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Entenda as linhas de investigação dos incêndios florestais no país

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Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Com 85 inquéritos instaurados para investigar um cenário de incêndios florestais sem precedentes no Brasil, as apurações apontam indícios de crime ambiental. De acordo com o delegado da Polícia Federal à frente dos processos, Humberto Freire de Barros, são diferentes as hipóteses que podem ter motivado pessoas de diferentes partes do país a dar início ao fogo que consome riquezas, saúde e capacidade do ser humano existir no seu lugar.

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, vê também um cenário de resistência à retomada de uma política pública ambiental.

“Nós conseguimos retomar a criação de unidades de conservação, demarcação de terra indígena, combate ao garimpo, fazer um esforço enorme para reduzir desmatamento no ano passado em 50%, esse ano já reduzimos 45% e estamos agora diante de uma situação, é uma combinação de um evento climático extremo que está assolando não só o Brasil, mas o planeta, e criminosos ateando fogo no país.”

Há menos de dez dias para o fim do mês de setembro, o Brasil já registra quase 200 mil focos desde o início do ano. Mais da metade desse total teve início na Amazônia.

Grilagem

Segundo o pesquisador Mauricio Torres, do Instituto Amazônico de Agriculturas Familiares (Ineaf) da Universidade Federal do Pará (UFPA), que estuda conflitos territoriais na região amazônica, historicamente, o fogo é uma das etapas de um processo mais amplo de apropriação de terras públicas não destinadas. Embora o uso desse elemento tenha muitas outras funções no campo, como controle de pragas em áreas de pastagens ou eliminação de resíduos sólidos, o fogo também serve para completar o processo da derrubada.

“Uma floresta recém-derrubada cria um volume imenso de galhos, troncos e se não tocar fogo, não é possível fazer nada, nem entrar na área. Não consegue formar pastagem, não consegue fazer nada. Então, o que eles fazem? Esperam isso secar, tocam fogo e o solo fica exposto”.

Essas derrubadas têm comumente o objetivo de grilagem para apropriação de terras públicas que ainda não foram destinadas a cumprir uma função, como as terras indígenas ou as unidades de conservação, por exemplo, explica Torres. De acordo com o pesquisador, a apropriação de terras é sempre pensada na lógica das sucessivas anistias concedidas aos invasores, como as estabelecidas pelas Leis 11.962/2009 e 13.465/2017. A primeira anistiou invasões até 2004 e a segunda estendeu o benefício até 2008, além de determinarem outros critérios como limite de área e tipo de ocupação.

Para Torres nesse processo de grilagem, o desmatamento ocupa um lugar de destaque. “Segundo os atuais programas de ‘regularização fundiária’, um dos melhores documentos para provar o tempo de ocupação é um auto de infração ambiental por desmatamento. Ele mostra por um documento oficial que ele [o invasor] estava lá na data da infração. Se ele não teve a ‘sorte’ de ter sido autuado, ele precisa mostrar uma imagem de satélite com esse desmatamento feito até 2008”, explica.

Em imagens de satélites, o pesquisador mostra que o desmatamento se alastra, ao longo de mais de 20 anos, exatamente pelas áreas públicas ainda não destinadas, por isso é necessário pensar medidas de enfrentamento aos incêndios florestais que vão além do controle do fogo. “Não basta você ter uma fiscalização ambiental, você tem que ter uma ação fundiária. Você tem que deixar de fazer com que o desmatamento seja premiado por um título da terra. Você tem que combater a grilagem”, diz.

Crimes

Para o delegado da Polícia Federal, a ação humana no uso do fogo em um momento em que o manejo foi proibido já aponta a existência de um crime, mas ainda é necessário entender cada caso.

De acordo com Barros, esse crime pode ser culposo, quando a pessoa não teve a intenção de causar o incêndio, ou doloso quando a ignição é intencional.

Nesse último caso, a grilagem é apenas um dos crimes conexos aos crimes ambientais que têm sido apurados nas investigações, mas há outros, como a formação de quadrilha, ou crime organizado, lavagem de dinheiro, corrupção. “Por isso que a nossa investigação muitas vezes leva um tempo maior, para que possamos correlacionar esses outros crimes e dar a resposta do poder público que esses criminosos merecem”, diz.

Retaliação

Barros diz que o surgimento concomitante de pontos de ignição do fogo em fração de minutos também é um indício de ação coordenada que leva a outras hipóteses investigativas.“A gente fez no sul do Amazonas, recentemente, uma ação de repressão à mineração ilegal no Rio Madeira e nós destruímos mais de 420 dragas. Isso gera uma insatisfação por parte daqueles que estavam praticando o crime e a gente trabalha com uma possibilidade de retaliação por parte desses criminosos ambientais, a esse novo momento que vivemos de retomada da agenda ambiental”.

Outras ações de desintrusão de terras indígenas e desocupação de unidades de conservação também levantam essa hipótese. Ainda no mês de julho, a publicação em um jornal local do município de Novo Progresso, no sudeste do Pará, trazia a declaração de pecuaristas insatisfeitos com a desocupação da Floresta Nacional Jamanxim afirmando que seriam capazes de incentivar incêndios na unidade de conservação, caso tivessem que retirar os rebanhos da área pública federal.

Unidades de conservação

Nos últimos meses, a queima de unidades de conservação foram além da Amazônia e afetaram parques e florestas nacionais em outros biomas, como o Cerrado, o segundo mais atingido pelo fogo.

Para a pesquisadora Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia e coordenadora do MapBiomas Fogo, Vera Arruda, em agosto deste ano, as savanas do Cerrado tiveram um aumento de 221% na área queimada em comparação ao ano anterior.

“Esses eventos resultam na perda de biodiversidade, com espécies de plantas e animais, muitas vezes endêmicas, sendo impactadas. A destruição da vegetação nativa também afeta a capacidade do bioma de funcionar como regulador do ciclo hidrológico, já que o Cerrado abriga nascentes de importantes bacias hidrográficas. Além disso, os incêndios podem causar a degradação do solo, aumentar a emissão de gases de efeito estufa e comprometer os serviços ecossistêmicos”, explica.

Danos ecossistêmicos

De acordo o delegado Barros, nos inquéritos policiais iniciados em razão desses incêndios florestais, os custos desses serviços ecossistêmicos também serão calculados para que os responsáveis pelos crimes ambientais, também sejam responsabilizados a indenizar essas perdas. “Esses serviços ecossistêmicos que a área atingida deixa de prestar é monetizável, aferível financeiramente e isso está constando, desde julho do ano passado quando a normatização foi atualizada, nos nossos laudos”, concluiu.

*Com informações da Agência Brasil

Com seca no Acre, pesquisadores avançam em descoberta de fósseis de ‘jacaré gigante’

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Foto: Reprodução

Em meio à estiagem severa no Norte do Brasil, pesquisadores conseguiram avançar nas descobertas de fósseis encontrados no Rio Purus. Vértebras do Purussaurus brasiliensis, conhecido como lagarto do Rio Purus, que viveu na Amazônia há mais de 8 milhões de anos, e é definido como o maior crocodilo do mundo, foram encontradas em escavações.

A última descoberta foi durante uma ação de campo, entre os dias 15 e 18 de agosto, no Sítio Cajueiro em Boca do Acre, no Amazonas.

Leia também: Purussaurus brasiliensis: o jacaré com a mordida mais potente do mundo viveu na Amazônia

O Rio Purus entra no Brasil pelo Acre no município de Santa Rosa do Purus, a quase 300 km da capital Rio Branco, onde está o Rio Acre, principal bacia do estado — e que na sexta (21) chegou a menor cota já registrada na história, de 1,25 metro.

Com seca na Amazônia, pesquisadores encontram pedaços da vértebra de um Purussaurus. Foto: Reprodução/Rede Amazônica AC

O pesquisador Edson Guilherme, paleontólogo da Universidade Federal do Acre (Ufac), comandou a expedição. Ele afirmou que e o período de seca está sendo aproveitado para entrar em campo e tentar encontrar novas pistas e fósseis de animais antigos que podem ajudar a revelar parte da história da região.

“Nós tivemos a oportunidade de encontrar espécies novas para a ciência que ainda vão ser estudadas. Nós vamos ainda preparar o material e oportunamente vamos divulgar sobre esses achados”, afirmou.

Segundo o paleontólogo, para os estudos, a seca foi importante pois como as águas dos rios mais baixas, os barrancos ficaram expostos e ficou mais fácil retirar os ossos que estavam enterrados. “Facilita muito o nosso trabalho”, complementou.

Histórico e processo de descoberta

Desde 2019, pesquisadores têm explorado uma área localizada em Boca do Acre, no Amazonas. O sítio concentra fósseis, em ótimo estado de preservação, dos principais animais da megafauna amazônica do mioceno, período que vai de 23 milhões a 5 milhões de anos atrás.

“Nós recolhemos o crânio de um quelônio [tipo de tartaruga] que ainda é desconhecido e ainda vai ser estudado e também recebemos o pós crânio de um eremotério [preguiça gigante de até 6 metros] que saiu de uma terra indígena na Região do Purus”, conta Guilherme.

O processo de descoberta conta com o trabalho de muitos pesquisadores até que os fósseis estejam prontos para exposição. Um deles é o biólogo Leonardo Aldrin. Em entrevista à Rede Amazônica, ele explicou como é feito o trabalho em laboratório.

“Primeiro a peça é identificada parcialmente no campo. Depois, os pesquisadores que estão na expedição trazem o material com essa identificação. Primeiro, a gente vê essa identificação, justamente para ver qual estrutura está faltando. Começa a colagem, começa a limpar, tirar os sedimentos, areia, argila, seja, o que quer que seja que esteja incrustado na peça” explicou.

Maior crocodilo do mundo que viveu no Acre há milhões de anos é redescrito em artigo científico. Foto: Valter Calheiros/Musa

Todo esse processo laboratorial é para garantir que a identificação do animal encontrado não seja perdida. Qual o animal, a localidade onde viveu e a época também são catalogadas nesse momento.

A estudante Isabela Pessoa destaca como o trabalho da paleontologia ajuda a compreender melhor a região amazônica. “Através da paleontologia a gente consegue traçar um caminho evolutivo que todas as espécies que vivem atualmente na Amazônia passaram. Esse trabalho no sítio Cajueiro é muito importante, porque é um sítio pouco explorado, que foi recém descoberto e a partir desse estudo e da preparação desses fósseis, a gente vai conseguir, quem sabe até achar uma novidade para a ciência”, disse ela.

Purussaurus

Podendo chegar a mais de 12 metros, o Purussaurus foi o maior crocodilo que viveu no planeta em qualquer tempo. O primeiro fóssil do animal foi achado em 1892 às margens do Rio Purus e chegou até as mãos do botânico João Barbosa Rodrigues, responsável pelo Museu de Botânica da Amazônia na época do império e também o primeiro a classificar o crocodilo.

O que estudos sobre o Purussaurus brasiliense apontam, que ele seria um parente distante do jacaré-açu. Ele ocupava a Amazônia ocidental e foi o maior crocodilo já registrado em todo o mundo.

A mordida do Purussaurus era duas vezes mais forte que a do Tiranossauro Rex, o mais notório dos dinossauros. O jacaré pré-histórico, segundo as pesquisas, precisava comer uma média de 40 quilos de carne diariamente.

Na Ufac também está guardado mais um fóssil que pode ser do animal. O material foi achado em 2019 pelo pequeno pequeno Robson Cavalcante, que tinha 11 anos na época. O fóssil estava enterrado às margens do Rio Acre, no município de Brasileia, no interior do estado.

*Por Lucas Thadeu e Hellen Monteiro, da Rede Amazônica AC

Seca histórica do Rio Madeira afeta transporte de cargas em Porto Velho

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Foto: Reprodução/Rede Amazônica RO

O rio Madeira registrou a cota de 40 centímetros na sexta-feira (20): uma nova mínima nunca observada desde 1967, quando o rio começou a ser monitorado. Como reflexo da seca extrema, o principal porto de cargas da capital já registra redução de 60% no transporte de cargas.

Através da água do Madeira se forma um corredor logístico. De acordo com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), a hidrovia do rio é uma das mais importantes vias de transporte da região Norte: são mais de 1 mil km² de extensão navegável.

Desde julho, embarcações estão proibidas de navegar no período noturno, por causa da seca. Essa limitação acaba afetando o tempo de transporte de cargas, como as de combustível. Na época, o rio estava com 3,75 metros.

As cargas saem das cidades de Itacoatiara ou Manaus, ambas no Amazonas, com direção a Porto Velho. O trajeto, que dura, em média, de 7 a 8 dias de balsa, passa a ser de 18 a 20 dias devido a proibição de navegação noturna durante o período de estiagem.

No entanto, desde julho o rio Madeira já desceu mais de 3 metros e navegar se tornou um desafio mesmo à luz do dia. No último fim de semana, uma balsa carregada com veículos bateu em pedras ficou parcialmente submersa no Madeira.

O surgimento de bancos de areia no leito do rio tem sido cada vez mais comum. Em nota, a Marinha informou que realiza o monitoramento do nível da água e possíveis acidentes por meio do Plano de Ação da Seca de 2024.

Como resultado da seca, o principal porto de cargas da capital já registrou uma queda de 60% no transporte de granéis sólidos, como milho, soja e fertilizantes.

Atualmente, a falta de produtos e insumos essenciais ainda não é sentida, mas existe a possibilidade de que os preços para os consumidores aumentem.

“A logística fica mais cara, o envio de carga demora mais, requer mais cuidado e resulta em maior consumo de combustível e insumos. É difícil prever o impacto nos custos e na economia de Rondônia e Amazonas, mas há possibilidade de que o consumidor final sinta essa alteração.”

Entenda o cenário

Historicamente, outubro e novembro são os meses em que o Madeira fica mais seco. No entanto, o nível do rio começou a bater mínimas históricas já no mês de julho; depois disso, o cenário foi se tornando ainda mais crítico.

A escassez das águas, segundo o engenheiro hidrólogo e pesquisador em geociências pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB), Marcus Suassuna, são causados por dois fatores:

  • O Oceano Atlântico Norte está mais aquecido que o normal, e mais quente que o Atlântico Sul.
  • Fenômeno El Niño, que causa atrasos no início da estação chuvosa.

Famílias ribeirinhas vivem com menos de 50 litros de água por dia em razão da seca histórica. A quantidade é menos da metade dos 110 litros por dia considerados pela Organização das Nações Unidas (ONU) como necessários para suprir as necessidades básicas de apenas uma pessoa.

*Com informações da Rede Amazônica

Indígenas de Mato Grosso lutam por sobrevivência após um mês de queimadas

Foto: Erlie Runhamre Xavante

Há mais de um mês, povos indígenas de Mato Grosso sofrem com os incêndios florestais que atingem o estado. Segundo a Federação dos Povos e Organizações Indígenas de Mato Grosso (Fepoimt), cerca de 41 terras indígenas foram afetadas pelas chamas.

A liderança indígena Mara Barreto Sinhowawe Xavante relatou a situação passada na Terra Indígena Pimentel Barbosa, no leste do Mato Grosso, onde crianças Xavante subiram em ocas com garrafas de água para se protegerem do fogo que atingiu a comunidade no início da semana.

De acordo com Mara, o fogo chegou muito forte pela manhã, queimando tudo ao redor da aldeia com vento e uma fuligem muito fortes.

“Quando o fogo começou a pegar tudo ali, os nossos jovens, os parentes, subiram nas ocas com garrafinha pet de água para tentar se proteger e proteger a casa para não vir fogo em cima da oca”, continuou emocionada. “É uma situação muito forte, muito emblemática, porque foi exatamente isso que eles fizeram”, relatou.

Treinamento

Mara contou que na aldeia, duas pessoas foram selecionadas para fazer o curso de brigadistas, e que eles pouco puderam fazer para conter as chamas. Ela denunciou que, após a conclusão do curso oferecido pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente, não foram deixados equipamentos suficientes para a atuação dos brigadistas.

“Uma capacitação dessas não dá as condições fazer um trabalho num território do tamanho do nosso. É fazer para inglês ver. Os nossos brigadistas não têm os extintores suficientes e não têm quantidade suficiente para combater qualquer tipo de fogo. Até que o brigadista lá da outra comunidade chegasse até a nossa, nós já estaríamos todos mortos pelo fogo”, criticou.

“Se não fosse o vento, o povo ia morrer queimado vivo. Crianças, idosos, inocentes, os bichos. Os bichos já estão queimados vivos. Porque ali onde o fogo passou, queimou tudo”, lamentou Mara.

A reportagem da Agência Brasil tentou contato com a secretaria de Meio Ambiente do Mato Grosso, mas não obteve retorno.

Saúde

Além de terem que se proteger dos incêndios, os indígenas sofrem ainda em razão de doenças respiratórias causadas pela fumaça, dificuldade de acesso a alimentos e também a água potável.

“Estamos há um mês sem água dentro da comunidade. Nós só temos um córrego dentro da comunidade e ele está secando, está com uma proporção mínima de água. Ainda bem que a nossa comunidade é pequena, é uma comunidade com 150 pessoas, então está dando para sobreviver”. Ela ressalta, entretanto, que a água do córrego está causando vários problemas, como disenteria. “Essa água do córrego não é apropriada para beber. E é a água que eles estão bebendo nesse momento. Então, está gerando vários transtornos na saúde da comunidade”.

A situação deixou todos na aldeia muito abalados. “A gente fica muito triste, ficamos abalados e enfraquecidos quando a gente vê a nossa fauna, a nossa flora, o nosso cerrado, sendo destruído de forma criminosa. Nós vivemos dentro do bioma e damos a vida para que ele permaneça de pé, como forma de garantir às nossas futuras gerações um território que, para nós, é sagrado”, afirmou.

Mara relembra que os antepassados do povo dela deram a vida pelo território.

Agronegócio

Mara criticou ainda o governo por omissão em relação aos direitos dos povos indígenas. “Se hoje existe esse aquecimento acima do normal dentro do estado de Mato Grosso, com temperaturas alcançando uma média de quase 45° graus e que já chegou a quase 50° graus, os responsáveis por isso são as atividades do agronegócio, porque são essas atividades que estão gerando toda essa combustão, ao ponto de qualquer fogo se alastrar muito rápido”, criticou. “Levando em conta que é o único estado que tem três biomas [Amazônia, Cerrado e Pantanal], a gente vê um governador que está governando somente para a bancada ruralista”, criticou.

Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que, apenas em setembro, Mato Grosso já registou 16.746 focos de queimadas ativos.

Foto: Erlie Runhamre Xavante

Crime

Na quinta-feira (19), os governadores das regiões Centro-Oeste e Norte se reuniram, no Palácio do Planalto, com ministros do governo federal para debater medidas de enfrentamento às queimadas Uma das principais demandas apresentadas é o endurecimento da punição contra quem ateia fogo de forma intencional. O incêndio criminoso foi apontado pelos próprios governadores como sendo um dos fatores de agravamento da crise.

Na ocasião, o governador de Mato Grosso, Mauro Mendes, disse que boa parte dos incêndios no estado foram criminosos. “Nós tivemos, esse ano, além de um problema climático, que era previsível, muitos incêndios, uma boa parte, começou por ações notadamente criminosas. Nenhum incêndio começa senão por ação humana. Algumas por descuido, algumas por negligência, mas muitas começaram por ações criminosas”, disse Mendes, em declaração a jornalistas ao fim da reunião.

Mendes defendeu um “endurecimento gigantesco” da pena, para desestimular as ações. “No meu estado, prendemos várias pessoas e, em poucas horas, eles eram libertados em audiências de custódia. Um crime que está causando prejuízo à saúde, ao meio ambiente, à imagem do país, com a pena que não corresponde ao tamanho do dano que está causando à sociedade brasileira”, afirmou.

Após a reunião, o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, disse que o governo federal planeja a liberação de mais recursos para o combate às queimadas e a compra de equipamentos para que os estados enfrentem uma das piores estiagens em décadas no país.

O ministro disse que serão enviados créditos somando R$ 514 milhões aos estados que pedirem ajuda. Costa também ressaltou que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) tem autorização para liberar, na próxima semana, mais de R$ 400 milhões para apoio aos corpos de bombeiros dos estados da Amazônia Legal, para compra de materiais, equipamentos, viaturas. “Outros créditos serão publicados na medida que os governadores apresentem e materializem suas demandas”, disse o ministro.

Participaram do encontro os governadores Hélder Barbalho (Pará), Mauro Mendes (Mato Grosso), Ronaldo Caiado (Goiás), Ibaneis Rocha (Distrito Federal), Eduardo Riedel (Mato Grosso do Sul), Wilson Lima (Amazonas), Gladson Cameli (Acre), Wanderlei Barbosa (Tocantins) e Antonio Denarium (Roraima). Também compareceram os vice-governadores Sérgio Gonçalves da Silva (Rondônia) e Antônio Pinheiro Teles Júnior (Amapá).

Outras ações

Esta semana, o ministro da Integração e Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, disse que o governo federal vai garantir todos os recursos financeiros necessários para o combate aos incêndios e à estiagem que atingem quase todos os estados brasileiros. Em entrevista ao Bom Dia, Ministro, produzido pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Goés disse que o governo está com liberdade para apoiar estados, Distrito Federal e municípios porque as despesas para combater os efeitos da emergência climática e ambiental foram excluídas do atual teto de gastos. Segundo o ministro esses recursos inicialmente são para a Amazônia e o Pantanal.

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, também autorizou o uso da Força Nacional de Segurança Pública em municípios dos estados do Amazonas, do Pará, de Rondônia, do Mato Grosso, de Roraima e do Acre para atuar no combate a incêndios florestais, por 90 dias.

*Com informações da Agência Brasil

Estação ecológica é consumida por incêndios há mais de 2 meses em Rondônia

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A Estação Ecológica Soldado da Borracha, localizada entre Porto Velho e Cujubim (RO), é consumida pelo fogo há mais de dois meses, segundo documentos que o Grupo Rede Amazônica teve acesso. Agentes do Prevfogo encontraram áreas derrubadas e galões de veneno na unidade de conservação.

A estação é uma unidade de conservação de proteção integral de responsabilidade do governo de Rondônia.

Os focos de incêndio na Estação foram identificados no dia 12 de julho. No dia 8 de setembro, quase dois meses depois, o Ibama foi acionado pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sedam). O combate foi iniciado 4 dias depois.

A área destruída ainda não foi divulgada. No entanto, de acordo com dados do Painel do Fogo do Sistema de Proteção da Amazônia, incêndios já destruíram 163 mil hectares na região onde a unidade de conservação está localizada.

No dia 18 de setembro, durante o combate às chamas, os agentes do PrevFogo perceberam uma grande concentração de calor. Ao chegarem no local, encontraram a vegetação derrubada para aplicação de veneno. Galões com a substância foram encontrados próximos a uma residência.

Com aproximadamente 180 mil hectares, a Estação Ecológica Soldado da Borracha criada em 2018 com o objetivo de preservar a natureza e propiciar o desenvolvimento de pesquisas científicas, localizada nos municípios de Porto Velho e Cujubim.

Foto: Divulgação

Parque Guajará-Mirim

Outra unidade de conservação destruída por incêndios em Rondônia é o Parque Estadual Guajará-Mirim. De acordo com o Painel do Fogo, a área queimada no Parque é de 107 mil hectares, o que corresponde a quase metade de toda a vegetação da unidade de conservação.

Os incêndios no Parque Guajará cresceram de forma tão significativa que se tornaram o maior registro ativo em Rondônia e contribuíram para colocar o estado nos piores índices de queimadas dos últimos 14 anos.

Rondônia em chamas

Este ano, até o dia 18 de setembro, 8.407 focos de incêndios foram registrados em Rondônia, de acordo com o “Programa Queimadas”, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Essa é a maior quantidade em cinco anos para o período.

A última vez que o estado teve uma quantidade mais expressiva de queimadas foi em 2019, quando 9.370 focos foram identificados.

Responsabilização

Entre janeiro e 11 de setembro de 2024, mais de R$ 262 milhões em multas foram aplicadas pelo Batalhão da Polícia Ambiental em Rondônia. Além disso, foram realizadas 970 prisões, sendo 42 por queimadas ilegais. As informações foram divulgadas pela Polícia Militar na quarta-feira (18).

Segundo a Polícia Militar, desde o início do ano até o dia 11 de setembro, mais de 1,9 mil ocorrências de crimes ambientais foram atendidas em Rondônia e 42 pessoas foram presas por queimadas ilegais. Confira os números:

  • 1.926 atendimentos de ocorrências;
  • 638 aplicações Termos Circunstanciado de Ocorrência;
  • 1.429 autos de infração;
  • Mais de R$ 262 milhões em multas aplicadas;
  • 54.747 m³ de madeira serrada apreendida;
  • 41.049 hectares de área embargada; e
  • 970 prisões, incluindo 42 por queimadas ilegais.

“É legal trazer esse tipo de iniciativa”, comenta aluna participante do Pipoca em Cena 2024

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Foto: Isabelle Lima/Portal Amazônia

Os alunos da Escola Estadual Coronel Pedro Câmara, localizada no bairro Compensa, Zona Oeste de Manaus, participaram da segunda rodada de exibições de curtas produzidos por eles para o projeto Pipoca em Cena na manhã deste sábado (21).

O evento fez parte da 10ª edição do projeto, promovido pela Fundação Rede Amazônia (FRAM), que, ao longo de duas semanas, promoveu oficinas, aulas e apoio aos estudantes em uma imersão no universo do cinema e do audiovisual, desde a pré-produção até a captação e edição de imagens.

Foto: Isabelle Lima/Portal Amazônia

Ao todo, foram exibidos 20 curtas-metragens que abrangeram temáticas relacionadas à questões ambientais vivenciadas na Amazônia, como a fumaça, seca e desmatamento, além de outros temas pertinentes ao convívio escolar, como o bullying. Todos os roteiros foram produzidos pelos alunos, que escolheram quais se tornariam curtas-metragens.

A estudante do segundo ano do ensino médio Bárbara Mirian comentou um pouco sobre a experiência: “Os curtas foram bem interessantes. E sobre essa experiência é completamente nova, a gente não vê todos os dias, né? Principalmente no ambiente escolar, então é legal trazer esse tipo de iniciativa”.

Na direita, a estudante Bárbara Mirian. Foto: Isabelle Lima/Portal Amazônia.

Ela relata que aprendeu muito sobre a produção audiovisual ao longo das oficinas.

A exibição contou com a participação dos alunos, familiares e membros da comunidade, que puderam assistir às exibições com direito à pipoca, refrigerante e água. Espaços instagramáveis também foram disponibilizados para os participantes registrarem os melhores momentos do evento.

Ao final das apresentações, houve ainda a exibição do filme ‘Um tio quase perfeito’, com apoio da Globo Filmes.

Sobre o Pipoca em Cena

A décima edição do Projeto Pipoca em Cena, da Fundação Rede Amazônica (FRAM), tem o apoio institucional da Globo Filmes; Policia Militar do Amazonas; Secretaria de Estado de Educação e Deporto Escolar (SEDUC); e o apoio da Agência Amazonense de Desenvolvimento Cultural (AADC); Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa (SEC) e Governo do Amazonas.

Pipoca em Cena celebra segunda semana da 10º edição com apresentação de mais 20 curtas

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Foto: Isabelle Lima/Portal Amazônia

A décima edição do projeto Pipoca em Cena, promovido pela Fundação Rede Amazônica (FRAM), teve como resultado a produção e exibição de 41 curtas metragens produzidos em duas escolas em Manaus (AM).

Para o Gerente de Projetos Especiais da FRAM, Anderson Mendes, o engajamento dos alunos foi essencial para o sucesso desta edição do projeto.

Além da pipoca para os participantes, o evento também contou com atividades lúdicas e espaços instagramáveis. Foto: Isabelle Lima/Portal Amazônia

O Pipoca em Cena promoveu, ao longo de duas semanas, uma imersão na produção audiovisual, através de oficinas teóricas e práticas ministradas por três oficineiros: Anderson Mendes, Adailton Santos e Keylla Gomes. 

Foto: Isabelle Lima/Portal Amazônia

O objetivo das oficinas foi guiar os estudantes na captação, roteiro, edição de um curta-metragem e incentivá-los na produção cinematográfica.

Foto: Isabelle Lima/Portal Amazônia

Para a apresentadora Rhayssa Couto, que foi a cerimonialista do evento nas duas escolas, essa edição a impactou positivamente.

Foto: Isabelle Lima/Portal Amazônia

Rhayssa acrescenta:

Sobre o Pipoca em Cena

A décima edição do Projeto Pipoca em Cena, da Fundação Rede Amazônica (FRAM), tem o apoio institucional da Globo Filmes; Policia Militar do Amazonas; Secretaria de Estado de Educação e Deporto Escolar (SEDUC); e o apoio da Agência Amazonense de Desenvolvimento Cultural (AADC); Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa (SEC) e Governo do Amazonas.

Saiba quem são os oficineiros do Pipoca em Cena 2024

Para realizar uma produção cinematográfica ou um curta-metragem é preciso conhecimento básico do passo a passo. Com a missão de ajudar alunos de Manaus (AM) a desenvolverem o gosto por cinema com mensagens importantes, os oficineiros do projeto Pipoca em Cena, da Fundação Rede Amazônica (FRAM), reuniram diversas informações e orientaram os jovens na edição de 2024. Conheça eles:

Sobre o Pipoca em Cena

A décima edição do Projeto Pipoca em Cena, da Fundação Rede Amazônica (FRAM), tem o apoio institucional da Globo Filmes; Policia Militar do Amazonas; Secretaria de Estado de Educação e Deporto Escolar (SEDUC); e o apoio da Agência Amazonense de Desenvolvimento Cultural (AADC); Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa (SEC) e Governo do Amazonas.

Seca do Rio Acre em 2024 se torna a maior em mais de 50 anos em Rio Branco

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Rio Acre neste sábado (21) marca 1,23 metro, menor nível em 53 anos. Foto: Andryo Amaral/Rede Amazônica Acre

Com 1,23 metro alcançado neste sábado (21), o Rio Acre chegou a menor marca registrada nos últimos 53 anos estabelecendo a seca de 2024 como a maior da história do estado. O manancial baixou dois centímetros desde a sexta (20).

Na sexta, o rio atingiu 1,25 metro pela segunda vez na história e igualou à menor cota já registrada anteriormente, de 1,25 metro em outubro de 2022. A medição, divulgada pela Defesa Civil municipal, ocorreu em menos de dois anos e diante de um cenário crítico de poluição do ar, apontado como ‘perigoso’ pelas plataformas de monitoramento desde o dia 2 de setembro.

As menores cotas já registradas são:

1,30 metro – 17 de setembro de 2016
1,29 metro – 11 de setembro de 2022
1,27 metro – 28 de setembro de 2022
1,26 metro – 29 de setembro de 2022
1,25 metro – 2 de outubro de 2022
1,25 metro – 20 de setembro de 2024

Essa nova baixa do nível já era prevista pela Defesa Civil Municipal, que faz medições diárias desde 1971. Até esta sexta, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) registrou 62,40 milímetros de chuva.

A última chuva significativa registrada pela Defesa Civil Municipal foi dia 6 de setembro, quando choveu pouco mais de 10 milímetros.

O manancial em Rio Branco se encontra abaixo de 4 metros há mais de três meses, e está abaixo de 2 metros há exatos 97 dias.

Abastecimento

A seca severa atinge açudes, poços artesianos e igarapés. Pelo menos 37 comunidades de Rio Branco estão dependendo de abastecimento de água da Defesa Civil Municipal. Maria José Araújo, que mora há 14 anos no Ramal do Romão, disse que é a primeira vez que a região ficou sem água.

Uma equipe da Rede Amazônica Acre esteve na comunidade e conversou com os moradores. Com a estiagem severa, o açude que Maria José tirava água para tomar banho e lavar roupa está praticamente seco.

A única esperança da moradora é a chuva. “[Precisamos de várias] chuvas, do jeito que está aí”, lamentou.

Equipes da Defesa Civil de Rio Branco estão abastecendo as comunidades com caminhões-pipa em uma operação. Por dia, são 300 mil litros de água para cerca de 35 mil pessoas.

Seca

O governo do Acre decretou emergência por conta da seca em 11 de junho, com validade até 31 de dezembro deste ano. Já a capital publicou o decreto em 28 de junho, com situação reconhecida pelo governo federal quase um mês depois, em 24 de julho.

Agora, em um cenário de seca que começou antes do esperado, no final de maio, a avaliação do órgão era de que seria possível ultrapassar a marca histórica de 2022, o que acabou se comprovando neste sábado. Segundo a Defesa Civil estadual, já há um plano de contingência para a situação, que abrange abastecimento na zona rural.

“Todos nós somos afetados pela seca extrema e suas várias consequências. Há impacto na produção, na agricultura, na pecuária, no abastecimento de água potável, incêndios florestais que emanam gases que afetam a saúde de todos nós”, explica o coordenador do órgão, coronel Carlos Batista.

Para evitar uma crise no abastecimento da capital, o Serviço de Água e Esgoto de Rio Branco (Saerb), construiu uma barragem próxima da captação das bombas da Estação de Tratamento de Água (ETA) II.

A barragem possui cerca de 30 metros de extensão. Se o rio continuar baixando, a ideia é aumentar esse aterro até próximo da outra margem. Atualmente, a capacidade de captação da água nas duas ETAs de Rio Branco está em 96%. Por enquanto, não há risco de racionamento.

O diretor-presidente do Saerb, Enoque Pereira, informou que já conversou com órgãos públicos sobre essa situação. O gestor alerta que todos os anos o problema fica mais grave e enquanto não for feito um serviço definitivo o problema vai ocorrer.

Os prejuízos incluem ainda:

  • Bacia em situação de seca: Toda a bacia do Rio Acre em situação de alerta máximo para seca, agravada em razão da falta de chuvas na região, situação que já perdura há dois meses;
  • População impactada: Mais de 387 mil pessoas são afetadas nas zonas urbana e rural de Rio Branco;
  • Prejuízos: como resultado da seca, produtores perderam plantações e houve queda nas vendas. O baixo nível do manancial também afeta o transporte das mercadorias.

Neste ano, o cenário ocorreu antes do previsto, já que no dia 3 de setembro o manancial alcançou 1,30 metro e ficou em oscilação. O maior nível do mês foi de 1,32 metro, sendo que a oscilação ocorreu após fortes chuvas que caíram na região.

Em 2016, o Rio Acre atingiu 1,30 metro pela primeira vez. Esta marca foi, na época, considerada a pior da história da capital acreana. O Departamento de Pavimentação e Saneamento do Acre (Depasa) chegou a gastar mais de R$ 2 milhões em equipamentos e insumos para manter o abastecimento na cidade na época.

Depois de chegar até a marca, o rio voltou a subir, mas foram necessários mais nove dias até que voltasse a ficar acima dos dois metros.

Extremos climáticos

Especialistas ouvidos pelo Grupo Rede Amazônica já apontavam para a possibilidade de seca antecipada antes da publicação do decreto de emergência, quando o Rio Acre marcou 2,52 metros no dia 30 de maio, a menor marca para o mês. Desde o início de junho até este sábado, o nível do rio baixou 61 centímetros.

A situação contrasta com a vivenciada no início do ano, entre fevereiro e março, quando o manancial transbordou, e o total de chuvas chegou a 438 milímetros. Naquele momento, Rio Branco passou pela segunda maior enchente de sua história e fez com que mais de 11 mil pessoas deixassem suas casas.

Toda a Bacia do Rio Acre está em situação de alerta máximo para seca desde o dia 20 de junho, agravada em razão da falta de chuvas na região. Esta situação generalizada perdura há três meses.

Foi montado um gabinete de crise para discutir e tomar as devidas medidas com redução dos índices de chuvas e dos cursos hídricos, bem como do risco de incêndios florestais. O decreto com a criação deste grupo foi publicado no dia 26 de junho, em edição do Diário Oficial do Estado (DOE), e fica em vigência até dia 31 de dezembro deste ano.

No ano passado, o decreto de emergência foi publicado em outubro. O coordenador estadual da Defesa Civil, coronel Carlos Batista, disse que o plano estadual de contingenciamento já foi elaborado.

*Por Aline Nascimento, com a colaboração de Eldérico Silva, da Rede Amazônica AC

Programação cultural envolverá festivais Rock in Rio e The Town no Pará em 2025

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Foto: Marco Santos/Agência Pará

Setembro de 2025. Essa é a data em que Belém vai receber o “Amazônia para Sempre”. O evento, articulado pelo Governo do Pará, terá um show internacional em palco flutuante no Rio Guamá e edital com R$ 2 milhões para iniciativas em defesa da floresta. O evento antecede a 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30), que ocorrerá na capital paraense em novembro.

O “Amazônia Para Sempre” também vai contar com o envolvimento dos festivais de música Rock In Rio e The Town, e apoio da Rede Brasil do Pacto Global. O anúncio oficial foi feito neste sábado (21), em coletiva de imprensa realizada na sede da cidade do Rock In Rio, no Rio de Janeiro, pelo governador Helder Barbalho e pela vice-presidente da Rock World, empresa idealizadora dos dois grandes festivais de música, Roberta Medina, além do vice-presidente Executivo de Assuntos Corporativos e Institucionais da Vale, Alexandre S. D’Ambrosio, e o representante do Pacto Global da ONU, Carlo Pereira, que participou por videoconferência direto de Nova Iorque (EUA).

“Que nós possamos fazer a bioeconomia e termos as soluções baseadas na natureza. Avançar com estratégias que possam olhar pelas pessoas que vivem na floresta e, que possam compreender que floresta viva possa valer mais do que floresta morta. Isso é certamente o que nós podemos deixar para as próximas gerações”, completou o governador.

Ele afirmou ainda que acredita na potência da música, do entretenimento e da arte como ferramentas de reflexão e transformação da sociedade. “Que as pessoas possam participar da construção desse momento que nós estamos vivendo. Essa é a COP do Brasil, é a COP da floresta, é a da Amazônia. E é a grande oportunidade que temos de deixar um legado, para que as próximas gerações possam viver de forma harmoniosa, cuidando da floresta, mas lembrando que para cuidar da floresta nós temos que cuidar das pessoas”, reiterou Helder Barbalho.

Emergência climática

Roberta Medina destacou que a organização tem colocado luz sobre temas fundamentais e assuntos importantes, entre eles a emergência climática. “Esse tema é muito importante, e a gente então foca na Amazônia, como esse bioma é tão fundamental, tão importante para a saúde de cada um de nós, para a saúde do Brasil, para a saúde do mundo. E a gente lança então o Projeto Amazônia Live. Eu queria que a gente recordasse um pouquinho o que foi essa primeira etapa de conversa sobre a Amazônia”, declarou.

Roberta Medina disse ainda que “quando criado, o Rock in Rio foi uma iniciativa de um publicitário apaixonado pelo Rio, que queria dar voz à juventude. Tudo o que a gente faz é no sentido de colocar luz em temas importantes. Fazer um mundo melhor está dentro das iniciativas de fazer um festival com o menor impacto ambiental e social possível”.

Juntos, The Town e Rock in Rio vão realizar, com patrocínio principal da empresa Vale, o evento Amazônia para Sempre, protagonizado por um grande artista internacional, a ser anunciado em breve. A apresentação ocorrerá em um emblemático palco flutuante, em formato de vitória-régia, no Rio Guamá, com cenografia e iluminação criadas exclusivamente para promover um encontro mágico entre música e natureza.

Espetáculos

De acordo com os organizadores, esse momento épico será transmitido para todo o País, com um conteúdo especial que vai mostrar o espetáculo e a música local. Além do show que será realizado no coração da floresta, a cidade de Belém receberá no mesmo dia um espetáculo aberto, gratuito e com artistas regionais e nacionais, cujos nomes serão divulgados em breve, junto com o local que será realizado.

“Temos o compromisso de usar nossos festivais como ferramentas de engajamento ‘por um mundo melhor’. Essas quatro palavras resumem nossos propósito, valores, missão e cultura. Não há cenário de mundo melhor sem uma Amazônia preservada, na qual as pessoas e a natureza sejam valorizadas. Amazônia para Sempre tem objetivo de dar visibilidade e contribuir para a proteção do clima e da biodiversidade do planeta. Vamos usar o poder de mobilização de Rock in Rio e The Town para atrair os olhares para esta causa tão importante”, afirmou Roberta Medina.

O “Amazônia para Sempre” une o The Town e o Rock in Rio, com patrocínio principal da Vale e apoio da Rede Brasil do Pacto Global, e do Governo do Pará para convocar todos para as urgências socioambientais e a importância de se manter a maior floresta tropical do mundo preservada.

O objetivo segue a mesma linha da COP 30, de unir as pessoas em torno de uma agenda global única, em prol de um mundo mais sustentável. A iniciativa reforça a importância da atuação efetiva nos desafios das mudanças climáticas, que envolvem aquecimento global, eventos climáticos extremos, transição energética, mercado de carbono e ameaças à biodiversidade e à vida humana.

*Com informações da Agência Pará