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Demandas do centro-sul impactam no desmatamento da Amazônia mais do que exportações

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A Amazônia Legal Brasileira (ALB) – que compreende toda a parte da Bacia Amazônica situada no Brasil e vastas porções adjacentes do Cerrado, estendendo-se por nove Estados – soma mais de 5 milhões de quilômetros quadrados (km2) e corresponde a quase 60% do território nacional. Atualmente, 23% dessa área já foi desmatada e mais de 1 milhão de km2 encontram-se degradados, colocando a região em risco de atingir um ponto de inflexão ecológica que poderia colapsar os ecossistemas e liberar bilhões de toneladas de carbono na atmosfera.

Algumas regiões da ALB, especialmente nas franjas do Cerrado e no chamado “Arco do Desmatamento”, já são emissoras líquidas de carbono. A manutenção da área preservada e a recuperação de porções degradadas são necessidades urgentes, que mobilizam diferentes atores da comunidade global.

A demanda estrangeira por commodities é frequentemente considerada a motivação principal do desmatamento. Mas, embora esta constitua um fator muito relevante, os mercados domésticos exercem pressão ainda maior. Foi o que constatou um estudo realizado por Eduardo Haddad e colaboradores, publicado na revista Nature Sustainability.

O pesquisador é professor titular da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária da Universidade de São Paulo (FEA-USP) e consultor de agências internacionais de desenvolvimento, como o Banco Mundial (BM), Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e o Joint Africa Institute (JAI).

A metodologia adotada no estudo baseou-se principalmente na chamada Matriz de Insumo-Produto (MIP). Criada pelo russo naturalizado norte-americano Wassily Leontief (1906-1999), a MIP (Input-Output Matrix, em inglês) representa matricialmente as relações entre os diversos setores da economia, registrando os fluxos de bens e serviços e possibilitando conhecer os impactos que as alterações em um setor produzem nos outros.

A configuração atual da Amazônia Legal Brasileira. imagem: Reprodução/IBGE

Mudanças no uso da terra

A Amazônia passou por enormes transformações no último meio século. Inovações técnicas, investimentos em infraestrutura e mudanças políticas facilitaram a expansão do cultivo de soja: da região central do Cerrado para vastos segmentos da ALB. A produção local de soja, que era inferior a 200 toneladas em 1974, representando apenas 0,02% do montante nacional, alcançou 50 milhões de toneladas em 2022, 41,5% do total brasileiro. Igualmente vertiginoso foi o crescimento da pecuária: de 8,9 milhões de cabeças de gado em 1974 (9,5% do rebanho brasileiro) para 104,3 milhões de cabeças em 2022 (44,5% do total).

O estudo ressalta que, apesar de afetar diferentes biomas da Amazônia Legal, o desmatamento ocorrido até agora no Brasil se concentrou geograficamente nessa região. Em 2015, a ALB respondia por 65,7% do total do desmatamento acumulado no país. A pecuária foi a principal causa imediata (93,4% do total regional), seguida pela produção agrícola, principalmente de soja, milho e algodão (6,4%), e pela mineração (0,2%). A construção de infraestrutura e o processo intensivo de urbanização também fazem parte dos fatores antrópicos diretamente ligados à eliminação ou à degradação da cobertura vegetal original da Floresta Amazônica e do Cerrado.

O estudo em pauta demonstra que a demanda econômica originada no centro-sul mais desenvolvido do Brasil impõe uma pressão ainda maior sobre o desmatamento na Amazônia do que as exportações internacionais. Esse conhecimento é muito relevante para orientar políticas públicas e ações da sociedade civil voltadas para preservação ou regeneração. E, como as mudanças no uso da terra, por meio da pecuária e da agricultura, continuam sendo as principais fontes de emissões de dióxido de carbono (CO2) no Brasil, o controle do desmatamento e da degradação torna-se imperativo para que o país possa cumprir suas metas de redução de emissões de gases de efeito estufa.

Além de Haddad, participaram do estudo Inácio Fernandes de Araújo Junior, Rafael Feltran Barbieri, Fernando Salgueiro Perobelli, Ademir Rocha, Karina Simone Sass e Carlos Afonso Nobre. O grupo recebeu apoio da FAPESP por meio de dois projetos (14/50848-9 e 21/12397-9).

O artigo Economic drivers of deforestation in the Brazilian Legal Amazon pode ser acessado em: www.nature.com/articles/s41893-024-01387-7.

*O conteúdo foi originalmente publicado pela Agência Fapesp, escrito por José Tadeu Arantes

FAEA propõe ao governo estadual medidas preventivas para combate à estiagem de 2024 que poderá superar 2023

Foto: Eduardo Cavalcante/Seduc AM

Por Osíris M. Araújo da Silva

De forma atípica, o ciclo da seca do ano em curso teve início logo no mês de junho. Com efeito, o pico da vazante nos rios Solimões, Negro e Amazonas, segundo a Defesa Civil, deve ocorrer em outubro, alcançando níveis recordes. Há um temor generalizado de que se repitam os danos do ano passado devido aos baixos níveis dos rios para o período, indicando que a cheia de 2024 foi insuficiente para a recuperação das águas em padrão médio da bacia em ciclo normal. Em 2023, a seca foi extrema. Rios como o Negro, Solimões, Amazonas e Madeira superaram suas mínimas históricas, privando comunidades de acesso a água e comida. Plantações típicas da várzea foram perdidas devido ao aquecimento excessivo do solo e à falta d’água. As medições do Porto de Manaus comprovam: Na última sexta-feira, 19, o nível do Rio Negro alcançou 26,07 m, descendo à razão de 5/7 cm por dia. No ano passado, no mesmo 19 de julho, a medição apontava 27,42 m, secando em média 4 cm/dia. Quadro que, afirmam especialistas, dificilmente irá se alterar.

Diante da possível repetição da seca de 2023, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Amazonas (Faea), Muni Lourenço Jr., encaminhou ao governador Wilson Lima na semana passada propostas de medidas visando “minimizar os efeitos de nova e grave estiagem anunciada, que, se concretizada, voltará a prejudicar boa parte dos nossos produtores rurais, gerando graves e irreversíveis prejuízos à economia do Estado”. Por conseguinte, sem a BR-319 devidamente asfaltada, e com a navegação prejudicada, salienta o documento, “teremos sérias tribulações no abastecimento de insumos indispensáveis à atividade agropecuária”. O documento em referência, elaborado pela equipe técnica da Faea, elenca ações preventivas emergenciais e de longo prazo como forma de se antecipar a mais essa estiagem que se preanuncia e garantir o mínimo de danos ao produtor rural, ao comércio e à indústria do Amazonas.

Dentre as propostas, destacam-se: equipar os municípios incluídos no Decreto de Emergência com brigadistas, equipamentos, aviões e helicópteros para combate a incêndios florestais de origem e autoria desconhecida que destroem propriedades rurais, lavouras e pastagens; anistiar produtores rurais afetados pela seca em relação a financiamentos da Afeam e demais agentes que operam com crédito rural; adquirir a produção agropecuária para atender sedes municipais e zonas ribeirinhas prejudicadas; fornecer insumos aos produtores rurais evitando a morte de animais e a perda da produção agrícola; providenciar a construção de poços artesianos nas zonas afetadas; propor ao governo federal ampliar ações do “Programa Cisternas”; ampliar o “Programa Garantia Safra”, já iniciado no Amazonas, para atender produtores rurais dos municípios mais atingidos; ampliar o orçamento dos programas de irrigação, calcário e mecanização agrícola; abrir linha de crédito especial para a retomada da atividade agropecuária, assim como a distribuição de sementes e mudas a produtores cadastrados.

Tendo-se a informação como de vital importância para a sociedade, pois já se observou no passado certos direcionamentos no sentido de culpar o produtor rural por incêndios por eles comprovadamente não praticados, a Faea propõe, visando “evitar desencontros de informações que a divulgação dos fatos junto à mídia tenha a coordenação única do comitê de enfrentamento recentemente criado e que comporta 33 secretarias de estado”. Segundo Muni Lourenço, “os pleitos resultaram de reuniões com as lideranças rurais, ouvidos sindicatos, produtores, entidades, lideranças agropecuárias e técnicos do setor. Pelo que se observa, tais adversidades, infelizmente, deverão fazer parte do nosso cotidiano rural. Já pensando em outras ações de médio e longo prazo, o documento inclui, além das sugestões acima, outras propostas à consideração do governo do Estado”.

Sobre o autor

Osíris M. Araújo da Silva é economista, escritor, membro do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA) e da Associação Comercial do Amazonas (ACA).

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

Estiagem: situação de emergência em 18 municípios de Rondônia é reconhecido pelo governo federal

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O governo federal publicou uma portaria, no dia 19 de julho, reconhecendo a situação de emergência em 18 cidades de Rondônia que enfrentam um período de estiagem extrema. O reconhecimento permite a mobilização de recursos federais para ajudar os municípios.

Em Rondônia, os principais rios estão com níveis abaixo da média histórica para o período de estiagem, segundo informações da Defesa Civil Estadual. São eles: Candeias, Guaporé, Jamari, Mamoré, Machado, Madeira e Pirarara.

A portaria foi emitida por meio do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional e da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil e já está em vigor.

Fazem parte da lista os seguintes municípios (por ordem alfabética):

  • Alta Floresta do Oeste
  • Alto Alegre dos Parecis
  • Ariquemes
  • Campo Novo de Rondônia
  • Cerejeiras
  • Cujubim
  • Espigão D’Oeste
  • Jaru
  • Ji-Paraná
  • Machadinho D’Oeste
  • Ministro Andreazza
  • Nova Mamoré
  • Porto Velho
  • Primavera de Rondônia
  • Santa Luzia do Oeste
  • São Miguel do Guaporé
  • Seringueiras
  • Urupá

O reconhecimento do governo federal permite que as prefeituras solicitem recursos como cestas básicas, água mineral, refeição para trabalhadores e voluntários, kits de limpeza de residência e higiene pessoal.

Há duas semanas, o governo do estado de Rondônia publicou um decreto onde declara emergência em razão do período “crítico” de estiagem enfrentado no estado.

Poucos dias depois, a prefeitura de Porto Velho também assinou um decreto de emergência por conta do que foi classificado como ‘cenário de extrema seca’ na cidade. De acordo com o Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), a cidade de Porto Velho completou quase dois meses sem registro de chuva.

Em 2023, o rio Madeira chegou ao menor nível já registrado na história. Bancos de areia e montanhas de pedras surgiram onde antes era possível enxergar somente água. Desde então, especialistas já previam uma seca ainda mais extrema no estado em 2024.

*Com informações da Rede Amazônica RO

Empreendedores e produtores rurais do Norte contrataram R$ 8,16 bilhões em Fundos Constitucionais

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Empreendedores e produtores rurais do Norte, Nordeste e Centro-Oeste contrataram R$ 35,90 bilhões com recursos dos Fundos Constitucionais de Financiamento (FNE, FNO e FCO), no primeiro semestre de 2024, o que representa um acréscimo de 12% quando comparado ao mesmo período do ano de 2023.

Os recursos, administrados pelo Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), em conjunto com as Superintendências do Desenvolvimento Regional (Sudam, Sudene e Sudeco), e concedidos por meio do Banco do Nordeste (BNB), Banco da Amazônia (Basa) e Banco do Brasil (BB), aquecem a economia, geram emprego e renda nas áreas atendidas.

Embora as operações de crédito sejam voltadas, prioritariamente, a atividades produtivas de pequenos e mini produtores rurais e pequenas e microempresas, também são asseguradas condições atrativas de financiamento a médio e grandes investidores.

Para o ano de 2024, estão previstos R$ 63,9 bilhões para contratação por meio dos Fundos Constitucionais de Financiamento (FNE, FNO e FCO).

O Ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), Waldez Góes, explica que os fundos constitucionais são fundamentais para fomentar atividades produtivas e, consequentemente, gerar emprego e renda.

Fundo Constitucional do Norte (FNO)

Empreendedores urbanos e produtores rurais da Região Norte contrataram R$ 8,16 bilhões por meio do FNO. Este valor corresponde a 54,7% da meta anual programada de R$ 14,9 bilhões. Os números são relativos ao primeiro semestre de 2024 e representam um aumento de 51% no volume de recursos financiados no mesmo período do ano passado, quando foram acessados R$ 5,41 bilhões.

O responsável pela operacionalização é o Banco da Amazônia. A maior parte dos valores foi captada por empreendedores e produtores de menor porte, com um total de R$ 4,35 bilhões (equivalente a 53,31% do total). Outros R$ 3,81 bilhões (46,69%) foram contratados por representantes enquadrados na categoria médio e grande portes.

Do total de R$ 8,16 bilhões do FNO, 62,1% foram acessados pelo setor rural, que foi responsável pela contratação de R$ 5,07 bilhões. O valor também é um avanço na comparação com 2023, quando o setor financiou R$ 4,27 bilhões.

Os fundos constitucionais são fundamentais para fomentar atividades produtivas e, consequentemente, gerar emprego e renda. (Foto: Divulgação/MAPA)

Os recursos direcionados aos empreendedores urbanos e produtores rurais localizados nos municípios classificados com tipologia Baixa ou Média Renda na PNDR somaram cerca de R$ 6,4 bilhões cerca de 78% do valor total contratado com o FNO.

Por estado

Na área de atuação da Sudam, o principal destaque foi o volume de financiamentos contratados por empreendedores urbanos e produtores rurais do Pará. Eles foram responsáveis pela formalização de contratos que somaram R$ 2,12 bilhões (26%). Em seguida, Tocantins, com R$ 1,93 bilhão (23,7%); Rondônia, com R$ 1,70 bilhão (20,8%); Roraima, com R$ 936,9 milhões (11,4%); Amazonas, com R$ 914,6 milhões (11,2%); Acre, com R$ 449,1 milhões (5,5%); e Amapá, com R$ 102,1 milhões (1,2%).

*Com informações do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional

Novo santuário de árvores gigantes na Amazônia é revelado no oeste do Pará

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Uma descoberta na Amazônia ganha destaque: um novo santuário de árvores gigantes foi revelado na Floresta Estadual (Flota) do Paru, no oeste paraense. A descoberta iniciou em 2022, quando foi encontrado um angelim-vermelho (Dinizia excelsa) de 88,5 metros de altura e 3,15 metros de diâmetro foi identificado, sendo então, a maior árvore da América do Sul e a quarta maior do mundo.

Cercando o angelim-vermelho, cientistas descobriram pelo menos mais 38 outras árvores de grande porte, duas delas com mais de 80 metros de altura. Essa concentração impressionante de árvores gigantes aponta para a rica biodiversidade do território, reforçando a importância de sua proteção.

Em maio deste ano, uma nova expedição foi realizada para aprofundar análises físicas e biológicas na região, o que levou à descoberta de um novo santuário de árvores gigantes.

A expedição científica, organizada pelo Governo do Pará, por meio do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio), em parceria com o Instituto Federal do Amapá (IFAP), a Fundação Amazônia Sustentável (FAS) e com financiamento do Andes Amazon Fund (AAF), marcou um passo significativo na conservação desses vegetais colossais.

Para o presidente do Ideflor-Bio, Nilson Pinto, a descoberta do angelim-vermelho é um testemunho da grandiosidade e biodiversidade da Amazônia e simboliza a importância da preservação desse ecossistema único.

Foto: Fernando Sette

Expedição

Entre os dias 16 e 30 de maio de 2024, uma equipe multidisciplinar de pesquisadores e técnicos do Ideflor-Bio, IFAP e FAS percorreu rios e trilhas da Flota do Paru. O processo foi para coletar dados para a caracterização de uma área florestal de 560 mil hectares, que abrange uma zona de concentração das árvores gigantes. Esse levantamento fornecerá subsídios para transformar parte da Flota do Paru em uma nova área de proteção integral.

A expedição revelou novos exemplares de árvores gigantes, incluindo angelins-vermelhos e outras espécies, com alturas superiores a 65 metros. O maior espécime registrado mede aproximadamente 73 metros de altura e 3 metros de diâmetro. Os achados indicam que a ocorrência de árvores gigantes é mais frequente e dispersa do que se esperava, aumentando a necessidade de proteger uma vasta extensão de floresta primária.

Para a engenheira florestal e técnica do Ideflor-Bio, Luciana Santos, a Flota do Paru, como UC de Uso Sustentável, exemplifica a importância da recategorização parcial da área para a Proteção Integral. A especialista destaca, ainda, a necessidade de preservar esses santuários e garantir a proteção da biodiversidade amazônica.

“Isso mostra o quanto devemos preservar realmente esses santuários, e mostra a importância do IDEFLOR-Bio enquanto órgão, recategorizar parcialmente essa área em uma nova categoria, de proteção integral. O estado precisa continuar presente na proteção da biodiversidade amazônica, uma biodiversidade grande”, afirmou Luciana Santos.

Foto: Fernando Sette

Relevância

As árvores gigantes da Amazônia desempenham um papel crucial na manutenção da biodiversidade e no equilíbrio ecológico do bioma. Elas ajudam na regulação do clima, absorvendo grandes quantidades de carbono da atmosfera e mitigando os impactos da crise climática. Além disso, são habitat para uma vasta gama de espécies de fauna e flora, contribuindo para a proteção da diversidade biológica regional.

O engenheiro florestal e professor do IFAP, Diego Armando Silva, reforça que a criação da UC não só protegerá essas árvores monumentais, como também promoverá a pesquisa científica e a sustentabilidade na região. Ele explica que esses esforços são fundamentais para garantir a preservação de um patrimônio natural e cultural inestimável.

Nova UC

A próxima etapa no processo de criação da UC das Árvores Gigantes será a realização de consultas públicas com os moradores do Distrito de Monte Dourado, em Almeirim e que abrange essa porção da floresta. Essa ação busca assegurar que a comunidade local esteja envolvida e informada sobre os benefícios e objetivos da nova área protegida.

O Projeto “Árvores Gigantes Para Uma Nova Era – Áreas Protegidas no Estado do Pará” apoia essas ações, levando assistência técnica aos órgãos ambientais do estado e buscando fortalecer outras UCs no Pará. O superintendente de Inovação e Desenvolvimento Institucional da FAS, Victor Salviati, destaca que a recategorização parcial da Flota do Paru representa o compromisso do estado com a conservação da Amazônia.

“É uma honra para a FAS prover apoio técnico e buscar parceiros financiadores para intensificar as ações de conservação e proteção no estado do Pará. A recategorização parcial da Flota é muito simbólica e representa o comprometimento do estado com a conservação da Amazônia”, ressaltou Victor Salviati.

*Com informações da Agência Pará

Pesquisadores reforçam monitoramento de botos na região de Mocajuba, no Pará

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Cerca de 12 botos da região de Mocajuba, no Pará, devem passar por avaliação de pesquisadores da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) a partir deste sábado (20). O município é conhecido pela presença dos animais na área do mercado de peixes, o que se tornou um dos atrativos turísticos para quem visita a região. Com o mês das férias escolares e do ‘verão amazônico’, a interação entre botos e visitantes se intensifica, e esse é um dos motivos que levam os pesquisadores ao local nesse período. 

A equipe, formada por professores e alunos da pós-graduação, monitora os botos da região desde 2023, a partir do projeto ‘Parâmetros fisiológicos e análise de risco para patógenos zoonóficos em botos-do-Araguaia (Inia araguaiaensis) sob impactos ambientais no contexto One Health‘. 

Os pesquisadores devem ficar no município até o mês de agosto. 

No estudo é realizado um mapeamento da saúde dos animais, desde aspectos fisiológicos, até vocalização e biologia. Os pesquisadores fazem a avaliação da saúde dos animais, coleta de sangue,  borrifo e ultrassom. O foco são os botos-do-Araguaia, ou Inia araguaiaensis, espécie catalogada em 2014 por cientistas da Universidade Federal do Amazonas (UFAM).

Os botos dessa espécie habitam a bacia Araguaia-Tocantins, que abrange os estados do Pará, Tocantins, Maranhão, Goiás e Mato Grosso, além do Distrito Federal. No Pará, o pólo reúne 45 municípios, entre eles Mocajuba. A espécie se soma às já conhecidas nos rios amazônicos: Inia geoffrensis e Inia boliviensis, além da Sotalia fluviatilis. 

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Foto: Reprodução/Acervo do projeto

Todo o estudo é feito com os animais em ambiente natural. As técnicas de manejo para que isso ocorra de forma eficaz e com menos stress ao animal também são alvo da pesquisa.

Segundo o professor, pesquisas sobre o bem estar são fundamentais para a conservação de animais em vida livre, pois ajudam a entender sobre aspectos importantes do comportamento da espécie em seu ambiente natural.

“Isso nos dá subsídios para manejar melhor a espécie, proporcionando resultados mais claros de como deve ser a interação animal-homem”, diz. 

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Foto: Reprodução/Acervo do projeto

O projeto também conta com a parceria dos professores Abelardo Júnior, da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) e Rinaldo Mota, da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), que analisam os potenciais agentes zoonóticos. Agentes zoonóticos são aqueles que podem afetar a saúde dos botos a partir do contato com o homem, e vice-versa. Para isso os pesquisadores vão realizar diversos tipos de coleta, que incluem amostras de água, pele dos botos e fezes, além de testes de PCR em tempo real para identificação dos tipos de vírus e bactérias com esse potencial. 

Espécie vulnerável

Apesar do registro científico recente, a espécie já é considerada ‘vulnerável’ e já integra a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. De acordo com os critérios da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), ‘vulnerável’ é quando uma espécie tem um risco elevado de extinção na natureza, exceto se as circunstâncias que ameaçam a sua sobrevivência e reprodução melhorem.

No caso dos botos, a vulnerabilidade é causada principalmente pelas interações negativas com atividades pesqueiras e pela perda ou destruição de habitat. Mas há uma outra questão preocupante. O animal é cercado pelo imaginário popular, o que inclui as histórias sobre o homem charmoso, vestido de branco, que aparece para seduzir moças ribeirinhas e depois se transforma em boto, causando medo e a ira dos ribeirinhos. Na Amazônia, os botos também são alvo do comércio de subprodutos místicos.

Foto: Reprodução/Acervo do projeto

Mas segundo a pesquisadora Angélica Rodrigues, em Mocajuba a relação é bem diferente da maioria das comunidades onde esses animais ocorrem. “No caso de Mocajuba são os botos que atraem o turismo e ajudam os pescadores nos paredões de pesca”, revela. 

A preservação desses animais impacta diretamente no equilíbrio do meio ambiente. “Eles tem um papel importantíssimo na natureza, porque são sentinelas ambientais, a partir deles conseguimos mapear a saúde de um rio. São animais topos de cadeia, importantes para o equilíbrio da cadeia trófica do rios, além disso são sentinelas importantes apontado as fragilidades dos ecossistemas fluviais”, diz a pesquisadora. 

O grupo Bioma

O projeto foi contemplado com o primeiro lugar no edital da Iniciativa Amazônia +10 , em 2023. Mas a saúde dos botos da região é monitorada pelo grupo Bioma desde 2013, período em que já foram registrados os nascimentos de oito filhotes. O grupo tem como estudo as espécies de golfinhos de rios e peixe boi, a interação deles na natureza, papel ecológico e interação com humanos. As pesquisas são realizadas no rio Guamá, Tocantins e Tapajós e também na zona costeira paraense. 

*Com informações Universidade Federal Rural da Amazônia

Unemat empossa primeira indígena como coordenadora de curso intercultural

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A Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) delimitou mais um marco histórico em sua atuação com os povos originários ao empossar a professora Eliane Boroponepá Monzilar como coordenadora da Licenciatura Intercultural Indígena. O evento de posse aconteceu na Faculdade Intercultural Indígena (Faindi), no Câmpus de Barra do Bugres, nesta quarta-feira (17).

Formada pela primeira turma da Faindi em 2006, Eliane é mestre em Desenvolvimento Sustentável junto a Povos de Terras Indígenas e doutora em Antropologia pela Universidade de Brasília (UnB).

Atuando de fato na coordenação desde novembro de 2023, a posse foi possível com a cedência da Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso (Seduc-MT), órgão de lotação da professora da educação básica. Ela também é professora colaboradora do mestrado do Programa de Pós-Graduação em Ensino em Contexto Indígena Intercultural (PPGecii) da Unemat.

Este discurso de Eliane foi incentivador para os 41 povos indígenas entre os 46 do Estado atendidos pela Unemat em seus cursos de licenciatura, bacharelado e mestrado.

Monzilar se dirigiu às representantes do Executivo estadual, professora Rute Ferreira Bento, da Seduc-MT, e professora Bernadete Fernandes Gregolin, secretária municipal de Educação, Cultura e Esporte de Barra do Bugres, para dizer que a educação é transformadora e o investimento na educação indígena não é gasto. Isto porque se reverte em benefício para o município e o estado, pois os estudantes indígenas são cidadãos que consomem bens e serviços.

Em seu discurso, a pró-reitora de Ensino de Graduação, Nilce Maria da Silva lembrou o silenciamento que os povos indígenas sofreram nestes mais de 500 anos de colonização e a nossa fragilidade não-indígena de não saber falar nenhuma língua destas 41 etnias que a Unemat atende. “Precisamos que vocês nos ajudem a aprender os seus saberes e a construir nossos projetos de cursos com estes saberes. 

Foto: Dapi Juruna

Precisamos muito de vocês, que nos ajudem a quebrar nossas resistências. Eliane, não fique calada diante do que você não se sentir confortável, para que você consiga falar e propor o que deve ser a formação de vocês”, incentivou a pró-reitora.

Nilce fez, ainda, um paralelo com a discriminação sofrida pelas mulheres não-indígenas na gestão quando não ter sua voz ouvida por estarem na condição de mulher. Como primeira professora indígena na Unemat, “Eliane abre portas para outros, sendo representatividade para vocês sonharem para mudar a vida da sua comunidade e do seu povo”, animou.

Com representação da Unemat, do Executivo estadual e da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai(, a mesa de autoridades abordou a diversidade da educação escolar indígena. Participaram, além da pró-reitora, o diretor de Gestão de Educação Indígena, Adailton Alves da Silva; os diretores do Câmpus de Barra do Bugres, Eduardo Oenning e Rivelino Fulvio Linhares, e da Faindi, José WIlson Pires Carvalho; Rute Ferreira Bento, da Coordenadoria de Educação Escolar Indígena da Seduc; o coordenador regional da Funai, Benedito Cesar Garcia Araujo; e a secretária municipal de Educação, Cultura e Esporte de Barra do Bugres, Bernadete Fernandes Gregolin. Também esteve na composição da mesa o cacique Luciel Boroponepá.

A família de Eliane e sua comunidade da etnia Balatiponé Umutina marcaram presença. As apresentações culturais foram realizadas por seu povo e pelas etnias do Xingu (Ikpeng, Kaiapó, Mebengrokê e Panará) em nome das demais. Ao final, todos foram convidados das oferendas trazidas, beiju, peixe e chicha (bebida indígena).

Sobre a Faindi

Foto: Dapi Juruna


A presença da mulher vem aumentando desde que a Unemat iniciou o primeiro curso de licenciatura, em 2001, graduando a primeira turma em 2006, pela Faculdade Intercultural Indígena. Das primeiras 200 vagas oferecidas, 20 foram destinadas a dez estados, tornando a Unemat precursora na formação de professores de diferentes etnias em Mato Grosso, Acre, Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Paraíba, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Tocantins. 

Oferecidos em parceria com as secretarias de Estado de Educação (Seduc) e de Saúde (SES), os cursos contam com a parceria estratégica da Funai em alguns momentos, e do Governo Federal, como o Programa Institucional de Fomento e Indução da Inovação da Formação Inicial Continuada de Professores e Diretores Escolares (Pril), que possibilitou oferecer o curso de Matemática Intercultural, em Luciara-MT.

Com a última turma que colou grau, em 2022, foram formados 570 professores indígenas. Os cursos pioneiros são as Licenciaturas Intercultural com habilitação em Ciências Sociais, Ciências Matemáticas e da Natureza, e Línguas, Artes e Literaturas, iniciados em 2001; e a Pedagogia Intercultural, iniciada em 2016. Em 2023, a Unemat inaugura seu primeiro bacharelado em Enfermagem Intercultural.

Coordenados por professores da Unemat, atualmente, são 30 alunos na Pedagogia Intercultural, coordenada por Waghma Fabiana Borges Rodrigues; 90 nas Licenciaturas Intercultural Indígena, coordenadas por Antonio Francisco Malheiros e Eliane Boroponepá Umutina (Seduc/Unemat); 50 na Enfermagem Intercultural, por Ana Cláudia Trettel; e 20 no Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu Mestrado Profissional em Ensino em Contexto Indígena Intercultural, coordenado por Raimundo Nonato Cunha de França.

*Com informações da UNEMAT

Theatro da Paz, em Belém, será candidato a Patrimônio da Humanidade

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O Theatro da Paz, um dos ícones de Belém (PA), será candidato a Patrimônio da Humanidade. A Prefeitura de Belém e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) se reuniram no dia 18 de julho para a candidatura do Theatro da Paz a Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade.

Um seminário, que será organizado pela gestão municipal de Belém e Iphan, debaterá a estruturação e importância do Theatro da Paz. O evento será realizado nos dia 26, 27 e 28 de agosto e faz parte do início do processo de candidatura do imóvel histórico junto à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). Além do Theatro da Paz, o Teatro Amazonas, em Manaus (AM), também será candidato a Patrimônio da Humanidade.

Os representantes da gestão municipal se reuniram com a superitendente do Iphan, Cristina Vasconcelos, para debater a iniciativa que envolverá secretarias municipais que administram o entorno do Theatro da Paz, além da Secretaria de Estado de Cultura (Secult) e Governo Federal.

O objetivo do seminário é reunir técnicos, pesquisadores das universidades historiadores e a sociedade para debater toda a estruturação e importância histórica do Theatro da Paz e arredores.

Apesar do imóvel centenário ser administado pela Secult, a área do entorno do Theatro da Paz é de responsabilidade da Prefeitura de Belém. A superintendente do Iphan explica, que os debates com a administração municipal e estadual serve para ajustar e alinhar as ações para levar os teatros Amazonas e da Paz à Unesco com a finalidade de torná-los Patrimônio Histórico e Cultral da Humanidade. “Nós estamos iniciando a candidatura, que é um processo que dura de três a quatro anos”, detalhou Cristina Vasconcelos.

Confira os vencedores do desafio para convidados no XTERRA Amazônia

Em um percurso cheio de emoção e desafios off-road, mais de 1000 atletas desafiaram seus limites no XTERRA Amazônia. Os participantes do evento esportivo completaram os percursos na manhã deste sábado (20), deram o seu melhor e suaram a camisa, enfrentando terrenos desafiadores de Novo Airão, no interior do Amazonas.

Masculino

Felipe Moletta

Feminino

Alessandra Dias

Confira o resultado:

XTERRA Amazônia 2024

O XTERRA Amazônia 2024 é uma realização da Fundação Rede Amazônica (FRAM) e tem o apoio da Braga Veículos; Secretaria Municipal de Inovação, Indústria, Comércio e Turismo da Prefeitura de Novo Airão; Secretaria de Estado do Desporto e Lazer, do Governo do Amazonas.

Amazonas registra 260 focos de queimadas em um único dia  

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O Amazonas contabilizou 260 focos de queimadas no dia 19 de julho. Os dados são do Programa de BDQueimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), referente as últimas 24 horas.

O fenômeno tem sido registrado em meio a seca que atinge a região e deve ser mais severa do que aquela registrada no ano anterior, sendo a maior da história do estado. Com um aumento de 400%, se comparado ao mesmo dia do ano anterior, o Amazonas registrou 260 focos de queimadas, entre quinta (18) e sexta-feira (19).

  • 260 focos de incêndio registrados entre 18 e 19 de julho de 2024;
  • 52 focos de incêndio registrado entre 18 e 19 de julho de 2023.

Os dados indicam ainda que o número de ocorrências está acima da média esperada para este mês, que é de 757 focos. Nos primeiros 18 dias do mês de julho, o estado já conta com 773 focos de calor.

Número de queimada no Amazonas em julho de 2023 e julho de 2024

Paralelamente ao aumento de focos, o Inpe também indica dois municípios que concentram o maior número de focos de queimadas do país, em julho. Localizados na Região Sul do Amazonas, conhecida como arco do fogo, Lábrea e Apuí ocupam a segunda e a quinta colocação, respectivamente.

Até quinta 18 de julho, Lábrea contabilizou 267 focos, enquanto Apuí conta com 187 ocorrências de queimadas. O estado já está em emergência ambiental devido aos focos de calor. Ao todo, são 22 dos 62 municípios do estado nessa situação. O cenário que se avizinha parece repetir 2023, quando o estado registrou mais de 20 mil queimadas ambientais, sendo o segundo pior ano desde 1998.

O Grupo Rede Amazônica questionou a Secretaria Estadual de Meio Ambiente sobre as ações que estão sendo desenvolvidas para combater o avanço do fogo, mas até a publicação da matéria não obteve resposta.

Seca afeta cidade do AM, isola comunidades e causa problemas de abastecimento

O Amazonas já vive uma seca severa. Para o governo estadual, a situação neste ano pode ser ainda pior do que a vivida no ano passado, quando foi registrada a maior seca da história do Amazonas. Em Manaus, o Rio Negro desceu mais de 60 centímetros só em julho.

No município de Envira, na região Sudoeste do estado, mais de dez mil pessoas já foram impactadas pelo fenômeno, que também tem isolado comunidades, encalhado embarcações e causado problemas de abastecimento de insumos no município.

No dia 16 de julho de 2023, o Rio Tarauacá, que banha a cidade, media 8,55 metros. Um ano depois, o mesmo rio media medindo 5,26 metros.

A situação é tão crítica que o chefe da Defesa Civil aconselhou moradores das regiões ribeirinhas a se abrigarem na sede do município.

Estiagem severa também ajuda a aumentar o número de incêndios no Amazonas. — Foto: Divulgação/PC-AM
 Foto: Divulgação/PC-AM.

O governo do Amazonas decretou situação de emergência ambiental em 22 dos 62 municípios do estado. Segundo o estado, durante o período de 180 dias está proibido a prática de fogo, com o sem uso de técnicas de queima controlada.

As cidades em emergência ambiental são:

Apuí;

Novo Aripuanã;

Manicoré;

Humaitá;

Canutama;

Lábrea;

Boca do Acre;

Manaus;

Iranduba;

Novo Airão;

Careiro da Várzea;

Rio Preto da Eva;

Itacoatiara;

Presidente Figueiredo;

Manacapuru;

Careiro;

Autazes;

Silves;

Itapiranga;

Manaquiri.

Maués;

Tapauá.

Além disso, o Amazonas também decretou situação de emergência em 20 municípios, situados nas calhas do Juruá, Purus e alto Solimões, por conta da seca que atinge os rios no estado e que pode ser maior que a do ano passado, segundo a administração estadual. A medida tem duração de 180 dias.

*Com informações do g1 Amazonas.