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Edital é lançado para apoiar 30 novos projetos indígenas com R$ 9,8 mi do Fundo Amazônia

O Projeto Dabucury foi apresentado ao BNDES pela CESE e o apoio da Coiab, uma entidade que representa e defende os direitos dos povos e territórios indígenas.

No Acampamento Terra Livre, em Brasília, a Coordenadoria Ecumênica de Serviço (CESE), em parceria com a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), lançou edital no valor de R$ 9,8 milhões para seleção de 30 projetos de organizações indígenas na última quarta (24). A iniciativa é parte do Projeto Dabucury, financiado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com recursos do Fundo Amazônia, no valor total de R$ 53,8 milhões. 

Por meio dele, serão apoiados até 60 projetos de organizações indígenas, que contribuirão, por exemplo, para produção sustentável com geração de renda, recuperação de danos ambientais e melhoria das condições de vida.

“Em pouco mais de um ano e quatro meses de gestão do presidente Lula, quando o Fundo Amazônia foi reativado, a agenda indígena também foi retomada. Nós podemos anunciar R$ 147 milhões de recursos voltados para a pauta indígena com projetos nos quais a gestão de recurso passa a ser realizada pelas organizações indígenas. Isso é uma reivindicação histórica importante. E lembrando que: as terras indígenas são aquelas em que se encontra o menor nível de desmatamento. Portanto, apostar e investir nas terras indígenas, na organização dos indígenas, fortalecendo a sua gestão, é estratégico para enfrentar o desmatamento”, disse a diretora Socioambiental do BNDES, Tereza Campello.

O Projeto Dabucury foi apresentado ao BNDES pela CESE e contou com o apoio da Coiab, maior organização indígena do Brasil, com federações e associações de 180 diferentes povos da Amazônia. O lançamento do edital ocorreu na tenda da Coiab no ATL. Além da comunicação para as organizações presentes no ATL, a divulgação do edital será feita pelas redes sociais e sites da CESE e COIAB. As informações também estarão disponíveis no site do Fundo Amazônia.

Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom /Agência Brasil

O edital lançado na quarta-feira contribui para a implementação da Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental das Terras Indígenas (PNGATI). Segundo diagnóstico do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm) – política pública, coordenada pelo MMA, que orienta a aplicação de recursos do Fundo Amazônia – os povos indígenas têm capacidade de atuarem como efetivos protetores da floresta.

Poderão ser apoiados projetos nos seguintes temas: proteção territorial e dos recursos naturais; governança e participação indígena; prevenção e recuperação de danos ambientais; uso sustentável de recursos naturais e iniciativas produtivas; e capacitação, formação, intercâmbio e educação ambiental. Para cada edital, serão organizadas oficinas para construção coletiva dos projetos executivos e treinamento para gestão e prestação de contas.

A seleção é aberta para organizações indígenas atuantes nas terras indígenas localizadas nos estados da Amazônia Legal. São duas as categorias de seleção: Categoria Urucum, para apoiar até 15 projetos com valores de R$ 350 mil a R$ 400 mil; e Categoria Jenipapo, para apoiar até 15 projetos com valores de R$ 200 mil a R$ 250 mil. As propostas serão avaliadas por uma câmara técnica e aprovadas por um comitê gestor, formados especialmente para o Projeto Dabucury.

Apoio ampliado

 Na semana passada, o BNDES aprovou cerca de R$ 60 milhões para a proposta Redes Indígenas da Amazônia, apresentada pela The Nature Conservancy Brasil (TNC Brasil) e estruturada em parceria com a Coiab. Os dois projetos, Dabucury e Redes Indígenas da Amazônia, fortalecem a atuação das organizações indígenas na gestão e consolidação das terras indígenas. A relevância de tal atuação se destaca à medida que apenas 2% do desmatamento na Amazônia em 2022 foi registrado em terras indígenas, ainda que essa categoria fundiária corresponda a 23% da área total da Amazônia Legal.

Desde que foi lançado, em 2009, o Fundo Amazônia destinou, no total, mais de R$ 285 milhões para 16 projetos de temática indígena. São R$ 138 milhões para 13 iniciativas entre 2009 e 2018 e mais R$ 147 milhões para projetos desse tipo desde a retomada, com teor estruturante e potencial para atingir 332 terras indígenas.

Além desses apoios mais recentes (TNC e CESE), o BNDES aprovou, em novembro de 2023, R$ 33,6 milhões para gestão territorial em 13 Terras Indígenas do estado do Acre, sob responsabilidade da Organização dos Povos Indígenas do Rio Juruá.

Foto: Reprodução/BNDES

Fundo Amazônia

Maior iniciativa do mundo para redução de emissões provenientes de desmatamento e degradação florestal, o Fundo Amazônia é administrado pelo BNDES em coordenação com o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA). Com as novas aprovações, o valor destinado pelo Fundo a iniciativas com foco exclusivo nos povos indígenas chega a R$ 147 milhões desde o ano passado. 

O valor é maior que os R$ 138 milhões destinados entre 2009 e 2018. Os novos projetos aprovados pelo BNDES vão fortalecer as organizações indígenas e aperfeiçoar a gestão de suas terras, em linha com as diretrizes da Política Nacional de Gestão de Territorial e Ambiental de Terras Indígenas (PNGATI).

Transparência

O BNDES reúne no site do Fundo Amazônia informações detalhadas sobre todos os 110 projetos contratados, bem como os seus contratos. Tudo informado no seu site oficial, o BNDES publica ainda, periodicamente, relatórios anuais de atividades, informes sobre a carteira de projetos e informações acerca da execução dos projetos, possibilitando que todos os interessados acompanhem as atividades desenvolvidas com os recursos do Fundo. 

Nele, estão também disponíveis os resultados dos diferentes tipos de avaliação aos quais o Fundo Amazônia já foi submetido, e os relatórios de auditoria externa independente produzidos, anualmente, os quais, ao longo dos 15 anos de existência do Fundo Amazônia, não proferiram apontamentos.

Políticas públicas para indígenas em centros urbanos terão medidas específicas, aponta ministra

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O crescimento expressivo de indígenas  em áreas urbanas tem gerado preocupação na ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara.

As políticas públicas voltadas à população indígena darão atenção especial aos chamados “indígenas em situação de contexto urbano”, grupo cada vez mais presente nas cidades, em especial na busca por estudo e trabalho. Muitos deles vivem dificuldades relacionadas à questão da mobilidade, uma vez que costumam transitar entre a cidade e a aldeia.

A preocupação foi manifestada pela ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, ao programa ‘Bom Dia, Ministra’, transmitido nesta quinta-feira (25) por veículos de rádio e TV da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). 

Há cerca de 1,7 milhão de indígenas no Brasil, segundo o Censo 2022. Em 1991, eram 294 mil e, em 2010, esse número já estava em 897 mil. Caso se confirmem os percentuais observados nos censos anteriores, estima-se que metade da população indígena esteja em ambientes urbanos.

De acordo com declarações anteriores da ministra, o crescimento observado entre aqueles que se declaram indígenas se explica não apenas pelo aumento de crianças e jovens, mas também pelo maior sentimento de pertencimento entre indígenas que vivem em contexto urbano.

Durante o Bom Dia, Ministra desta quinta-feira, Sônia Guajajara revelou que há várias frentes de trabalho sendo desenvolvidas pelo Ministério dos Povos Indígenas, seja olhando para quem está nas aldeias, seja para quem está nas áreas isoladas e remotas, e também para os indígenas que estão em contexto urbano.

“Temos, no ministério, uma coordenação de indígenas em situação de contexto urbano. Ontem [quarta-feira, 24] mesmo tivemos a discussão com alguns representantes que estiveram no ministério, para pensarmos políticas que sejam adequadas para atender esses indígenas que estão nas cidades”,

disse a ministra.

Segundo Sônia Guajajara, há um “número expressivo” de indígenas na cidade, em várias capitais, e em várias cidades maiores. “Precisamos realmente de políticas para esse povo que, muitas vezes, são excluídos das políticas universais. Não podemos pensar políticas como privilégio. Precisamos que elas sejam, de fato, específicas e adequadas para atender também essa população”, defendeu.

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Marco Temporal

Quanto ao Marco Temporal, tese jurídica que reconhece como terra indígena apenas aquelas que estavam ocupadas ou em disputa na data de promulgação da Constituição, em 1988, a ministra disse que o instituto “nega o direito originário; não reconhece a ocupação tradicional dos povos indígenas; e exige ainda que os indígenas comprovem a presença física e ainda uma disputa por aquela terra no dia 5 de outubro de 1988”.

“Mas todos sabemos que muitos são os motivos que levaram os indígenas a não estarem em determinadas terras naquela data de 1988. Seja por expulsão, seja por doenças ou por retirada feita pela própria ditadura militar, período em que aconteceram muitas retiradas de indígenas de seus territórios. Indígenas que, com o tempo, reivindicam esse direito de ter o seu território tradicional de volta. Então, o Marco Temporal acaba excluindo muitas terras indígenas de serem devolvidas para seus povos”, 

acrescentou Guajajara

Para a ministra, essa causa precisa de um apoio mais amplo, não restrito às populações indígenas. “A gente precisa muito do apoio da sociedade e de todo mundo, para que possamos de fato enterrar de vez o Marco Temporal, e assim garantir a retomada, acelerando os processos de demarcação de terras indígenas no Brasil”. 

Recursos

A ministra lembrou que o Supremo Tribunal Federal (STF) julgou o recurso extraordinário e declarou que o Marco Temporal como inconstitucional. “Mas, em seguida, o Congresso Nacional apresentou uma proposta de lei com esse mesmo tema. A Câmara e o Senado aprovaram. O presidente Lula então vetou o Marco Temporal integralmente, mas o Congresso derrubou os vetos do presidente Lula”, disse.

“O presidente Lula, então, não sancionou nem assinou a lei, que acabou sendo assinada pelo próprio Congresso Nacional, pelas presidências da Casa. Depois de sancionada, os partidos PSOL, Rede e movimento indígena, por meio da Apib [Articulação dos Povos Indígenas do Brasil], entraram com uma Adin [ação direta de inconstitucionalidade] no Supremo Tribunal Federal, essa ação foi para as mãos do ministro Gilmar Mendes que, surpreendentemente, em vez de colocar na pauta para julgamento como esperava o movimento indígena, publicou uma liminar suspendendo todos os processos de demarcatórios, até que a ação seja julgada pelo pleno do tribunal”, 

completou a ministra.

Produção abre seleção para atores em curta-metragem sobre Revolução Acreana; Saiba como participar

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Obra “A Trégua da Flauta” será dirigida pelo cineasta acreano Silvio Margarido e tem vagas para três protagonistas e 10 figurantes. Inscrições podem ser feitas por e-mail, do dia 22 de abril a 3 de maio.

Foto: Victor Lebre/g1 Acre

A produção do curta-metragem sobre a Revolução Acreana ‘Trégua da Flauta’ está com seleção aberta para formar o elenco da obra dirigida pelo cineasta acreano Silvio Margarido. São três vagas para protagonistas e 10 figurantes.

‘Trégua da Flauta’ aborda a guerra entre Brasil e Bolívia pelo território do Acre por meio de temas universais como a busca pela paz e o papel da música como linguagem universal.

“Através de uma narrativa fictícia, inspirada em eventos históricos reais, o filme visa provocar reflexões profundas sobre os efeitos devastadores da guerra e a possibilidade de encontrar momentos de trégua e humanidade, mesmo nas circunstâncias mais adversas’, afirmou a equipe por meio de nota. 

As inscrições podem ser feitas através do e-mail atreguadaflauta@gmail.com até o dia 3 de maio. Todas as vagas são remuneradas. No e-mail de inscrição deve constar currículo, duas fotos de corpo inteiro e uma foto de rosto.

O filme é financiado pela Fundação Garibaldi Brasil (FGB), por meio do Edital de Áudio Visual da Lei Paulo Gustavo.

Confira os papéis com vagas disponíveis:

Abílio – imigrante, cearense, aproximadamente 50 anos, seringueiro e músico com habilidade em tocar flauta

Rodrigo – descendente de indígenas, cerca de 35 anos, fluência em espanhol, soldado boliviano

Praxedes – Jovem negro, por volta de 18 anos, recém-chegado de Belém, no Pará

10 figurantes – Soldados brasileiros e bolivianos, com disposição para cenas de ação

Ficha Técnica

Direção e Roteiro: Silvio Margarido

Direção de Produção: Rose Farias

Assistente de Direção: Ney Ricardo

Diretor de Arte: Darci Seles

Produtor de Arte: Evania Maria

Diretor de Fotografia: Assis Freire

Finalização de Cor: Pafy

Trilha Sonora: João Veras

Maquiagem: Alanna Rocha

Delegacia Especializada em Crimes Contra a Pessoa no Amapá torna procedimentos 100% digitais

Medida reduz os custos do Estado com insumos físicos e aumenta agilidade e segurança dos serviços prestados à população.

Foto: Aog Rocha/GEA

Para tornar o serviço mais ágil e eficaz para a população, a Delegacia Especializada em Crimes Contra a Pessoa (Decipe) da Polícia Civil, localizada no Conjunto Macapaba, na Zona Norte de Macapá, no Amapá, agora atende de forma 100% digital. Todos os documentos da delegacia foram integrados ao sistema de Procedimento Policiais Eletrônicos (PPE), ferramenta que permite mais segurança e controle dos dados.

O processo de modernização vem sendo implementado desde 2023 pelo Governo do Amapá, atendendo o ato normativo do Conselho Superior da Polícia Civil, que instituiu a obrigatoriedade dos procedimentos eletrônicos. Marcando a nova era, a equipe de policiais civis da delegacia realizou um ato simbólico e incinerou mais de 956 documentos em papéis que ocupavam vários armários da instituição e tornavam a prestação de serviços mais lenta e burocrática

“Foi feito um trabalho de verificar se todos os procedimentos que constavam no arquivo estavam no sistema PPE. Os que não estavam, foram escaneados e incluídos dentro do sistema. Esse foi um ato de grande importância pois estamos nos adequando à realidade de hoje, onde o mundo está cada vez mais sendo realizado na esfera digital, o judiciário já está há algum tempo migrando seus processos para o digital e a Polícia Civil não pode ficar de fora”,

afirmou o delegado titular da Decipe, Leonardo Leite.

Foto: Aog Rocha/GEA

Leonardo ainda frisou que entre outros impactos positivos sobre a digitalização dos serviços está a redução de custos para o Estado, que não precisará fazer orçamento para comprar tintas, impressoras e papel.

“Também diminuímos os gastos com combustível, uma vez que a maioria das intimações estão sendo realizadas de forma virtual, e a facilidade que a virtualização proporciona, inclusive com assinaturas digitais, ocasionando em uma certa celeridade nas investigações”, frisou o delegado.

A expectativa é que todas as delegacias da Polícia Civil no estado sejam totalmente inseridas nas plataformas digitais.

Anajás

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Anajás é um município no Pará, cujos primeiros habitantes foram os indígenas Inajás.

Foto: Reprodução/Prefeitura de Anajás

Anajás é um município no Pará, localizado na Região Norte do Brasil. A cidade tem uma área territorial de 6.913,640km² e uma população residente de 28.011, segundo o censo de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Seus primeiros habitantes foram os indígenas Inajás, com variações de nome: Anaia, Ania e, como é mais conhecida, Inajá.

Na conquista do Marajó, foi a tribo que mais resistiu à conquista armada, enfrentaram e expulsaram a flechadas os primeiros colonizadores que faziam parte da missão empreendida pelo jesuíta João de Souto Maior. O território primeiro pertenceu ao município de Chaves. A cidade, primeiramente denominou-se Mocoões, por se situar à foz do rio de mesmo nome.

Atualmente a cidade tem como principais atividades as visitas turísticas em praias e rios, pois é localizada em região privilegiada, cercada por águas cristalinas e paisagens deslumbrantes. Além da pesca esportiva e passeios de canoas. Durante o tradicional passeio é possível avistar animais como jacarés, capivaras e diversas espécies de aves.

*Com informações de Prefeitura de Anajás e IBGE

Paiter Suruí, “o povo de verdade”: conheça os fundadores da primeira agência de turismo indígena do Brasil

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História dos povos originários é marcada por luta e resistência. Cerca de 1.900 pessoas vivem em 24 aldeias dentro da Terra Indígena (TI) Sete de Setembro.

Foto: Emily Costa/g1 Rondônia

A primeira agência de etnoturismo indígena do Brasil foi criada e coordenada por povos que vivem em Rondônia: os Paiter Suruí. Dentro da aldeia Lapetanha, na Terra Indígena (TI) Sete de Setembro, eles criaram um espaço que exalta beleza e cultura. Mas afinal, quem são eles?

Os Suruí de Rondônia se autodenominam Paiter, que significa “gente de verdade, nós mesmos”. Eles falam uma língua que pertence ao grupo Tupi da família Mondé.

De acordo com o plano de gestão de 50 anos dos Suruí, cerca de 1.900 pessoas vivem em 24 aldeias dentro da Terra Indígena (TI) Sete de Setembro, em um território de aproximadamente 250 mil hectares, que fica localizada no sudeste de Rondônia e noroeste do Mato Grosso.

Contato com não indígenas

Primeiro contato. Foto: Jesco von Puttkamer/acervo IGPHA-UCG, 1969.

Os Paiter Suruí relatam que seus antepassados migraram das proximidades de Cuiabá para Rondônia durante o século XIX, fugindo da perseguição de ‘brancos’. Eles relatam que viveram em paz até a década de 60, quando os conflitos com os não indígenas retornaram. 

No dia 7 de setembro de 1969, funcionários da Funai, incluindo o sertanista Francisco Meirelles, penduraram objetos em uma das aldeias para atrair pacificamente os Paiter Suruí, o que marcou o primeiro contato oficial do povo com os não indígenas.

Entre 1970 e 1974, os indígenas enfrentaram surtos de sarampo, gripe e tuberculose, que reduziu pela metade a população dos Suruí. Além disso, na mesma época, uma grande parte de seu território foi invadida por colonos que exploraram recursos naturais, como extração ilegal de madeira

Dessa época, os Suruí mais velhos guardam lembranças amargas e dizem que, apesar das coisas boas, “na ponta dos facões e das facas, os brancos trouxeram a desgraça e a morte” – citação do plano de gestão de 50 anos do povo Paiter Suruí.

A demarcação da Terra Indígena (TI) Sete de Setembro ocorreu em 1976, e a posse permanente foi declarada em 1983, quando os Paiter Suruí puderam voltar a viver em seu território.

Foto: Emily Costa/g1 Rondônia

Modo de vida tradicional

O modo de vida tradicional do povo Suruí está ligado ao uso da floresta e às atividades extrativistas. Atualmente, parte deles trabalham com agricultura familiar e agroflorestal, sempre aliados à sustentabilidade.

Os frutos produzidos dentro da TI, além de gerarem renda, também contribuem para alimentação e manutenção da forma de vida desses povos. Além disso, cascos e partes de árvores se tornam matérias primas para a confecção de artesanatos, feito pelas mulheres das aldeias.

A agrofloresta se manteve em pé por meio do projeto de reflorestamento desenvolvido pelos próprios indígenas: o “Pamine”, que na língua Tupi-Mondé dos Suruí significa “o renascer da floresta”. O objetivo era devolver à floresta tudo aquilo que foi retirado por invasores.

Foto: Emily Costa/g1 Rondônia

No projeto, foram selecionadas árvores que fazem parte do modo de vida tradicional deles, ou seja, para alimentação, artesanato e também para a geração de renda das comunidades. Mais de 1 milhão de mudas já foram plantadas pelos Surui dentro da Terra Indígena Sete de Setembro. 

]Além disso, invasores que entraram na TI Sete de Setembro fizeram plantações de café e as abandonaram quando foram retirados. Após o contato com a sociedade não indígena, os Paiter perceberam que esse café era uma cultura lucrativa, que poderia contribuir para o desenvolvimento de sua comunidade.

Os Surui já foram reconhecidos pela qualidade do café que é cultivado sem irrigação e nenhum tipo de agrotóxicos dentro das aldeias. Atualmente, eles possuem uma parceria com uma marca nacional de café: 90% dos grãos colhidos na TI são vendidos para a empresa.

Foto: Emily Costa/g1 Rondônia

*Por Emily Costa, do g1 Rondônia


Projeto impulsiona monitoramento ambiental na estação ecológica Maracá-Jipioca no Amapá

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Técnicos do ICMBio receberam informações sobre temas como erosão, intrusão salina (salinização da água), inundação e manguezais na ilha de Maracá, litoral amazônico.

Foto: Mickael Marques

A capacitação ambiental foi direcionada aos técnicos e analistas ambientais do instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que atuam na fiscalização da unidade proteção Estação Ecológica Maracá-Jipioca (Esec), localizada na Ilha de Maracá, na costa do Amapá.

Oficinas de capacitação e seminários gratuitos foram ministrados por pesquisadores do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (Iepa), para que o monitoramento climático dos fenômenos na região seja aprimorado.

A capacitação é realizada pelo Observatório Popular do Mar (Omara) e financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) com a contribuição de mais 13 instituições, sendo uma delas nacional.

Mickael Marques

Fenômenos monitorados:


  • Erosão e acreção, que é monitorada através de uma adaptação do “CoastSnap” um sistema australiano que faz o monitoramento costeiro baseado na coleta de uma variedade de dados no ambiente;
  • Salinização da água ou intrusão salina, com o monitoramento realizado por um refratômetro, que mede a refração de líquidos, um disco de Secchi que mede a transparência da água, e um cone de Imhoff, que mede o volume dos sólidos na água;
  • Inundação, com o monitoramento realizado por réguas linimétricas, que mostram a variação do volume da água;
  • Manguezais, que são monitorados através e fotografias e um aplicativo que identifica as espécies da formação vegetal.

A ação também monitora as mudanças climáticas no Arquipélago do Bailique, Chaves (PA) e Foz do Macacoari.

A coordenadora do Omara e pesquisadora do Iepa, Valdenira Santos, explicou a escolha da região para o monitoramento e contou sobre a próxima etapa do projeto.

“Aqui você tem uma influência mais de perto do oceano. Temos elementos de comparação dos processos que estamos monitorando no observatório. E para a próxima etapa estaremos colocando uma estação de observação de inundação em frente ao município do Amapá”, 

disse a pesquisadora.

O analista ambiental do ICMBio, Tiago Miranda Marques, disse que o projeto vai levantar questões para novas pesquisas.

“A gente viu a oportunidade de poder formular informações para uma região de informações que a gente ainda não possui, que são extremamente importantes para as nossas atividades. Que são esses dados sobre erosão, informações sobre inundação”, 

disse o analista

A ação busca monitorar a condição e mudança climática da foz do Rio Amazonas e litorais próximos, com o compartilhamento de informações técnicas e científicas sobre a vulnerabilidade que essas regiões enfrentam.

Estudo identifica contexto demográfico da população indígena do Pará

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O estudo constatou crescimento de 58% da população indígena paraense e mudanças nos índices de idade, gênero e domicílio.

Foto: Maycon Nunes/Agência Pará

Dentre a rica diversidade étnica do Pará, estão as diversas comunidades indígenas. Povos originários que habitam a região há séculos, com características e diversidades culturais próprias. Paralelo a isso, os registros das especificidades demográficas desse grupo são essenciais para direcionar políticas públicas que abordem suas particularidades.

Na Semana dos Povos Originários, a Fundação de Amparo a Estudos e Pesquisas na Amazônia (Fapespa) lança a nota técnica ‘A conjuntura demográfica indígena paraense no censo 2022’, uma análise que demonstra que a população indígena no Pará apresenta uma distribuição heterogênea, com concentração em determinadas regiões, o que demanda estratégias específicas para cada comunidade.

Foto: Maycon Nunes/Agência Pará

A análise demográfica é um instrumento para identificar desafios socioeconômicos enfrentados pela população indígena e é, portanto, uma ferramenta crucial para compreender e atender às necessidades específicas desse grupo étnico, preservando sua cultura e promovendo políticas públicas inclusivas. 

Desse modo, o texto técnico destaca a relevância desse processo, fundamentando nos dados demográficos da população consignados nos Censos de 2010 e 2022, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A pesquisa ressalta ainda, as mudanças significativas ocorridas no processo de coleta dos dados, que passou a considerar também como pessoas indígenas, aquelas residentes fora de terras indígenas, por exemplo.

“A Nota Técnica chama a atenção para duas singularidades: a de que o IBGE mudou a metodologia, contando os indígenas presentes nas terras demarcadas oficialmente, e os presentes não oficiais também; por outro lado, aponta para a falta de informações, dados e análises referentes a esse segmento étnico-social. Não há dúvidas de que estudos e pesquisas podem melhor subsidiar a elaboração de planos, projetos e ações voltadas para as comunidades indígenas, e a recente criação da Secretaria de Povos Indígenas (Sepi) pelo Governador Helder Barbalho e dirigida pela titular Puyr Tembé, é a prova da importância dos povos indígenas paraenses para o governo e para políticas públicas de Estado”,

aponta Márcio Ponte, diretor de Estudos da Fapespa.

Foto: Maycon Nunes/Agência Pará

População indígena

Os dados censitários do IBGE apontam que, em 2022, a população indígena brasileira era de quase 1,7 milhão de pessoas. Tal demografia permite confirmar um aumento populacional da ordem de 89%, se comparado ao quantitativo registrado em 2010 que era de 896 mil pessoas. População indígena, de acordo com o Censo, se refere à pessoa residente em localidades indígenas que se declarou indígena pelo quesito de cor ou raça ou pelo quesito se considera indígena; ou a pessoa residente fora das localidades indígenas que se declarou indígena.

No âmbito da Amazônia Legal, essa população dobrou de tamanho, saindo de pouco mais de 432 mil em 2010 para quase 870 mil indígenas em 2022. No Pará, esta população também registrou forte expansão demográfica no período, contabilizando 51.217 pessoas em 2010 e 80.980 mil em 2022, um crescimento de 58,1%. Quando a proporção da população indígena brasileira em relação ao total da população do país à nível nacional, o percentual saiu de 0,5% par 0,8% no período que compreende os dois últimos censos.

Crescimento

No contexto do estado do Pará, esse grupo étnico saiu de 0,7% para 1% do total da população paraense. Na Amazônia Legal, em 2010, os indígenas eram cerca de 1,8% e em 2022 passou para 3,3% do total da população residente no bioma amazônico.

A distribuição da população indígena paraense por município também foi analisada. Considerando os últimos 13 anos, constata-se um alto crescimento demográfico em 2022 nos municípios de Santarém (16.955 mil pessoas e crescimento de 545,4%), Jacareacanga (14.216 mil pessoas e crescimento de 101,8%) e Itaituba (6.194 pessoas e crescimento de 33,3%).

Em relação à população indígena paraense por faixa etária, nota-se que 49,7% dessa população no Pará possui entre 15 e 49 anos. Outro aspecto digno de destaque foi o aumento de quase 118% do número de idosos indígenas no período. Modelando os padrões de envelhecimento dessa população a partir do índice de envelhecimento – que compara indígenas com 60 anos ou mais em relação aos com até 14 anos de idade – observou-se que em 2010 existiam no Pará cerca de 15 idosos indígenas para cada 100 crianças/adolescentes. Em 2022, essa proporção aumentou para 21 idosos a cada 100 crianças/adolescentes indígenas residentes.

Quanto ao gênero, em 2022, a população indígena paraense registrou 40.530 mil mulheres e 40.450 mil homens. O número representa um crescimento 66% de mulheres entre a população indígena. O fenômeno implicou em uma reversão nos padrões demográficos, uma vez que em 2010, os homens eram maioria, e agora se encontram levemente menor que o número de mulheres.

Terras Indígenas

Examinando a distribuição da população indígena paraense, por localização do domicílio, nesses últimos 13 anos, nota-se um aumento significativo de cerca de 154% no número de indígenas que residem fora de terras indígenas. Um quantitativo que está perto de se igualar ao dos que residem em territórios indígenas.

Quanto à distribuição, considerando aquelas residentes em terras indígenas oficialmente delimitadas, contata-se um aumento vertiginoso dos indígenas residentes na terra Munduruku, que cresceu cerca de 105,8% entre 2010-2022, e se consolida, desse modo, como a maior terra indígena do Pará. Outro aumento expressivo foi o dos residentes na terra Andirá-Marau, que cresceu 104,8% no mesmo período.

Saiba quais foram os sete clubes do Amazonas que já disputaram o Brasileirão Série B

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Conheça o histórico de times amazonenses na competição, que volta a ter um representante depois de 18 anos.

Foto: Julcemar Alves/Sedel

Em 2024 o Amazonas voltará a ter um representante no Brasileirão Série B depois de 18 anos, o último clube amazonense na competição foi o São Raimundo em 2006. O Amazonas FC, que conta com o apoio com o Governo do Estado por meio de patrocínios desde 2021 e cessão de praças esportivas para treinos e jogos, iniciará sua campanha neste sábado (20), contra o Sport Recife, na Arena da Amazônia, às 16h.

“O Governo do Amazonas tem o compromisso de apoiar nossos clubes para alcançarem o patamar mais alto. Desde 2021, estamos oferecendo todo o suporte, seja com o patrocínio inédito e com a cessão de nossas praças esportivas”, disse o secretário de Estado do Desporto e Lazer (Sedel), Jorge Oliveira.

O primeiro clube amazonense na Série B foi a Associação Atlética Rodoviária do Amazonas, em 1971 a equipe enfrentou o Remo-PA duas vezes, na fase regional, perdendo ambos os jogos, disputados em Belém, no Pará. Em 1980, Rio Negro e Fast Clube disputaram a competição, ambos terminaram eliminados na fase de grupos.

Em 1983 o Nacional ficou muito próximo de alcançar a classificação, o clube ficou em quarto lugar no Grupo A. A equipe chegou a última rodada precisando de uma vitória simples para se classificar, mas acabou empatando com o River-PI por 2 a 2 e viu a vaga ficar com o Guarany de Sobral-CE

Divulgação/Julcemar Alves/Sedel

Rio Negro, Nacional e Princesa do Solimões foram os amazonenses na Série B de 1989, recorde de clubes do estado no campeonato. Os times dividiram o grupo com Rio Branco-AC, Dom Bosco-MT e Mixto-MT, com O Galo da Praça da Saudade se classificando em primeiro lugar. Na fase eliminatória o Rio Negro acabou caindo nos pênaltis para a Anapolina-GO.

De 2001 a 2006, o São Raimundo permaneceu disputando a segunda divisão nacional. A melhor campanha do São Raimundo foi em 2005, quando a equipe terminou na 15ª colocação, à frente de clubes campeões brasileiros como Sport Recife e Bahia. No ano seguinte a equipe amazonense acabou sendo rebaixada, na primeira vez em que a Série B foi disputada no sistema de pontos corridos.

Divulgação/Julcemar Alves/Sedel

O Amazonas FC, que conta com o apoio do Governo do Estado, será o sétimo clube amazonense a disputar a Série B. O clube chega com a credencial de conseguir o acesso sendo campeão da Série C. O adversário na estreia será o Sport Recife, atual campeão pernambucano e que na temporada passada ficou em sétimo lugar na competição. 

Água Azul do Norte

Foto: Wesley Costa

A cidade de Água Azul do Norte faz parte do estado do Pará, antes fazia parte do município de Marabá. A partir de 1978 foi ocupada pelo pioneiro Antônio Vicente, que se destacou na luta em que a área fosse loteada e cada família recebesse seu pedaço de terra para trabalhar e morar.

A cidade te uma área territorial de 7.113,955km² e uma população residente de 18.080 pessoas, segundo o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Água Azul do Norte tem como uma das suas principais atrações a natureza e está cercada por paisagens naturais como rios e trilhas.

Pratos típicos da região, como o tacacá e peixes frescos como o tucunaré e o pirarucu, são atrativos culinários da gastronomia amazônica servidos na região.