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Especialista dá dicas de como se proteger durante o verão amazônico

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Durante o segundo semestre do ano, a região amazônica sinaliza tempos de seca, com baixo volume nos rios, afluentes e muito calor. O fenômeno, conhecido popularmente como ‘verão amazônico’, é marcado por temperaturas altas e chuvas abaixo da média no período de julho até novembro. 

Essas temperaturas mais elevadas pedem um cuidado especial para aqueles que não hesitam em aproveitar o período de férias. Sítios, praias, programações em geral durante o dia, precisam de atenção redobrada quando se fala de proteção e hidratação, fatores primordiais para a saúde.

A doutora e especialista em dermatologia Patrícia Bandeira Melo dá recomendações para aproveitar ao máximo o verão amazônico de forma protegida, “de preferência com o uso de barreiras UV, UVA e UVB, sem colocar em risco a saúde”.

Temperatura chegou a 34,6°C na capital do Amazonas. — Foto: Rebeca Beatriz/G1 AM
 Foto: Rebeca Beatriz/Acervo g1 Amazonas

O que vestir durante os dias mais quentes? 

De preferência roupas mais leves, de cores mais claras e com tecidos que facilitem a transpiração. Tecidos muito sintéticos impedem a transpiração adequada da pele e propiciam o aumento da umidade, facilitando alguns tipos de infecções como as fúngicas, por exemplo, especialmente em áreas mais abafadas como as dobras cutâneas”.

Frutas X Refrigerantes

Patrícia Bandeira diz ainda que o envelhecimento precoce “é um vilão” que acompanha aqueles que ainda insistem em aproveitar esse período sem proteção.

Verão na Rede

O projeto Verão na Rede é uma iniciativa da Fundação Rede Amazônica (FRAM) que visa promover a cultura, a arte, o entretenimento e o turismo em Macapá (AP).

Além de valorizar artistas regionais, também enfatiza a importância da preservação ambiental e da sustentabilidade, promovendo conscientização e educação ambiental entre os participantes e a comunidade local.

O projeto conta com apoio da GEAP Saúde e da Prefeitura de Macapá, que realiza paralelamente o ‘Macapá Verão’, que consiste em uma série de eventos culturais e atividades ao ar livre, proporcionando momentos de lazer e integração comunitária.

Coleção de ‘Joias de Nazaré 2024’ é exposta na Casa do Artesão de Belém

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A Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia (Sedeme) promove nesta quarta-feira (17) na Casa do Artesão do espaço São José Liberto (ESJL), a ‘Feira de Projetos’ da ‘Coleção de Joias do Círio de Nazaré 2024′. Neste ano, a programação traz o tema ‘Trajetos de Fé: Orações a Maria’. A mostra, que ocorre das 14h às 18h, compreende a 2ª etapa do processo de produção das ‘Joias de Nazaré 2024’.

Ao todo, 24 projetos foram criados a partir do Workshop de Geração e Produtos ‘Joias de Nazaré 2024’, realizado no último dia 12 de julho. A oficina foi ministrada pela designer de joias e professora do curso de bacharelado em design da Universidade do Estado do Pará (UEPA), Dra. Rosângela Gouvêa Pinto, que também é responsável pela análise dos projetos. Durante o evento, os projetos serão comercializados por marcas de joias paraenses, em um processo que culminará com a produção das peças religiosas.


Foto: Marcelo Seabra/Agência Pará

Conforme Rosangela Gouvêa, na avaliação, foram considerados os lugares de passagem da imagem, as formas de expressão da fé pelos fiéis, objetos que representam a gratidão, religiosidade e respeito à Nossa Senhora de Nazaré, como a Berlinda, o Manto, a Corda e a Basílica Santuário, além de outros ícones do universo mariano. “Portanto, para os projetos, foram levados em consideração elementos representativos do percurso e os pontos de homenagem ao longo da maior procissão paraense, destacando também diferentes estilos de prédios históricos”, enfatizou.

O processo de criação das peças religiosas inicia a partir da oficina para geração de produto, que este ano reuniu cerca de 30 profissionais, entre eles empreendedores do Programa Polo Joalheiro (designers e ourives), e estudantes do curso de Bacharelado em Design de Joias. Durante o workshop, foi realizada uma roda de conversa, destacando a “vivência na arte de criar e confeccionar o Manto Oficial de Nossa Senhora de Nazaré”, com a participação especial dos profissionais responsáveis pela produção do manto oficial da padroeira dos paraenses, usado nas procissões. São eles: a estilista Letícia Nassar (design e confecção); Antônio José de Souza (bordados); e Marcelo Monteiro, da empresa Ourogema, instalada no ESJL (ourivesaria).

Foto: Marcelo Seabra/Agência Pará

A coordenadora de Projetos Estruturantes da Sedeme, Poliana Gualberto, destacou que o processo criativo da mostra é formado a partir das inspirações trabalhadas nos workshops de joias. “O objetivo é fortalecer a produção de joias religiosas genuinamente paraenses, além de promover a cultura regional através da valorização das características culturais e criativas desenvolvidas pelos profissionais envolvidos em todo o processo, que culmina na produção da coleção de joias de Nazaré”, disse.

Mulheres indígenas e brigadistas voluntários mapeiam nascentes e reflorestam margens de igarapés no Maranhão

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Na Terra Indígena (TI) Rio Pindaré, no Maranhão, a parceria entre dois grupos locais tem um objetivo comum: retomar práticas ancestrais, que anciãs e anciãos guardam na memória sobre a riqueza de nascentes e florestas diversas no território. Essa é a principal proposta do projeto executado pelo grupo de mulheres indígenas Wiriri Kuzá Wá e a Brigada Voluntária Indígena, que tem como título “Mãe D’água: das nascentes para reflorestar mentes”. 

O povo Guajajara habita a TI, que possui uma extensão de 15.002,91 hectares, com uma população de 2 mil pessoas. O território é quase inteiramente localizado no município de Bom Jardim, distante pouco mais de 240 km da capital São Luís, com uma pequena porção (2%) no município de Monção. Na área, o Rio Pindaré dá nome ao lar dos Guajajara e marca uma parte das divisas da TI. 

A iniciativa das mulheres e a parceria proposta por meio do projeto segue na contramão dos dados alarmantes de desmatamento no Maranhão. Conforme o Relatório Anual do Desmatamento no Brasil (RAD) 2023 do MapBiomas, o estado é primeiro lugar na perda de vegetação nativa, com uma área desmatada que contabiliza 331.225 hectares. Isso significa um aumento de 95,1% no desmatamento, o que implica na nova posição de líder do desmatamento assumida pelo estado do Maranhão em 2023.

Foto: Robert Miller/Acervo ISPN

É em um cenário de resistência que mais de 50 mulheres da Wiriri, juntamente com 15 homens da Brigada Voluntária, empenham uma luta para fortalecer as práticas culturais e ambientais de seu povo. Excursões na mata ocorreram em abril deste ano nas aldeias Januária; Piçarra Preta, Novo Planeta e Guarimã, para identificar cinco nascentes de igarapés prioritárias para o reflorestamento e para o plantio de 80 mudas de espécies nativas nas margens, principalmente frutíferas. No geral, as atividades propostas pelo projeto envolvem jovens, adultos e anciãos das nove aldeias do território, com destaque para as mulheres indígenas. 

Durante dois dias de excursões, os grupos visitaram esses cinco pontos prioritários de nascentes, se deslocando de barco pelo rio ou em caminhada por babaçuais. Com a identificação das nascentes, houve a qualificação e marcação dos pontos por GPS, acompanhado do plantio de mudas de juçara, bacaba e cupuaçu, provenientes do viveiro da Brigada Voluntária na Aldeia Januária.

Para a liderança indígena local Vanussa Viana Guajajara, participar das excursões foi um momento de reconexão com a natureza, um preenchimento na memória das histórias contadas pelos mais velhos sobre a riqueza de animais e paisagens outrora intocadas em diversos pontos da TI. Além, de membro da Wiriri Kuzá Wá, Vanussa faz parte da Articulação de Mulheres Indígenas do Maranhão (AMIMA), é acadêmica de Ciências Biológicas na Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), agricultora familiar e pescadora artesanal.

Foto: Robert Miller/Acervo ISPN

“É uma parte da história que estava faltando, um vácuo que precisava ser preenchido. Meu pai já foi cacique e contava sobre os lugares que visitamos, dizia ‘Ah, eu conheci, a gente fazia esse monitoramento’. Isso desde a infância dele e dos ‘mais antigos’. Mas, só quando a gente começa a entender que o espiritual vem antes de qualquer outro tipo de articulação, a gente se sente mais fortalecido. Sentimos a necessidade desse vínculo, é uma carga de energia que não pode ser explicada, mas é sentida por cada um que compartilha desses momentos”, comenta Vanussa.

O resgate das memórias da paisagem da TI com as anciãs e anciões é uma etapa essencial das atividades do projeto, onde a vivência completa esses relatos que estão nas lembranças dos adultos e são repassados aos mais jovens. Durante as excursões na mata, além de ser uma oportunidade para visualizar aquilo que os “mais antigos” contam em suas histórias, foi um momento de relembrar alguns cenários já observados por algumas das participantes há tempos. É o caso da agente de saúde Eloide Rodrigues Guajajara, que também quer contar essas histórias aos seus filhos e netos.

“Vi esses lugares quando criança, mas são poucas as lembranças. A luta para preservar nosso território vem desde a minha mãe, foi uma luta da minha vó e é uma luta que vem antes delas. Quero mais tarde poder mostrar para os meus filhos e netos, quero deixar minha história e que as pessoas digam ‘Ela sempre esteve nessa luta, ela sempre esteve aqui’, quero mostrar para eles nossa luta indígena. Para isso, temos que partir para as atividades de reflorestar aquilo que foi perdido”, explica Eloide.

*Com informações do ISPN

Tecnologia dos povos originários indica soluções para crise climática

Foto: Oswaldo Forte

Controvérsias sempre fizeram parte do universo científico, uma vez que novas evidências podem fundamentar diferentes interpretações dos fenômenos. O Antropoceno, por exemplo, ainda não é plenamente aceito pela comunidade científica, embora o debate em torno da suposta nova época geológica iniciada com a Revolução Industrial, no século XIX, suscite discussões interessantes. Esse foi o tema que o professor Marcos Pereira Magalhães, do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), doutor em História Social, trouxe para a Conferência ‘O Antropoceno e a Amazônia: o conhecimento indígena como resistência ao modelo econômico vigente’. A sessão foi mediada pela professora Sue Anne Regina Ferreira da Costa (UFPA/MPEG).

De acordo com Magalhães, cada época geológica evolui ao longo de milhares de anos, portanto a comprovação do Antropoceno (como uma época tornada global com as primeiras explosões atômicas e acentuada com a chamada Grande Aceleração Capitalista, deflagrada em 1973) seria possível apenas a longo prazo. Contudo há inúmeras evidências de que as ações humanas se tornaram planetariamente impactantes desde o fim do Pleistoceno, também conhecido como Era do Gelo, que durou entre 2.5 milhões e 11,7 mil anos atrás, pertencente ao Período Quaternário da Era Cenozoica.

Há pelo menos 10 mil anos, são reunidos indícios dos impactos causados pela expansão humana na Terra. Por esta razão, o professor defende que, em vez de o Antropoceno ser visto como uma época geológica, é possível que, na verdade, seja um período no Holoceno (a atual época geológica do Período Quaternário da Era Cenozoica, iniciada há 11,7 mil anos antes do presente). Isso, porém, não é menos significativo.

“Se formos considerar os impactos que os seres humanos estão causando para além da estratosfera, como os resíduos espaciais que a circundam e os rejeitos deixados nos solos da Lua e até de Marte, podemos prever uma nova época que não só deixaria marcas globais na Terra, mas também na formação geológica de outros astros do Sistema Solar, ou seja, uma época ‘Antropossolar’”, comenta.

Amazônia

Ainda que a sua definição não seja consenso entre os cientistas, as consequências do Antropoceno são visíveis na Região Amazônica. “A partir da década de 1970, quando foram implantados grandes projetos de mineração (legais e ilegais), a pecuária e a monocultura expandiram-se e começaram a ser construídas usinas hidrelétricas. Essa expansão capitalista na Amazônia vem gerando significativos impactos ambientais e sociais, que se multiplicam exponencialmente quando são associados à crise climática pela qual passamos”, afirma Magalhães.

Para o professor, questionar o Antropoceno pela perspectiva histórica e arqueológica aponta caminhos que não foram pensados pelas Ciências da Terra. O conhecimento tradicional, sobretudo o modelo indígena para a produção de alimentos – que envolve o cultivo intensivo de plantas nativas domesticadas, o manejo por meio de currais, animais de terra e água etc. -, indica algumas soluções para atravessar as oscilações climáticas, típicas do Holoceno.

“A arqueologia vem mostrando que, durante o longo passado histórico vivido pelas populações humanas que habitavam a Amazônia, foram desenvolvidas tecnologias sociais e de manejo que garantiram a sua continuidade histórica e cultural”, explica.

“Estamos falando de densas concentrações urbanas (aldeias com mais de 50 mil pessoas) em diferentes lugares, as quais demandavam grande produção de alimentos e o consumo de diversos recursos naturais. Neste sentido, o saber tradicional é referência para manter a floresta sempre viva e muito produtiva”, completa Marcos Magalhães.

*Com informações da UFPA

Universidades em rede: Cisam fortalece pautas para pesquisa na Amazônia

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“Um galo sozinho não tece uma manhã: ele precisará sempre de outros galos”. Os versos do poeta João Cabral de Melo Neto (1920-1999) poderiam ilustrar a missão do Centro Integrado da Sociobiodiversidade Amazônica (Cisam), liderado pela Universidade Federal do Pará (UFPA) e com parceria de outras doze universidades federais sediadas na região.

De acordo com a base de dados Web of Science, a UFPA lidera a produção científica sobre e na Amazônia. As demais universidades públicas amazônicas contam igualmente com expressiva produção científica sobre a realidade local, o que garante um elenco de instituições aptas a contribuir com ciência para o conhecimento e desenvolvimento da região.

No entanto, o cenário é crítico em matéria de financiamento para a pesquisa. Conforme estudo publicado na revista Perpective in Ecology and Conservation em 2024, co-assinado pelo professor Leandro Juen (UFPA), doutor em Ecologia e Evolução, a Amazônia é a região brasileira que menos recebe recursos para pesquisas em biodiversidade.

Dentro do bioma, as desigualdades acentuam-se, pois os grandes centros urbanos concentram mais investimentos. Para transformar diretamente a forma como a pesquisa, o ensino e a extensão são conduzidos na região, considerando o ecossistema no todo e em sua complexidade, é preciso somar esforços.

Neste sentido, o Cisam inova ao reunir 13 instituições federais amazônicas em torno de uma ampla finalidade: fortalecer suas atividades de pesquisa, ensino e extensão, a partir de oito áreas temáticas: Biodiversidade e Conservação; Monitoramento de Água, Floresta, Solo e Clima; Monitoramento do Oceano e da Foz do Amazonas; Contaminação Ambiental e Saúde do Amazônida; Povos e Populações da Amazônia; Cidades Vilas e Territórios Amazônicos; Dinâmicas Socioeconômicas Territoriais e Fundiárias na Amazônia; Inovação, Socio-Bioeconomia e Desenvolvimento Sustentável.

Igualmente, o Centro objetiva o compartilhamento de recursos, a formação de equipes interdisciplinares e multi-institucionais, o intercâmbio de pesquisadores, professores e estudantes, o compartilhamento de infraestrutura laboratorial e equipamentos, a organização e realização de eventos, além da otimização de recursos e a participação ativa e per manente da sociedade amazônida como protagonista e responsável pelo desenvolvimento sustentável da região. Unem-se à UFPA na composição do Cisam as Universidades Federais do Acre (UFAC), do Amapá (UNIFAP), do Amazonas (UFAM), do Maranhão (UFMA), do Mato Grosso (UFMT), do Norte do Tocantins (UFNT), do Oeste do Pará (UFOPA), de Rondônia (UNIR), de Roraima (UFRR), do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA), do Tocantins (UFT) e Rural da Amazônia (UFRA).

O protagonismo e a liderança com os amazônidas

A consolidação de várias redes de pesquisa na Amazônia é um diferencial do Centro Integrado da Sociobiodiversidade Amazônica, uma vez que permite o protagonismo e a liderança ativa das instituições e pessoas amazônidas. “Alinhados aos princípios da ciência cidadã, o Cisam busca compreender a realidade dos amazônidas e do bioma, e não apenas tratá-los como objetos de estudo. Isso implica uma abordagem ‘de dentro para fora’, com as universidades federais e os grupos de pesquisa da Amazônia liderando os projetos em parceria com instituições e grupos externos à Amazônia”, comenta Juen.

A união dessas universidades pode produzir avanços significativos na esfera do desenvolvimento sustentável, pois um ambiente de inovação e de formação de recursos humanos altamente qualificados mostra-se mais atrativo a investimentos. Segundo o reitor da UFPA, Emmanuel Zagury Tourinho, “o Cisam é integrado em vários sentidos: ele integra o esforço em pesquisa, extensão e formação de 13 universidades públicas sediadas na região; ele integra a academia a setores não acadêmicos que discutem a realidade das populações amazônicas; ele integra contribuições de diferentes áreas de conhecimento, buscando apreender a complexidade dos problemas regionais em um ambiente de diálogo interdisciplinar; e ele integra a produção de conhecimento ao esforço para colocá-lo à disposição das populações locais. Por isso, com o Cisam, nossas universidades poderão fazer mais e com maior impacto na sociedade”.

Espera-se que as informações científicas produzidas pelos grupos de pesquisa nas oito áreas temáticas possibilitem a elaboração de diagnósticos periódicos para responder às demandas da sociedade, assim como sirvam de base para a formulação de políticas públicas. Da mesma forma, idealiza-se a implementação do Museu das Amazônias (MAS), compreendendo acervos sobre biodiversidade e diversidade sociocultural dos povos originários e tradicionais amazônidas.

Arte: Erick Coelho/UFPA

De maneira concreta, o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Sínteses da Biodiversidade Amazônia (INCT SinBiAm), sediado na UFPA, traduz os objetivos do Cisam, dado que seus trabalhos têm contribuição de mais de 32 instituições (destas, 15 são da Amazônia), bem como integram dados em larga escala, aprimorando a capacidade de síntese da biodiversidade amazônica, promovendo a conservação da sociobiodiversidade com dados atualizados, permitindo que instituições e tomadores de decisões possam definir políticas públicas e ambientais na região.

O Instituto Amazônico do Mercúrio (IAMER), recém criado, é também um bom exemplo do trabalho que vem sendo estruturado no âmbito do Cisam. Coordenado pela professora Elena Crespo, da UFPA, o IAMER conta também com pesquisadores da UFOPA, UNIFAP e UNIR , além de pesquisadores da Universidade do Estado do Amazonas e Universidade do Gurupi, no Tocantins, para a pesquisa sobre a contaminação por mercúrio na região e ações com as populações atingidas.

Cooperação com instituições nacionais e estrangeiras

O Cisam é uma iniciativa instalada e liderada por instituições na Amazônia, em colaboração com instituições e grupos de pesquisa brasileiros e estrangeiros. Várias parcerias já estão em andamento ou sendo construídas para esse fim, como o convênio de cooperação firmado em abril passado entre a Universidade Federal do Pará (UFPA) e a Universidade de São Paulo (USP), por meio do Centro de Estudos da Amazônia Sustentável (CEAS/USP).

O instrumento permite o desenvolvimento de projetos de pesquisa em parceria na Amazônia, com atribuições compartilhadas na liderança intelectual e gestão de recursos. “Contar com parcerias que venham para somar e que reconhecem a capacidade já instalada na Amazônia pelas intuições sediadas no bioma é muito importante”, avalia Juen.

Segundo o reitor Emmanuel Tourinho, “os grupos de pesquisa amazônicos têm uma familiaridade única com a realidade regional, mas não desejam e não podem dar conta dos desafios científicos da Amazônia atuando de modo isolado. Valorizamos muito o trabalho colaborativo com instituições brasileiras e estrangeiras que reconhecem a importância e capacidade científica de nossas universidades. Este novo momento da cooperação entre UFPA e USP ilustra esse cenário positivo e nos abre um horizonte para muitas realizações conjuntas importantes”.

Lista de atuação do Cisam:

  • Biodiversidade e Conservação
  • Monitoramento de Água, Floresta, Solo e Clima
  • Monitoramento do Oceano e da Foz do Amazonas
  • Contaminação Ambiental e Saúde do Amazônida
  • Povos e Populações da Amazônia
  • Cidades Vilas e Territórios Amazônicos
  • Dinâmicas Socioeconômicas Territoriais e Fundiárias na Amazônia
  • Inovação, Bioeconomia e Desenvolvimento Sustentável

*O conteúdo foi originalmente publicado pelo Jornal Beira do Rio, da UFPA, edição 171, escrito por Thays Braga

Pesquisa detecta fungo causador de histoplasmose em morcegos no Acre

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Foto: Arnold/Pixabay

O egresso do mestrado em Sanidade e Produção Animal Sustentável na Amazônia, da Universidade Federal do Acre (Ufac), Jhonatan Henrique Lima da Rocha, apresentou, em reunião com instituições de saúde, os resultados do seu trabalho ‘Detecção de ‘Histoplasma capsulatum’ em Morcegos (Mammalia: Chiroptera) no Município de Rio Branco, Acre, Amazônia Ocidental’.

A exposição ocorreu em 25 de junho, no auditório da Unidade de Ensino e Pesquisa em Medicina Veterinária, campus-sede da Ufac, com o objetivo de tratar da detecção pioneira do ‘Histoplasma capsulatum’, que é um fungo presente na natureza, de caráter saprofítico e potencialmente zoonótico nunca notificado no Estado do Acre e agora detectado em populações de morcego.

Esse fungo tem interesse público por estar relacionado a doenças em seres humanos e em animais, causando a histoplasmose, doença infecciosa sistêmica de origem fúngica, conhecida como doença das cavernas, que ataca o sistema respiratório, com sintomas como tosse, fadiga, febre, dores de cabeça e no peito.

Foto: Reprodução/Ufac

Os morcegos atuam como reservatórios desse fungo, colaborando com sua dispersão pelas fezes, as quais são utilizadas como fonte nutritiva para manutenção do fungo no meio ambiente. A infecção ocorre pela inalação de esporos fúngicos presentes no ambiente. Seres humanos, animais domésticos e silvestres são susceptíveis à infecção, uma vez que a temperatura corpórea favorece os mecanismos de ação do patógeno.

“Compreender os aspectos epidemiológicos e patogênicos se faz fundamental para implementação de medidas de prevenção e controle”, completou.

Por isso ela ressaltou a importância da presença das instituições de saúde e vigilância sanitária na reunião. Estiveram presentes representantes da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Secretarias de Saúde do Estado e Município, Departamento de Controle de Zoonoses, Laboratório Central de Saúde Pública, Parque Ambiental Chico Mendes, 4º Batalhão de Infantaria de Selva (Círculo Militar) e coordenadores do curso de Medicina Veterinária e do Parque Zoobotânico da Ufac.

*Com informações da Ufac

Aquecimento da água na Amazônia é generalizado, alertam pesquisadores

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As águas dos lagos na Amazônia vêm esquentando nas últimas décadas em escala sem precedentes, apontam estudos conduzidos por pesquisadores do Instituto Mamirauá em Tefé, no Amazonas.

Por meio da análise de dados sobre a temperatura da superfície da água obtidos por satélites, pesquisadores da entidade, vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), têm constatado tendência de aumento de 0,6ºC por década em 25 lagos da Amazônia central e atribuem esse aquecimento às mudanças climáticas.

Resultados preliminares do estudo, em revisão, foram apresentados em uma mesa-redonda sobre a hidrografia, os aquíferos, as secas e enchentes na Amazônia, realizada na última quinta-feira (11/07), durante a 76ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). O evento terminou sábado (13/07), no campus Guamá da Universidade Federal do Pará (UFPA), em Belém.

De acordo com o pesquisador, o pico foi atingido na seca extrema de 2023, quando a temperatura da água do lago Tefé, medida ao longo de toda a coluna d’água, a dois metros de profundidade, atingiu mais de 40ºC.

Essa temperatura, sem precedentes, causou a morte de 209 botos em um mês, a maior parte deles botos-cor-de-rosa (Inia geoffrensis) e alguns tucuxi (Sotalia fluviatilis), contou o pesquisador, que integrou uma força-tarefa para identificar as causas da mortandade dos animais.

“Especialistas da área de mamíferos aquáticos comentam que, se a gente encontra três carcaças de botos em algumas semanas, já é um alerta vermelho. Agora, 70 animais mortos em um dia [como aconteceu em 28 de setembro de 2023], é uma tragédia. Peixe morrer em uma seca extrema é muito comum na Amazônia, mas boto morrer nessa proporção ninguém tinha visto. E a grande pergunta era o que estava acontecendo”, relatou Fleischmann.

A fim de encontrar uma resposta, foi desencadeada a Operação Emergência Botos Tefé, coordenada pelo Instituto Mamirauá e com a participação de dezenas de instituições do país e do exterior.

Os pesquisadores constataram que a causa da morte dos animais foi hipertermia, causada por uma combinação catastrófica. Durante a seca de 2023, a Amazônia registrou recorde de dias seguidos sem nuvem, o que é raro na região. Sem a cobertura das nuvens, aumentou a radiação solar no lago que, devido à seca, estava muito raso e, consequentemente, mais fácil de aquecer. Além disso, as águas estavam turvas, o que facilitou o aquecimento.

Esse quadro resultou em picos de temperatura de mais de 40ºC em toda a coluna d’água do lago Tefé, explicou Fleischmann. “Medimos 40ºC, 41ºC em um a dois metros de profundidade. Isso é muita coisa”, afirmou.

De acordo com o pesquisador, é sabido que lagos na Amazônia podem atingir temperaturas extremas na superfície. Limnólogos que trabalham há décadas na região já mediram temperaturas variáveis entre 37ºC e 40ºC. Quando se mede o nível da água abaixo de 30 centímetros em relação à superfície, por exemplo, a temperatura cai rapidamente para entre 30ºC e 35ºC. Na seca de 2023 na Amazônia, contudo, a temperatura da superfície do lago Tefé permaneceu no patamar de 40ºC e não havia refúgio térmico para os animais.

Essa variação, combinada com o calor e o lago muito raso, fez com que os animais perdessem e ganhassem calor alternadamente de forma muito rápida. “Essa amplitude de temperatura é muito estressante para o animal, que atinge não só o limite de temperatura máxima, mas também de amplitude diária”, explicou.

Ações de adaptação

Após o registro do pico de temperatura no lago Tefé, os pesquisadores estabeleceram, entre setembro e outubro de 2023, uma rede de monitoramente emergencial para tentar medir a temperatura da água em diversos lagos da Amazônia central.

Os resultados das análises dos dados indicaram que mais da metade dos dez lagos incluídos no mapeamento registraram temperatura superior a 37ºC.

O pesquisador alerta que esse aquecimento generalizado da superfície dos lagos da Amazônia representa um risco real para os ecossistemas aquáticos e para as pessoas que vivem no bioma, principalmente as comunidades ribeirinhas que dependem do rio para o transporte e acesso a serviços essenciais.

“Foi uma verdadeira catástrofe humanitária o que aconteceu na Amazônia na seca de 2023. Não só as comunidades ribeirinhas, mas áreas urbanas em tributários do rio Amazonas e, especialmente, cidades que ficam em rios menores também ficaram muito isoladas”, contou.

Uma vez que esse tipo de evento climático extremo tende a acontecer com maior frequência e intensidade, é preciso criar urgentemente programas de acesso à água na Amazônia, avaliou o pesquisador.

“Não é porque estamos na beira do maior rio do mundo que o acesso à água de qualidade para o consumo é garantido”, ponderou.

Algumas das ações de adaptação que precisam ser implementadas na região são a construção de cisternas para a captação de água da chuva e de poços mais profundos, especialmente para comunidades em terra firme, além da distribuição de kits de tratamento emergencial da água e ampliação da cobertura de tratamento de esgoto na região.

“As pessoas não tinham água da chuva para beber durante a seca porque não tinham capacidade de armanezar. Elas tiveram de tomar água direto do rio, que estava extremamente barrenta e imprópria para o consumo”, contou.

Segundo cálculos dos pesquisadores, mesmo durante a seca de 2023 seria possível armazenar água de chuva em volume suficiente para atender às necessidades básicas de uma família com cinco integrantes se houvesse cisternas e poços disponíveis.

Em agosto de 2023, o mês mais seco no médio Solimões, o volume pluvial na região chegou a 50 milímetros. Essa quantidade de chuva, se armazenada em uma cisterna, pode gerar 2 mil litros de água, estimaram os cientistas.

*O conteúdo foi originalmente publicado pela Agência Fapesp, escrito por Elton Alisson, de Belém

Preparação para o XTERRA Amazônia: como são os treinos dos atletas que competem?

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O XTERRA Amazônia, realizado pela quarta vez em solo amazonense, acontece em Novo Airão no dia 20 de julho. Nesta etapa do circuito nacional, a aventura esportiva conta com aproximadamente 600 atletas amadores e profissionais inscritos, com uma só vontade: desafiar-se diante da floresta amazônica.

Participar da trail run ou do cross triathlon na Amazônia foge de tudo que é convencional para quem compete nestes tipos de corridas, desde a hidratação, preparação física ou até mesmo compra de novos acessórios. Essas mudanças precisam ser feitas para um bom desempenho na competição e para prevenir a integridade física do atleta, seja amador ou profissional.

O preparador físico e especialista em preparação de atletas de alta performance, Frankney Lopes, explica detalhes de como funcionam os meses que antecedem a preparação desses atletas que se dispõe a enfrentar as trilhas na Amazônia.

O educador físico relata que o cross triathlon, por exemplo, possui uma preparação mais “dura” se comparada com competições fora da zona de trilhas. 

Fotos: Antonio Lima/XTERRA

Recomendações para atletas iniciantes 

Segundo Frankney Lopes, geralmente as trilhas têm muitos obstáculos, como tronco, poças de lama, areia, grama, pedra, por isso é necessário ter força para correr. “Caso você treine no asfalto, trabalhe muitos tiros em subidas. Se for na esteira, use esteira inclinada. Fazendo assim, um treino de força por muito mais tempo”, recomenda.

O preparador informa ainda que na academia, o método Hiit – que consiste em alternar momentos de exercício de alta intensidade – pode ajudar bastante quando se trata de trabalho de força para ganho específico e ganho de potência.

Tempo de preparação de um atleta para competições como o XTERRA Amazônia

Em quanto tempo um atleta (amador ou profissional) está apto após iniciar um ciclo de treinos para participar de uma competição do nível do XTERRA Amazônia? 

Foto: Divulgação/XTERRA

Quando se trata de um desafio como o cross triathlon, o treinador afirma que o grau de dificuldade é medido pelo grau técnico e que a bicicleta é sempre a que pede mais preparo. Ele cita três pontos importantes:  

Força – “Durante a prova, ela será testada várias vezes com a questão da altimetria do percurso, por conta das subidas de bike serem mais pesadas. Por isso treinamento específico para ganho de potência em cima da bike, trabalhando sprints em subidas com uma intensidade muito alta”. 

Capacidade aeróbica – “Trabalhamos bastante os treinos longos de ciclismo, para que você consiga imprimir um ritmo em ladeira longa e consiga ter menos gasto energético e fadiga na musculatura, para conseguir sair para correr com lactato baixo”.  

Eficiência e técnica – “Precisamos fazer treinos educativos em cima da bike, alguns treinos específicos, em terrenos de barro, de areia, pedra e trilha. Geralmente na MTB (mountain bike) precisa ter muita experiência, porque isso faz diferença para ter um bom resultado. No triathlon, a que mais cobraria seu tempo seria o ciclismo, mas se alinharmos todos no mesmo nível, você chega preparado para a prova sem defeito nenhum”. 

Dicas de escolha dos equipamentos

XTERRA Amazônia 2024

O XTERRA Amazônia 2024 é uma realização da Fundação Rede Amazônica (FRAM) e tem o apoio da Braga Veículos; Secretaria Municipal de Inovação, Indústria, Comércio e Turismo da Prefeitura de Novo Airão; Secretaria de Estado do Desporto e Lazer, do Governo do Amazonas.

Livro ‘Um sonho Garantido’ é lançado em Parintins

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No dia da tradicional matança do Garantido, 17 de julho, no ‘Curralzinho da Baixa’, em Parintins (AM), acontece o lançamento do livro ‘Um sonho Garantido’, escrito por Cleumara Monteverde, neta de Lindolfo Monte Verde, criador do Boi Garantido.

A obra foi produzida com incentivo da Lei Paulo Gustavo, executada pelo Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa. O livro tem como proposta, de acordo com a autora, evidenciar o papel da mãe de Lindolfo, Dona Alexandrina (conhecida como Dona Xanda), na trajetória de vida do seu filho e como foi sua influência na concepção da criação do boizinho.

Cleumara relata que sua avó era uma mãe observadora, que percebeu que o filho sonhava com a criação de um boi.

Curuatá

O livro relembra do primeiro boi de Lindolfo que ele, quando curumim, usando o curuatá (invólucro de uma palmeira), colocava nas costas imitando os movimentos de boi, como as histórias que ouvia.

Fotos: Divulgação/Secretaria de Cultura e Economia Criativa

Ela lembra que começou a escrever em 2011, mas por inúmeras questões deixou guardado. “Com o edital, resolvi inscrever e passou. São relatos que ouvi e decidi deixar registrados para servir de fonte de pesquisa para futuras gerações”, explica.

‘Um sonho Garantido’ é dividido em doze capítulos e composto de 50 páginas. As ilustrações são de Alexandre Haidos e a revisão de Fátima Guedes. Cleumara adianta que os livros serão distribuídos em dez escolas do Estado.

*Com informações da Agência Amazonas

Governo do Acre apresenta resultados dos projetos de desenvolvimento sustentável executados com recursos do Programa REM

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A Missão de Monitoramento e Avaliação 2024 ocorreu entre os dias 9 e 13 de julho, com o objetivo de monitorar e avaliar in loco os avanços na implementação do Programa REM Acre – Fase II e pactuar medidas para a melhoria das ações e a continuação do programa. A agenda incluiu reuniões técnicas com órgãos co-executores e visitas aos beneficiários dos projetos Cadeia Produtiva da Bovinocultura, em Porto Acre e Epitaciolândia, e do Subsídio da Borracha, na Comunidade 2 Irmãos, em Xapuri.

A missão contou com a presença de Franziska Tröeger, primeira-secretária para o Desenvolvimento Sustentável/Florestas da Embaixada do governo alemão; Klaus Köhnlein, gerente de portfólio do Banco KfW; Svenja Bunte, gerente do Programa REM no Department for Energy Security & Net Zero – DESNZ; Louise Hill, gerente do portfólio de financiamento climático (REM e LEAF) pela International Climate Finance Manager – IFC, além de representantes do governo do Acre.

Cadeia Produtiva da Bovinocultura

No subprograma “Pecuária Diversificada Sustentável” o foco é promover o incremento na produtividade e a diversificação da criação de animais, incentivando a recuperação de áreas degradadas e reduzindo a pressão para abertura de novas áreas de pasto.

A degradação do solo, um problema sério enfrentado pela bovinocultura, é combatida por meio de atividades que incluem o diagnóstico da propriedade, a aplicação de insumos e a recuperação dos nutrientes. Esses esforços resultam em pastagens mais produtivas, maior disponibilidade de forragem para o gado, aumento na produção de carne e leite, e uma maior rentabilidade para os produtores.

Foram visitadas duas unidades demonstrativas de bovinocultura sustentável que somam-se ao subprograma. Ambas as fazendas são de pecuária leiteira. O primeiro local visitado pertence ao produtor rural Glauber Valhejo. A propriedade localizada na estrada para Porto Acre, recebeu a equipe do Programa REM e colaboradores.

Segundo o produtor, cinco hectares da propriedade estão sendo usados para desenvolver uma pecuária sustentável, que tem gerado o triplo de resultados em relação ao modelo antigo de produção, que consistia em desmatar para ter mais terra para o rebanho: “Conseguimos elaborar esse projeto [Pecuária Diversificada Sustentável], até então só em cinco hectares; esse trabalho já pega essa [área] aqui que a pastagem já está bem melhor, mesmo com a falta de chuva. Eu praticamente reduzi o volume do meu gado para apenas um hectare e tripliquei a produção de leite”.

Na oportunidade, a secretária adjunta de Planejamento, Kelly Lacerda, representando a Secretaria de Estado de Planejamento (Seplan), esteve presente na fazenda do produtor Vallejo e agradeceu a recepção e a presença das equipes que a acompanharam, destacando a representatividade dos órgãos parceiros. Ela ressaltou a importância da parceria com os doadores internacionais e dedicação do governo do Estado, além de agradecer aos coordenadores do Programa REM e destacar a importância de cada órgão e secretaria parceira do programa.

Foto: Pedro Devani/Secom AC

Em Epitaciolândia, foi visitada a unidade demonstrativa de Gildeon Chavier. O produtor rural relata que, antes do Programa REM, a produção de leite da fazenda ficava entre 30 e 40 litros e o produtor precisava trabalhar fora para complementar a renda familiar. Quando ele conheceu o projeto e começou a implementá-lo, a produção aumentou para 80 a 90 litros por dia, permitindo que focasse apenas na fazenda. Com o projeto, ele também conseguiu implementar a silagem, essencial para a região onde os projetos começam no inverno, mas sofrem no verão com a seca. Ele já havia tentado recuperar as áreas desmatadas antes, mas sem sucesso devido às condições climáticas.

“Graças ao projeto [Pecuária Diversificada Sustentável], conseguimos dividir e manejar adequadamente nossas áreas, incluindo a reserva, totalizando entre 8 e 10 hectares. Com o apoio dos técnicos da Seagri [Secretaria de Estado de Agricultura], seguimos o manejo correto, o que nos permitiu chegar ao verão com pastagem suficiente. Além disso, plantamos milho e produzimos silagem, garantindo alimentação para o rebanho durante o verão intenso. Mantivemos a produção de leite estável, mesmo reduzindo o número de animais no verão, graças ao planejamento e à alimentação adequada. Antes, a mentalidade era abrir mais áreas para pastagem, mas, com o projeto, aprendemos a manejar melhor o que já temos, alcançando resultados positivos e sustentáveis”, celebrou o produtor.

No subprograma “Pecuária Diversificada Sustentável”, a visita às unidades demonstrativas destaca o impacto positivo alcançado ao adotar práticas que não só aumentam a produtividade, mas também promovem a sustentabilidade ambiental na região. A cooperação entre produtores locais, governo estadual e parceiros internacionais, por meio do Programa REM, tem sido fundamental para esses avanços. Esse modelo bem-sucedido inspira outras iniciativas, como o programa “Subsídio da Borracha”, onde estão sendo escritas novas histórias de transformação e desenvolvimento sustentável.

Subsídio da Borracha

No subprograma “Territórios de Produção Familiar Sustentável”, o apoio é voltado para o fortalecimento das cadeias produtivas sustentáveis desenvolvidas por povos originários, extrativistas e produtores tradicionais. A atividade de extração da borracha, essencial para a produção de diversos produtos, recebe subsídios que garantem a viabilidade econômica e evitam o abandono da atividade pelos seringueiros.

Com esse objetivo, a Comitiva da Missão de Monitoramento e Avaliação 2024 do Programa REM – Fase II foi, no último dia da missão, ao município de Xapuri, onde foi guiada por Sebastião Nascimento de Aquino – conhecido por Tião Aquino -, presidente da Cooperativa Agroextrativista de Xapuri (Cooperxapuri), membro do Conselho da Cooperativa Central de Comercialização Extrativista do Estado do Acre (Cooperacre) e residente do Seringal Dois Irmãos, a conhecer os produtos que são resultados do trabalho diário de seringueiros e extrativistas.

Ainda na sede da Cooperacre, Tião Aquino apresentou à equipe de monitoramento os produtos que são viabilizados economicamente por meio dos incentivos do REM, com destaque para os tênis produzidos pela marca Veja, que utiliza na sola dos calçados borracha 100% xapuriense; além desse produto, foram apresentados a castanha, óleos e o mel.

Foto: Pedro Devani/Secom AC

Após esse momento, foi visitada a Casa de Chico Mendes, símbolo da luta ambientalista e um dos patrimônios históricos mais importantes do Acre, a casa de número 487, localizada na rua Batista Moraes. Deste local, a equipe seguiu por 60 km, em direção à Reserva Extrativista (Resex) Chico Mendes, em específico, para os Sistemas Agroflorestais (SAFs) implantados na Fase I do Programa REM e para a comunidade Seringal Dois Irmãos, onde ocorreu uma reunião com o Comitê de Mulheres do Alto Acre.

Nesta reunião, foi percebido como o impacto do Programa REM na comunidade foi profundo, abrangendo tanto aspectos sociais quanto econômicos, especialmente no que diz respeito à distribuição de renda.

Segundo Tião Aquino, iniciativas como a implantação de projetos de piscicultura e florestas plantadas, além do subsídio direto oferecido, têm desempenhado um papel crucial ao proporcionar uma transferência de renda essencial para as famílias da região: “O Programa REM impactou significativamente nossa comunidade, tanto social quanto economicamente. Socialmente, contribuiu diretamente para a distribuição de renda, principalmente com iniciativas de implantação de piscicultura e florestas plantadas, além do subsídio direto que proporciona uma transferência de renda crucial para as famílias”.

Oportunidade única

O Programa REM é fruto de cooperação financeira entre os governos do Acre, da Alemanha, por meio do Ministério Federal de Cooperação e Desenvolvimento Econômico da Alemanha (BMZ), e do Reino Unido, por meio do Departamento de Segurança Energética e Net Zero do Reino Unido (DESNZ) e do KfW, para implementação de projetos voltados à conservação das florestas que, por meio de diversos órgãos, beneficiam milhares de produtores rurais, ribeirinhos, extrativistas e indígenas.

Klaus Köhnlein, gerente de portfólio do Banco KfW, refletiu sobre a missão de monitoramento de 2024 de maneira positiva e reveladora. Ele destacou que a experiência foi fundamental para compreender como os recursos estão impactando positivamente a comunidade.

E acrescentou: “É essencial conversar com as pessoas, ouvir suas necessidades e utilizar essas informações para aprimorar o programa, tornando-o mais eficiente e sustentável. Agradeço sinceramente pela oportunidade de passar esses dias junto às equipes do governo e às comunidades locais. Quero expressar meu reconhecimento pelo profissionalismo de todos os envolvidos e espero que nos vejamos novamente no próximo ano, se assim Deus permitir”, afirmou Klaus Köhnlein.

Foto: Pedro Devani/Secom AC

A gerente do portfólio de financiamento climático (REM e LEAF) pela International Climate Finance Manager (IFC), Louise Hill, afirmou que foi muito interessante visitar os projetos apoiados pelo Programa REM. Ela mencionou que a visita incluiu dois tipos de projetos: o da Pecuária Diversificada Sustentável, onde foi possível observar a experiência dos produtores familiares com a rotação de pastagem e como essa técnica pode ajudá-los a aumentar a produtividade. Bunte destacou que a parte mais interessante foi entender como esses produtores podem usar essa tecnologia para enfrentar períodos de estiagem e seca, sem perdas significativas na produção e sem grande impacto sobre os animais.

“Também foi muito interessante poder conhecer a reserva Chico Mendes, conhecer os extrativistas, entender um pouco mais o trabalho deles e os desafios que eles passam. O Programa REM apoia os extrativistas e a Reserva Chico Mendes com diversos projetos. E eu acho que o mais importante para a gente é conseguir ter essa dimensão do impacto dos projetos, do impacto do programa e também poder ver quais são os desafios, para que possamos, juntos, pensar em soluções inovadoras, que possam beneficiar as comunidades que são o público-alvo desse programa”, afirmou Louise Hill.

*Com informações da Agência Acre