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Amapá lidera ranking de redução de focos de incêndio no país

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Foto: Divulgação/GEA

O Amapá registra redução de 72% de focos de incêndio e lidera o ranking nacional com o menor número de casos em pleno período de seca. O levantamento, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), aponta que de 1º de agosto a 20 de setembro deste ano foram registradas 1.517 ocorrências, contra os 5.363 focos de incêndio no mesmo período em 2023.

Na contramão do que ocorre no restante do país, o Governo do Estado tem conseguido diminuir o quantitativo, que chegou a ser alarmante no ano passado, com o desenvolvimento de ações integradas de prevenção e combate a queimadas e incêndios florestais. Uma Sala de Situação coordenada pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) monitora áreas em tempo real, via satélite, especialmente as que apresentam maior risco.

Foto: Divulgação/GEA

“O Governo do Estado vem atuando em várias frentes de trabalho com ações conjuntas envolvendo os órgãos competentes que estão na linha de frente. E, mesmo com os resultados positivos, estamos atentos, pois estamos enfrentando sérias mudanças climáticas, uma situação que é global”, enfatizou a secretária de Meio Ambiente, Taísa Mendonça.

A redução coloca o Amapá como o estado menos afetado pelos focos de incêndios, devido a um conjunto de ações da gestão envolvendo várias instituições. Entre as iniciativas que contribuem para o resultado favorável estão as ações de prevenção da Operação Amapá Verde – Protetor dos Biomas; Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento e Queimadas do Estado do Amapá; criação do Comitê Interinstitucional de Prevenção e Combate à Estiagem e Incêndios Florestais.

Além disso, a Sema já capacitou 26 brigadistas para atuarem nas frentes de trabalho, enquanto uma linha de frente integrada entre Operação Amapá Verde – Protetor dos Biomas, a Delegacia Especializada em Crimes Contra o Meio Ambiente (Dema), o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio), atuam de forma ostensiva na prevenção e combate.

Foto: Divulgação/GEA

Mudanças climáticas e seca

Mesmo com resultados positivos, o Governo do Amapá permanece atento diante do atual cenário de mudanças climáticas severas e a gestão já estuda novas medidas que serão implementadas para minimizar os impactos do período da seca.

Em outubro, mês considerado historicamente o mais quente do ano no estado, as fortes temperaturas chegam a devastar vegetações e influenciar o lençol freático com a seca. Em 2023, o município de Tartarugalzinho foi o mais afetado com a estiagem, com 1.788 focos de incêndio de 1º de agosto a 20 de setembro. Neste ano, Macapá lidera com 309 registros até o momento.

De 2019 a 2023, o Departamento de Desenvolvimento Ambiental da Sema vem analisando dados sobre distribuição de chuvas no território amapaense no período de estiagem. Segundo o levantamento, nos últimos cinco anos a última chuva considerada regular ocorreu em 2021.

Foto: Divulgação/GEA

Operação Amapá Verde – Protetor dos Biomas

A Operação Amapá Verde é um conjunto de ações desenvolvidas pelo Governo de Estado para prevenir e combater crimes ambientais e incêndios em vegetação no período de estiagem. A ação inicia o 6º ciclo neste sábado, 21, as atividades fazem parte da 7ª edição da Operação Protetor dos Biomas, do Governo Federal. Pela primeira vez são utilizados 15 sopradores costais, equipamentos eficazes para dar suporte aos militares no combate aos focos de incêndios.

O Governo do Amapá trabalha, ainda, em uma ação integrada com o Governo do Mato Grosso do Sul, para conter os incêndios florestais na região do pantanal mato-grossense, que sofre com os efeitos de estiagem rigorosa, clima seco e calor intenso. São 24 militares especialistas do Corpo de Bombeiros enviados para dar suporte ao combate às queimadas.

Ao avistar um foco de queimada, denuncie:

  • 193, Corpo de Bombeiros
  • 190, Defesa Civil e Centro Integrado de Operações de Defesa Social (Ciodes)

*Com informações da SEMA AP

Sociedade Beneficente Portuguesa do Amazonas – de Jorge de Moraes à Eduardo Manarte

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Hospital Beneficente Portuguesa em Manaus. Foto: Divulgação/HPAM

Por Abrahim Baze – literatura@amazonsat.com.br

A verdade é que, para reconhecer-se em toda a sua extensão, em todo seu significado em todas as suas minucias, o que tem sido a ação dos portugueses no Brasil é fundamentalmente indispensável saber como ele aqui chegaram, como se aclimataram e de que forma exerceram sua tutela na formação do novo núcleo habitacional, quais foram os pontos de suas diretrizes no tocante a nova civilização, principalmente de que recursos se serviram para ocupar e construir o Hospital Português. Especialmente como administraram a construção de importantes casas de saúde com destaque para: a Beneficente e a Santa Casa de Misericórdia, ambas em Manaus.

Cumpre ver como eles aqui trabalharam e continuam trabalhando no passado e no presente, médicos, enfermeiros, funcionários administrativos, presidente da diretoria e diretores. Tudo isso construído em uma cidade em plena selva amazônica, com toda escassez daquele período. Portanto, temos que fazer embora em resumo, com possível clareza, um estudo histórico da presença da medicina no Amazonas, tema muito bem estudado e explorado pelo Professor, Doutor João Bosco Botelho com vários livros publicados neste segmento, criando dessa forma a oportunidade de divulgar esses fatos históricos, destacando nomes que permanecem no esquecimento, restituindo-se o respeito às suas memórias, como, por exemplo, na pessoa do Doutor Jorge de Moraes e, como se destaca atualmente, o Doutor Eduardo Manarte Gonçalo.

Jorge de Moraes

Dr. Jorge de Moraes – Médico – Sócio Benfeitor. Em 1910, na função de Senador da República, passou a se interessar pelos problemas da Beneficente Portuguesa. Em 1911 instalou o primeiro laboratório de Análises Clínicas. Em 10912, por sua determinação, foram comprados vários aparelhos hospitalares. Foi Diretor Clínico de 1912 a 1920. Em 1921 ausentou-se para o Rio de Janeiro até 1931 e faleceu em 1947 no Rio de Janeiro. Foto cedida pelo professor Mário Ypiranga Monteiro.

O Dr. Jorge de Moraes nasceu em Manaus a 18 de julho de 1878. Bem cedo, quando ainda menino revelou-se muito inteligente. Seu pai o mandou estudar na Bahia, em cuja capital, Salvador, fez o curso de Medicina, conquistando sempre notas bem altas.

Depois viajou para a Europa, percorrendo vários países, demorando-se em Paris para aprofundar seus estudos.

Regressa a sua terra, casa-se, mas sua esposa falece em pouco tempo.

O Dr. Jorge de Moraes dedicou-se a cirurgia, conseguindo ser primus inter pares, muito trabalhando e amealhando recursos para realizar nova viagem ao Velho Mundo, desta vez permanecendo mais tempo na Itália. Retornando a Manaus em um dos luxuosos paquetes da Companhia Ligure Brasiliana, que faziam duas linhas de navegação mensal a capital manauense, encontra grassando alarmante, em Belém, a peste bubônica, fazendo numerosas vítimas. O navio prosseguindo viagem ao passar pela cidade de Parintins, que não era porto de escala, é intimado a atracar para fazer expurgo. O comandante desobedece e o fato é comunicado às autoridades sanitárias de Manaus. Lá chegando, o navio é privado de encostar. O Dr. Vivaldo Palma Lima era a figura principal da ação na qualidade de inspetor de Saúde do Governo Federal. O paquete estava repleto de passageiros e o Dr. Jorge de Moraes, a frente de todos, berra e gesticula, protestando contra aquilo que chamava violência, ilegalidade. Nada houve que demovesse do seu dever o Dr. Vivaldo Lima. O barco italiano faz a manobra rumo a Parintins e, ali, realizou a profilaxia. E, assim, desembaraçado, sobe novamente o Amazonas e o Rio Negro, atracando em um dos flutuantes da Manaus Harbour. Se os navios nacionais cumpriam a lei brasileira, porque um barco estrangeiro haveria de desmoralizá-la? O Dr. Jorge de Moraes não tinha razão. O certo é que a peste, tão contagiosa, ficou circunscrita a Belém, não havendo um caso a lamentar no Amazonas.

O ilustre cirurgião reenceta as suas atividades e entra na política. Pelo seu trabalho de consultório e de hospital, amealha recursos e constrói o palacete de sua residencia, a rua que, mais tarde, teve o seu nome, mas hoje é Ruy Barbosa.

Vaga um lugar de senador pelo estado, o Dr. Jorge de Moraes é eleito e toma posse. A sua vasta cultura e o seu talento oratório fizeram-no um grande parlamentar.

Quando George Clemenceau, presidente do Conselho de Ministros da França esteve em nosso país, em setembro de 1910. especialmente para trazer as saudações do seu governo, dirigindo-se ao senado brasileiro, foi o Senador Jorge de Moraes o incumbindo de proferir o agradecimento. E o fez com brilho e veemência, em sessão de 21 de setembro de 1910.

A título de prova e curiosidade, transcrevo, aqui somente o exordio da peça oratória, no próprio idioma usado:

Monsieur George Clemenceau: Lei Senat Bresilian ayant I’honneur de vous recevoir comme veritable gloire de la France Republicaine, a montré son armour pour les contrastes, puisqu’il a choise le plus obscur des ses membres pour saluer un geante de votre taile intellectuele et politique.

Malgre cela, l’éclat de votre nom, la lumiere geniele de votre esprit, la noble hardiesse de vos combats, m’ont seduit de telle maniere que me voice ému, surpris de tant de courage innattendu, insoupçonné (O Dr. Jorge de Moraes, Senador pelo Estado do Amazonas, em 1909-1910, pág. 7 – Paris.)

Ao representante do Amazonas no Senado, estava ainda reservada, sem que o tivesse percebido outra gloriosa tarefa: a de defender sua terra da prepotência do bombardeio de Manaus efetuado a 8 de outubro de 1910, pelas forças federais para esse fim acantonadas naquela cidade. (Sobre o fato, reservo-me para falar em outra ocasião).

Por força da reforma da constituição na época, vigente no Amazonas, que determinou a outorga da autonomia politica aos municípios, o Dr Jorge de Moraes, Senador da República vai ao Governador e manifesta-lhe o desejo de ser o primeiro Prefeito de Manaus, por sufrágio popular. A suprema autoridade pondera-lhe o fato de ser cargo de senador muito mais importante e, politicamente bem mais valioso, no que Jorge de Moraes retruca: “Insisto na minha pretensão”. – Então pode contar comigo, diz-lhe o Coronel Bittencourt.

O Dr. Jorge de Moraes foi, realmente, o primeiro prefeito constitucional do Amazonas que não conhecia esse processo de investidura na rede dos seus municípios.

O Governador não podia deixar de anuir ao amigo que tanto o tinha defendido no caso do bombardeio de Manaus.

Uma vez investido no cargo para o qual não fora convidado, mas se impusera, planejou alguns melhoramentos na cidade, para cuja realização não poderia contar somente com os recursos da arrecadação tributaria normal. Cogitou, então, de um empréstimo tomado no estrangeiro, que dependia da anuência do Governador, que ao saber do destino do empréstimo, dá a sua aprovação verbal.

Aconteceu, porém, que os banqueiros exigiram que só o dariam se fosse empregado na reconversão de certas dívidas do estado e da municipalidade. Eram cerca de 33.000 (trinta devendo aquela fabulosa quantia, sem ter realidade um só melhoramento.

A administração do Dr. Jorge de Moraes foi quase toda consumida em debater aquela operação de crédito, que era combatia por todos os lados.

O ex-senador apenas pode realizar pequenos empreendimentos, arrancados ao magro orçamento do município. Terminada sua gestão, o prefeito estava cansado e irritado, coisa costumeira na sua psicologia.

Ao entregar o mandato ao seu sucessor legal, fez distribuir aos circunstantes centenas de exemplares de um manifesto, de um só teor: uns com a epigrafe “Aos Meus Amigos”, nos outros exemplares: Aos Cães.

Quem quiser melhor conhecer as realizações municipais do triênio administrativo do Dr. Jorge de Moraes, procure excelente Anuário de Manaus para 1913-1914, organizado por Heitor de Figueiredo – 1943 – Lisboa.

Somente agora posso penetrar no íntimo, não singular, mas extraordinário do nosso emérito senador. A psicologia é uma ciência que nos fatos, gestos e pensamentos dá-nos o facies da alma.

Sempre formei o conceito, referente ao Dr. Jorge de Moraes de se tratar de um homem neurastênico, parecendo conter dentro de si uma fornalha extravasante. Por motivos ou sem eles, explodia de quando em quando. Que se recordem as enfermeiras do hospital da Sociedade Beneficente Portuguesa e de outros.

Acontece, porém, que estas linhas já ultrapassam os seus limites.

Ninguém pode negar o tamanho de um gigante.

O Dr. Jorge de Moraes foi um dos vultos mais insignes de nosso passado.

Há quem construa na trajetória da vida sua própria história, o médico e professor Eduardo Manarte Gonçalo pôde apresenta-se, já a partir de sua inserção no mundo do saber e ao futuro, tendo como referência a busca do conhecimento e o trabalho.

Dr. Eduardo Manarte Gonçalo. Médico – Atual diretor clínico. Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal

O diretor clínico do Hospital Português Eduardo Manarte Gonçalo tem outra identidade presente em sua vida é a afirmação de que a cada instante da vida ele se encontra com a dinâmica de fazer algo, algo inovador, diferente construtivo em benefício do Hospital Português e com tal magnitude que outras pessoas pudessem compartilhar essa grandeza. Ele afirma a sua convicção de que o homem é mestre de seu próprio destino, o grande homem olha o mundo e percebe que há nele a presença de algo que o desafia ao uma nova missão.

Tem sido brilhante a atuação do diretor clínico, médico e professor Eduardo Manarte Gonçalo, que nasceu em Manaus, no dia 20 de outubro de 1952. Filho de José dos Santos Gonçalo, natural de Moimenta da Beira-Portugal e, de Emiliana Manarte Gonçalo, natural de Manaus.

Recebeu os primeiros ensinamentos frequentando o Grupo Escolar Nilo Peçanha, no qual cursou o primário de 1960 à 1963. No Colégio Estadual do Amazonas cursou o Ginásio no período de 1964 à 1967, o colegial de 1968 à 1970. Estudou o curso de Medicina na Faculdade de Ciências e Saúde da Universidade do Amazonas de 1971 a 1977.

Após a conclusão do Curso de Medicina ingressou no Exército Brasileiro, a fim de cumprir serviço militar obrigatório, sendo destacado para trabalhar no 5° Batalhão de Engenharia de Construção, sediado em Porto Velho/RO, atuando com a patente de Tenente R-2, no período de 1978 a janeiro de 1979. Na ocasião, desempenhou sua profissão no Ambulatório Médico da própria Corporação e na Policlínica de Porto Velho.

Desejando desempenhar suas atividades profissionais na sua terra natal, voltou à Manaus em Janeiro de 1979. Aprovado em concurso público para docência na Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade do Amazonas em 1979, permanecendo na função até se aposentar.

Participou de Curso de Pós-Graduação (PICD) promovido pela Universidade do Amazonas em 1974. Foi responsável pela disciplina de Ginecologia, do Departamento de Materno-Infantil da FCS/UA, no ano 1991. Plantonista da Maternidade do Hospital Beneficente Portuguesa desde 1980.

O Luso-Brasileiro Médico e Professor Eduardo Manarte Gonçalo faz parte de plêiade de jovens médicos raro e fecundo, cuja, humildade o faz ser retraído, porém, no exercício da profissão faz transbordar inteligência e responsabilidade, podemos dizer que é um apóstolo da Medicina especialmente como professor.

O Doutor e Professor Eduardo Manarte Gonçalo é um vitorioso, pois sua vida é alicerçada na crença de que o maior patrimônio que os pais podem legar aos filhos é o conhecimento e, isso ele o fez, pois tem um filho advogado, uma filha dentista e uma filha médica.

Sobre o autor

Abrahim Baze é jornalista, graduado em História, especialista em ensino à distância pelo Centro Universitário UniSEB Interativo COC em Ribeirão Preto (SP). Cursou Atualização em Introdução à Museologia e Museugrafia pela Escola Brasileira de Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas e recebeu o título de Notório Saber em História, conferido pelo Centro Universitário de Ensino Superior do Amazonas (CIESA). É âncora dos programas Literatura em Foco e Documentos da Amazônia, no canal Amazon Sat, e colunista na CBN Amazônia. É membro da Academia Amazonense de Letras e do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA), com 40 livros publicados, sendo três na Europa.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

DNIT contesta 7ª Vara Federal e defende conclusão das obras da BR-319

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Foto: Reprodução/DNIT

Por Osíris M. Araújo da Silva – osirisasilva@gmail.com

Ao se opor clara e obstinadamente à conclusão das obras da BR 319, a ministra Marina da Silva, do Ministério do Meio Ambiente (MMA) omite uma verdade incontestável: a licença da obra foi concedida pelo próprio Ibama, órgão vinculado ao seu Ministério. Para ela, entretanto, a pavimentação da BR-319 “sem um estudo adequado pode ser prejudicial à região, podendo ‘agravar’ de maneira assustadora o problema da seca, da estiagem e, com certeza, aumentar inclusive esses incêndios que temos hoje”. Em sentido contrário, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) ingressou com Agravo de Instrumento contra a decisão proferida nos autos da Ação Civil Pública movida pelo Laboratório do Observatório do Clima, que suspendeu a eficácia da Licença Prévia emitida pelo IBAMA, em 2022, autorizando a pavimentação da rodovia.

O recurso apresentado pelo DNIT ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) propõe reverter a suspensão da LP 672/2022, emitida pelo IBAMA em 2022, contestando a decisão da 7ª Vara Federal Ambiental e Agrária do Amazonas, de julho passado, segundo a qual os estudos ambientais subjacentes à concessão da referida LP apresentavam lacunas e falhas que poderiam gerar impactos significativos ao meio ambiente. No recurso, o DNIT defende o prosseguimento das obras, essencialmente no trecho Trecho do Meio, entre o km 250,7 e o km 656,4 da BR-319”, justificando a área como “de extrema importância para a economia local por se constituir no único acesso terrestre entre Manaus e Porto Velho”.

O DNIT argumenta que “a BR-319 não só facilita o trânsito entre o Amazonas e Rondônia, como também conecta o estado vizinho de Roraima ao restante do Brasil. O órgão salienta que a falta dessa ligação rodoviária impacta diretamente o escoamento de produtos e serviços da região, além de prejudicar o deslocamento de pessoas”. Considera, ainda, que o transporte rodoviário representa uma solução viável e necessária, uma vez que o modal fluvial via Rio Madeira é limitado pela geografia e sujeito a estiagens que assolam os rios da região, e o transporte aéreo é caro e de baixa disponibilidade”.

Reforça, por outro lado, que “a obra é estruturante, com grande impacto social e econômico, e pode, inclusive, salvar vidas, ao facilitar o acesso a serviços de saúde e emergências”. Além de sujeitas a desastres técnicos, como em decorrência do desabamento de duas pontes em 2022 – uma sobre o rio Curuçá, em setembro de 2022, deixando quatro mortos, um desaparecido e 14 pessoas feridas; e a segunda, sobre o rio Autaz Mirim, que não deixou feridos. A despeito de todos os percalços com que se defronta, a rodovia é alvo de debates ambientais negativistas recrudescidos junto a setores do governo Federal face a compromissos internacionais assumidos com ONGs ambientalistas consubstanciados no “desmatamento zero na Amazônia”.

As posições contrárias da ministra Marina Silva não foram consideradas pelo governo Federal, que, em novembro de 2023, enviou ao Congresso Nacional o Projeto de Lei (PL) 5787-23, assinado pelo presidente em exercício, Geraldo Alckmin, instituindo o Plano Regional de Desenvolvimento da Amazônia (PRDA) – 2024/2027, na órbita da SUDAM. O PRDA considera que “muitas das estradas que existem na região são precárias e sem mínima observância de condições para o tráfego seguro de veículos, o que dificulta a circulação de pessoas e mercadorias”. Desta forma, “a região carece de novos meios para permitir transportes mais ágeis e eficientes”.

O principal objetivo do PL, segundo a exposição de motivos, “é tornar a Amazônia referência na valorização da sociobiodiversidade”. O Plano propõe o desenvolvimento de 11 programas, com uma série de ações estratégicas, dentre os quais a repavimentação da BR-319 e a construção de terminais hidroviários e de ferrovias visando maior eficiência do transporte regional”. Lamentavelmente, nenhuma dessas iniciativas saiu do papel até o momento. O PRDA continua adormecendo nos escaninhos da burocracia brasiliense. Longe do tabuleiro do poder à espera de decisões executivas do governo Federal para a posta em marcha dos investimentos e intervenções sociais e econômicas preconizadas no Plano. Definitivamente, Marina da Silva com apoio de suas ONGs internacionais têm mais força política do que o próprio presidente Lula da Silva.

Sobre o autor

Osíris M. Araújo da Silva é economista, escritor, membro do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA) e da Associação Comercial do Amazonas (ACA).

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

Acordo de Pesca Marumaruá-Atapi recebe 1ª autorização de manejo do pirarucu no Amazonas

Foto: Bernardo Oliveira

O grupo de manejo Marumaruá-Atapi, situado na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Amanã (RDSA), no Amazonas, conquistou a autorização para realizar a pesca sustentável do pirarucu. O mais novo grupo a obter a autorização sustentável de pesca é formado pelas comunidades São Raimundo, Santa Teresa e Sítio Inamuí.

Esse marco foi formalizado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), que concedeu uma cota de 120 pirarucus, o equivalente a 6.000 kg de pescado, para o ano de 2024.  As comunidades devem iniciar o manejo em meados de novembro. 

Essa conquista é o resultado de um longo processo comunitário iniciado em 2008, com a mobilização das comunidades do entorno dos lagos Marumaruá-Atapi, que buscam o ordenamento do uso dos recursos pesqueiros na região. A autorização representa um reconhecimento dos esforços dessas comunidades em conservar e fortalecer a gestão sustentável dos recursos naturais.

Leia também: Manejo sustentável de pirarucu implementado nos rios amazônicos salvou a espécie da extinção

Foto: Reprodução/Instituto Mamirauá

Com a assessoria técnica do Instituto Mamirauá, o grupo foi capacitado ao longo dos anos em técnicas de contagem, pesca sustentável e boas práticas de manipulação do pescado. Esse acompanhamento técnico foi decisivo para a implementação de um manejo eficaz e que agora alcança um novo patamar de formalização. O grupo também se prepara para promover a 20ª Feira de Pirarucu de Manejo Sustentável, que acontecerá em novembro na cidade de Tefé, Amazonas, com a comercialização dos peixes manejados.

O evento da feira será uma oportunidade para celebrar o primeiro manejo, as práticas de conservação e o fortalecimento das cadeias produtivas da Amazônia.

A autorização do manejo do pirarucu é fundamentada pela Instrução Normativa SEMA/AM nº 09 de 28 de agosto de 2017, que regulamenta o uso sustentável dos recursos pesqueiros na região. Essa normativa fortalece a sustentabilidade dos sistemas de lagos protegidos e reitera a importância da atuação comunitária na gestão dos recursos.

O Instituto Mamirauá, vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação,  passa a atuar em 13 acordos de pesca e celebra os 25 anos do manejo do pirarucu junto às comunidades parceiras. Desde o início do manejo, em 1999, o Instituto Mamirauá já formou mais de 1.000 multiplicadores da técnica, no Brasil e demais países amazônicos.

Localização

A mais nova área de manejo do pirarucu, regulamentada para a gestão sustentável dos recursos pesqueiros, está localizada na Amazônia Central, no estado do Amazonas, mais precisamente dentro da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Amanã (RDSA). Marumaruá-Atapi está situada à margem esquerda do paraná do Cubuá, um afluente do rio Solimões e abrange um complexo de 32 ambientes aquáticos e uma extensão de 238,32 km².

A área está localizada a 37,9 km da cidade de Tefé, município mais próximo e ponto de referência para os moradores das comunidades envolvidas. A capital Manaus está a 503,4 km de distância. Marumaruá-Atapi é cercado por outros importantes complexos pesqueiros, como Lauriana (a sudeste), Piranha (a nordeste), Capivara (a sudoeste), Janamã (ao sul) e Acará (ao norte), além dos paranás do Cubuá (oeste), Copeá (sul) e Castanha (noroeste).

Localizada inteiramente em uma região de floresta de várzea, a área é caracterizada por sua alta produtividade pesqueira, fundamental para a diversidade de espécies e a riqueza da biodiversidade aquática. A várzea, um ecossistema dinâmico, promove a abundância de espécies como o pirarucu e o tambaqui, que encontram nos lagos da região um habitat ideal para reprodução e alimentação.

Essa localização estratégica, cercada por outros grandes sistemas aquáticos, potencializa o sucesso do manejo sustentável, já que a conectividade entre os corpos d’água permite a renovação constante dos estoques pesqueiros quando manejados de forma sustentável e assegura a sobrevivência das comunidades que dependem desses recursos.

*O conteúdo foi originalmente publicado pelo Instituto Mamirauá

INPI reconhece Indicação Geográfica para o queijo de Autazes, no Amazonas

Foto: Reprodução/Agência Sebrae AM

O Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) publicou, na Revista da Propriedade Industrial (RPI) do dia 10 de setembro de 2024, o reconhecimento da Indicação Geográfica (IG), na espécie Indicação de Procedência (IP), para o município de Autazes, situado na Região Metropolitana de Manaus (AM), conhecido como produtor de queijo

Com esse registro, o Instituto chega a 129 IGs reconhecidas no Brasil, sendo 91 IPs (todas nacionais) e 38 DOs (28 nacionais e 10 estrangeiras).

Segundo a documentação apresentada ao INPI, o município ostenta o título de ‘Cidade do Leite e do Queijo’, devido à sua tradição na produção pecuária e de produtos lácteos.

Habitado desde o século XVIII pelo povo indígena Mura, o município de Autazes teve seu nome originado dos rios Autaz-Açú e Autaz-Mirim. A exploração da região teve início em 1637, através do Rio Madeira, por produtores de cacau e extratores de produtos naturais. A ocupação definitiva ocorreu por volta de 1860.

A partir daí, a atividade leiteira se tornou a principal da economia local, de forma que o município de Autazes possui um rebanho de mais de 70 mil cabeças de gado, manejado por cerca de 1.000 criadores, sendo muitos agricultores familiares.

Queijarias flutuantes

A produção se destaca pelo queijo coalho bovino, elaborado em queijarias flutuantes. Essa é uma adaptação necessária às variações do nível dos rios, que ao longo do ano alagam as planícies e mudam as rotas de transporte de mercadorias.

Atualmente, o município conta com seis fábricas de laticínios, seis queijarias flutuantes e nove queijarias com Serviço de Inspeção Estadual (SIE), com mais 14 em processo de obtenção do selo.

Comprovações

Diversos documentos relacionam o nome geográfico Autazes com a produção de queijos, confirmando que a localidade é conhecida por tal produção – requisito para obter a Indicação de Procedência (IP).

Além disso, no Caderno de Especificações Técnicas, consta que o produto da IP Autazes é o queijo coalho produzido a partir de leite bovino e bubalino, obtido da ordenha do gado criado no próprio município.

Confira a publicação na RPI completa AQUI.

*Com informações do INPI

BioDossel: projeto aponta importância das árvores na manutenção da fauna de insetos

Fotos: Larissa Queiroz/INCT BioDossel

O Projeto BioDossel, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), é o mais recente Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT), cujo foco é investigar a diversidade de insetos que habitam as copas das árvores. As pesquisas realizados pelo Projeto apontam para a importância das árvores na manutenção da fauna de insetos, a mais diversa no mundo, e também para a necessidade de se preservar a floresta, uma vez que explora a biodiversidade, ainda pouco conhecida, que habita nas copas das árvores.

Leia também: Biodiversidade de insetos nas copas das árvores na Amazônia surpreende pesquisadores

Conforme o pesquisador do Inpa e coordenador do BioDossel, José Albertino Rafael, o projeto busca responder a seguinte pergunta – quantas espécies de insetos existem em um ponto da floresta? – uma vez que não existe registro do número de espécies que habitam na copa das árvores. “O mais espetacular é a abundância e a riqueza de espécies que a gente está encontrando no dossel da floresta. Para alguns grupos, 60% do que se coleta no dossel não é encontrado no sub bosque”, comenta.

José Albertino aponta que muitos desses indivíduos são de espécies novas e isso representa um mundo desconhecido dessa fauna, algo que tem causado impacto na comunidade científica.

Armadilhas desenvolvidas pela equipe do Inpa

O diferencial do BioDossel é a nova abordagem de métodos de coleta eficientes e padronizados, a exemplo da estratificação vertical das armadilhas, desenvolvida pelo Inpa, que são armadilhas colocadas em diferentes alturas nas árvores utilizando árvores emergentes – aquelas que crescem acima do dossel florestal – Isso associado à nova metodologia do hotshot para extração de DNA desenvolvida pelo Museum für Naturkunde de Berlim, o Centro para a Descoberta Integrativa da Biodiversidade.

O hotshot e o uso do MinION (dispositivo portátil para sequenciamento de DNA) permite o sequenciamento em larga escala do fragmento de DNA barcode, uma sequência específica de DNA que ajuda na delimitação preliminar de espécies e identificações baseadas em dados moleculares. Essas abordagens buscam responder à pergunta central do projeto.

“O nosso grupo conta com cerca de 400 pesquisadores nacionais e estrangeiros envolvidos no projeto, todos vislumbrando a importância de desenvolvimento desse conhecimento para o mundo e para a comunidade de uma maneira geral”, pontua.

*Com informações do Inpa

Restauração biocultural ajuda a mitigar a degradação florestal na Amazônia

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Foto: Reprodução/Acervo do projeto

A Amazônia passa por um período crítico de aumento da degradação florestal. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), somente em agosto foram 38.266 focos de queimadas, cerca de 120% a mais do que no mesmo período do ano passado. O cenário é de avanço da devastação, porém a ciência aponta que há caminhos para promover a proteção e a restauração do bioma a partir do fortalecimento das comunidades e saberes locais.

Uma proposta da metodologia de restauração florestal biocultural foi elaborada e testada com sucesso em estudo desenvolvido pelo Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) e Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) em parceria com indígenas de quatro aldeias Tupinambá no oeste do Pará, na Reserva Extrativista (Resex) Tapajós-Arapiuns.

O projeto analisou o efeito de incêndios frequentes em florestas de terra firme e a percepção das comunidades indígenas sobre a degradação a fim de propor uma metodologia de restauração com articulação de conhecimentos científicos e tradicionais. Os resultados reforçam a compreensão dos efeitos em larga escala do fogo. Nas áreas estudadas, a biomassa acima do solo diminuiu 44% nas florestas queimadas uma vez e 71% nas afetadas duas vezes, com perdas de biodiversidade que variam de 37% a 51%.

“Florestas queimadas tornam-se mais vulneráveis a novos incêndios, criando uma espiral de degradação e vulnerabilidade social, com potenciais efeitos devastadores para territórios, comunidades e serviços ecossistêmicos oferecidos pela floresta”, explica Ima Célia Vieira, doutora em Ecologia e pesquisadora do Museu Goeldi, onde coordenou o projeto ‘Recuperação de áreas degradadas por incêndios florestais em comunidades/aldeias indígenas no oeste do Pará’. O resultado alcançado virou capítulo no e-book ‘Avanços no conhecimento sobre monitoramento, ecologia e manejo integrado do fogo – o legado da chamada CNPq-PREVFOGO-Ibama 33/2018’.

A atenção para os povos e comunidades tradicionais da Amazônia se justifica pela vulnerabilidade dessas populações aos impactos da degradação, assim como o protagonismo que elas têm mostrado na defesa dos territórios e da biodiversidade. Dados do MapBiomas revelam que, de 1985 a 2023, as Terras Indígenas (TIs) foram as áreas mais preservadas do Brasil, com perda de apenas 1% de sua vegetação nativa, enquanto nas áreas privadas a redução foi de 28%.

No contexto do projeto, os indígenas Tupinambá das aldeias Muratuba, Juarituba, Mirixituba e Jaca elaboraram um plano de restauração que busca transformar as áreas degradadas em florestas sociais. A abordagem é denominada biocultural, pois combina o manejo da regeneração natural com o enriquecimento da floresta com espécies úteis para as comunidades, fortalecendo a produção local e os múltiplos valores que a floresta oferece.

Alerta para a degradação

O estudo ‘Os motores e impactos da degradação da floresta amazônica’, publicado na revista Science, aponta que a degradação ameaça 38% das florestas remanescentes na Amazônia. É nessas florestas que a restauração biocultural pode ser adotada, sobretudo em territórios coletivos, como é o caso de Tis, territórios quilombolas e Resex.

O avanço do fogo aliado à exploração madeireira ilegal são os principais indicativos da tendência de aumento da degradação florestal, que é caracterizada pela perda de qualidade das florestas remanescentes onde há queda de serviços ecológicos, climáticos, econômicos e sociais.

Por exemplo, as áreas afetadas emitem mais CO2 por ano; liberam um terço a menos de água para a atmosfera, o que dificulta a formação de chuvas; e possuem as maiores perdas de biodiversidade, como demonstra os dados sistematizados neste policy brief produzido por especialistas de diversas instituições científicas, incluindo o Museu Goeldi.

O documento apresenta ainda recomendações para políticas públicas, como a necessidade de monitoramento e divulgação dos números relacionados à degradação, a criação de mecanismos de incentivo à qualidade das florestas em reservas legais, a criação de fundo emergencial para prevenção e combate ao fogo em anos de secas extremas e a incorporação dessa agenda no Plano de Prevenção e Combate ao Desmatamento na Amazônia (PPCDAm).

Um dos objetivos dessas propostas é direcionar esforços para os territórios onde a degradação está mais concentrada. Segundo os estudos, de 2018 a 2022, mais da metade da degradação florestal na região ocorreu em apenas 25 municípios, entre eles: São Félix do Xingu, Altamira, Paragominas, Novo Progresso, Santarém e Santana do Araguaia, no Pará. Além disso, essa atenção às localidades pode ajudar na construção de respostas que levem em conta os impactos em aspectos ambientais e socioeconômicos do problema, como avalia Ima Vieira.

“Os incêndios florestais são prejudiciais aos ecossistemas florestais e às comunidades locais. A passagem do fogo reduz temporariamente a quantidade de biomassa, afeta a composição das espécies e ameaça os meios de subsistência locais, uma vez que queima as áreas de extrativismo”, analisa Ima Vieira, que também assessora a FINEP em temas relacionados à Amazônia.

*Com informações do Museu Goeldi

Artigo apresenta primeira equação para estimar biomassa de florestas no Acre

Foto: Reprodução

O professor Willian Flores, do campus Floresta da Universidade Federal do Acre (Ufac), publicou, em coautoria e em inglês, artigo segundo o qual para melhorar as estimativas dos estoques de carbono nas florestas neotropicais são necessárias medições mais diretas, tomando como exemplo o sudoeste da Amazônia. O estudo está na revista “Forest Ecology and Management” (vol. 570, fator de impacto 3,7).

Flores liderou a pesquisa, que também conta com a participação de Foster Brown, Sonaira Souza da Silva e Igor Oliveira; além da parceria com o Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa), Embrapa-AC, Woodwell Climate Research e Centro de Energia Nuclear na Agricultura.

O artigo traz contribuições inéditas sobre a importância de equações alométricas locais para estimativas de biomassa da floresta mais precisas. Foi utilizado o método destrutivo, pesando (literalmente) 190 árvores com diâmetro a altura do peito entre 5 centímetros e 90 centímetros.

“As equações existentes na Amazônia são centralizadas na Amazônia Central, que podem superestimar a biomassa florestal em até 46%”, explicou Flores.

“Nosso estudo preenche uma lacuna importante na ciência para as florestas do Acre, tendo implicações para políticas públicas e privadas que envolvem carbono florestal.”

Estudante paraense busca melhoramento genético do cupuaçu cultivado na Colômbia

Foto: Maria Isabel Castro/Acervo pessoal

Com o objetivo de adquirir novos conhecimentos sobre o melhoramento genético e o manejo do cupuaçu (Theobroma grandiflorum), a estudante Maria Isabel Castro está desenvolvendo uma pesquisa baseada no fruto da região amazônica brasileira. Ela é intercambista da Universidade de Nariño, da Colômbia, e está no décimo semestre do curso de Agronomia na Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra).

A estudante está analisando várias características dos cupuaçuzeiros, incluindo a quantidade de frutos por árvore, o tamanho dos frutos, as sementes e características morfológicas e químicas.

“Estamos comparando o que já foi feito no Brasil e os cupuaçuzeiros da Colômbia, para saber se eles possuem as mesmas características ou se há diferenças que podem ser exploradas para melhorar a produção por lá”, conta Maria Isabel.

Leia também: Estudo realizado por pesquisadores do Pará e São Paulo sequencia primeiro genoma do cupuaçu

Segundo Maria Isabel, a maior diferença entre o cupuaçu cultivado na Colômbia para o fruto produzido na região norte brasileira está nos processos de melhoramento que já foram desenvolvidos no Brasil. 

“Estou fazendo uma caracterização morfológica para depois encontrar materiais vegetais de lá que possam ser mais resistentes a doenças. Por exemplo, aqui não se tem a doença popularmente chamada de monilíase, que é muito devastadora e acaba com cultivos inteiros porque afeta diretamente o fruto”, explicou.

A Monilíase é uma doença, causada pelo fungo Moniliophthora roreri, que ataca diretamente o fruto do cacaueiro e do cupuaçuzeiro em qualquer fase do seu desenvolvimento e pode comprometer até 100% de uma produção.

Maria Isabel conta que a intenção de vir à Ufra para desenvolver o trabalho começou a partir de um projeto de pesquisa, de caracterização genética do cupuaçu, que ela já participava na Universidade de Narinõ. “Nós pesquisamos o lugar onde o cupuaçu se originou e descobrimos que foi aqui, na região amazônica brasileira”, disse. 

A partir desse momento, o orientador da estudante na Colômbia encontrou pelas redes sociais o Grupo de Pesquisa e Extensão em Manejo e Fertilidade do Solo Da Ufra (GPEMFS), que já realizava pesquisas com a cultura do cupuaçu, e entrou em contato com o engenheiro agrônomo, Doutor Jessivaldo Galvão, coordenador do grupo e especialista em cultura do cupuaçu.

Juntamente com o pesquisador e engenheiro agrônomo Rafael Moisés Alves, também especialista em cultura do cupuaçu, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), eles puderam viabilizar o intercâmbio da estudante para desenvolver o trabalho na região norte brasileira.

Foto: Maria Isabel Castro/Acervo pessoal

Na Ufra, Maria Isabel está sob orientação do engenheiro agrônomo, Jessivaldo Galvão. Segundo ele, embora o cupuaçu cultivado na Colômbia pertença ao mesmo gênero que o brasileiro, há diferenças significativas entre eles. “Esses frutos apresentam variações quanto ao sabor, produtividade, espessura da casca e composição da polpa. Aqui na Amazônia, já acumulamos muito conhecimento que pode auxiliar no melhoramento do cupuaçu colombiano, especialmente no aumento da resistência a doenças, o que pode beneficiar a produtividade e a qualidade do fruto”, disse.

Ele também destacou que o cupuaçu da Amazônia brasileira, reconhecido por sua qualidade, é resultado de anos de pesquisas sobre melhoramento genético. A estudante também desenvolve a pesquisa na EMBRAPA e é orientada pelo pesquisador Rafael Alves.

A previsão é para que a pesquisa seja finalizada no primeiro semestre de 2025, com o intuito de fornecer informações que ajudem os produtores colombianos a melhorar a qualidade e a produtividade do cupuaçu. Além disso, a estudante também está escrevendo um livro sobre a cultura do cupuaçu, que será publicado no mesmo ano e servirá como base para a aplicação dos resultados.

*Com informações da UFRA

Lixo doméstico ainda é principal criadouro do mosquito transmissor da dengue em Porto Velho

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Foto: Wesley Pontes/SMC PVH

A Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) de Porto Velho (RO) concluiu mais um Levantamento de Índice Rápido do Aedes aegypti (LIRAa). Este é o terceiro estudo realizado este ano para avaliar o risco de proliferação do mosquito na capital. O resultado apontou um Índice de Infestação Predial (IIP) de 0,4, ou seja, baixo risco de surto das doenças transmitidas pelo mosquito como dengue, zika e chikungunya.

O LIRAa é executado pelo Departamento de Vigilância em Saúde (DVS) da Semusa, através da Divisão de Pesquisa e Diagnósticos de Zoonoses e Entomológica (DPDZE).

O levantamento, realizado entre 5 de agosto e 3 de setembro de 2024, também apontou que os principais criadouros do mosquito foram depósitos de água de armazenamento baixo (37,5%) e lixo doméstico, incluindo recipientes plásticos (31,3%).

A diretora do DVS, Geisa Brasil, explica que “em comparação com os dois primeiros levantamentos, é perceptível a redução do índice de infestação predial. Essa diminuição está vinculada às atividades educativas sobre prevenção ao mosquito transmissor da dengue, realizadas nos bairros mais endêmicos e também em escolas da capital”, aponta a diretora.

Ela ainda observa que o período de estiagem severa em Porto Velho é outro importante fator que contribuiu para a redução do índice de infestação do Aedes aegypti.

Atenção

Apesar do baixo risco para infestação do mosquito Aedes aegypti, Geisa Brasil reforça a necessidade da população manter a limpeza recorrente dos quintais, recolhendo entulhos e outros objetos que podem acumular água.

Confira os resultados dos LIRAas de 2024:

  • 1º LIRAa (março) = 3,3% IIP – Alerta
  • 2° LIRAa (junho) = 2,4% IIP – Alerta
  • 3º LIRAa (setembro) = 0,4% IIP – Baixo Risco

Casos de Dengue em Porto Velho

Os casos de dengue em Porto Velho vem diminuindo gradativamente ao longo dos anos, fruto de uma trabalho de educação em saúde, conscientização da população e limpeza urbana realizada pela Prefeitura. Em 2022, o município confirmou 1.963 casos de dengue contra 1.093 em 2022. Esse ano, de janeiro a agosto, são 540 registros da doença.

Cuidados coletivos

Mas além dos trabalhos realizados pela Prefeitura no combate à dengue, a contribuição coletiva também é importante para diminuir o número de casos da doença na capital. Confira algumas medidas para evitar a proliferação do mosquito:

1 – Mantenha bem tampados: caixas e barris de água;
2 – Coloque o lixo em sacos plásticos e mantenha a lixeira sempre bem fechada;
3 – Não jogue lixo em terrenos baldios;
4 – Se for guardar garrafas de vidro ou plástico, mantenha-as sempre com a boca para baixo;
5 – Não deixe a água da chuva acumular sobre a laje e calhas entupidas;
6 – Encha os pratinhos ou vasos de planta com areia até a borda;
7 – Se for guardar pneus velhos em casa ou borracharias, retire toda a água e mantenha-os em locais cobertos, protegidos da chuva;
8 – Limpe as calhas com frequência, evitando que galhos e folhas possam impedir a passagem da água;
9 – Lave constantemente, com água e sabão, os recipientes utilizados para guardar água, pelo menos uma vez por semana;
10 – Os vasos de plantas aquáticas devem ser lavados com água e sabão, toda semana. É importante trocar a água desses vasos com frequência;
11- Piscinas e fontes decorativas devem ser sempre limpas e cloradas.

*Com informações da Prefeitura de Porto Velho