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Consultas públicas: UCs do Mosaico do Apuí iniciam discussões sobre projetos de REDD+

Foto: Maurício Damacena Correa/Sema AM

A Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) do Amazonas iniciou a expansão dos diálogos a respeito de projetos de carbono em Unidades de Conservação (UC) Estaduais. No dia 18 de dezembro, representantes da pasta estiveram reunidos junto a conselheiros, lideranças e instituições parceiras para tratar sobre as iniciativas dentro do Mosaico do Apuí.

O encontro ocorreu como parte da 21ª Reunião do Conselho Consultivo do Mosaico do Apuí, um agrupamento de nove UC Estaduais, no município de Apuí (a 453 quilômetros de Manaus), no sudeste do Amazonas. A secretária adjunta de gestão ambiental da Sema, Fabrícia Arruda, destaca que a etapa antecede a implementação das iniciativas.

Na reunião, a Sema apresentou o histórico de avanços na Política Estadual de Serviços Ambientais, passando também pela habilitação de Agentes Executores Ambientais e pela seleção de propostas para gerar créditos de carbono a partir de iniciativas de Redução de Emissões do Desmatamento e da Degradação Florestal (REDD) em Unidades de Conservação.

Na prática, os Agentes selecionados poderão desenvolver projetos de conservação associados à geração de renda nas áreas protegidas, centradas em reduzir o desmatamento, evitar a emissão de Gases do Efeito Estufa (GEE) e consolidar os Planos de Gestão das Unidades de Conservação. As ações podem contemplar ações de desenvolvimento da bioeconomia, proteção da biodiversidade, fortalecimento das Associações-Mães, atividades socioambientais e outros.

Impacto na ponta

Apenas na Floresta Estadual e no Parque Estadual do Sucunduri, em Apuí, a capacidade de geração de créditos a partir de projetos de REDD+ é superior a 1,3 milhões de toneladas de carbono equivalente (tCO₂e) em 30 anos, o que pode gerar mais de R$ 900 milhões de receita no período.

Com a proposta de promoção de alto impacto social, os recursos captados pela venda de créditos de carbono têm garantia de benefício direto para a UC. Dos recursos captados, os Agentes Executores com propostas habilitadas poderão reter até 15% de taxa administrativa, conforme o Edital nº 002/2023. Do restante, 50% serão obrigatoriamente investidos na UC onde os créditos foram gerados.

Os outros 50% serão destinados ao Fundo Estadual de Mudanças Climáticas (Femucs), para melhorar as estruturas da gestão ambiental e, custear outros projetos submetidos por entes estaduais.

É esperança de impacto para quem está na ponta, segundo o professor José Manuel, presidente da comunidade Barra de São Manoel. “A reunião do Conselho sempre é um aprendizado para nós. Sempre a gente traz alguma coisa de contribuição, e sempre levamos alguma coisa para a nossa comunidade. Penso que esses projetos podem ajudar principalmente aquelas populações que estão mais afastadas, e acredito que o REDD pode melhorar projetos sociais que envolvam saúde, educação e apoio a essas famílias”, destacou.

O secretário de Meio Ambiente de Apuí, Domingos Bonfim, também participou do encontro. Ele destaca a importância do diálogo e as boas perspectivas para o município, a partir dos projetos de REDD+. “É um momento necessário para trazer esclarecimentos para a comunidade, para trazer as informações necessárias, porque é um assunto que no meio técnico já vinha sendo discutido, mas para a população mesmo, é algo muito recente.

Etapas seguintes

Neste primeiro momento, a Sema irá reunir-se com as lideranças das Unidades de Conservação que estão aptas a receber as iniciativas. Ao todo, são 21. O objetivo desta etapa é esclarecer as principais dúvidas dos representantes e compartilhar todas as informações requeridas, para que eles iniciem as primeiras discussões a respeito.

Após as reuniões com as lideranças, a partir de fevereiro de 2025, o Estado dará início a um cronograma de reuniões presenciais nas UC selecionadas, para garantir que as decisões sobre os projetos considerem as necessidades e a participação ativa dos moradores.

Em linhas gerais, realizadas pela pasta têm o objetivo de consultar as comunidades sobre o interesse, ou não, em receber os projetos de REDD+ nas Unidades de Conservação. Em caso positivo, a Secretaria e o Agente Executor de Serviços Ambientais – habilitado para a área, por meio do Edital nº 02/2023 – vão realizar novas Consultas Livres Prévias e Informadas (CLPI), desta vez, com o intuito de construir coletivamente os projetos junto aos comunitários.

*Com informações da Sema AM

Nazaré Pereira: a voz do Acre que conquistou o mundo

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Foto: Nazaré Pereira/Acervo pessoal

Nascida em 1939, em Xapuri, no coração do Acre, Nazaré Pereira é uma das grandes representantes da música brasileira no cenário internacional. Cantora, compositora, dançarina e atriz, sua trajetória reflete uma mistura de força, talento e dedicação à arte.

A infância de Nazaré foi marcada por desafios. Aos quatro anos, perdeu o pai, um seringueiro, e mudou-se para Belém, no Pará, aos sete anos com a mãe e o padrasto. Na capital paraense, Nazaré se dedicou aos estudos e se formou no magistério, chegando a lecionar por dois anos. No entanto, a paixão pela arte já pulsava forte e, no final da década de 1960, ela trocou as salas de aula pelos palcos ao ingressar em um curso de teatro no Rio de Janeiro.

Nos anos 1970, a atriz decidiu expandir seus horizontes. Com uma bolsa de estudos, Nazaré foi para Nanci, na França, e depois seguiu para Paris, onde fez pós-graduação na renomada Universidade de Sorbonne. Foi nesse período que a música surgiu como um elemento transformador em sua vida.

A carreira musical de Nazaré começou quase por acaso. Para se sustentar na França, ela cantava em pequenos eventos, mas o destino interveio quando sua interpretação de ‘Cheiro de Carolina’, de Luiz Gonzaga, chamou a atenção de um produtor francês. Em 1978, lançou seu primeiro compacto, marcando o início de uma carreira que já soma mais de 40 anos.

Foto: Arquivo Pessoal

Com quase duas dezenas de álbuns lançados, Nazaré Pereira conquistou o público com sua voz única e a mistura de ritmos brasileiros como o carimbó, baião e toada, muitas vezes carregados de referências às suas raízes amazônicas. Sua música transpôs fronteiras e a levou a cantar ao lado de ícones da música brasileira, como Maria Bethânia, Chico César e Luiz Gonzaga, com quem coescreveu ‘”‘Acre Doce'”‘, uma ode à sua terra natal.

A obra de Nazaré não é apenas entretenimento; é também um testemunho cultural. Por meio de suas canções, ela leva o Brasil profundo para os palcos internacionais, celebrando as tradições e a diversidade do país. Hoje, com uma carreira consolidada, Nazaré Pereira é um exemplo de como a arte pode transformar vidas e conectar culturas.

De Xapuri para o mundo, Nazaré Pereira continua a encantar gerações com sua arte e sua história, eternizando o Acre e a Amazônia no coração da música brasileira.

Escorpião é um sucesso evolutivo e a ciência pode provar

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Foto: José Felipe Batista/Instituto Butantan

O clima quente e úmido é o mais propício para a reprodução do escorpião. Mas ao longo da evolução milenar da espécie, esses aracnídeos conseguiram sobreviver a toda sorte de intempéries: se adaptaram a diferentes temperaturas e biomas, aprenderam a passar dias sem água e comida e até a se reproduzir sozinhos.

Há evidências do surgimento dos escorpiões há mais de 450 milhões de anos em habitat aquático, quando eles mediam em torno de 1,30 metro de comprimento. Esses primeiros escorpiões aquáticos tinham uma estrutura física semelhante à que os aracnídeos possuem hoje, com adição de brânquias.

Foto: José Felipe Batista/Instituto Butantan

Quem quer viver para sempre?

Denise, que é bióloga e especialista em escorpiões, aponta uma série de fatores que explicam a adaptabilidade extrema do aracnídeo. 

Esses animais possuem quatro pares de pernas, um par de pedipalpo (estruturas que lembram pinças) e um par de quelíceras. A cauda ou metassoma tem uma extremidade chamada Telson onde há duas glândulas de veneno e um ferrão. O veneno é inoculado em predadores ou em humanos quando o escorpião se sente ameaçado.

Os escorpiões não são insetos, mas aracnídeos da ordem Scorpiones. Há 2.800 espécies espalhadas pelo mundo, 180 delas no Brasil. De todas as espécies brasileiras, apenas quatro são consideradas de interesse médico (ou seja podem causar envenenamento grave em humanos):

  • o escorpião-preto-da-Amazônia (Tityus obscurus), mais comum na região Norte e no Mato Grosso;
  • o escorpião-amarelo-do-Nordeste (Tityus stigmurus), que ocorre também no Sudeste, Sul e, recentemente no Norte;
  • o escorpião-marrom (Tityus bahiensis), comum no Centro-Oeste, Sudeste e Sul;
  • e o escorpião-amarelo (Tityus serrulatus), encontrado em todas as regiões do país.
Foto: José Felipe Batista/Instituto Butantan

É um tipo de mágica

Ao longo destes milhões de anos, os escorpiões viveram verdadeiras batalhas épicas de adaptação a diferentes climas e biomas – o que lhes confere um status de “quase invencíveis” em relação à natureza.

De fato, escorpiões já foram encontrados em quase todos os ecossistemas terrestres, até mesmo em cavernas, regiões desérticas dos mais variados tipos, sob pedras cobertas de neve e em altitudes de 5.560 metros nos Andes, afirma o Ministério da Saúde.

A alimentação super variada permite aos escorpiões ter mais opções para sobreviver. Eles comem insetos, aranhas, grilos e pequenos vertebrados. Nos ambientes urbanos, se alimentam basicamente de baratas, ajudando no controle destes animais nas cidades.

Por outro lado, são presas fáceis de galinhas, corujas, micos, sapos, morcegos e aranhas. Quando não há comida por perto, conseguem ficar centenas de dias sem se alimentar.

Foto: José Felipe Batista/Instituto Butantan

Tal como o guerreiro escocês imortal, eles também aprenderam a viver na vida mundana e a escalar “montanhas”, migrando facilmente para regiões onde não ocorrem naturalmente. 

Essa facilidade do acesso dos escorpiões às cidades e o crescimento urbano desordenado são as principais causas é a principal causa do número crescente de acidentes com o aracnídeo no Brasil e no mundo.

Os escorpiões foram responsáveis por 134 óbitos e por 202.324 acidentes no país em 2023, segundo o Sistema de Informação de Agravos e Notificação (Sinan) do Ministério da Saúde. O estado de São Paulo continua sendo o maior notificador de acidentes escorpiônicos no Sinan, com 48.651 em 2023.

Só pode haver um (a)

A alta reprodutividade é outro fator que implica na onipresença de escorpiões. Em pelo menos 5% das espécies, as fêmeas são capazes de ter filhotes sem a participação de um macho. Esse processo, nomeado partenogênese, ocorre quando os ovos se desenvolvem sem serem fecundados por um espermatozoide.

Detalhe: as fêmeas conseguem manter esse potencial reprodutivo mesmo durante períodos de privação de alimento e água. Algumas conseguem gerar filhotes com mais de 200 dias sem comida. 

Foto: José Felipe Batista/Instituto Butantan

Não perca a cabeça

Para além da alta capacidade de sobrevivência dos escorpiões, é importante entender que, assim como outros animais, eles têm uma função de controle biológico importante na natureza e seu veneno é matéria-prima do soro antiescorpiônico, produzido pelo Instituto Butantan.

O imunobiológico é administrado para neutralizar o veneno em casos de picada de escorpiões do gênero Tityus (escorpião amarelo, escorpião amarelo do Nordeste, escorpião marrom e escorpião preto).

Esta matéria foi validada pela bióloga e assistente técnica de pesquisa científica e tecnológica do Biotério de Artrópodes do Instituto Butantan Denise Maria Candido.

Fontes: 

Acidentes por escorpiões – Ministério da Saúde
A Kind of Magic – Queen
Boletim Epidemiológico Acidentes Escorpiônicos no Brasil em 2022
Don’t Lose Your Head – Queen
Escorpião – Controle de Escorpiões de importância em saúde
Gimme The Prize (Kurgan’s Theme)
Highlander: 35 years since Scotland stole the show in cult film starring Queen, Sean Connery and Christopher Lambert – Press and Journal UK
Highlander | Remake com Henry Cavill começa filmagens em janeiro – Omelete
Princes Of The Universe – Queen
Queen e a trilha sonora de HIGHLANDER. EP 012
Selected to survive and kill: Tityus serrulatus, the Brazilian yellow scorpion
Who Wants To Live Forever – Queen

*O conteúdo foi originalmente publicado pelo Instituto Butantan, escrito por Camila Neumam

Seringueiras transplantadas fazem conexão da Belém moderna com a Belém da Belle Époque

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Foto: Arthur Sobral/Agência Pará

Uma das principais obras do Governo do Pará para a COP 30, que será realizada em Belém em novembro de 2025, o Parque da Cidade, está transformando o espaço urbano da capital Belém aliando infraestrutura moderna e preservação ambiental. Com o transplante de seringueiras e outras espécies nativas da Amazônia, o local não apenas celebra o bioma da região, mas também resgata a memória de um período de grande desenvolvimento urbano e econômico, a Belle Époque, que ocorreu durante o Ciclo da Borracha.

Até o momento, 90 das 176 seringueiras previstas já foram transplantadas para o parque, que, até o final da obra, vai abrigar mais de 1.500 árvores, 190 mil plantas ornamentais e 83 mil metros quadrados de grama. O projeto faz do parque um novo marco ambiental para Belém, conectando passado e presente em uma área de 500 mil m² que será um vibrante pulmão verde para a cidade.

Para a vice-governadora do Pará, Hana Tuma, a ação possui uma relevância histórica e ambiental do Parque da Cidade, e reforça o compromisso com a sustentabilidade e a qualidade de vida em Belém, promovendo a integração entre urbanização e preservação ambiental.

Foto: Arthur Sobral/Agência Pará

Belle Époque

No final do século 19 e início do século 20, Belém se tornou um dos principais centros urbanos e econômicos da América Latina, impulsionada pela extração do látex da seringueira, matéria-prima essencial para a fabricação de borracha. O avanço tecnológico proporcionado pela Revolução Industrial transformou o látex paraense em um produto valioso no mercado internacional, sendo amplamente utilizado na fabricação de pneus para bicicletas, automóveis e outros itens industriais.

Conhecido como Belle Époque, o período trouxe desenvolvimento urbano e cultural para a capital paraense, se consolidando como a “Paris N’América”. Foi nesse contexto que surgiram ícones arquitetônicos como o Theatro da Paz e o complexo portuário que hoje abriga a Estação das Docas. A memória desse período de prosperidade agora ganha um novo capítulo no Parque da Cidade, por meio das seringueiras que simbolizam essa conexão histórica.

Para Regina Meireles, engenheira florestal responsável pelo plantio e transplante das árvores, a importância do trabalho minucioso realizado no Parque da Cidade reflete na preocupação que o Governo do Pará com a manutenção do bioma e do clima.

“Transplantar árvores nativas, como as seringueiras, é um desafio que exige planejamento e cuidado. Cada árvore que chega ao parque é um passo importante para transformar este espaço em um exemplo de compensação climática e preservação da biodiversidade. Esse trabalho é uma contribuição direta para a qualidade de vida dos cidadãos de Belém e uma demonstração do que é possível alcançar quando combinamos ciência, sustentabilidade e memória histórica”, completou.

*Com informações da Agência Pará

Trapiche Eliezer Levy retoma atividades em Macapá com ‘bondinho’ elétrico

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Trapiche Eliezer Levy Revitalizado. Foto: Isadora Pereira/g1 Amapá

Após 10 anos, o Trapiche Eliezer Levy volta a fazer parte da memória afetiva dos macapaenses. O local foi entregue totalmente revitalizado no dia 27 de dezembro, com direito a nova sorveteria, restaurante, instalação de iluminação em led e o tão aguardado pela população: o ‘bondinho‘ que agora funciona de forma elétrica.

No Trapiche Eliezer Levy, o passeio no bondinho vai funcionar de forma gratuita. Os horários e funcionamento ainda serão definidos pela Prefeitura de Macapá.

O local às margens do rio Amazonas foi palco de muitas histórias para a população, como diz o guarda municipal Ivanilson Pena, que frequentava o trapiche quando era totalmente de madeira. Após quase 20 anos, ele e a esposa marcaram presença na reinauguração

Ivanilson contou ainda que o trapiche guarda muitas lembranças do casal, da amizade ao namoro, até o momento em que retornam ao local em 2024, com a família completa e as filhas já crescidas.

O prefeito de Macapá, Dr. Furlan, disse que a inauguração do Trapiche Eliezer Levy é mais um incentivo ao turismo na capital, movimentando a renda e valorizando a história da cidade.

Além disso, o espaço conta com o restaurante que passa a funcionar no mês de janeiro e locais de contemplação para o rio, com acessibilidade para Pessoas com Deficiência (PcD).

Foto: Divulgação/Prefeitura de Macapá

“Tem um restaurante, nós tivemos o edital divulgado recentemente, então no meado de janeiro o restaurante estará completo já para receber a população. Temos a sorveteria e temos a tradicional volta do bondinho. Com som ambiente, com uma televisão, que com certeza possibilitará que pessoas que têm necessidades especiais, dificuldades de angulação, possam acessar o deck”, finalizou.

O espaço era anteriormente de responsabilidade do governo do Amapá, que passou para a prefeitura de Macapá em julho de 2021 por meio de um termo de concessão, com a autorização para o uso do espaço por 20 anos. A obra integra o projeto Orla Viva, que prevê a revitalização de toda a frente da cidade.

Sobre o trapiche

O Trapiche Eliezer Levy começou a ser construído em 1936 pelo então prefeito Eliezer Levy, e foi inaugurado apenas no ano de 1945. O local era um destaque devido aos 4 pontos de observação inspirados nos baluartes da Fortaleza de São José de Macapá.

O projeto foi aprovado pelo Ministério da Defesa e coordenado pela Secretaria de Obras e Infraestrutura Urbana (Semob).

Por Isadora Pereira, da Rede Amazônica AP

Madre de Dios: primeira região do Peru a implementar medidas de monitoramento da onça-pintada

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Foto: Reprodução/Agência Andina

A onça-pintada é uma das espécies emblemáticas do Peru e da América. Esta espécie é um símbolo da luta contra o tráfico ilegal de animais silvestres, por isso são importantes as ações tomadas para conservar e proteger esta espécie, que está em perigo de extinção.

A ameaça é aumentada pela redução do habitat natural da onça-pintada devido à presença do ser humano. Diante disso, um projeto lançado há vários anos na região de Madre de Dios, o primeiro a ser realizado no Peru, busca promover a convivência entre a onça e o povo.

O resultado deste projeto, executado pela ONG WWF Peru, é a instalação de mais de 60 armadilhas fotográficas para monitorar a presença de onças-pintadas nas fazendas pecuárias de Madre de Dios.

O WWF Peru explica que há quatro anos, 250 famílias de Madre de Dios optaram por um inovador modelo de pecuária que busca deter o desmatamento e restaurar o ecossistema: a pecuária regenerativa. Como resultado, evitou-se o desmatamento de 500 hectares e a vida selvagem está a regressar aos espaços que outrora foram a sua casa. Porém, esta mudança gerou possíveis conflitos entre a fauna e as pessoas, criando a necessidade de adoção de medidas que contribuam para promover a convivência harmoniosa.

Face a este fato, entre 2022 e 2023, foram realizados inquéritos e workshops participativos em nove comunidades pecuárias da região, com o objetivo de identificar e compreender conflitos, e recolher informação que permita desenhar estratégias de convivência com a vida selvagem.

Dentre os principais resultados destacam-se:

  • O conflito com a onça-pintada e a onça-parda é o que causa maiores perdas econômicas;
  • durante os últimos 5 anos, 18 dos 50 fazendeiros relataram ataques ao gado por onças ou pumas;
  • e a infraestrutura das fazendas (cercas, fontes de água e iluminação) facilita interações negativas com felinos.
Foto: Reprodução/Agência Andina

Armadilhas fotográficas

Graças a essas informações, estratégias antipredatórias foram desenhadas em conjunto com os pecuaristas que incluíram a instalação de mais de 60 armadilhas fotográficas para monitorar a presença de onças nas propriedades, a infraestrutura de cercas foi melhorada para impedir a entrada de felinos, luzes dissuasoras foram instalados e espaços foram realocados, como currais e fontes de água, a fim de reduzir áreas vulneráveis ​​às interações entre rebanhos e felinos.

“Na minha família já não o vemos como um inimigo, graças às medidas implementadas com o sistema de monitorização e as escolas de campo, sabemos agora que há mais visitantes e fomos nós que invadimos o seu habitat. Temos que dar espaço ao nosso vizinho, a onça, para poder conviver em harmonia com ela”, afirma Maritza Vargas, pecuarista participante do programa de convivência.

Segundo a instituição, espera-se ampliar esta iniciativa de convivência para outras regiões como Pasco e Huánuco, que também possuem áreas localizadas na selva amazônica e que fazem parte do habitat da onça-pintada.

Por fim, o WWF Peru destacou que com a implementação de medidas antipredatórias e o esforço conjunto com as comunidades locais, um novo capítulo está sendo escrito na relação entre a vida selvagem e as atividades humanas em Madre de Dios. “Este modelo pioneiro estabelece as bases para um futuro onde a conservação e a pecuária se complementam para o benefício de todos, garantindo a subsistência das gerações futuras”, disse ele.

*Com informações da Agência Andina

Jorge Teixeira ou ‘Jorge Texas’: saiba quem é o patrono do bairro mais populoso de Manaus

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Jorge Teixeira e sua mulher Aida Fibiger. Foto: Rosinaldo Machado/Arquivo pessoal

Oficialmente, Jorge Teixeira, mas para quem é da área, é o famoso “Jorge Texas“. O bairro mais populoso da capital amazonense ganhou esse apelido que “bomba” entre os moradores, especialmente nas redes sociais. Com mais de 133 mil habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o nome faz homenagem a um antigo prefeito de Manaus e ao primeiro governador de Rondônia.

Sabia disso? Não?! Então vem conhecer a história dessa personalidade!

De acordo com o acervo de biografias da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Jorge Teixeira não nasceu no Amazonas nem em Rondônia, mas em General Câmara, uma pequena cidade no Rio Grande do Sul.

Ele ingressou na Academia Militar das Águas Negras e se tornou aspirante do Exército em 1947. Em 1966, já durante a Ditadura Militar, alcançou o posto de tenente-coronel e fundou, em Manaus, o Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS), que comandou até 1971.

Foi também nesse período que Teixeira atuou no combate à Guerrilha do Araguaia, nas regiões do sul do Pará e norte de Goiás (atualmente Tocantins). Após esse episódio, retornou a Manaus, onde fundou, em 1971, o Colégio Militar de Manaus, permanecendo à frente da instituição até 1973.

No ano seguinte, em 1974, Jorge Teixeira foi nomeado prefeito de Manaus pelo então presidente Ernesto Geisel.

Durante sua gestão, ficou conhecido por rasgar cartões de visita de políticos que pediam empregos, justificando que não se devia “misturar uma coisa com a outra”, segundo sua biografia.

Aida Figiber e Jorge Teixeira. Foto: Rosinaldo Machado/Arquivo pessoal

Teixeira foi prefeito de Manaus até 1979, quando foi nomeado pelo presidente João Figueiredo para o governo do então território de Rondônia, pelo Partido Democrático Social (PSD), cargo que ocupou até 1985, quando foi substituído por Ângelo Angelim.

Embora pouco se saiba sobre seus grandes feitos na capital do Amazonas, como a criação do Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS) e do Colégio Militar de Manaus, seu legado está fortemente associado ao bairro que leva seu nome. A principal avenida que liga as Zonas Oeste e Centro-Oeste da cidade também homenageia Jorge Teixeira: a Avenida Coronel Teixeira.

O bairro

Localizado na periferia de Manaus, o bairro conta com 133.448 habitantes, segundo o Censo do IBGE. É um verdadeiro reduto de famílias manauaras, além de abrigar uma grande variedade de pequenos e médios comércios que impulsionam a economia local.

Segundo Antonaccio, o bairro surgiu oficialmente durante o primeiro mandato de Arthur Neto como prefeito de Manaus, entre 1989 e 1992.

Avenida Itaúba, via conhecida no bairro Jorge Teixeira, em Manaus. Foto: Eliana Nascimento/Acervo/g1 Amazonas

A fundação do bairro ocorreu em 25 de março de 1989, com a realização da primeira missa no local.

O bairro também é conhecido pela Rua do Fuxico, um importante centro comercial da Zona Leste de Manaus. No entanto, os dados de Segurança Pública indicam que é um dos locais mais violentos da cidade. Em 2021, por exemplo, mais de 80 homicídios foram registrados em apenas sete meses.

“O comércio local é bastante movimentado, com venda de alimentos como milho, feijão, mandioca, arroz e açúcar, além de materiais de construção, eletrodomésticos e eletrônicos. Esses produtos estão presentes tanto na Avenida Penetração quanto na Jorge Teixeira, que atravessa grande parte do bairro e conecta à Grande Circular”, conclui Antonaccio.

A falta de infraestrutura nas moradias é outro desafio enfrentado pelos moradores da região. Em 2023, um deslizamento de terra em uma comunidade do bairro tragicamente causou a morte de oito pessoas.

*Por Matheus Castro, da Rede Amazônica AM

Projeto de fossa ecológica beneficia comunidades rurais em Tomé-Açu, no Pará

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Foto: Divulgação

Buscando oferecer soluções sustentáveis para o tratamento de águas escuras (esgoto sanitário), um projeto idealizado pela professora Marcela Cunha, da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), vem desenvolvendo fossas ecológicas em comunidades rurais de Tomé-Açu, no nordeste do Pará.

O projeto, que iniciou em 2023, nasceu da necessidade local de tratar esgoto, especialmente na zona rural, onde a ausência de sistemas adequados é uma realidade crítica. A iniciativa utiliza a tecnologia de fossas ecológicas ou bacias de evapotranspiração (BET), que combinam materiais de baixo custo e reaproveitados, como entulhos, pneus usados e restos de construção, para criar um sistema fechado e eficaz de tratamento.

A professora explica que toda essa estrutura é sustentável e ecologicamente responsável. “A BET é um sistema fechado de tratamento de água escura [esgoto sanitário]. A tubulação que sai do vaso sanitário chega na BET e desce até o túnel de pneus. Lá dentro, vai ocorrer a fermentação da matéria orgânica contida na água escura. Em seguida, a água entra em contato com as diferentes camadas que existem dentro da BET: camada de entulho grosseiro, pedra, restos de cerâmica, seixo, brita e areia. Nestas camadas, os processos de filtragem e decomposição continuam, dando origem aos nutrientes orgânicos que vão ser absorvidos pelas raízes das plantas que sobrepõe a BET, como bananeiras, mamoeiros, taiobas e etc. Vale ainda lembrar que as plantas eliminam a água do sistema por evapotranspiração”.

Foto: Divulgação

O principal objetivo do projeto é fornecer às comunidades rurais um sistema acessível e replicável para o tratamento de esgoto, evitando a contaminação do solo e dos recursos hídricos. Até o momento, seis BETs foram instaladas, beneficiando diretamente mais de 30 pessoas em cinco famílias da comunidade quilombola de Marupaúba.

Além disso, o sistema foi implementado na Associação Agropecuária do Vale do Acará, servindo como ponto de demonstração da tecnologia durante eventos agropecuários. A escolha de Marupaúba, uma comunidade localizada a 46 km de Tomé-Açu, se deve à necessidade de evitar a contaminação do solo próximo ao poço artesiano que abastece os moradores locais.

O projeto já capacitou moradores de três comunidades: Nova Vida, Itabocal Ponte e Marupaúba, para construir BETs, promovendo autonomia e sustentabilidade. A expectativa é instalar mais de 10 BETs até o final do projeto, com a implementação de sistemas em outras comunidades quilombolas e ribeirinhas da região.

Além das famílias diretamente atendidas, toda a comunidade se beneficia da redução na contaminação ambiental. “Sem esse sistema, as águas provenientes do vaso sanitário seriam lançadas diretamente no solo, contaminando o lençol freático e as fontes de abastecimento da população”, concluiu Marcela Cunha.

*Com informações da Ufra

Taça da felicidade amazônica: receita com itens regionais para celebrar um novo ano

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Foto: Reprodução/Amazon Sat

No programa Sabores da Amazônia, do Amazon Sat, é possível conhecer receitas e releituras culinárias com a adição de itens da região. Para esta virada de ano, aprenda com o chef Manoel Brelaz uma receita simples da popular taça da felicidade, mas com um ingrediente muito querido da região: a banana pacovã frita:

Ingredientes

300 gramas (g) de banana pacovã madura frita, confeitada com açúcar e canela

100 g morango

100 g de kiwi

300 g de pudim cortados 

300 g de chantilly à gosto

400 g de crème pâtissière

Decoração

30 g de chocolate derretido no bico

Frutas para finalizar a decoração

Modo de preparo

Esta é uma receita simples e que pode ser feita de acordo com o gosto de quem a montar. Basta distribuir as frutas cortadas em uma taça conforme sua imaginação e seguir as dicas do chef:

A sementinha perseverante…

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Imagem ilustrativa gerada por meio de IA

Por Estevão Monteiro de Paula*

Em uma floresta exuberante, vivia uma pequena semente. Chamava-se Esperança. Ela sonhava em se tornar uma grande árvore, com raízes profundas e galhos que tocassem o céu. Mas a seca havia assolado a floresta e o solo estava rachado e árido.

Esperança tentava de todas as formas germinar, mas a terra seca e o sol escaldante a impediam. Seus amigos, os animais da floresta, a incentivavam: a formiga trabalhadora lhe dizia para não desistir, o sabiá cantava melodias alegres para animá-la e a capivara a convidava para beber água em um pequeno poço que havia encontrado.

Um dia, enquanto buscava por um pouco de umidade, Esperança, entristecida pela possibilidade de não florescer, observa a formiga arrastando uma folha maior que ela e pergunta:

– Formiguinha, você nunca desiste, não é? Como consegue tanta força para carregar coisas tão pesadas?

A formiga para e olha para a Sementinha, com seus olhos brilhantes:

– É simples, Sementinha. O trabalho em equipe move montanhas! E a persistência é a chave para tudo. Mesmo que seja só um pouquinho a cada dia, a gente consegue grandes coisas.

Esperança olha fixamente para a formiga e diz:

– Estou sem força, acho que não conseguirei cumprir a minha missão de florescer. Falta umidade, água para que eu possa absorver nutrientes dos fungos do solo e começar a crescer.

O sabiá que estava pousado em um galho próximo a cantar uma melodia suave, percebendo a tristeza da Esperança, interrompe a canção e pergunta:

– Por que você está tão desanimada, pequena Sementinha?

A Sementinha explica sua situação e o sabiá, com sua voz melodiosa, responde:

– Lembre-se, Sementinha, mesmo nas maiores tempestades, o sol sempre volta a brilhar. Acredite em si mesma e na força da natureza. As raízes mais profundas encontram as melhores águas.

Esperança, a pequena sementinha, apesar de desolada, mas confortada com as palavras dos amigos, continua procurando a umidade para umedecer seu corpo e finalmente alimentar-se dos fungos para germinar.

De repente, Esperança sentiu um tremor no solo. Um grupo de onças, guiadas por uma velha e sábia onça, aproximava-se. A Sementinha se aproxima e, com voz tímida, pergunta:

– Senhora Onça, você acredita que eu possa encontrar água? A seca está tão forte.

A onça, com um olhar sábio, responde:

– Pequena Sementinha, não desanime, a natureza é cheia de surpresas. A vida sempre encontra um caminho, se você buscar com determinação encontrará o que precisa. Busque nas profundezas da terra, onde a água ainda pode ser encontrada.

A onça se agacha e, com sua pata macia, afaga a cabeça da Sementinha, transmitindo-lhe força e confiança.

Inspirada pelas palavras e a atitude da onça, Esperança começou a cavar com todas as suas forças. Seus brotos se aprofundavam cada vez mais, até que, finalmente, sentiu a umidade da terra. Com grande esforço, suas raízes alcançaram uma veia d’água subterrânea.

A partir dali, Esperança começou a crescer forte e saudável. Seus galhos se estenderam em direção ao sol, e suas raízes se fixaram profundamente no solo. Logo, uma pequena árvore surgiu no meio da floresta seca, trazendo vida e esperança para todos os seres que ali viviam.

Moral da história:

Mesmo diante das maiores dificuldades, a esperança e a perseverança podem nos levar a alcançar nossos objetivos. Assim como a pequena semente, podemos superar qualquer obstáculo e florescer, trazendo alegria e beleza para o mundo.

Feliz ano novo!!!

*Observação: Este texto foi escrito por meu irmão Estevão e gentilmente cedido para fazermos uma reflexão sobre este dia. 

Sobre o autor

Eduardo Monteiro de Paula é jornalista formado na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), com pós-graduação na Universidade do Tennesse (USA)/Universidade Anchieta (SP) e Instituto Wanderley Luxemburgo (SP). É diretor da Associação Mundial de Jornalistas Esportivos (AIPS). Recebeu prêmio regional de jornalismo radiofônico pela Academia Amazonense de Artes, Ciências e Letras e Honra ao Mérito por participação em publicação internacional. Foi um dos condutores da Tocha Olímpica na Olimpíada do Rio de Janeiro, em 2016.

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