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Estudos sobre toxoplasmose unem professores de medicina e medicina veterinária em MT

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A toxoplasmose é uma das zoonoses, doenças transmitidas por animais, mais comuns em todo o mundo. Causada por um protozoário chamado ‘Toxoplasma gondii‘, encontrado nas fezes de gatos e outros felinos, a doença pode se hospedar em humanos e outros animais e é alvo de estudos do Instituto Nacional de Ciência Tecnologia (INCT) Toxoplasmose. A Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) compõe o núcleo como instituição parceira no trabalho liderado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) com o professor João Luis Garcia. 

A professora da Faculdade de Medicina (FM) da UFMT, Michelle Igarashi Watanabe conta como será a participação a UFMT no Instituto Nacional de Ciência Tecnologia (INCT) Toxoplasmose.

“Eu como estou na Faculdade de Medicina estou responsável pela coleta de amostras biológicas humanas de gestantes e amostras de neonatos para investigação da toxoplasmose congênita em parceria com os médicos Anselmo (ginecologista) e Francis (pediatra) e o professor Richard com amostras de animais. Com essas amostras realizamos bioensaios em camundongos para posteriormente caracterizarmos o genótipo do Toxoplasma”, destaca a docente sobre a doença que tem transmissão via oral, com a ingestão de alimentos e água contaminados e  congênita.

O projeto do INCT Toxoplasmose tem entre os objetivos simplificar o diagnóstico de triagem, tanto para as gestantes como para as crianças e desenvolver kits a baixo custo, estudar marcadores proteicos da infecção aguda e crônica da toxoplasmose. 

*Com informações da UFMT

Mais de 330 mil pessoas já são afetadas pela seca dos rios no Amazonas, diz Defesa Civil

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A seca dos rios no Amazonas em 2024 afeta mais de 330 mil pessoas e em todos os 62 municípios decretaram situação de emergência, segundo o boletim com informações sobre a estiagem divulgado pelo governo estadual no dia 31 de agosto. No total, mais de 82,5 mil famílias já sofrem os impactos do fenômeno no estado.

Neste ano, o Amazonas vive um cenário ambiental crítico devido à combinação de seca dos rios e queimadas. Cidades têm dificuldades de receber insumos, há aumento no preço de produtos e comunidades indígenas e ribeirinhas podem ficar isoladas.

Prejuízos em Envira

A seca que atinge o Amazonas atrasou a entrega de oxigênio e medicamentos em Envira, no interior do estado. Segundo a Defesa Civil do município, um barco com insumos saiu de Feijó, no Acre levou mais de 10 dias para chegar à cidade amazonense.

O número de atingidos pelo fenômeno subiu para 11 mil. Um mês atrás eram 10 mil. Além disso, a estiagem severa tem causado desabastecimento na cidade e alguns alimentos tiveram aumento de mais de 100%.

O cenário vivido no município é esperado para todo o estado. Isso porque, o governo do Amazonas prevê que a situação neste ano pode ser ainda pior do que a vivida no ano passado, quando foi registrada a maior seca da história do estado.

Foto: Divulgação/Defesa Civil Municipal

Assistência humanitária

Segundo o governo, no âmbito da assistência humanitária, 737,1 toneladas de alimentos foram distribuídas para as regiões mais afetadas.

O governo estadual também já instalou 25 purificadores de água, sendo 10 deles direcionados para a calha do Alto Solimões, além de enviar 100 caixas d’água para melhorar o acesso à água potável.

Até o momento, foram enviadas 200,3 toneladas de medicamentos e insumos para os municípios situados nas calhas dos rios Madeira, Juruá, Purus e Alto Solimões.

Uma usina de oxigênio foi instalada no município de Envira, enquanto aproximadamente 200 volumes de medicamentos e insumos foram enviados para Fonte Boa. Além disso, 15 cilindros de oxigênio foram enviados ao hospital de Canutama e 12 cilindros para o hospital de Eirunepé.

O Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) já realizou 331 embargos, abrangendo um total de 17.231,1941 hectares de áreas embargadas. Foram aplicadas multas totalizando R$ 130,2 milhões, emitidos 321 autos de infração e lavrados 39 termos de apreensão, com 168 detenções efetuadas.

Entre junho e 31 de agosto, o Corpo de Bombeiros Militar do Amazonas (CBMAM) combateu mais de 11,5 mil focos de incêndio, sendo 1.030 na capital e 10,5 mil no interior do estado.

Essas ações fazem parte da Operação Estiagem 2024, organizada pelo Comitê instituído pelo governador Wilson Lima no dia 5 de julho.

*Com informações da Rede Amazônica AM

6 curiosidades que tornam Letícia uma das cidades mais famosas da Colômbia

Localizada no coração da Amazônia, Letícia é uma cidade singular que se destaca não apenas por sua posição geográfica estratégica, mas também por seu papel vital na preservação da biodiversidade e nas relações diplomáticas da Colômbia com seus vizinhos Brasil e Peru.

Com uma população de cerca de 50 mil habitantes, Letícia é a capital do departamento de Amazonas e serve como um ponto de convergência cultural e ecológico na tríplice fronteira entre Brasil e Peru.

Confira 6 curiosidades sobre a cidade:

  • A tríplice fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru está localizada na Amazônia, entre os rios Solimões (Amazonas) e Iça (Putumayo). As cidades fronteiriças que fazem parte da região são Tabatinga (Brasil), Letícia (Colômbia) e Santa Rosa de Yavari (Peru);
  • Letícia foi fundada como um porto fluvial em 25 de Abril de 1867. Foi nomeada inicialmente de San Antonio pelo engenheiro peruano Benigno Bustamante. Em 15 de dezembro do mesmo ano, o engenheiro Manuel Charón mudou o nome para Letícia, em homenagem a uma peruana de Iquitos chamada Leticia Smith;
  • A região é habitada por uma mistura de indígenas, colombianos, brasileiros, peruanos e uma crescente comunidade de expatriados. Entre as etnias indígenas, destacam-se os Ticuna, Yagua e Witoto, que mantêm vivas suas tradições, línguas e modos de vida ancestrais, mesmo em face das pressões da modernidade;
  • Pequenos incidentes de fronteira entre o Peru e a Colômbia ocorreram em 1911, e em 1922 um polêmico acordo foi alcançado entre os dois governos, com a concessão da área de Leticia para a Colômbia em troca do reconhecimento dos direitos do Peru sobre a zona sul do rio Putumayo, que também era reivindicado pelo Equador. Este acordo mostrou-se impopular entre a população peruana, apesar da ratificação do tratado em 1928;
  • Uma pequena guerra entre a Colômbia e o Peru sobre a cidade começou em setembro de 1932, quando duas centenas de peruanos, seguidos mais tarde por tropas militares, ocuparam prédios públicos em Letícia. Os combates seguiram entre as pequenas forças colombianas e peruanas no início de 1933. O conflito durou até maio de 1933, quando um cessar-fogo negociado pela Liga das Nações, entrou em vigor a fim de resolver o conflito. Em 1934, após celebração de um tratado entre a Colômbia e o Peru, a soberania colombiana foi reconhecida;
  • A cidade oferece uma quantidade enorme de peixes como tambaqui (gamitana), paiche ou pirarucu. Dourado e tucunaré são os pratos principais da região e mais apreciados pelos turistas. É também famoso o caldo de cana, suplementado com mandioca e frutas exóticas como a goiaba, pinha e cupuaçu.

E aí, já conhecia esses fatos?

Roraimense, Arrison Junior é o primeiro indígena campeão brasileiro de boxe

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Conquista inédita para Roraima a nível nacional. O roraimense macuxi Arrison da Silva Junior, da equipe América Champion, venceu a final da categoria até 63 kg cadete em Santa Catarina e se tornou o primeiro indígena campeão brasileiro de boxe.

Durante a semana, o lutador já havia garantido ao menos a medalha de bronze por ter se classificado à semifinal e, assim, se tornou o primeiro indígena medalhista no Brasileiro de Boxe. Agora, ele trocou o bronze pelo ouro.

Após vencer três lutas -, contra Davi Lopes, Pedro Queiroz e Pedro Pereira -, durante o Campeonato Brasileiro de Boxe Cadete e Juvenil, realizado em Foz do Iguaçu (PR), Arrison Junior enfrentou Leonardo Schaitel, de Santa Catarina, no dia 5 de setembro. Com o fim dos três rounds, o roraimense venceu por decisão unânime dos juízes.

Foto: Reprodução/CBBoxe

Dessa forma, Roraima encerrou a participação no Campeonato Brasileiro de Boxe Cadete e Juvenil – para atletas entre 15 e 18 anos -, com cinco medalhas, sendo quatro de bronze e uma de ouro.

Os roraimenses medalhistas de bronze foram Samilly Vitória e Deividy Oliveira, ambos da equipe Boxe Premier; e Juliana Farias e Vinicius Castelo, da equipe Gigantes de Aço.

*Por Ivonisio Lacerda Júnior, da Rede Amazônica RR

Brasil já registrou mais de 154 mil focos de calor este ano

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O Brasil iniciou o mês de setembro com mais 154 mil focos de calor registrados este ano, segundo o Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O maior número de frentes de fogo está na Amazônia, que concentra 42,7% dos focos registrados nos dias 1º e 2 de setembro.

De acordo com o Inpe, como esses dados são gerados por imagens de satélite, que variam em captação de áreas entre 375 metros quadrados (m²) e 4 quilômetros quadrados (km²), cada foco pode representar uma ou várias frentes de fogo ativas. Da mesma forma, uma frente de fogo muito grande pode ser captada por mais de um satélite e representar mais de um foco de calor.

Na comparação com os dados divulgados no último boletim do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), no sábado (31), os focos de calor continuam avançando pelos biomas brasileiros, em relação ao registrado até o dia 27 de agosto, até quando já haviam sido captados pouco mais de 112 mil focos de calor no país.

Embora a Amazônia seja o bioma mais atingido, por causa da extensão de seu território, o município mais afetado foi Corumbá, em Mato Grosso do Sul, onde o bioma predominante é o Pantanal e foram detectados 4.245 focos. Já o segundo município mais atingido foi Apuí, no Amazonas, onde houve 3.401 focos até o dia 27 de agosto.

De acordo com o Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Lasa-UFRJ), a área da Amazônia que já foi consumida pelo fogo em 2024 ultrapassou 5,5 milhões de hectares e o Pantanal já perdeu 2,5 milhões de hectares até esse domingo.

Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

Combate


O MMA informou que atualmente atuam na Amazônia 1.468 brigadistas do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Já no Pantanal, esses órgãos atuam com 391 profissionais, que se somam a outros 343 das Forças Armadas, 79 da Força Nacional de Segurança Pública e dez da Polícia Federal. Também estão sendo empregadas 18 aeronaves e 52 embarcações do governo federal.

Na última terça-feira (27), o Supremo Tribunal Federal determinou o prazo de 15 dias para que o governo federal reforce o número de pessoas e de equipamentos no combate ao fogo no Pantanal e na Amazônia. No dia 10 de setembro, o cumprimento da medida deverá ser avaliado em audiência de conciliação que tratará de três ações de descumprimento de preceito fundamental (ADPFs) que tratam do tema.

*Com informações da Agência Brasil

Software criado em Rondônia analisa legibilidade textual e ajuda em pesquisas internacionais

Um software de Análise de Legibilidade Textual (ALT) desenvolvido por professores da Universidade Federal de Rondônia (UNIR), Campus de Ji-Paraná, tem sido utilizado por pesquisadores de várias regiões do Brasil e de outros países para analisar a facilidade de leitura de diversos tipos de textos.

Registrado no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) desde 2021, a função principal do ALT é medir a legibilidade de textos em Língua Portuguesa, avaliando o grau de dificuldade na compreensão de um texto. Nessa análise, o ALT indica se determinado texto será facilmente compreendido pelo seu público-alvo, preferencialmente, na primeira leitura.

Segundo a professora Gleice Moreno, uma das criadoras dessa ferramenta inovadora, há registros de uso por diversas universidades brasileiras e instituições estrangeiras da Alemanha, Espanha, Finlândia, França, Suíça, Portugal e Uruguai. Em pouco mais de três anos de criação, 50 trabalhos já fizeram uso dessa ferramenta, como teses, dissertações e artigos nacionais e internacionais. A distribuição das universidades que utilizam o software pode ser vista no gráfico abaixo:

No Brasil, o ALT tem sido utilizado por universidades em todas as regiões, auxiliando pesquisadores na adequação de suas produções para diferentes públicos-alvo. O software ALT está disponível de forma gratuita e pode ser utilizado tanto online quanto offline. O programa é compatível com os principais sistemas operacionais, como Windows, Linux e MacOS, e pode ser baixado em smartphones Android e iPhones por meio das lojas de aplicativos Play Store e App Store. Os interessados também podem acessar a ferramenta através do site oficial www.legibilidade.com ou consultar o manuscrito do software no link arXiv.

Sobre o Software e seus criadores

Criado como parte da pesquisa de doutorado da professora Gleice Carvalho de Lima Moreno na Universidade Regional de Blumenau (Furb), o ALT foi desenvolvido para suprir a falta de ferramentas voltadas para a análise de textos em Português, uma vez que os programas disponíveis até então focavam principalmente em Inglês e Italiano. Como foi projetado para textos em língua Portuguesa, tornou-se uma solução única e acessível para pesquisadores, professores, alunos e profissionais de diversas áreas.

O ALT está registrado no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) desde abril de 2021. A ferramenta foi desenhada para analisar textos de forma eficiente e direta, sem a necessidade de consulta ao público, adaptando métricas de legibilidade de outras línguas para o Português. Essas métricas são baseadas em variáveis como o comprimento das frases e a complexidade das palavras utilizadas no texto.

No desenvolvimento do ALT, Gleice contou com a colaboração do seu orientador no doutorado, o professor Nelson Hein (Furb), da professora Adriana Kroenke Hein (Furb), e do professor Marco Polo Moreno de Souza (UNIR), que, com ampla experiência em programação científica, foi o desenvolvedor da ferramenta.

Aplicabilidade

O ALT tem aplicação em diversas áreas de estudo, como a análise de relatórios empresariais e textos literários e científicos, cartilhas e textos informativos, destacando-se pela sua acessibilidade e utilidade para pesquisadores, professores, alunos e profissionais de diferentes campos.

Além disso, o software é amplamente utilizado em diversas áreas de estudo, evidenciando sua versatilidade. Entre as áreas que mais utilizaram o ALT estão Ciências Contábeis, com 14 trabalhos, e Saúde, com 13. Outras áreas de destaque incluem Linguística (9), Comunicação Social (4) e áreas de Educação e Computação, ambas com 2 trabalhos cada.

*Com informações da UNIR

Nível do rio Madeira causa paralisação parcial de uma das maiores hidrelétricas do Brasil novamente

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O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) informou, no dia 4 de setembro, que a Hidrelétrica de Santo Antônio precisou paralisar parte das unidades geradoras em razão da seca extrema do rio Madeira, em Rondônia, e está funcionando com apenas 14% das turbinas. Na terça-feira (3), o rio chegou ao menor nível já observado em quase 60 anos, atingindo 1,02 metro.

Segundo a Eletrobras, controladora da Hidrelétrica Santo Antônio, a manobra de paralisar as unidades geradoras localizadas na margem esquerda e no leito do rio permite manter a geração de energia concentrada no grupo Gerador 1, localizado na margem oposta. A empresa afirma que segue gerando energia para todas as regiões do país.

A região amazônica enfrenta um período de seca extrema e dois fatores inibem a formação de nuvens e chuvas: Oceano Atlântico Norte mais aquecido que o normal e mais quente que o Atlântico Sul, e o fenômeno El Niño, que causa atrasos no início da estação chuvosa e enfraquecimento das chuvas iniciais do período.

Em 2014, a cheia histórica do rio Madeira já tinha causado a interrupção do funcionamento das turbinas da hidrelétrica. A paralisação total só foi provocada pela seca uma vez, em 2023.

A hidrelétrica é uma das maiores do Brasil. No total, ela possui 50 turbinas com uma capacidade instalada de 3.568 Megawatts, suficiente para atender ao consumo de 45 milhões de pessoas.

O ONS informou que atualmente a Santo Antônio está com sete unidades geradoras em funcionamento, gerando aproximadamente 490 Megawatts; 43 turbinas estão paralisadas.

A Eletrobras aponta que não há previsão de parada total da geração de energia em Santo Antônio, mas não descarta a medida caso haja uma diminuição muito maior nas vazões do rio Madeira. (Confira a nota na íntegra ao final do texto)

 Foto: Beethoven Delano/Divulgação

Em julho, a Agência Nacional de Águas (ANA) declarou situação “crítica” de escassez de recursos hídricos no rio Madeira e admitiu a possibilidade de paralisação da usina de Santo Antônio por causa da falta de chuvas e baixa vazão de água no rio Madeira.

A hidrelétrica corre esse risco porque funciona em formato de “fio d’água”, ou seja, não armazena a água em seu reservatório e depende do fluxo do rio para manter as turbinas em funcionamento (entenda abaixo).

As turbinas da usina foram projetadas para operar com uma queda líquida entre 10 e 20 metros: se a queda for maior ou menor que isso, pode comprometer o funcionamento das máquinas e causar a paralisação.

Com mais de 3 mil km² de extensão – se destacando como um dos maiores do mundo – o rio Madeira abriga duas das maiores usinas hidrelétricas do Brasil: Jirau e Santo Antônio. As duas fazem parte do Sistema Interligado Nacional (SIN) e geram energia para todo país.

Seca histórica do rio Madeira

O rio Madeira atingiu a cota de 1,02 metro durante a madrugada da terça-feira (03) em Porto Velho, de acordo com o monitoramento do Serviço Geológico do Brasil (SGB). A medição é a menor já registrada desde que o nível do rio começou a ser monitorado em 1967.

A seca afeta diretamente a vida da população do estado, sobretudo aqueles que vivem próximos do rio, sem acesso à agua encanada. Segundo a Defesa Civil Municipal, ribeirinhos são os mais afetados pela seca.

Leia também: Rio Madeira fica abaixo de 1 metro pela 1ª vez na história em Porto Velho

Mesmo às margens de um dos maiores rio do Brasil, ribeirinhos vivem com menos de 50 litros de água por dia para toda a família. A quantidade é menos da metade dos 110 litros por dia considerados pela Organização das Nações Unidas (ONU) como necessários para suprir as necessidades básicas de apenas uma pessoa.

Na comunidade Maravilha, um Igarapé secou, causando a morte de dezenas de peixes e dificultando o acesso à água para os moradores da região.

Confira a nota da Eletrobras:

Por Jaíne Quele Cruz, g1 RO

Secas atrasam em 20 anos a reposição de estoques de madeira em floresta manejada

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Foto: Marcus Vinício D’Oliveira

Para recuperar o volume de madeira extraído em um ciclo de corte na floresta pode levar cerca de 45 anos. A constatação é de um estudo da Embrapa, que avaliou a dinâmica de regeneração florestal em áreas de manejo do interior do Amazonas, durante duas décadas. Esse período de tempo está relacionado à ocorrência de secas sucessivas e consequente mortalidade das árvores, que atrasaram em 20 anos o processo de recomposição da madeira extraída da floresta, previsto para 25 anos. Os resultados estão publicados em artigo na revista científica Forest Ecology and Management.

Para conhecer os impactos da exploração madeireira na regeneração da floresta e a evolução desse processo, os pesquisadores monitoraram uma área de 600 hectares, da fazenda Iracema, localizada no município de Lábrea (AM), entre os anos 2000 e 2022.

Dividida em parcelas permanentes, a floresta foi medida antes e logo após o corte, procedimento que se repetiu outras sete vezes, em diferentes momentos da pesquisa, em campo e com auxílio de geotecnologias (drones com sensores remotos). Foram avaliados diferentes indicadores de desenvolvimento, como a biomassa acima do solo (madeira), ingresso de novas árvores, índice de crescimento de árvores residuais e taxa de mortalidade de plantas.

Segundo o pesquisador da Embrapa Acre, Marcus Vinício Neves d´Oliveira, coordenador do estudo, as primeiras avaliações mostraram alta taxa anual de mortalidade de árvores (em torno de 5%), logo após o corte, e alto crescimento das árvores. Ele explica que nas florestas recém-exploradas esse índice de mortalidade é esperado, mesmo quando o manejo é de baixa intensidade, como é o caso da área estudada, mas diminui gradativamente. O corte e a retirada de madeira abrem espaços na floresta, o que reduz a competição entre as plantas por luz, água e nutrientes, favorecendo o desenvolvimento de árvores remanescentes e novas, fatores cruciais para a regeneração florestal.

As pesquisas sobre a regeneração da floresta gerenciada contam com a parceria do Fundo JBS pela Amazônia, entidade que financia, entre outras iniciativas, projetos para a recuperação de áreas degradadas e geração de valor para a floresta em pé, e do CIRAD, organização francesa de pesquisa agronômica e cooperação internacional para o desenvolvimento sustentável de regiões tropicais e mediterrâneas.

Foto: Marcus Vinício D’Oliveira

Recuperação parcial dos estoques de madeira

Os resultados da pesquisa revelaram que, em relação à biomassa, a floresta se regenerou completamente, após 20 anos de exploração. O estoque calculado foi semelhante ao existente antes do corte, em função do crescimento de árvores remanescentes e das ingressantes (aquelas que atingiram o tamanho mínimo de 10 cm de diâmetro entre as especificidades e se planejadas). Entretanto, a recomposição dos estoques de madeira comercial extraída foi parcial, devido à alta taxa de mortalidade das árvores maiores.

“Como resultado, temos uma floresta mais jovem, com predominância de árvores menores. É positivo ter uma floresta renovada, mas a redução do número de árvores grandes atrasadas o ciclo do manejo florestal, uma vez que o corte e a exploração de madeira comercial, de acordo com a legislação florestal, só devem ser feitos em árvores com diâmetro acima de 50 centímetros, medidas na altura do peito ou 1,30 metro do solo. Considerando a média atual de crescimento das árvores, estimamos que essa floresta ainda traga cerca de 20 anos para recuperar o estoque de madeira comercial original”, ressalta d´Oliveira.

Impactos da seca na dinâmica florestal

A pesquisa aponta que, apenas oito anos após o corte e retirada das árvores, a floresta começou a dar respostas compatíveis com os cálculos de recuperação esperados. Houve redução significativa na mortalidade de árvores e aumento no ingresso de novas plantas e no crescimento de árvores residuais. Segundo o pesquisador, em princípio, esse atraso foi associado ao processo de exploração florestal, mas, 16 anos após o corte, a taxa de mortalidade de árvores subiu para 4% ao ano, fato considerado incomum para um período pós-manejo tão longo.

Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores avaliaram uma série histórica com registros de previsões meteorológicas atípicas na Amazônia nos últimos 40 anos, que mostraram efeitos mais severos do El Niño em 2005, 2010/2011, 2015/2016 e 2018, anos em que as taxas de mortalidade de árvores na área cultivada foram maiores. Os resultados das avaliações corroboram apontamentos de estudos anteriores, realizados nas florestas do Acre e em outras florestas tropicais, que evidenciaram a mortalidade de árvores associadas a eventos climáticos.

Mudanças na estrutura da floresta

No Brasil, o ciclo de corte previsto em planos de manejo de florestas é de 20 a 35 anos, conforme o volume de madeira extraído (intensidade de corte) e o padrão de crescimento da floresta (geralmente em torno de 0,8 metro cúbico de madeira por ano). Na área científica, a intensidade de corte foi de 10 m³ por hectare, número que segue a mídia utilizada no manejo de florestas no sudoeste amazônico (entre 10-15 m3 /hectare), por serem florestas mais abertas e com volume de madeira mais baixo do que nas demais regiões da Amazônia.

De acordo com d´Oliveira, embora a floresta tenha se recuperado quanto ao número de árvores por hectare e de biomassa acima do solo, em 20 anos, uma pesquisa evidenciou que a estrutura florestal está se modificando. “Observamos uma floresta com muitas árvores jovens e menor quantidade de árvores de maior porte, comparativamente ao que existia antes do corte”, enfatiza.

Próximos passos da pesquisa

Os estudos sobre dinâmica florestal são feitos no Acre há mais de 30 anos e na Amazônia como um todo há cerca de 50 anos, mas é consenso da pesquisa que esse tempo é relativamente curto para se conhecer eficazmente o comportamento da floresta. De acordo com Evaldo Muñoz , pesquisador da Embrapa Florestas (PR), participante desse estudo, como a pesquisa é contínua, os dados gerados servem de base para novas análises sobre a dinâmica da floresta.

“A recorrência de efeitos climáticos atípicos vai exigir novos estudos para ampliar o conhecimento sobre como a floresta funciona a longo prazo. É necessário investigar outros efeitos desses eventos na regeneração de áreas manejadas, como possíveis mudanças na sua estrutura florística e quais espécies comerciais são mais afetadas”, considera Muñoz.

As informações geradas pelo estudo serão compostas por um banco de dados, em fase de construção, que será disponibilizada para instituições de pesquisa, profissionais da área florestal e outros públicos de interesse, por meio do Repositório de Dados de Pesquisa da Embrapa (Redape). À medida que novas pesquisas foram publicadas, também integrarão essa base de dados.

*O conteúdo foi originalmente publicado pela Embrapa

CPT Amazonas apresenta dados de Conflitos no Campo no país em 2023

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A Comissão Pastoral da Terra (CPT) Regional Amazonas lançou a 38a edição da publicação Conflitos no Campo Brasil, no dia 30 de agosto, apontando o balanço dos dados da violência ligada a questões agrárias no país e no estado ao longo de 2023.

O lançamento faz parte da programação da “Caravana dos Direitos Humanos”, que começou no dia 28 de agosto e contou oficinas de mobilização social e um ato público, em parceria com a Arquidiocese de Manaus, Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Serviço Amazônico de Ação, Reflexão e Educação Socioambiental (SARES), Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH) e outras entidades.

No primeiro ano de governo do terceiro mandato do presidente Lula, foram registrados os maiores números desde o início dos levantamentos, em 1985: ao total, foram 2.203 conflitos no país, contra 2.050 do ano anterior e 2.130 do ano de 2020, até então o ano com o primeiro lugar em conflitos. O caderno está disponível para aquisição em versão impressa e online pelo site www.cptnacional.org.br.

Destes conflitos, 1.034 ocorreram na Amazônia Legal, o que corresponde a quase metade do total. A região compreende quase 60% do território brasileiro, abrangendo os sete estados da região Norte, além de parte do Maranhão e do Mato Grosso.

Dentre os 5 estados com os maiores números de conflitos no país, 3 estão na área da Amazônia Legal: Pará (226 ocorrências), Maranhão (206) e Rondônia (186). Analisando as regiões do país, a região Norte foi a que mais registrou conflitos no campo em 2023, com 810 ocorrências. No estado do Amazonas, foram contabilizados 96 conflitos envolvendo mais de 75 mil pessoas, sendo 82 conflitos por terra, 4 ocupações e retomadas e 10 conflitos por água.

Conflitos por Terra – Dentre os 82 conflitos por terra no estado, os que mais atingem as famílias amazonenses são os despejos (803 famílias) e ameaças de despejo (2.293), tentativas ou ameaças de expulsão de seus territórios (1.039), pistolagem (7.316) e invasão de territórios (12.446 famílias atingidas).

Conflitos por Água – Estes conflitos estão mais concentrados em regiões como a Terra Indígena Vale do Javari, atingida com situações de pesca predatória, destruição e poluição das águas, além da TI Gavião Real, que sofre com as ameaças do Complexo do Azulão nos projetos de exploração do gás natural.

Trabalho – Ao contrário do que se pode observar em todo o país, com números recordes de registros de trabalho escravo rural e pessoas resgatadas, principalmente nas regiões sudeste e sul, houve uma queda acentuada na Amazônia Legal, sendo o Amazonas um dos estados que não registrou nenhum dado sobre este tipo de conflito. Estes números podem ser explicados pela diminuição ou a fragilidade de fiscalização na região, uma vez que as atividades de maior risco para a escravidão continuarem ativas, como o desmatamento de madeira, manejo florestal, pecuária e garimpo.

Violência contra a pessoa – Do total de 1.467 pessoas vítimas de algum tipo de violência individual registrado pela CPT em 2023, 1.108 (ou 75,5%) estavam na Amazônia Legal quando tal violência ocorreu. O Pará lidera com 459 vítimas, seguido de Rondônia (217) e Roraima (149).

Perfil das Vítimas – As principais vítimas dos conflitos na Amazônia são pequenos proprietários (26,4% dos registros), ao lado de indígenas (24,7%). Seguem-se trabalhadoras e trabalhadores sem terra (18%), posseiros (14%) e seringueiros (5%).

Perfil dos Causadores – Mais da metade dos conflitos são causados por fazendeiros (54,4%), seguidos de grileiros (11,3%), garimpeiros (9,7%) e empresários (9%). Em menor proporção, estão os agentes dos governos federal (4,2%), estadual (2,5%) e municipal (2,2%), além das hidrelétricas (2%). No Amazonas, as áreas indígenas têm sido atingidas por mineradoras e garimpeiros em projetos de exploração mineral, principalmente na exploração de gás nos municípios de Silves e Itapiranga, e de potássio em Autazes, com o apoio do governo do Estado.

Mulheres vítimas – Dos 180 registros de mulheres vitimadas pela violência no campo no país, 120 foram na Amazônia Legal, o que significa quase 70% dos casos.

Assassinatos – Das 31 pessoas atingidas fatalmente pelos conflitos no campo, 19 estavam na região Amazônica, o que corresponde a mais de 60% dos casos. No Amazonas, ocorreram 4 mortes, sendo de 1 sem terra e 3 posseiros, nas regiões de Canutama e Humaitá, no sul do estado (divisa com Rondônia).

As tentativas de assassinato ocorridas na região são as maiores do país (49), com destaque para os estados do Pará (16), Roraima (13) e Rondônia (8). As mortes em consequência (49) também são quase 75% do total do país (66). Esta também é a região com o maior número de pessoas ameaçadas de morte (148), com destaque para os estados de Rondônia (55), Pará (39), Maranhão (19) e Amazonas (18). Uma triste estatística também se concentra nos casos de prisões (48 das 90 do país) e agressões 123, de um total de 172 em todo o Brasil)

Amacro – A violência tem crescido na região da tríplice divisa dos estados do Amazonas, Acre e Rondônia (chamada de Amacro ou Zona de Desenvolvimento Sustentável Abunã-Madeira). Ao todo, foram 200 conflitos na região, que abrange 32 municípios. No caso dos assassinatos, das 31 mortes no país, 8 foram nesta região, sendo 5 causadas por grileiros. Dentre as 9 vítimas sem terra, 5 delas são dessa região.

Relatório – Elaborado anualmente há quase quatro décadas pela CPT, o Conflitos no Campo Brasil é uma fonte de pesquisa para universidades, veículos de mídia, agências governamentais e não-governamentais. A publicação é construída principalmente a partir do trabalho de agentes pastorais da CPT, nas equipes regionais que atuam em comunidades rurais por todo o país, além da apuração de denúncias, documentos e notícias, feita pela equipe de documentalistas do Centro de Documentação Dom Tomás Balduíno (Cedoc) ao longo do ano.

*Com informações da CPT Amazonas

MPF recomenda que cartórios de Porto Velho não impeçam uso de nome indígena em certidões de registro

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O Ministério Público Federal (MPF) recomendou que os cartórios de registro civil de Porto Velho (RO) não se neguem ou dificultem o registro de nome de etnia indígena em certidões de nascimento e de casamento. O órgão deu prazo de 30 dias para que os cartórios informem sobre o acatamento da recomendação. 

A inclusão do nome da etnia em registro de indígena é assegurada pela Resolução Conjunta nº 3, de 19 de abril de 2012, expedida pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

O artigo 2º da resolução estabelece que, no registro de nascimento de indígena, deve ser lançado, a pedido do apresentante, o nome indígena do registrando, de sua escolha. A etnia do registrando pode ser lançada como sobrenome, a pedido do interessado.

Ainda de acordo com a resolução, a aldeia de origem do indígena e a de seus pais poderão constar como informação a respeito das respectivas naturalidades, com o município de nascimento, bem como a declaração do registrando como indígena e a indicação da respectiva etnia.

O descumprimento da resolução vem sendo apurado pelo MPF no curso de procedimento administrativo, instaurado a partir de relato de indígena da etnia Migueleno de que houve dificuldade no registro do nome da etnia em certidões de nascimento e de casamento em cartório de Porto Velho.

Recomendação nº 8/2024

Resolução Conjunta CNMP e CNJ nº 3/2012

*Com informações do MPF