisprudência tranquila no sentido de que uma lei que surge em oposição direta ao entendimento do STF nasce com a presunção iuris tantum de inconstitucionalidade, recaindo sobre o legislador ônus argumentativo que justifique a razão de superação de julgado da Corte, o que não ocorreu.
  2. A audiência inaugural da Comissão Especial, sob o comando do juiz Diego Viegas Veras, começou com a ameaça de que, caso não houvesse a conciliação, uma PEC para instituir o Marco Temporal de 5 de outubro de 1988 seria posta em votação. Um áudio protagonizado pelo presidente do Senado Federal foi colocado em alto volume, para que não houvesse dúvidas a respeito. O mesmo ocorreu na segunda audiência, onde a postura da condução da mesa foi demasiado intransigente com os apontamentos feitos pelos povos indígenas, reduzindo os questionamentos constitucionais a “questões laterais”.
  3. Na sequência, vários incidentes demonstraram o absoluto desconhecimento do juiz instrutor com a temática posta sob conciliação, ora sugerindo que a Funai teria algum papel de representação dos povos indígenas, ora afirmando que a conciliação seguiria mesmo sem a presença da representação indígena.
  4. Tampouco houve clareza sobre os limites do que seria passível de conciliação, tudo levando a crer que direitos cuja fundamentalidade foi afirmada pelo próprio STF no julgamento do RE 1.017.365 poderiam ser negociados e mesmo sofrer retrocesso.
  5. O sentimento coletivo, tanto das representações indígenas como das entidades que há décadas trabalham com a matéria, foi de indignação e humilhação, dado o aviltamento a que foi submetida questão constitucional.
  6. A decisão tomada no dia de hoje, de saída da APIB enquanto movimento de representação nacional e que agrega organizações de todas as regiões do Brasil, é referendada pelas entidades signatárias por duas razões muito básicas. A primeira é que a própria ideia de conciliação como autocomposição de conflitos parece supor que todas as partes concordaram com essa forma de solução da controvérsia. Quando uma das partes a recusa, o tema necessariamente volta ao julgador para a decisão. Do contrário, a parte recusante terá negado o seu acesso à justiça. A APIB, e não outra entidade indígena, convém lembrar, é uma das autoras da ADI 7.582. E a segunda é a própria centralidade que os povos indígenas têm nas questões que lhes concernem diretamente, nos termos da Convenção 169 da OIT. É inconcebível que se discutam seus direitos territoriais sem a presença de povos indígenas.
  7. As entidades signatárias reafirmam a sua confiança no Supremo Tribunal Federal, que soube bem compreender o sentido do artigo 231 da Constituição Federal por ocasião do julgamento do RE 1.017.365.

Brasília, 28 de agosto de 2024

Associação Brasileira de Antropologia (ABA)
Comissão Arns
Associação Juízes para a Democracia – AJD
WWF-Brasil
Centro de Trabalho Indigenista – CTI
Conselho Indigenista Missionário – Cimi
Comissão Guarani Yvyrupa – CGY
Conectas Direitos Humanos
Povo Xokleng da Terra Indígena Ibirama La-Klãnõ
Alternativa Terrazul
Instituto Socioambiental (ISA)
Instituto Alana

*O conteúdo foi originalmente publicado pelo Instituto Socioambiental

Saiba como a Funai atua nos processos de autorização de ingresso em terras indígenas

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A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) atua como mediadora nos processos administrativos de ingresso em terras indígenas para garantir que as normas para entrada sejam seguidas. Já a decisão de autorizar ou não o ingresso de terceiros em suas comunidades fica a critério dos povos indígenas.

Os interessados em ingressar em terras indígenas precisam respeitar uma série de regras estabelecidas em normativos da Funai que consideram fatores como segurança, exames de saúde e propósito da visita. Isto porque os povos indígenas são detentores de direitos de imagens, conhecimentos tradicionais, preservação da sua cultura e modos de vida, entre outros. E cabe à Funai a missão de promover e proteger esses direitos.

O processo administrativo de ingresso em terras indígenas deve observar o consentimento dos representantes dos povos indígenas envolvidos, conforme determina os artigos 6º e 7º da Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), a respeito da consulta prévia, livre e informada. Daí a razão pela qual as próprias comunidades têm a palavra final de autorizar ou não a entrada de não indígenas em suas aldeias.

Leia também: Conheça primeira agência de etnoturismo do Brasil criada e coordenada por povos indígenas

A instrução de todo processo de autorização é feita pela sede da Funai em Brasília. Além da anuência dos povos indígenas, o procedimento administrativo requer a ciência das unidades regionais da Funai onde se localizam as terras indígenas que os solicitantes pretendem ingressar e, quando necessário, a análise jurídica da Procuradoria Federal Especializada junto à Funai.

Após a instrução do processo e com o devido consentimento dos povos indígenas envolvidos, a Presidência da Funai emite as autorizações requeridas, as quais podem ser solicitadas por estudantes, pesquisadores e afins.

São requisitos necessários para acesso a terras indígenas a apresentação de documentos e o atendimento das orientações contidas nas normas que regulam o tema, seja envolvendo o uso e exploração de imagens, sons, grafismos, criações e obras indígenas ou para fins de pesquisa científica. 

O não cumprimento dessas exigências impede a emissão da autorização pela Presidência da Funai. 

Clique aqui e confira todos os requisitos e documentos necessários para ingresso em terras indígenas.

*Com informações da Funai

Empresa ferroviária vai restaurar 212 hectares de área desmatada em Mato Grosso

Cerca de 212 hectares de área degradada no Alto Araguaia, uma das regiões mais remotas do estado de Mato Grosso, vão ser restauradas pela empresa Rumo. O tamanho do território que será reflorestado é equivalente a cerca de 296 campos de futebol e faz parte de uma parceria entre a companhia do grupo Cosan e a Secretaria de Estado de Meio Ambiente de Mato Grosso (SEMA/MT) no programa “Todos pelo Araguaia” para construção da ferrovia estadual Senador Vicente Emílio Vuolo.

Para Paula Tagliari, gerente de meio ambiente da Rumo, a participação da Rumo no programa Todos pelo Araguaia reafirma o compromisso da companhia com a sustentabilidade e a preservação ambiental do Cerrado.

A nova ferrovia no Mato Grosso é uma autorização estadual que foi dada à Rumo em 2021. Ao todo, serão construídos aproximadamente 700 quilômetros de novos trilhos para ligar Rondonópolis até Lucas do Rio Verde – maior região produtora de soja e milho do país -, e Cuiabá. Nesta primeira fase, a estimativa de investimento é entre R$ 4 bilhões e R$ 4,5 bilhões.

A construção da ferrovia também conta com um rigoroso planejamento de monitoramento e afugentamento dos animais que passam pelas regiões próximas ao traçado da ferrovia. Para isso, a companhia conta com o trabalho de 30 profissionais entre biólogos e veterinários.

Ao todo, a empresa tem um aproveitamento de 73% de sucesso no resgate desses animais. Além disso, a ferrovia estadual terá 155 passagens de fauna, e viadutos vegetados para passagem dos animais.

O projeto da ferrovia estadual também já apoiou universidades, viveiros e escolas do estado a aumentar seus bancos de sementes. Até junho de 2024 foram doadas 12.400 sementes para que sejam plantadas em áreas semelhantes àquelas utilizadas pela companhia.

Imagem ilustrativa de ação de reflorestamento, no Amazonas. Foto: Reprodução/FRAM

Sustentabilidade

Além do efeito em cadeia provocado na economia, o modal ferroviário é mais sustentável do que o rodoviário. A quesito de comparação, um único trem da Rumo com 120 vagões pode transportar a mesma quantidade de carga de até 480 caminhões.

O ano de 2023 foi o melhor exemplo dessa vantajosidade. No ano passado, a Rumo movimentou 77 bilhões de TKU (Tonelada Quilômetro Útil). Se toda carga transportada pela companhia fosse feita por caminhão, seriam 6,6 milhões de toneladas de CO2 a mais na atmosfera.

Além disso, a Rumo tem metas claras de redução de emissão de CO2. De 2019 a 2023, a ferrovia do grupo Cosan reduziu 17,4% suas emissões. De 2015 até o ano passado, a redução foi de 39%.

Geração de empregos

A geração de empregos é um dos grandes legados da Ferrovia. As análises do Observatório da Indústria da Fiemt (Federação das Indústrias de Mato Grosso), por exemplo, apontam “choque” de desenvolvimento na fase de implantação dos trilhos entre o Sul, capital e Médio-Norte do Estado.

Somente na fase de construção do empreendimento, a Fiemt estima a geração de 186 mil empregos no Estado. Desse total, 105 mil devem ser diretos, 41 mil indiretos e 40 mil induzidos (ou seja, aqueles gerados por conta da melhora da renda das famílias mato-grossenses, que irá aumentar e criará mais empregos). Atualmente, cerca de 30 empresas atuam diretamente no projeto. A estimativa é que o pico da obra aconteça durante esse segundo semestre com mais de 5 mil trabalhadores em campo.

Balanço

No primeiro trimestre, a construção da ferrovia estadual de Mato Grosso representou cerca de 62,1% no saldo de geração de empregos no estado no segmento de construção de obras de infraestrutura do primeiro trimestre de 2024. Segundo dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), foram gerados 1.666 empregos em todo estado neste segmento no período. Deste montante, cerca de 1.035 são dedicados às obras da ferrovia.

Pesquisa revela que 54% das OSCs do Norte não contam com recursos de leis de incentivo

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Pesquisa realizada pela Rede CT – Capacitação e Transformação (rede de desenvolvimento de empreendedores sociais esportivos para uso de leis de incentivo) com mais de 300 Organizações da Sociedade Civil (OSCs) das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do país, revela que o trabalho dessas instituições impacta positivamente a vida de mais de 176 mil pessoas por meio de projetos variados de transformação social. O documento mostra, porém, que 54% dessas entidades estão localizadas no interior de seus Estados e carecem de recursos de leis de incentivo para profissionalizar o trabalho realizado e ampliar esse impacto.

Para Gigi Favacho, gerente da Rede CT, o estudo evidencia que “se essas entidades passassem a receber mais recursos, assim como já acontece em regiões como Sudeste e Sul, os resultados de transformação social poderiam ser ainda mais positivos, tanto para as pessoas atendidas quanto para seus familiares e as comunidades locais”.

“Para se ter uma ideia, dentre as OSCs participantes em nosso programa de capacitação, 270 delas nunca haviam tido contato com os processos de captação de recursos por meio das leis de incentivo, 175 estão localizadas no interior de seus estados e apenas 69 possuem sedes (sejam próprias, cedidas ou alugadas). Além disso, pelo menos 137 não conseguem arcar com seus custos fixos”, pontua Gigi.

Como funciona o projeto?

O projeto, segundo Gigi, recebeu várias inscrições de organizações consideradas pequenas. “Em muitos casos, os responsáveis por essas entidades menores sequer sabiam o que é a Lei Federal de Incentivo ao Esporte, assim como outras leis de incentivo fiscal. Outras tiveram que realizar mudanças em seus estatutos, pois não constava a parte de atuação esportiva”, comenta.

Gigi Favacho comenta ainda sobre as expectativas da Rede CT. “Estamos na fase de mentoria. Das 322 OSCs que capacitamos, selecionamos 151 que atendem aos critérios estabelecidos para avançar de fase e estamos dando auxílio mais próximo para terem seus projetos aprovados via lei de incentivo. Com isso, esperamos mais que triplicar o número de projetos aprovados nas três regiões em relação ao ano passado, um passo importante para a transformação social que queremos alcançar”, finaliza.

Projeto amazonense populariza acervo zoológico de insetos do INPA

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Foto: Alexandre Somavilla/Acervo pessoal

O mundo dos insetos tem sido levado de forma lúdica e informativa à população graças a um projeto desenvolvido por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), em Manaus (AM). Batizado de ‘Coleção Zoológica de Invertebrados do Inpa de portas abertas: uma imersão no mundo dos insetos‘, a iniciativa recebe fomento via Programa de Apoio à Popularização e Divulgação para CT&I (PAPD), Edital nº 014/2022, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).

Coordenado pelo doutor em Ciências Biológicas e pesquisador do Inpa, Alexandre Somavilla, a proposta busca desmistificar o conceito de que todos os insetos são nocivos, nojentos, perigosos, ideia essa que boa parte da população tem e, por meio das atividades de popularização, a pesquisa mostra de forma simples e didática, que a maioria dos insetos são importantes para a vida, para a sobrevivência humana e do planeta, pois desempenham diferentes e importantes serviços ecossistêmicos.

Alexandre explica que o projeto é realizado com atividades presenciais, na exposição ‘Mundo dos Insetos’, que reúne uma parte do acervo e permite que as pessoas possam conhecer, fotografar, tocar nos insetos; e as atividades online, por meio da plataforma, em línguas portuguesa e inglesa, que permite um público maior ainda, fazer uma visita virtual na Coleção, caminhar pelos ambientes virtuais e ler pequenos textos educativos, informações e curiosidades sobre as ordens de insetos e os principais representantes que estão no acervo.

Foto: Alexandre Somavilla/Acervo pessoal

De acordo com o pesquisador, a Coleção de Invertebrados foi fundada em 1976 e, hoje, conta com um dos maiores acervos de insetos do Brasil, com mais de 700 mil insetos alfinetados e 5 milhões preservados em álcool.

Poucas pessoas conseguem acessar, por ser específico para a pesquisa e por conta das condições necessárias para a preservação do acervo, por isso a importância do projeto que aproxima a pesquisa da população, permitindo uma troca de experiências e uma maior compreensão do que é feito nos centros de pesquisa e porque os financiamentos a esses projetos são importantes.

“Sem esse apoio torna-se muito difícil ou mesmo impossível conseguir financiamentos de projetos e, com isso, elaborar atividades de popularização da ciência que, verdadeiramente, toquem e sensibilizem a sociedade amazonense”, disse o pesquisador.

Confira a exposição online ‘Uma Imersão no Mundo dos Insetos’ AQUI.

*Com informações da Fapeam

Situação de emergência por incêndio florestal cresceu 354% em agosto

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O número de municípios que decretaram situação de emergência por incêndios florestais em agosto cresceu 354% em relação ao mesmo mês do ano de 2023, aponta levantamento divulgado pela Confederação Nacional dos Municípios.

Somente em agosto, 118 gestores municipais registraram a condição no Sistema Integrado de Informações sobre Desastres, do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional.

Este ano, até o dia 26 de agosto, 167 municípios declararam situação de emergência. No mesmo período de 2023 apenas 57 enfrentavam o problema.

De acordo com o levantamento, 4,4 milhões de pessoas já foram afetadas pelos incêndios florestais este ano, sendo que a maioria, 4 milhões, foram alcançados pelos efeitos como poluição do ar e perda da biodiversidade.

O maior número de decretos foi registrado em São Paulo, por 51 municípios, seguido por Mato Grosso do Sul, com 35 registros; Acre, com 22; Espírito Santo e Rondônia, dois municípios, e Amazonas, Bahia, Minas Gerais, Mato Grosso, Rio de Janeiro e Santa Catarina, apenas um município cada.

Até o momento, o sistema aponta que já foram reconhecidos pelo governo federal a situação de emergência por incêndio florestal em 12 municípios em Mato Grosso do Sul. Os demais processos ainda estão em andamento para que os gestores possam ter acesso aos recursos públicos federais para medidas emergenciais.

A instituição estima um prejuízo de R$ 10 milhões em assistência médica emergencial para a saúde pública, que ainda pode crescer com impactos causados pela exposição da população à fumaça.

*Com informações da Agência Brasil

Programa de Aquisição de Alimentos adquiriu 15 toneladas produzidas por agricultores indígenas no Amazonas

Em Manaus (AM), a Secretaria de Estado de Produção Rural (Sepror), do Governo do Amazonas, adquiriu por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), 15 toneladas de alimentos fornecidos por produtores rurais de povos originários.

O Programa de Aquisição de Alimentos-PAA Indígena, coordenado pelo Governo Federal e executado pelo Governo do Amazonas, tem o objetivo de fortalecer a agricultura familiar indígena.

Foto: Ruy Nery/Sepror

Com investimento de R$38 mil, o programa adquiriu alimentos de cinco produtores rurais indígenas da aldeia Samaúma Vermelha, em Manaus. A representante dos produtores, Ione Kokama, destaca que o programa incentiva o desenvolvimento das comunidades.

“A Sepror tem incentivado os nossos povos originários. Estamos fazendo nossas plantações e essa entrega incentiva nossas plantações e colheita. Só tenho a agradecer por esse projeto e esse incentivo do Governo do Estado” destaca a Ione.

Foto: Ruy Nery/Sepror

Ao todo, foram beneficiadas cinco instituições localizadas em Manaus. De acordo com o coordenador do PAA, Juliano Osawa, a ação tem o objetivo de apoiar os produtores locais e as comunidades indígenas do Estado do Amazonas.

*Com informações da Sepror AM

Programa de computador ajuda no gerenciamento de criação de tambaqui

Foto: Reprodução/Embrapa Pesca e Aquicultura

Professores e estudante do Instituto Federal do Pará (IFPA) Itaituba, por meio do Núcleo de Inovação e Transferência de Tecnologia (NITT), registraram um novo programa de computador junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Nomeado como ‘Mais Tambaqui‘, o registro tem validade de 50 anos. O programa desenvolvido na linguagem visual basic e planilhas Excel, tendo como campo de aplicação a aquicultura animal e vegetal (AG-12), segue o tipo de programa FA-03 e algoritmo hash SHA-512.

‘Mais Tambaqui’ é resultado do trabalho de conclusão de curso da egressa licenciada em Ciências Biológicas, Sara Carvalho Ferreira. Ela contou com a orientação dos professores Aline Marculino de Alcântara e Fábio de Oliveira Amorim. Empresas ou instituições interessadas na tecnologia podem entrar em contato com o NITT/IFPA.

O professor Fábio Amorim, de engenharia elétrica, explana que o software é composto por um conjunto de planilhas para gerenciamento da piscicultura. Foi desenvolvido com foco na Região de Integração do Tapajós, em especial Itaituba, e pensado para ajudar no processo de padronização e boas práticas de manejo dos peixes em tanques e viveiros. Seu uso pode facilitar a tomada de decisão no manejo.

Com a adoção desse software, o piscicultor terá à sua disposição planilhas de preparação de viveiros (com recursos para o cálculo da desinfecção, calagem e adubação de viveiros), manejo alimentar (para o cálculo da quantidade de ração por tanque e análise da uniformidade do lote) e desempenho zootécnico (cálculos do ganho de peso, biomassa, taxa de crescimento, taxa conversão e eficiência alimentar, taxa de sobrevivência e produtividade).

A professora de Recursos Pesqueiros Aline Alcântara comenta que, durante o desenvolvimento do projeto de pesquisa ‘Prospecção de demandas da cadeia produtiva da pesca e piscicultura em Itaituba – PA’, verificou, de perto, as dificuldades enfrentadas pelos pequenos piscicultores no município. Ela destaca que eles têm dificuldades de interpretação de cálculos simples, habilidades importantes para definir e calcular a quantidade e tipo de ração a ser fornecida aos peixes no viveiro.

Diante desta constatação, ela, Sara e o professor Fábio buscaram projetar uma ferramenta de fácil manuseio que os ajudassem na gestão da atividade. “Eu costumo dizer que trabalhos realmente integrados são possíveis quando abrimos a mente para desenvolver ideias. Então, eu tinha a ideia, Sara embarcou e entendeu o objetivo e Fábio desenvolveu a planilha com a ajuda de Sara, com as informações técnicas que solicitamos”, ressalta.

A ideia dos pesquisadores foi reunir as informações mais urgentes para a tomada de decisões na gestão da criação de tambaqui em viveiros. A planilha não necessita de internet. É acessível tanto pelo celular quanto pelo computador, funciona semelhante a uma calculadora. “O software pode ser aplicado para pisciculturas de qualquer porte, de qualquer lugar, desde que seja de criação de tambaqui, uma vez que as informações técnicas são dessa espécie”, esclarece Aline Alcântara.

Arte: Reprodução/IFPA

A transferência de tecnologia das instituições públicas para as pessoas ou empresas privadas começa pelo registro de software. “O próximo passo será levar a campo a planilha, para validar e verificar a opinião dos piscicultores sobre seu uso nas práticas de manejo diárias, com o objetivo de melhorias da ferramenta”, destaca Aline Alcântara. E, por último, fechar contrato com o IFPA via NITT.

Sara estudou no IFPA desde o ensino médio, fez o curso técnico em Informática e ao ingressar no curso de Licenciatura em Ciências Biológicas, foi convidada a participar de projetos de extensão na área de piscicultura. Orientadora pela professora Aline Alcântara, o Projeto Integrador desenvolvido por elas em âmbito de extensão, sobre recursos pesqueiros, foi a chave que faltava para despertar sua atenção às questões e dilemas da cadeia produtiva da piscicultura em Itaituba.

Como surgiu a ideia?

Sara explica: “A ideia surgiu da necessidade em abranger o lado social que o IFPA tanto nos ensinou enquanto educandos da área de licenciatura em Ciências Biológicas. Buscamos uma forma de contribuir com o piscicultor, ajudando tanto ele quanto o meio ambiente”.

“A escolha em trabalhar com a piscicultura veio com um projeto de extensão que participei, no qual constatamos junto à Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (ADEPARÁ) que, na época, só havia nove piscicultores registrados, sendo que informalmente tivemos informações que havia mais de 100 piscicultores na Região de Integração do Tapajós. Os piscicultores não têm um acompanhamento necessário. E isso, nos fez pensar em algo que poderia ajudá-los tanto na questão econômica quanto a ambiental”, completa.

O processo de solicitação de registro desse software iniciou pela atuação do agente de inovação do campus Itaituba, na época, o professor Eliesio Alves.

*Com informações do IFPA

Atmosfera caótica no Portal da Amazônia Ocidental

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A avenida principal da cidade tomada pela fumaça. Foto: Júlio Olivar

Por Júlio Olivar – julioolivar@hotmail.com

O calor sufocante de 37 graus na terça-feira, 3 de setembro, marca um dos piores momentos ambientais que Vilhena, no sul de Rondônia, já enfrentou. Sem uma gota de chuva há quase quatro meses, a cidade vive uma crise ambiental sem precedentes desde o fim do Ciclo da Madeira (1970-1990), uma época de descontrole ambiental e com desmatamento incentivado pelo governo.

A seca prolongada, combinada com queimadas criminosas, transforma o ar em algo quase irrespirável, trazendo danos incalculáveis não só para a saúde das pessoas e a economia local, mas também para a fauna, a flora e os rios. Vilhena, com seus cerca de 100 mil habitantes, conhecida como a “Cidade Clima” por suas temperaturas amenas, agora observa atônita um cenário alarmante de poluição, poeira, fuligem e calor.

Situada em um platô crucial para a humanidade, por fazer parte da Bacia Hidrográfica do Rio Amazonas, Vilhena abriga cerca de 200 nascentes vitais para a manutenção da biodiversidade. Rios como o Apediá, Machado, Barão de Melgaço e Roosevelt, que nascem próximos ao perímetro urbano, estão ameaçados pela destruição das matas e encostas, queimadas e a expansão imobiliária.

Essa região, uma transição entre os biomas Cerrado e Amazônico, deveria atrair investimentos globais para preservar sua biodiversidade e garantir créditos de carbono e outras compensações ambientais. No entanto, não há projetos em andamento que possam captar recursos do Fundo Amazônia, gerido pelo BNDES.

Área destruída perto da Casa de Rondon. Foto: Júlio Olivar

Vilhena, capital do agronegócio e referência na produção de soja, algodão e carne bovina, é um município rico, com o segundo maior IDH do estado. Com vinte cursos superiores, cidade-polo na área de saúde, indústria e comércio robustos, e uma arquitetura urbana ousada, Vilhena poderia ser um exemplo de políticas públicas ambientais. Mas que futuro tem uma cidade rica que não pensa em sua própria proteção ambiental? A água é um recurso finito e o ar que respiramos, essencial. No entanto, poucos discutem o assunto.

As queimadas atuais são apenas um agravante de uma questão ambiental que há tempos caminha sem estar no radar das preocupações oficiais; não está na ordem do dia e na agenda política. As ações para preservar as nascentes, tratar adequadamente os esgotos, fazer a coleta seletiva do lixo e despoluir o Rio Pires de Sá, que corta a zona urbana, são insignificantes. E as queimadas são apenas um item a mais.

Com cerca de 11 mil km², 32% do município de Vilhena compõem o Parque Aripuanã, onde vivem indígenas cinta-larga e nambiquara. A região enfrenta pressão constante de madeireiros, grileiros e garimpeiros, financiados até por capital estrangeiro. Esta área poderia ser uma moeda de troca para atrair recursos e manter a floresta e o cerrado em pé, elevando o nível de vida dos povos tradicionais e, de quebra, injetando milhões na economia local e nos projetos sociais.

A Região Amazônica, que deveria ser a mais poderosa do mundo pela sua essencialidade, é negligenciada. E ninguém da classe política se pronuncia adequadamente sobre as queimadas. Em Brasília, nem uma nota foi divulgada pelos representantes do estado acerca do quadro que afeta a todos. Quando o fazem nas redes sociais, baseiam-se em pressupostos ideológicos, culpam uns aos outros, sem eficácia no combate ao problema e sem previsão de punição dos envolvidos.

Aqui havia uma lavoura de abacaxi. Foto: Júlio Olivar

O direito à terra é fundamentado pelo interesse social. Conforme a Constituição de 1988, o Artigo 186 estabelece que a função social da propriedade rural é cumprida quando esta atende, simultaneamente, aos seguintes requisitos, de acordo com critérios e graus de exigência definidos por lei: I – aproveitamento racional e adequado; II – utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente.

História sob ameaça

Nesta semana, a Casa de Rondon – um museu localizado a cinco quilômetros do centro e considerado o marco-zero da cidade – quase foi atingido pelo fogo. A intervenção rápida e eficiente dos bombeiros foi o que salvou este importante patrimônio histórico.

As imediações do museu ficam nos arrabaldes de diversos bairros populares e possuem lavouras de soja e algodão. Na mesma área estão o aeroporto, o Instituto Federal e a Base Aérea.

Sobre o autor

Júlio Olivar é jornalista e escritor, mora em Rondônia, tem livros publicados nos campos da biografia, história e poesia. É membro da Academia Rondoniense de Letras. Apaixonado pela Amazônia e pela memória nacional.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

Agentes agroflorestais indígenas no Pará recebem formação para plantio sem queima

Fotos: Divulgação/DGBio/IDEFLOR-Bio

A formação dos 120 agentes agroflorestais indígenas na Terra Indígena Alto Rio Guamá, no Pará, tem avançado com o curso ‘Agroecologia em Terras Indígenas: preparo de área de plantio’, realizado entre 24 e 30 de agosto. Promovida pelo Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio), em parceria com a ONG Aldeia Cabana e o Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa e Desenvolvimento Agrícola (Cirad) do governo francês, a ação ocorreu nas aldeias Cajueiro, Tekohaw e Canindé, no município de Paragominas. No dia 2 de setembro foi realizada a entrega dos certificados para os primeiros concluintes.

O curso faz parte do Projeto Apoio à Gestão e Restauração Florestal da Terra Indígena Alto Rio Guamá, financiado pelo Fundo de Desenvolvimento Florestal do Estado do Pará (Fundeflor). Um dos objetivos principais é capacitar 120 agentes agroflorestais indígenas, distribuídos em dois polos de aldeias: Santa Luzia do Pará e Paragominas.

Nas seis aldeias beneficiadas pelo projeto, cada grupo de 20 agentes será responsável por implementar um hectare de agrofloresta, contribuindo para a restauração ecológica e para a cadeia produtiva de mudas e sementes florestais no Pará.

A técnica do Ideflor-Bio e coordenadora da ação, Cláudia Kawhage, destaca a importância da prática de plantio sem queima.

Nesta fase, os agentes em formação aprenderam a preparar a área de plantio sem utilizar a queima, técnica sustentável que evita a emissão de gases de efeito estufa e promove a preservação da matéria orgânica do solo. A implantação dos módulos experimentais de agroflorestas ao lado das escolas indígenas permite o acompanhamento comunitário, reforçando a importância da prática agrícola sustentável.

Vantagens dos Sistemas Agroflorestais

Entre os benefícios das agroflorestas, destacam-se a redução da emissão de gases de efeito estufa e o sequestro de carbono. Ao evitar a queima, a emissão de dióxido de carbono (CO₂), metano (CH₄) e óxidos de nitrogênio (NOₓ) é significativamente reduzida.

Além disso, as árvores e plantas presentes nesses sistemas capturam CO₂ da atmosfera, armazenando carbono em sua biomassa e no solo, contribuindo para a mitigação das mudanças climáticas.

Outro benefício é a melhora da qualidade do solo, que, sem a queima, preserva sua matéria orgânica. Isso resulta em maior fertilidade e capacidade de retenção de água, além de promover a biodiversidade do solo. A cobertura vegetal constante das agroflorestas também ajuda a reduzir a erosão, protegendo o solo contra a degradação e evitando a liberação de carbono estocado no solo para a atmosfera.

A biodiversidade e a resiliência dos ecossistemas são fortalecidas pelas agroflorestas, que promovem a variedade de plantas, insetos e outros animais, criando ambientes mais equilibrados e resistentes às mudanças climáticas. Esses sistemas também ajudam a regular o microclima, controlando a temperatura local e a umidade, o que beneficia o crescimento das culturas e reduz a necessidade de irrigação.

Durante o curso, os indígenas também discutiram sobre a soberania e segurança alimentar em suas aldeias, com foco na conservação da agrobiodiversidade e na manutenção da cultura alimentar ancestral. O consumo crescente de alimentos industrializados, transgênicos e com agrotóxicos foi apontado como uma ameaça à saúde nas aldeias, reforçando a importância de preservar os modos tradicionais de cultivo e alimentação.

O Ideflor-Bio atua na Terra Indígena Alto Rio Guamá, uma das regiões biogeográficas mais ameaçadas de perda de biodiversidade na Amazônia. Embora 33% do território já tenha sido desmatado, a área ainda abriga o último grande e contínuo de floresta primária do nordeste paraense, servindo de refúgio para várias espécies ameaçadas de extinção.

*Com informações do Ideflor-Bio