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Estudo no Baixo rio Tocantins busca contribuir para garantia reprodutiva do peixe mapará

Ele pode ser servido de diferentes formas: assado, frito, cozido ou como recheio em bolinhos e massas. Um dos alimentos mais comuns entre a população ribeirinha do Pará e prato presente na gastronomia dos estados da região amazônica, o peixe mapará é, atualmente, objeto de estudo que busca subsidiar a implementação correta de medidas de proteção e garantia reprodutiva da espécie no Pará. De autoria da professora Kelli Garboza da Costa, docente do Campus Universitário do Tocantins da UFPA, a pesquisa tem como área de estudo a Bacia Hidrográfica do Baixo Rio Tocantins, abrangendo os municípios de Cametá e Limoeiro do Ajuru.

O mapará, também conhecido como mapurá, é um peixe de água doce, amplamente presente nos rios da Amazônia e América do Sul, que se apresenta em seis espécies: Hypophytalmus oremaculatus, H. fimbriatus, H. marginatus, H. donascimientoi, H. edentatus e H. celiae, sendo as duas últimas encontradas na região de estudo. Dados sobre o ciclo reprodutivo de fêmeas de mapará em Tucuruí-PA sugerem que o período de desova da espécie ocorre entre dezembro e janeiro, no entanto existe a possibilidade de diferentes épocas de desova, uma vez que se trata da ocorrência de duas ou mais espécies de mapará na área à jusante da barragem de Tucuruí-PA.

Para compreender melhor os períodos reprodutivos da espécie e os fatores ambientais que influenciam nessa reprodução, o Projeto “Distribuição espaço-temporal das larvas de mapará e mapeamento de áreas de desova na Bacia Hidrográfica do Baixo Rio Tocantins”, coordenado pela professora Kelli Garboza da Costa, iniciou o mapeamento da espécie com coletas de larvas dos peixes, realizadas no período de maio de 2023 a fevereiro de 2024, em oito áreas de Acordos de Pesca.

Com o mapeamento, observou-se a presença de larvas de uma variedade de espécies, em todos os estágios de desenvolvimento larval, o que indica que as oito áreas sugeridas pelos pescadores artesanais como importantes locais de pesca (os “poços”) são locais de crescimento e essenciais para o recrutamento de peixes. Por sua vez, os resultados quantitativos (número de larvas em cada m3 de água) mostraram que os peixes se reproduzem o ano todo, com picos de densidade de larvas entre os meses de fevereiro e agosto, e os menores registros de densidade foram observados entre os meses de setembro e janeiro, durante o período de paralisação da pesca.

Estudos já realizados mostram, ainda, que, antes da construção da barragem de Tucuruí, o mapará desovava nas proximidades da cachoeira, e as larvas eram levadas pela correnteza até a foz do rio Tocantins. Com a barragem, o fluxo do rio foi alterado, as espécies de peixes migratórias que subiam e desciam o rio para se reproduzir precisaram se reorganizar, e “novos” locais de reprodução surgiram no baixo rio Tocantins.

“Supomos que o mapará esteja se reproduzindo nas proximidades do município de Baião, mais próximo às áreas de coleta, pois o tempo que as larvas levam hoje para descer o rio não é o mesmo da década de 1970. Então, se desovam em Baião, as larvas vêm descendo a foz do rio, chegando juvenis nos municípios de Cametá e Limoeiro do Ajuru, onde há muito alimento para seu crescimento”, explica a pesquisadora Kelli Garboza.

As coletas da pesquisa foram realizadas com o apoio das Secretarias Municipais de Pesca de Cametá e Limoeiro do Ajuru, em parceria com os Campi de Cametá e Bragança da UFPA, para suporte com embarcação, combustível, hospedagem e alimentação nos dias de coleta. Além da professora Kelli Garboza, a equipe do projeto de pesquisa conta também com bolsistas de iniciação científica e de extensão, bolsistas de mestrado, estudantes voluntários e pesquisadores doutores em Geografia, Biologia e Genética. Toda a equipe está cadastrada no DGP/CNPq “Ecologia Aquática e Caracterização Geoambiental da Amazônia”.

Foto: Divulgação

Responsabilidade Socioambiental

Segundo Kelli Garboza, muitos estabelecimentos em Cametá possuem, em seu cardápio, o “mapará fifiti”, apreciado por consumidores locais e turistas, que veem o produto como uma “iguaria”, porém isso fortalece e incentiva a pesca predatória que tem como consequência a redução ou o desaparecimento da espécie.

Para evitar as consequências negativas dessa prática, há uma proposta de projeto de extensão focada na preservação do mapará que deve iniciar ainda no mês de agosto, com vigência até 2025. A finalidade é promover a conscientização e a responsabilidade socioambiental, utilizando material educativo informativo.

“Algumas pessoas desconhecem que a pesca do ‘fifiti’, indivíduo com tamanho inferior a 29 cm, é proibida na área de abrangência das 61 comunidades pesqueiras de Cametá (ver Portaria No 288/2024 – Semas). O material busca incentivar mudanças de hábitos e atitudes da sociedade na pesca, na comercialização e no consumo do mapará nesse estágio de crescimento”, aponta a pesquisadora.

Atualmente, o Projeto “Distribuição espaço-temporal das larvas de mapará e mapeamento de áreas de desova na Bacia Hidrográfica do Baixo Rio Tocantins” está na etapa de análise genética, sob supervisão da professora Simoni Santos da Silva, no Campus Bragança da UFPA. Também estão em andamento as fases de cartografia social e de mapeamento participativo com os pescadores artesanais, sob coordenação do professor Edir Augusto Dias Pereira (Campus Cametá). O resultado será a produção de mapas que constituam ferramenta de auxílio das comunidades e instituições pesqueiras na implantação de ações que visam à conservação e ao manejo da pesca do mapará no baixo curso do rio Tocantins.

*Com informações da UFPA

Rio Solimões pode registrar cotas mínimas em agosto no Amazonas

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Os rios da Bacia do Rio Amazonas seguem em processo de descida (vazante). Em alguns pontos, como na região do Alto Solimões, é observada uma queda acentuada nos níveis. Os dados fazem parte do 32º Boletim Hidrológico da Bacia do Amazonas, divulgado pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB) no dia 9 de agosto.

Em Tabatinga (AM), o Solimões registra descidas acima de 20 centímetros (cm) por dia. A última cota observada foi de 96 cm – abaixo do mínimo para a época. Diante do cenário, a projeção é de que, nessa estação, as cotas mínimas do ano ocorram ainda neste mês.

“Podemos prever isso em razão das descidas acentuadas e dos níveis abaixo das mínimas nos rios do Peru, que deságuam no Solimões”, explica a pesquisadora em geociências Jussara Cury.

Já o Rio Negro, em Manaus (AM), está em processo de vazante e com descidas regulares, representadas por variações diárias na ordem de 11 cm.  No entanto, os níveis estão abaixo da faixa de normalidade. A última cota observada foi de 24,2 m. As mínimas nessa estação devem ocorrer em outubro. Também foram registradas descidas nas bacias dos rios Branco, em Roraima; Purus, no Acre; e Amazonas. 

Repiquetes no Rio Madeira 

O Rio Madeira registrou oscilações (repiquetes) ao longo da semana, em Porto Velho (RO), devido às chuvas registradas na região, mas voltou ao processo de descida entre quinta (8) e sexta-feira (9). A cota atual é de 2,38 m. O Madeira chegou a níveis muito baixos na região de Porto Velho, antes da época prevista, principalmente devido às chuvas abaixo da média entre novembro de 2023 e abril de 2024. 

Confira aqui o 32º Boletim Hidrológico da Bacia do Amazonas. 

*Com informações do Serviço Geológico do Brasil

“Seca impactou nas chuvas criando situação de alto risco para incêndios florestais”, diz diretora de Ciência do IPAM

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A diretora de Ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), Ane Alencar, dá um panorama sobre a situação da temporada do fogo que, em função da seca, tende a ser mais severa este ano. A entrevista foi divulgada na newsletter Um Grau e Meio, uma produção quinzenal e gratuita do IPAM com análises exclusivas sobre clima e meio ambiente. Confira a entrevista:

Qual o cenário que se apresenta para a temporada do fogo na Amazônia este ano?

O cenário é preocupante. Infelizmente o efeito da seca severa que atingiu a Amazônia em 2023 e se estendeu até o início de 2024, acabou por impactar a estação chuvosa de 2024, reduzindo sua extensão e intensidade. Este ano, as chuvas só começaram a cair em Roraima – último Estado a começar a chover – no final de março atrasando esse período em quase um mês.

Por outro lado, no ponto mais extremo ao sul da Amazônia, no estado do Mato Grosso, as chuvas param mais cedo em 2024 determinando o fim do período chuvoso, o que geralmente no fim de maio. Esse encurtamento da estação chuvosa depois de um período de seca extrema, não foi suficiente para recarregar o solo e os rios, que já iniciaram o período seco de 2024 em situação de estresse.

Quais os estados e municípios que podem ser mais impactados?

A seca de 2023 e início de 2024 acabou por afetar principalmente o norte da Amazônia, mais precisamente a região ao longo e a norte da calha do rio Amazonas. Estas regiões que compreendem o norte do estado dos estados do Amazonas e Pará, e Roraima e Amapá, essa região está muito suscetível devido ao estresse hídrico gerado anteriormente, mas essa região que tem seu período ápice de fogo em Outubro pode receber um impacto positivo do La Nina que em outubro já espera-se que esteja mais forte e antecipe o período de chuvas.

Isso significa que talvez a região mais preocupante seja mesmo aquela ao sul da calha do Amazonas que apesar de não ter sofrido o nível de seca extrema do norte da Amazônia, teve um período anômalo de seca e agora já dá indícios de estar muito inflamável. O Estado do Acre, Sul do Amazonas, Rondônia, norte do Mato Grosso e Sul do Pará entram nessa lista de regiões onde as atenções devem ser redobradas, ainda mais que essas são as regiões onde o desmatamento também se mostra bastante ativo.

Quanto tempo deve durar?

O auge do período seco em grande parte da região são os meses de agosto e setembro. Normalmente no meio do mês de outubro, já começam as chuvas no sul da região. O fenômeno La Nina, pode antecipar esse período chuvoso o que pode ser uma boa notícia para reduzir os riscos de incêndios na região. Eu diria que tudo vai depender de quando o La Nina ganha força e do nível de influência do aquecimento do Oceano Atlântico.

Por que os incêndios florestais se agravam nesta época?

É nessa época que grande parte da Amazônia está sem chuvas e as pessoas aproveitam para queimar as áreas recém desmatadas e fazer uso do fogo para renovar seus pastos. O uso descontrolado do fogo acaba por criar situação de riscos onde o fogo escapa para as florestas adjacentes e causa incêndios. O que acontece justamente no período que a paisagem está mais inflamável como um todo.

Quais as características destes incêndios florestais?

Normalmente os incêndios florestais na Amazônia tem características muito próprias. Devido ao nível de umidade e cobertura de copa, uma área de floresta afetada pelo fogo uma primeira vez tem uma característica onde as chamas são baixas, de 20cm a 50cm, e a frente de fogo é lenta. 

Isso acaba matando grandes arvores que não tendo uma proteção de casca apropriada são expostas a altas temperaturas por um longo período. Uma vez que essas áreas de floresta são queimadas, favorecem que um segundo fogo tenha características diferentes, já sendo mais intenso e podendo chegar a copa dependendo do nível de seca do ambiente.

Quais atividades econômicas mais contribuem para os incêndios florestais?

Os incêndios são derivados das queimadas que finalizam o processo de desmatamento e é muito utilizado como ferramenta para a renovação de pastagem. Como a principal atividade econômica da Amazônia é a pecuária, ocupando cerca de 90% da área desmatada na região, e essa atividade usa o fogo como principal ferramenta de manejo, podemos afirmar que o uso descontrolado do fogo para a manutenção das áreas de pastagem são fontes importantes para os incêndios na região.

Que tipo de providência pode ser tomada para se antecipar e prevenir o cenário?

Em um cenário onde a paisagem está muito inflamável, a melhor coisa a se fazer é reduzir o fogo na paisagem e tomar medidas para controlar o uso do fogo onde ele é autorizado. Isso quer dizer, que a redução do desmatamento e incentivos para práticas agropecuárias sem o uso do fogo seriam medidas muito bem vistas nesse momento de extrema inflamabilidade das florestas da região.

O que é e por que existe uma temporada do fogo na Amazônia?

A temporada do fogo existe pois ele é usado como ferramenta na prática produtiva e de manejo do principal uso da terra da região, a pecuária. Seu uso vai desde a formação das áreas de pasto através do desmatamento até a manutenção dos pastos plantados, sendo uma forma barata de limpar os arbustos e plantas não palatáveis para o gado e favorecer a rebrota do capim plantado.

Há locais que estão lidando melhor com a situação do que outros? Como suas experiências podem ser um exemplo a ser replicado no bioma para a redução do fogo?

Eu vejo que é difícil imaginar a paisagem da Amazônia sem nenhum fogo acontecendo justamente pela sua importância na prática agropecuária, mas vejo o uso do fogo diminuindo e aonde ele tem que ocorrer, ser de forma controlada e responsável. Isso sem dúvidas vai reduzir e muito a possibilidade de incêndios que acabam por gerar uma situação de degradação e perda de qualidade das florestas e dos ecossistemas da Amazônia como um todo. 

Um exemplo de que a redução e uso controlado do fogo reduzem o risco de incêndios ocorreu em 2023, quando de acordo com um estudo lançado recentemente pelo IPAM, indicou que os municípios que tiveram maior redução do desmatamento, também reduziram a área queimada, principalmente por incêndios. Esse esforço de redução do desmatamento precisa continuar, assim como o de controlar o uso do fogo.

*Com informações do IPAM Amazônia

Museu de Guajará está abandonado

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O prédio é uma relíquia arquitetônica da Amazônia. Foto: R. Machado

Por Júlio Olivar – julioolivar@hotmail.com

Localizado em frente ao rio Mamoré, fronteira natural entre Brasil e Bolívia, o Museu Municipal de Guajará-Mirim, a 359 km de Porto Velho, está em estado de abandono e fechado à visitação pública há pelo menos quatro anos. Instalado na antiga estação da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré (EFMM), o espaço cultural guardava relíquias importantes da história local e regional.

Nesta semana, o fotógrafo e memorialista Rosinaldo Machado, de Porto Velho, esteve em Guajará. Ele fotografou o museu e escreveu um texto em que lamento a situação. O ativista, que é também membro da ARL (Academia Rondoniense de Letras), resume o quadro desta forma: “Desprezo, descaso e crime contra a nossa história”.

A estação foi criada em 1912. Sessenta anos depois, foi fechada, após a desativação definitiva da histórica ferrovia. Somente em 1992, foi reaberta, agora transformada em museu. “Em seu interior há valiosas peças que retratam a história da ferrovia, dos heróicos e anônimos trabalhadores, dos seringueiros e dos indígenas”, relata Machado, em tom indignado.

Em 2006, o prédio foi tombado pelo Iphan como patrimônio histórico nacional. Tornou-se um cartão postal visitado por turistas, estudantes e pesquisadores. Ao longo dos anos, o clássico imóvel passou por algumas reformas, sendo a última concluída em 2013 pelo Governo do Estado em convênio com o Governo Federal.

Telhado ameaça desabar. Foto: R. Machado

Atualmente, “as paredes estão desgastadas pelo tempo, o telhado está desabando e as belíssimas peças que estavam no interior do museu sumiram ou estão sendo degradadas pelo tempo”, aponta o fotógrafo.

A prefeitura afirma que o espaço pertence à União e que não foi repassado, formalmente, ao Município. Não há nenhum projeto da prefeitura em curso encaminhado ao Governo Federal pedindo solução para o problema. Rosinaldo Machado entrou em contato com o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e aguarda uma manifestação do órgão. O ativista também citou o Ministério Público Federal para que se pronuncie.

Sobre o autor

Júlio Olivar é jornalista e escritor, mora em Rondônia, tem livros publicados nos campos da biografia, história e poesia. É membro da Academia Rondoniense de Letras. Apaixonado pela Amazônia e pela memória nacional.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

Após baixa do nível do Rio Madeira, Defesa Civil de Porto Velho recomenda “uso essencial de água”

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A estiagem no Norte do Brasil continua intensa e agravando a crise hídrica a cada dia. No dia 5 de agosto, para se ter uma ideia, o nível do rio Madeira chegou a 2,08 metros, bem abaixo da média para este período do ano. Porém, conforme a Defesa Civil de Porto Velho, o rio Madeira pode subir cerca de 30 centímetros nos próximos dias, por causa das chuvas no Rio Beni.

Ele acrescentou que equipes continuam realizando visitas nas comunidades ribeirinhas, verificando situações específicas em cada uma delas. Além disso, estão distribuindo hipoclorito de sódio para tratamento de poços, águas de nascentes ou de rios, tornando-as propícias ao consumo humano.

Água Mineral

Eles também já estão trabalhando para que seja executado a partir da segunda quinzena de agosto, o cronograma de distribuição de água mineral em algumas comunidades, cujos ‘poços amazônicos’ não resistem e secam no período mais crítico da seca.

Outras localidades estão sendo contempladas com poços artesianos. “O cronograma de perfuração de poços artesianos está sendo executado, em fase de perfuração ou em processo de contratação desse serviço, com objetivo de aumentar o quantitativo de poços a serem perfurados e reduzir a escassez de água potável para as famílias”, afirmou Ribeiro.

Foto: Reprodução/SMC

Navegação

Quanto às embarcações, o coordenador alerta que a navegação noturna no rio Madeira continua proibida e o transporte aquário segue com a capacidade reduzida, o que significa que o volume de carga transportada nesse período está sendo abaixo da média, para garantir a segurança na navegação.

Por outro lado, para a segurança das pessoas, a Defesa Civil Municipal não recomenda que banhistas frequentem as praias do Madeira, por causa do perigo de afogamentos e ataques de animais como jacarés, cobras e arraias, entre outros.

Diálogos

A Defesa Civil Municipal permanece unida e em constante diálogo com a Agência Nacional de Águas (ANA), Centro Gestor Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), Defesa Civil Estadual e o Serviço Geológico do Brasil (SGB), obtendo informações e sugestões de enfrentamento à crise hídrica, extremamente úteis para o planejamento estratégico da gestão municipal.

Os encontros entre esses entes federativos acontecem semanalmente e o próximo está agendado para sexta-feira (9), sob a coordenação da Defesa Civil Estadual de Rondônia.

*Com informações da Prefeitura de Porto Velho

Floresta Viva: parceria promove recuperação em 4 unidades de conservação no Amazonas 

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O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Eneva anunciaram parceria para promover a recuperação florestal em quatro unidades de conservação (UCs) no estado do Amazonas, por meio da iniciativa Floresta Viva

São dois projetos que envolvem o plantio de espécies nativas e a implantação de sistemas agroflorestais, combinando culturas agrícolas com espécies florestais nativas, e que também atuam para capacitar a população local e criar oportunidades de renda para as comunidades envolvidas, como a criação de uma rede de coletores de sementes de espécies nativas.

O esforço conjunto inclui a restauração ecológica de 400 hectares de áreas degradadas, o que equivale a 560 campos de futebol, com um investimento superior a R$ 10 milhões. As ações se concentram na Área de Proteção Ambiental (APA) Margem Esquerda do Rio Negro – Setor Tarumã Açu e Tarumã Mirim – e nas reservas de desenvolvimento sustentável (RDSs) do Uatumã, Puranga Conquista e Tupé.

Selecionados por edital, ambos têm prazo de execução de até 48 meses e estão alinhados com os objetivos de desenvolvimento sustentável (ODSs) das Nações Unidas.

A diretora Socioambiental do BNDES, Tereza Campello, destaca que o banco já aprovou oito projetos do Floresta Viva para ações de recuperação em restingas e manguezais, com investimentos de mais de R$ 47 milhões. 

De acordo com a diretora-executiva de Estratégia e ESG da Eneva, Flavia Heller, os projetos selecionados se inserem no compromisso da empresa em contribuir para a conservação e recuperação do bioma da Amazônia em áreas degradadas, “sempre com um aspecto social muito importante: o de capacitação e criação de cadeias produtivas compatíveis com a floresta, que possam gerar renda e oportunidade de emprego para as comunidades locais”.

Projetos

Coordenado pelo Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam), o projeto Restauração Ecológica Produtiva: Promovendo uma Paisagem Sustentável na Amazônia será desenvolvido em três UCs da região de Manaus e dos municípios de Itapiranga e São Sebastião do Uatumã e atuará na restauração da floresta por meio de sistemas agroflorestais, conciliando o plantio de espécies agrícolas e nativas em 200 hectares.

O projeto deverá produzir e plantar aproximadamente 66 mil mudas. Além de instalar viveiros comunitários, o projeto pretende aperfeiçoar viveiro existente e realizar cursos de capacitação nas comunidades. “O propósito é fomentar a cadeia da restauração como um instrumento de mudança do modelo de ocupação da terra, com geração de renda e valorização da alta biodiversidade existente na região”, destacou o diretor Técnico do Idesam e coordenador do projeto, André Viana.

O projeto Reflora, liderado pelo Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ), vai implementar a restauração em 200 hectares na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Puranga Conquista, no rio Negro, em Manaus. Na área, será criada a rede de coletores de sementes, bem como outras práticas de desenvolvimento de sistemas agroflorestais para diversificar produtos extraídos ou cultivados na floresta.

Iniciativa

Concebida pelo BNDES para mitigar os efeitos das mudanças climáticas e promover a preservação da biodiversidade em diferentes biomas brasileiros, a iniciativa Floresta Viva tem o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Fuinbio) como responsável pela gestão operacional e pela condução da execução. 

Seminário

Representantes do Banco apresentaram nesta terça-feira, 6 de agosto, durante seminário na sede do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), em Manaus, o projeto Floresta Viva Amazonas, fruto de edital da iniciativa Floresta Viva lançado em 2023.  O projeto prevê investimento de R$ 250 milhões do BNDES, ao longo de quatro anos, em ações de restauração ecológica em territórios do bioma amazônico, começando pelo Estado do Amazonas.

Campos Amazônios-71
Foto: Divulgação / Funbio

O projeto prevê a restauração ecológica de 400 hectares de ecossistemas degradados e enriquecimento de capoeiras de reservas extrativistas e áreas de proteção ambiental na região de Manaus e Presidente Figueiredo.

As ONGs Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ) e Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável no Amazonas (Idesam) atuarão em cinco unidades de conservação: a Área de Proteção Ambiental (APA) Ufam-Acariquara, no caso do IPÊ, e as reservas de desenvolvimento sustentável (RDSs) Poranga Conquista, São João do Tupé e Uatumã, além da APA Tarumã Mirim e do Parque Estadual Samaúma, na área urbana de Manaus.

*Com informações de Agência BNDES de Notícias.

Justiça anula licença prévia do trecho do meio da BR-319 

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Uma decisão liminar da 7ª Vara Ambiental e Agrária do Amazonas anulou a licença prévia n° 672/2022 do trecho do meio da BR-319, que liga Manaus (AM) a Porto Velho (RO). A decisão foi deferida pela juíza Maria Elisa Andrade em resposta a uma ação civil pública movida pelo Observatório do Clima (OC). A organização argumentou que a licença, concedida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em 2022, ignorava dados técnicos e científicos fundamentais.  

A ação civil pública também destacou que a licença desconsiderava uma série de pareceres técnicos do próprio Ibama e a necessidade de governança ambiental para controlar o desmatamento antes do início das obras. A juíza Maria Elisa Andrade afirmou que a falta de políticas públicas eficazes para prevenção e repressão de crimes ambientais torna inviável a obra. Ela ressaltou que a reconstrução da BR-319 só poderia ser considerada se houvesse um fortalecimento significativo da governança ambiental e fundiária. 

No despacho, a magistrada enfatizou que, sem políticas públicas de controle e prevenção ao desmatamento e a grilagem, a destruição da floresta amazônica é inevitável, tornando o empreendimento inviável. Além disso, a liminar aponta a necessidade de incluir estudos de impactos climáticos, mencionando que a falta de tais estudos compromete tanto o controle governamental quanto o público, enfraquecendo compromissos nacionais para mitigar a crise climática. 

Em caso de descumprimento da decisão, a juíza estipulou uma multa de R$ 500 mil sobre o patrimônio do agente público responsável. 

“A decisão da justiça federal demonstra que a política não pode se sobrepor à lei e à técnica. Não se pode dar seguimento ao processo visando à emissão da Licença de Instalação quando a Licença Prévia está eivada de nulidade. Não há governança na região capaz de controlar o desmatamento gerado pelo asfaltamento do trecho do meio da BR 319”, disse o especialista em litígio estratégico do OC e um dos autores da ação civil pública, Nauê Bernardo. 

Leia a decisão na íntegra aqui.

*O conteúdo foi originalmente publicado pelo Observatório BR-319, com texto adaptado do original publicado pelo Observatório do Clima.

Pesquisadores realizam estudo sobre qualificação dos estoques de carbono na região da Amazônia Maranhense

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Uma pesquisa realizada no Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade e Conservação (PPGBC) da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) revela informações significativas sobre os estoques de carbono na Amazônia Maranhense, ressaltando a importância das florestas da região na mitigação das mudanças climáticas globais. A pesquisa foi conduzida pelo aluno Admo Silva e supervisionado pelo docente Celso Junior, ambos pertencentes ao programa, e publicada recentemente na Revista Brasileira de Geografia Física.

O estudo teve uma abordagem aprofundada para a quantificação e valorização dos estoques de carbono florestal na Amazônia Maranhense, utilizando dados de sensoriamento remoto para analisar a vegetação, que inclui as características das florestas de terra firme, vegetação secundária, manguezais e áreas protegidas. A pesquisa utilizou uma abordagem multidisciplinar, combinando dados de sensoriamento remoto, análise econômica e avaliação ecológica para fornecer uma visão abrangente do papel das florestas na Amazônia Maranhense.

As principais descobertas da pesquisa retrataram um levantamento da Amazônia Maranhense, demonstrando que a região armazena aproximadamente 279 milhões de toneladas de CO₂, avaliados em 6,70 bilhões de dólares (utilizando a abordagem do custo social do carbono). Foram destacadas as áreas com maior concentração de carbono, onde estão as florestas maduras e a vegetação secundária, particularmente, na Reserva Biológica do Gurupi e em terras indígenas.

A análise apontou que mais de 80% dos estoques de carbono de florestas secundárias estão fora de áreas protegidas. Também, foi identificada a questão da degradação florestal (incêndios florestais e extração seletiva de madeira) que tem impacto significativo na redução dos estoques de carbono de florestas maduras.

Imagem: Reprodução/UFMA

Admo Silva destacou a relevância da preservação dessas áreas. “Nossos resultados mostram que as florestas maduras e a vegetação secundária desempenham um papel vital no sequestro de carbono. Proteger essas áreas não só é essencial para a biodiversidade, mas também para mitigar o aquecimento global”, frisa.

O estudo tem o intuito de adotar estratégias integradas e sustentáveis que promovam a proteção ambiental, a fim de proporcionar a proteção do meio ambiente em evidência, a importância emergente na mitigação das mudanças climáticas, que envolve a implementação de políticas públicas com incentivos à conservação e à restauração das florestas secundárias e áreas protegidas.

O professor do PPGBC, Celso Henrique Leite Silva Junior, acrescenta a importância dos resultados do estudo que facilitou a identificação precisa dos níveis de carbono, além de proporcionar uma visão detalhada sobre a distribuição geográfica na região.

A pesquisa foi financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e contou com o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

*Com informações da UFMA

XTERRA Amazônia 2024: relembre como evento esportivo desafiou atletas na floresta

Foto: Rodrigo Barreto/XTERRA Brasil

O maior circuito off-road do mundo. Essa é a melhor maneira de definir o XTERRA. Há mais de 25 anos o evento esportivo reúne atletas que buscam desafios e o XTERRA Amazônia 2024 foi exatamente isso. A edição movimentou o município de Novo Airão, no Amazonas, com corridas de 5, 10, 21 e 50 km, além de disputas de thriatlon e ainda a Short track, um mega desafio dedicado a atletas de alta performance.

Com provas que combinaram corrida, natação e ciclismo em meio à floresta amazônica, o XTERRA possibilitou uma experiência única tanto para os quase mil participantes quanto para os espectadores. A programação iniciou no dia 19 de julho com uma palestra gratuita para os moradores e atletas inscritos na competição. E, no dia seguinte, os atletas acordaram cedo, competindo desde às 6h30.

No período da tarde foi a vez da prova especial: Short track. Os campeões e campeãs subiram ao pódio e comemoraram seus desempenhos e superação por terem competido em um cenário tão paradisíaco quando difícil.

A programação oficial do XTERRA Amazônia finalizou no dia 2 de agosto, quando foi realizado um plantio de 70 mudas de árvores nativas da Amazônia na comunidade São Francisco do Mainã, em Manaus (AM).

O plantio faz parte de uma ação socioambiental que visa minimizar os impactos de emissão de carbono resultantes da execução do evento.

Confira alguns momentos:

XTERRA Amazônia 2024

O XTERRA Amazônia 2024 é uma realização da Fundação Rede Amazônica (FRAM) e tem o apoio da Braga Veículos; Secretaria Municipal de Inovação, Indústria, Comércio e Turismo da Prefeitura de Novo Airão; Secretaria de Estado do Desporto e Lazer, do Governo do Amazonas.

Startup AeroRiver, do Amazonas, conquista edital Finep em aviação sustentável

A startup amazonense AeroRiver foi contemplada com recursos de subvenção econômica para projetos inovadores, na temática de aeronáutica, para o projeto ‘Volitan’. Os recursos são oferecidos pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), através da Financiadora de Estudos e Projetos – Finep, com o intuito de fomentar o desenvolvimento tecnológico de iniciativas inovadoras que gerem impacto positivo nos contextos de mobilidade e sustentabilidade.

O projeto ‘Volitan’ consiste na concepção e fabricação do primeiro veículo de efeito solo do Brasil para transporte de passageiros e cargas, otimizado para o cenário amazônico, onde o setor logístico sofre por falta de alternativas mais ágeis e baratas de transporte.

A tecnologia do ‘Volitan’ é a junção de um barco e um avião. Isso permite que ele sobrevoe os rios com até 40% mais eficiência energética em consumo de combustível em relação a aeronaves de mesmo porte e capacidade, que não são otimizadas para o voo em efeito solo.

Imagem: Divulgação

A equipe, composta por engenheiros com especialização no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), enxerga no contexto amazônico o futuro da modalidade de transporte regional local. Além disso, o modelo de negócio prevê a expansão para outros cenários, onde fatores operacionais e altos custos são fatores limitantes.

Para Lucas Guimarães, co-fundador da Aeroriver, esta é uma grande conquista para o desenvolvimento da região amazônica, além de um grande passo em prol daqueles que penam pela falta de alternativas de transporte e escoamento na região:

Os recursos concedidos são da ordem de aproximadamente R$ 10 milhões e serão empregados nas fases de aperfeiçoamento do projeto e desenvolvimento do primeiro protótipo em escala real, a ser testado e otimizado nos rios da região amazônica.

Os resultados parciais podem ser acessados aqui.