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Projeto paraense desenvolve pesquisas relacionadas à biodiversidade da Amazônia Oriental

O Projeto ‘Programa de Pesquisa em Biodiversidade da Amazônia Oriental‘ (PPBio-AmOr) foi criado com o propósito de ampliar e fortalecer uma rede de colaboração focada em estudos sobre a biodiversidade da Amazônia Oriental. A iniciativa busca preencher lacunas sobre o conhecimento ecológico de ecossistemas aquáticos e terrestres, informar práticas e políticas públicas voltadas à educação, à conservação e ao manejo sustentável e contribuir para a formação das futuras gerações de tomadores de decisão que atuam na região.

O PPBio-AmOr reúne cientistas de diversas áreas do conhecimento da UFPA e de outras instituições em uma investigação que aborda questões socioambientais voltadas à promoção de um impacto real na conservação do meio ambiente. O projeto também agrega cientistas em diferentes estágios da carreira e proporciona oportunidades de formação e consolidação na realização de estudos sobre a diversidade biológica na região amazônica.

Para o desenvolvimento dos estudos, os pesquisadores contam, ainda, com a parceria dos próprios moradores locais, que compartilham suas perspectivas e enriquecem o projeto com sugestões para a pesquisa.

“Esta colaboração permite que as soluções sejam mais eficazes e voltadas, de fato, para a realidade local. Além disso, fortalece o sentimento de pertencimento e responsabilidade das comunidades, dos pesquisadores, das pesquisadoras e das instituições, que se tornam parte ativa na conservação e gestão sustentável da Amazônia. Quando os amazônidas discutem sobre a Amazônia, estamos construindo soluções que respeitam e refletem a diversidade e a riqueza da região”, explica Juen.

Foto: Divulgação/UFPA

Projeto PPBio-AmOr

Com sede no Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Pará , o Projeto PPBio-AmOr é coordenado pelos pesquisadores Leandro Juen, Filipe França e Grazielle Sales. Além deles, a rede de pesquisa já conta com aproximadamente 80 pesquisadores, colaboradores de 43 instituições, sendo cinco internacionais e 39 brasileiros, a maioria da região amazônica.

A iniciativa conta com o apoio de centros de ensino, agências ambientais, como o Instituto Chico Mendes da Biodiversidade (ICMBio), Secretarias Estaduais de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), ONGs, como a Conservação Internacional (CI), e empresas privadas, como a Agropalma.

Atualmente, três projetos associados estruturam a Rede PPBio-AmOr:

  • O Síntese, coordenado pelos professores Leandro Juen (UFPA-Belém), Filipe França (UFPA/Bristol) e Fernando Geraldo de Carvalho (ITV), que tem como objetivo organizar as informações de biodiversidade já existentes em artigos, bancos de dados e repositórios on-line, além de realizar modelagens e sínteses de dados para informar a tomada de decisões;
  • o Lacunas, coordenado por Karina Dias da Silva (UFPA-Altamira), Rodrigo Fadini (Ufopa) e Luciano Fogaça de Assis Montag (UFPA-Belém), que está monitorando a fauna e a flora em três regiões, municípios de Altamira, Santarém e Tailândia, no estado do Pará, além de realizar expedições científicas em regiões de difícil acesso e/ou com carência de conhecimento sobre a biodiversidade;
  • e o Trocas, que busca o trabalho participativo com gestores, tomadores de decisões, formuladores de políticas públicas e comunidades tradicionais – incluindo povos originários e quilombolas – para promover a interculturalização do conhecimento da biodiversidade e co-produzir evidências científicas para fomentar políticas e práticas ambientais, sob a coordenação de Raimunda Pinheiro (Ufopa), James Ferreira Moura Júnior (Unilab) e Thaísa Michelan (UFPA-Belém).
Foto: Divulgação/UFPA

Resultados

Entre os resultados já alcançados para o desenvolvimento do projeto, estão: início do trabalho de reconhecimento e seleção das áreas para a instalação das parcelas permanentes com a metodologia PPBio-AmOr; visitas de campo nos sítios de Tailândia (área da Agropalma) e Santarém; identificação e catalogação das árvores, publicações científicas em revistas de alto impacto e realização da oficina sobre a integração de perspectivas acerca da sociobiodiversidade e das mudanças climáticas na Amazônia, em julho de 2024.

“Os próximos passos incluem a finalização da implementação das parcelas permanentes, a continuidade dos inventários de fauna e flora, o monitoramento ambiental detalhado, a análise integrada dos dados e o início das ações participativas e de pesquisa para troca de conhecimentos com as comunidades locais”, destaca Juen.

“Isso permitirá que avancemos na compreensão dos impactos ambientais e, simultaneamente, na formação de novas gerações de cientistas e tomadores de decisão na Amazônia Oriental”, justifica o pesquisador. Para obter mais informações sobre o PPBioAmOr, acompanhe as atividades que estão sendo desenvolvidas por meio da página @ppbio.amor ou entre em contato por meio do e-mail: ppbioamor@ufpa.br.

*Com informações da UFPA

Suspeita de vazamento de radiação: sindicato pede que Comissão Nacional fiscalize hospitais no Acre

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Hospital Geral de Feijó tem aparelho de raio-X apontado para a frente provisória da unidade, que está em reforma. Foto: Diego Gurgel/Secom AC

Após detectar suspeitas de vazamento de radiação por aparelhos de raio-X, o Sindicato dos Médicos do Acre (Sindmed-AC) vai pedir que a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) fiscalize as unidades estaduais Hospital Geral de Feijó e o Hospital João Câncio Fernandes, em Sena Madureira. A CNEN é a autarquia federal responsável por regular, licenciar e fiscalizar a produção e a utilização da energia nuclear no país.

Conforme divulgado pelo órgão no dia 27 de setembro, as suspeitas chegaram ao sindicato por meio de denúncias de servidores e foram constatadas por visitas técnicas às unidades. Foi constatado pelos profissionais que há falta de barita, um mineral utilizado nas paredes para proteção radiológica e a ausência de portas adequadas, o que leva ao risco de “contaminação silenciosa”.

Em Feijó, segundo o sindicato, o aparelho de Raio-X está no almoxarifado, apontado para a frente provisória do hospital, e deixa pacientes, acompanhantes e servidores vulneráveis à radiação primária, além do acúmulo de radiação secundária no interior da sala.

Já em Sena Madureira, o equipamento está voltado a uma parede que dá para o lado da rua, o que pode expor o público desta região à radiação primária, além da disseminação de radiação secundária que, apesar de ser menos intensa, pode ser prejudicial à saúde se for frequente.

Com isso, a instituição encaminhou a denúncias ao Ministério Público do Acre (MP-AC), Conselho Regional de Medicina do Acre (CRM-AC), Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre) e também à CNEN.

Ainda segundo o sindicato, a contaminação pode afetar até mesmo a unidade do MP-AC em Sena Madureira, por ser localizada próxima ao hospital. De acordo com a instituição existem suspeitas semelhantes em outros municípios, como Manoel Urbano, e por isso o caso é considerado grave.

“O objetivo da denúncia é evitar algo semelhante à catástrofe ocorrida em 1987, em Goiânia, quando a exposição ao Césio-137 (137Cs) resultou na morte de pessoas. Na época, indivíduos acabaram violando uma máquina abandonada em uma unidade de saúde, levando o material radiológico para casa por acreditar que era um objeto de valor”, ressaltou o Sindmed.

Por meio de nota, a Sesacre afirmou que uma análise técnica demonstrou que não há indícios de risco à saúde pública nos municípios citados pelo Sindmed. Segundo a pasta, as unidades utilizam aparelhos portáteis, que não precisam de paredes baritadas para operar, e que estão em conformidade com os padrões de segurança radiológica.

“Informamos ainda que as unidades de Feijó e Sena Madureira estão passando por reformas, com a unidade de Manoel Urbano prestes a iniciar a manutenção para a instalação de um raio-X fixo, o que proporcionará ainda mais segurança e qualidade nos exames. As unidades de saúde estão sendo monitoradas por equipes técnicas especializadas, que seguem todas as normas e protocolos de segurança para garantir a integridade de pacientes e profissionais”, afirma o texto.

*Com informações da Rede Amazônica AC

Confira dicas de especialista para começar no mundo da sétima arte

As oficinas do Pipoca em Cena são projetadas para serem acessíveis a todos, desde iniciantes até aqueles que já possuem alguma experiência na área. Por meio de videoaulas com exercícios práticos e materiais de apoio, um dos especialistas do audiovisual na Amazônia, Anderson Mendes, ensina o básico das produções. Com apoio de outros especialistas, reunimos dicas para quem quer começar a se aventurar no mundo da sétima arte:

Sobre o Pipoca em Cena

A décima edição do Projeto Pipoca em Cena, da Fundação Rede Amazônica (FRAM), tem o apoio institucional da Globo Filmes; Policia Militar do Amazonas; Secretaria de Estado de Educação e Deporto Escolar (SEDUC); e o apoio da Agência Amazonense de Desenvolvimento Cultural (AADC); Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa (SEC) e Governo do Amazonas.

Registro de queimadas em setembro é 30% maior que a média do mês, informa Inpe

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Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Dados do Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), já colocam 2024 como um dos anos com maior quantidade de focos de queimada na última década. Setembro já contabilizou mais de 80 mil focos, cerca de 30% acima da média histórica, registrada desde 1998 pelo Inpe. Mesmo que a quantidade de focos não extrapole as médias históricas nos últimos três meses do ano, 2024 terá o maior número de focos desde 2010, quando o Brasil teve 319.383 registros.

Os dados indicam que essa média pode ser superada, pois o mês de setembro teve aumento de 311%, passando de 18 mil focos em 2023 para 75 mil em 2024.

Centro-Oeste puxa altas

O levantamento do Inpe indica aumento consistente nos focos em todas as regiões do país, em relação a 2023, com destaque para o Centro-Oeste, que teve três unidades com mais aumentos neste ano: Mato Grosso do Sul, com 601% e 11.990 focos em 2024; o Distrito Federal, com 269%, ainda que com apenas 318 focos; e Mato Grosso, 217%, com 45 mil focos, tornando-se o estado com o maior número no país neste ano, ultrapassando o Pará.

Os números em Mato Grosso são mais fortes em setembro, quando foi responsável até agora por 23,8% dos focos do país ou 19.439 registros. O Pará também teve grande quantidade de queimadas no mês: 17.297 focos, ou 21,2% de todos os registros.

Completam o ranking dos maiores aumentos dois estados do Sudeste, com números totais de queimadas menos representativos, porém com grande aumento: São Paulo e o Rio de Janeiro. O aumento para os paulistas foi de 428% em setembro, com 7855 focos ativos. No Rio, foi de 184%, ou 1074 focos.

Em São Paulo, grande parte dos focos esteve concentrada em setembro, quando o estado registrou 2.445 focos ativos, 3% das ocorrências em todo o território nacional. Nas últimas 48 horas, o estado registrou 65 focos ativos, de acordo com o Inpe. A Defesa Civil estadual informou que quatro municípios registraram focos nesse domingo (29), entre eles Luiz Antônio, na região de Ribeirão Preto, onde o combate se concentra na Estação Ecológica do Jataí.

Somente lá atuam 133 agentes, entre defesa civil, bombeiros, brigadistas e voluntários. São 42 veículos, entre caminhões pipa, tratores e camionetes 4×4. Usinas da região uniram-se à força-tarefa enviando brigadistas e veículos de apoio. Seis aeronaves, sendo quatro aviões e dois helicópteros, também foram mobilizados nessa frente.

Desde o começo das medições, o país teve mais de 300 mil focos apenas em seis anos: 2002, 2003, 2004, 2005, 2007 e 2010. Neste ano de 2024 caminha para a volta dessa marca. Com seus 208 mil focos registrados, está atrás somente dos totais de 2020, com 222.797 focos, e 2015, com 216.778, considerando apenas os últimos dez anos.

*Com informações da Agência Brasil

Clássicos do cinema de curtas filmados na Amazônia

Os curtas-metragens produzidos na região amazônica, por cineastas locais, capturam a riqueza das tradições, desafios socioambientais, belezas naturais e a vasta criatividade de quem vive na Amazônia. Além de serem uma forma de resistência, promovendo conscientização sobre a importância de preservar a Amazônia e seus povos, fomentando sua cultura. Confira alguns filmes que já se tornaram clássicos:

Assista os curtas:

Pistolino, o mala. De Jair Rangel

O Forasteiro Katiuscia de Sá

Açaí, de André Cantuária

Palasito, de Alex pizano

Sobre o Pipoca em Cena

A décima edição do Projeto Pipoca em Cena, da Fundação Rede Amazônica (FRAM), tem o apoio institucional da Globo Filmes; Policia Militar do Amazonas; Secretaria de Estado de Educação e Deporto Escolar (SEDUC); e o apoio da Agência Amazonense de Desenvolvimento Cultural (AADC); Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa (SEC) e Governo do Amazonas.

Você sabia que o Pipoca em Cena já produziu mais de 50 curtas?

Há quase 10 anos, o projeto ‘Pipoca em Cena’ tem a missão de difundir a sétima arte para o Amazonas. O projeto, que nasceu em 2015, já levou programação de qualidade para diversas comunidades do Estado, sempre pensando em como o audiovisual pode ajudar na educação e estimular os jovens. Conheça algumas curiosidades sobre o projeto:

Sobre o Pipoca em Cena

A décima edição do Projeto Pipoca em Cena, da Fundação Rede Amazônica (FRAM), tem o apoio institucional da Globo Filmes; Policia Militar do Amazonas; Secretaria de Estado de Educação e Deporto Escolar (SEDUC); e o apoio da Agência Amazonense de Desenvolvimento Cultural (AADC); Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa (SEC) e Governo do Amazonas.

Professores participam de formação sobre ensinos e saberes das linguagens amazônicas no Pará

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Um total de 400 professores de Língua Portuguesa, Literatura e anos iniciais do ensino básico da rede municipal de Educação participaram do 1º Congresso Panamazônico dos Professores de Língua, Linguagem e Literatura da Educação Básica (1º Cllimaz) e do 2º Encontro dos Egressos do ProfLetras da Universidade Federal do Pará (2º Letrasvivaz), no Centro de Convenções Benedito Nunes, na UFPA.

Durante os quatro dias, os professores participaram de videoconferência, palestras e de grupos temáticos relacionando a importância do ensino com a escrita, língua, discurso, literatura, linguagem, gêneros literários, gramática, línguas de sinais, tradução, interpretação de línguas, decolonialidade, produção cultural, oralidade, gêneros, texto e a variação linguística, entre outros.

Professora de Língua Portuguesa da Escola Municipal Vanda Célia, Gláucia Antunes, participou do encontro e afirmou que toda experiência adquirida vai ajudar na sala de aula com os estudantes. 

Foto: Divulgação/Agência Belém

Formação continuada na Amazônia

Com o tema ‘Ensinos e Saberes das Linguagens na Amazônia: entre vozes que gritam e a floresta que se levanta’, o encontro reuniu mais de 1.100 professores da educação básica e superior da região panamazônica no período de 24 a 27 de setembro.

Ele ressaltou, que o 2º Letrasvivaz viabiliza a formação continuada dos docentes da rede pública fundamental e básica a que se propõe o Programa de Mestrado Nacional.

O secretário municipal de Educação em exercício, Diogo Souza, participou da abertura do evento, que é coordenado pelo programa de Mestrado Profissional em Letras em Rede Nacional (ProfLetras). “Esse evento enriquece os nossos professores de conhecimento e contribui na construção de um ensino de qualidade na rede municipal. Dessa maneira, a Semec apoia a participação deles hoje e nos próximos que virão”, disse.

Durante a programação, 20 livros sobre literatura e linguagens de vários autores brasileiros foram lançados.

*Com informações de Agência Belém

Primeiro catamarã movido a energia solar da Amazônia é lançado no Pará

Em alusão ao peixe que possui cargas elétricas e que vive nas águas doces da região amazônica, o catamarã “Poraquê” foi lançado na orla do Campus Belém da Universidade Federal do Pará (UFPA). A embarcação elétrica é uma tentativa de reduzir a quantidade de gás carbônico (CO2) lançado na atmosfera em decorrência da queima de combustíveis fósseis, dado que sua fonte de energia provém de placas fotovoltaicas.

A iniciativa resulta da parceria entre a UFPA e a Norte Energia, por meio do Projeto de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação, regulado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

O vice-reitor Gilmar Pereira, que prestigiou o evento, espera que o projeto estimule o desenvolvimento de novos veículos.

O “Poraquê” utiliza dois motores elétricos de 12 kW cada um, três conjuntos de baterias, com capacidade para armazenar 47 kW, e 22 placas solares instaladas na parte superior do barco.

Existem duas formas de carregamento do catamarã: por meio da energia solar, que garante à embarcação uma autonomia de 8 horas; e por meio das estações de recarga de veículos elétricos, os eletropostos. O barco tem capacidade para transportar 23 passageiras(os) e duas(dois) tripulantes, além de possuir espaço para cadeirantes. As plataformas de acesso distribuem-se em três pontos de embarque e desembarque.

O professor Emannuel Loureiro, diretor da Faculdade de Engenharia Naval da UFPA, comenta que a inauguração do “Poraquê” representa um avanço para a mobilidade fluvial não somente da Universidade, mas também para a Amazônia. “Belém do Pará está na vitrine da questão da sustentabilidade e das alterações climáticas. Quando se apresentam soluções que se alinham às políticas nacionais e internacionais, espera-se atrair novos investimentos e desenvolver novas pesquisas que possam ser replicadas em outras atividades”, comenta Loureiro.

A expectativa é que o “Poraquê” navegue pela orla da UFPA, atendendo mil passageiros por dia, entre estudantes, servidoras(es) e pessoas que utilizam os serviços da Instituição. O catamarã será caracterizado como o novo circular fluvial da Universidade, porque integra o Sistema Inteligente Multimodal da Amazônia (Sima), que já possui dois ônibus elétricos que funcionam diariamente, de forma gratuita, para atender às necessidades de locomoção das(os) estudantes pelo Campus Belém e para realizar o transporte de alunas(os) e professoras(es) ao Campus Castanhal da UFPA.

Foto: Divulgação/UFPA

*Com informações da UFPA

Plataforma digital disponibiliza materiais didáticos sobre projeto Atto para escolas

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A equipe realizou treinamentos com professores de escolas públicas das comunidades próximas ao sítio de pesquisa. Foto: Cybelli Barbosa/Projeto Atto

Uma equipe de cientistas do Observatório de Torre Alta da Amazônia – Atto (Amazon Tall Tower Observatory, na sigla em inglês) desenvolveu uma plataforma digital, denominada Atto Escola, com diversos materiais didáticos para apoiar o aprendizado sobre temas como ar, nuvens, partículas e gases atmosféricos, ciclo da água e carbono, e outras áreas pesquisadas pelo projeto. O Atto é um projeto bilateral entre o Brasil, representado pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), e a Alemanha, através do Instituto Max Planck de Biogeoquímica.

Leia também: ATTO: com 325 metros, torre de observação na Amazônia ultrapassa a Torre Eiffel

O projeto investiga a interação da floresta amazônica com os ciclos da água, de gases de efeito estufa, nutrientes, comportamento da floresta em respostas à mudança do clima, além da formação de partículas atmosféricas e de nuvens. Com uma torre de 325 metros de altura, o Atto dispõe da maior torre de observação científica das américas, e mais duas torres auxiliares de 80 metros instaladas na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Uatumã, a 150 quilômetros de Manaus, no município de São Sebastião do Uatumã, no Amazonas. 

Lançado em agosto no Auditório Dr. Flávio Jesus Luizão, do Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera da Amazônia (LBA/Inpa-MCTI), o Atto Escola foi idealizado para atender uma demanda da sociedade local. No mesmo mês de lançamento, a equipe realizou treinamentos com professores de escolas públicas das comunidades próximas ao sítio de pesquisa. O Atto é um projeto parceiro do Programa LBA. 

Cybelli destaca a importância do treinamento sobre o uso dos materiais, permitindo que os professores se apropriem e alcancem outras pessoas. 

Diálogos

Segundo Cybelli, o primeiro contato com a comunidade foi feito pelos técnicos de campo do Atto, que são os profissionais com presença mais frequente na região. A partir desse contato, os cientistas do projeto começaram a se aproximar das comunidades para esclarecer dúvidas sobre as atividades de pesquisa desenvolvidas no projeto.

“As primeiras aproximações entre os cientistas e as comunidades foram para tirar dúvidas sobre as atividades/pesquisas que se desenvolvem no Atto”, explica. Há diversas comunidades ao longo da RDS-Uatumã, mas as mais próximas do sítio de pesquisa são: Bela Vista, Maracarana e Macacaboia.

Em 2018, com a primeira interação oficial de cientistas com as escolas locais, professores e líderes comunitários das comunidades mais próximas visitaram as instalações do projeto e conheceram suas estruturas. Esse contato gerou demandas que foram atendidas pelos cientistas do Atto e fomentaram o desenvolvimento do projeto Atto Escola.

Um exemplo de atividade iniciada com a parceria é a coleta de pilhas e baterias, a partir da necessidade de descarte adequado desses materiais. A primeira atividade de coleta, em 2019, recolheu quase uma tonelada desses materiais e a atividade desde então faz parte do calendário anual das escolas. “Isso é importante porque evita que o resíduo das pilhas polua os rios e contamine as águas que as pessoas consomem e utilizam para banho”, ressalta Cybelli.

Interação Amazônia, ciência e comunidade

O Atto Escola é uma plataforma digital interativa com diversos conteúdos, como cartilha, jogos, tutoriais, animações, vídeos (narrados e legendados), Guia Prático Atto e materiais para professores. O Guia Prático Atto é composto por cinco módulos interativos com vídeos e todo o conteúdo está relacionado com as pesquisas científicas desenvolvidas no Atto, alinhando aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Organização das Nações Unidas (ONU). Todos os materiais também estão disponíveis para acesso offline e download em formato PDF.

O módulo introdutório aborda os ODS e sua importância. O módulo, “Entendendo o clima da Amazônia” aborda os conceitos como tempo, clima, pressão atmosférica, ventos, chuvas e micrometeorologia. No módulo de partículas e nuvens na Amazônia, é possível aprender sobre aerossóis, fontes e processo atmosférico, e a formação das nuvens. Outro módulo aborda os gases de efeito estufa e gases reativos, além de suas propriedades. E há também um módulo sobre ciclo da água e do carbono na Amazônia.

Cada módulo tem oito etapas sequenciais  com “Ação e Reação” ao final de cada etapa para estimular o aprendizado. Além disso, cada módulo inclui o “Atto em Ação”, um espaço que apresenta as atividades científicas do projeto e depoimentos de cientistas envolvidos em cada área.

Outros materiais disponíveis para download incluem panfletos explicativos sobre o projeto Atto, além de uma cartilha intitulada Aventura na Amazônia – A floresta e as mudanças climáticas. “Todo material está disponível no site para que as escolas utilizem as informações da maneira que desejarem”, destaca a pesquisadora.

O Atto Escola também contou com a parceria do Árvore-Água, um perfil nas redes sociais que produz ilustrações que explicam de forma didática temas relacionados ao meio ambiente.

As atividades de educação ambiental nas comunidades também contaram com a colaboração da Associação Amigos do Peixe-Boi (Ampa) e do Grupo de Pesquisa em Ecologia, Monitoramento e Uso Sustentável de Áreas Úmidas (Grupo Maua), do Inpa.

Parceiros

A iniciativa conta com apoio do grupo CloudRoots (Holanda), que também desenvolveu uma plataforma interativa em parceria com o projeto Atto, voltado às demandas locais na Amazônia. A plataforma disponibiliza experimentos físicos e biológicos relacionados à floresta e interação com a atmosfera.

Desenvolvida por pesquisadores da Universidade de Wageningen e da Universidade de Utrecht, ambas da Holanda, a plataforma visa transferir o conhecimento científico para as crianças. “É fundamental que as crianças conheçam a  atmosfera e a floresta do ponto de vista do que está acontecendo”, explica Jordi Vilà, da Universidade de Wageningen.

A plataforma Edu-CloudRoots apresenta os conteúdos nas diferentes escalas, desde local com experimentos físicos, observações meteorológicas e visualização de folhas com um microscópio, até global, com a introdução de um aplicativo que mostra dados de variáveis meteorológicas e de vegetação quase em tempo real, para uma visão geral do que está acontecendo na Amazônia e no resto do globo. Além disso, por meio de um jogo, é apresentado como tudo se conecta, tornando o aprendizado mais divertido.

O Edu-CloudRoots é financiado pelo Conselho de Pesquisa Holandês (NWO), uma organização holandesa de financiamento à pesquisa científica. 

Equipe 

A equipe envolvida no desenvolvimento e lançamento das plataformas digitais do projeto Atto Escola é composta por Cybelli Barbosa (Inpa); William Nascimento, bolsista do projeto; professor Abraão Carneiro; Roberta Souza, Gerente de Logística do Atto; Jordi Vilà, Oscar Hartogensis, Martin Janssens, todos do grupo CloudRoots da Universidade de Wageningen (Holanda); Hugo de Boer, da Universidade de Utrecht (Holanda); Viviana Horna, coordenadora científica do projeto do Atto (MPI-BGC); Susan Trumbore, coordenadora do projeto Atto (MPI-BGC); Bruno Takeshi, gerente operacional do Atto; Carlos Alberto Quesada, coordenador do projeto Atto e pesquisador do Inpa.

*Com informações do Inpa

Bonde: registros da presença inglesa no Amazonas

Rua Silva Ramos, Manaus, 1940. Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal

Por Abrahim Baze – literatura@amazonsat.com.br

O Brasil, apesar de sua grande dimensão e carência de transporte, não possuía uma indústria efetiva de material para transporte coletivo. A maior parte desse material era importado dos Estados Unidos. Outra parte da Inglaterra, pequena parte da Alemanha e Bélgica. O maior fornecedor de nossos bondes era o fabricante norte-americano John Stephenson Company Ltda, de Nova York, que exportou veículos para São Paulo, Santos, Salvador, Belém, Manaus, São Luís e Porto Alegre.

Para o Rio de Janeiro forneceu também os primeiros bondes elétricos, que trafegavam no país, os célebres três eixos modelo radial Robinson, em 1890. Após sua falência, por volta do princípio do século, os nossos bondes já elétricos, foram na sua maioria fornecidos pela fábrica J. G. Brill da Filadélfia. Outra parte era fornecida pela Saint Louis Car Company, de Saint Louis. Da Inglaterra, a nossa maior fornecedora era English Eletric Company, acompanhada da Hurst Nelson e Dick Kerr e Company de Londres. Da Alemanha, tivemos bonde da Siemens Schuckert; Brow Bovery, Falkenreid; e da Bélgica, a Nivelles.

Tivemos no Brasil apenas duas empresas que fabricavam esse tipo de veículo, não se contando é lógico, as próprias oficinas das companhias concessionárias, que muitas vezes construíram seus próprios bondes, como é o caso de São Paulo, Rio de Janeiro, Santos, Salvador, Belo Horizonte, etc.

CORRÊA, Waldemar Stiel. História do Transporte Urbano no Brasil. Pág. 195, Pág. 198.

Das duas indústrias específicas de material transviário e ferroviário, a maior e mais conhecida era a Trajano de Medeiros e Cia, estabelecida no Rio de Janeiro, que forneceu bondes para o próprio Rio de Janeiro, São Paulo e várias outras cidades, além de material ferroviário para quase todas as nossas ferrovias. A segunda, bem menor, era Sampaio Corrêa e Cia, também estabelecida no Rio de Janeiro. Ao que se sabia, só forneceu bondes para a cidade de Belo Horizonte.

Com todo o desenvolvimento da cidade de Manaus, veio a necessidade de se colocar um meio de transporte à altura do progresso da cidade. A era dos bondes com tração animal estava no fim. A novidade era o bonde elétrico e, assim, já segundo Waldemar Corrêa Stiel, Manaus foi a segunda cidade do Brasil, depois de Campos no Rio de Janeiro a introduzir a eletricidade na iluminação pública, nada mais lógico do que se adotar o bonde elétrico”.

Foi no Governo de Eduardo Ribeiro, o grande urbanista, promulgada a Lei nº. 124, em 24 de agosto de 1895, pela qual é efetuada concorrência pública para a instalação dos bondes.

Avenida Sete de Setembro, década de 50. Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal

O vencedor da referida concorrência foi o engenheiro Frank Hirst Habbletwhite, que na época assinou o contrato para as construções das linhas, num total de 20 km, com uma subvenção anual de 200:000$000 no primeiro quinquênio, 160:000$000 no segundo e 120:000$000 no terceiro. Daí em diante cessava a subvenção. Previa-se, também, a possibilidade do concessionário poder aumentar as linhas de trilhos por mais 15 km.

É formada então a empresa Manaus Railway Company que deu início a instalação das linhas. Em 24 de fevereiro de 1896 é efetuada uma inauguração provisória para experiência. Em 1897, conforme relatório do governador Fileto Pires Ferreira, a companhia já construíra 16 km de linhas, possuindo 25 bondes para cargas e 10 para passageiros, tendo transportado 171.783 pessoas. O preço da passagem era de 250 réis.

[…] Ainda segundo o mesmo autor, para a movimentação dos bondes, que funcionava a partir das 5 da manhã até as 22 horas, foi instalada uma usina hidrelétrica em um dos igarapés da cidade”. ¹ Pág. 195.

Bonde na então Avenida Eduardo Ribeiro, St. Louis, número vinte, esquina com Avenida Sete de Setembro, Centro de Manaus.
Acervo: The Tramways of Brazil a 130 year survey by Allen Morrison. Imagem: Reprodução/Instituto Durango Duarte

Foi inaugurado com grandes festejos, os serviços de transporte de passageiros por bondes em 1º de agosto de 1899. Oficialmente Manaus foi a terceira cidade do Brasil a inaugurar os serviços de bondes elétricos. Suas linhas de tráfego eram: Flores, com 24 viagens diárias; Plano Inclinado, com 39; Cachoeirinha, com 67; Circular, com 16 viagens e, finalmente, a linha da Saudade, com 53 viagens.

O Estado encampou o serviço de bondes em 24 de julho de 1902 e o repassou a firma Travassos e Maranhão, que por sua vez o transferiu para o engenheiro Antônio Lavandeyra.

Em 1908 é fundada a Manaus Tramways and Light Co, com concessão para luz e bondes elétricos durante 60 anos a partir de 27 de abril de 1908, eram seus diretores: James Mitchell, G. M. Both, W.C. Burton e G. Watson. Esta nova empresa absorve a antiga Manaus Railway Co. e entra em atividade em 9 de junho de 1909.

[…] Por essa época, o coronel Costa Tapajós, superintendente municipal, publica as instruções que acompanhavam o decreto que proibia cuspir e fumar nos bondes dos serviços elétricos, cujas, multas cobradas dos infratores seriam revertidas em duas terças partes, para a Santa Casa de Misericórdia”. ² Pág. 198.

A decadência desse tipo de transporte advém do início da Primeira Guerra Mundial de 1914 a 1918, que impediu a importação de material, como peças de reposição para os bondes. O bonde era um meio de transporte barato, consequentemente não rendia muito à concessionária e sem possibilidade de ampliação, pois necessitava de grandes investimentos e importação de materiais.

Passeio de bonde em Manaus, na década de 1930. A então empresa Manáos Tramways & Light Company Limited importou caminhões e equipamentos elétricos da Inglaterra e construiu oito bondes para utilizarem em Manaus. Acervo: The Tramways of Brazil a 130 year survey by Allen Morrison. Imagem: Reprodução/Instituto Durango Duarte

Ao fim da Segunda Guerra Mundial de 1939 a 1945, os serviços decaíram tanto que em setembro de 1946, o presidente da república assina um decreto autorizando a intervenção federal na Manaus Tramways, a fim de assegurar a normalidade dos serviços. Em 1947 foi extinta a intervenção também por decreto presidencial, mas a companhia estava numa situação de penúria.

Em 11 de fevereiro de 1950 a Manaus Tramways foi encampada, quando já eram obsoletas e insuficientes as usinas de produção de energia elétrica. Por esse motivo e por economia de energia, os serviços de bondes foram interrompidos. A Serviços Elétrico do Estado, que incorporou a Manaus Tramways, foi obrigada a paralisar totalmente a produção de energia elétrica para a cidade e, por muitos meses Manaus viveu às escuras.

A partir daí, foi criada a CEM – Companhia Elétrica de Manaus, que reorganizou os serviços elétricos e, em 1956, numa tentativa efêmera, coloca novamente os bondes em funcionamento. Havia, porém, somente nove bondes em tráfego e não existiam possibilidades de compra e reposição de novos carros e a expansão das linhas. Além disso, a antiga companhia inglesa ainda lutava nos tribunais pela posse de sua concessão, o que motivou a extinção definitiva dos serviços de bondes de Manaus, em 28 de fevereiro de 1957.

[…] Vivendo esse ideal de modernidade e progresso, Manaus passou a buscar com mais intensidade a implementação dos serviços de locomoção, num período em que ocorriam na capital, além das interversões urbanísticas e sanitárias, a ampliação da malha viária, bem como edificação de suntuosos prédios públicos, praças e avenidas, gerando consequentemente a necessidade de veículos de locomoção eficientes para percorrer as áreas da cidade planejada”.³ Pág. 38,39.

Acervo: The Tramways of Brazil a 130 year survey by Allen Morrison. Imagem: Reprodução/Manaus de Antigamente

Referências

CORRÊA, Waldemar Stiel. História do Transporte Urbano no Brasil. ¹ Pág. 195, ² Pág. 198.

MAGALHÃES, Soraia Pereira – O Transporte Coletivo Urbano de Manaus: Bondes, Ônibus de Madeira e Metálicos. Manaus: Edua, 2014. ³ Pág. 38,39.

Sobre o autor

Abrahim Baze é jornalista, graduado em História, especialista em ensino à distância pelo Centro Universitário UniSEB Interativo COC em Ribeirão Preto (SP). Cursou Atualização em Introdução à Museologia e Museugrafia pela Escola Brasileira de Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas e recebeu o título de Notório Saber em História, conferido pelo Centro Universitário de Ensino Superior do Amazonas (CIESA). É âncora dos programas Literatura em Foco e Documentos da Amazônia, no canal Amazon Sat, e colunista na CBN Amazônia. É membro da Academia Amazonense de Letras e do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA), com 40 livros publicados, sendo três na Europa.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista