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Para que serve a confiança?

Por Julio Sampaio de Andrade – juliosampaio@consultoriaresultado.com.br

– Quando estivermos no futuro e você olhar para trás, o que a sua empresa terá construído de mais importante?

– Não tenho dúvidas que é o conceito de nossa marca. As pessoas confiam nela e isto é dito espontaneamente.

Elas não entendem bem o processo e nem o porquê, mas sabem que existe uma preocupação com a qualidade do alimento, com a saúde do consumidor e de todos os envolvidos na produção, incluindo o solo e o próprio produtor. Nossa marca transmite a nossa filosofia e os nossos valores. É isto o que vai ficar para o futuro e posso dizer que é o legado que estamos construindo.

A pergunta é feita para o CEO de uma empresa de alimentos que é reconhecida como uma referência no impacto social e ambiental que provoca. Para este CEO, o maior patrimônio desta empresa é a confiança conquistada em 30 anos de existência.

Vem da Finlândia, apontado como o país mais feliz do mundo, uma notícia que também se refere à confiança. A flexibilidade é apontada como o benefício que mais mantém as pessoas felizes no trabalho. Esta flexibilidade é possível, graças à confiança presente nas relações entre empresas e colaboradores. Pelos depoimentos de quem vive esta cultura, não passa pela cabeça dos empregadores que o colaborador tirará algum tipo de vantagem pessoal e, com a flexibilidade de horários, trabalhar menos e prejudicar a empresa. Em contrapartida, o colaborador sabe que a empresa não se aproveitará do benefício da flexibilidade para estabelecer “missões impossíveis” na sua carga horária ou em horários que invadam a sua privacidade. Como toda confiança deve ser, ela é recíproca.

Confiar e ser confiável é uma das necessidades básicas do ser humano, sendo um componente importante da felicidade. Faz bem ser confiável e faz bem confiar. Como nos ensina Mokiti Okada: “A confiança é um verdadeiro tesouro e talvez nem se possa imaginar o quanto influi no destino de uma pessoa o fato de confiarem nela, ou se acautelarem contra ela, por ter má reputação”. Podemos entender que isto se aplica a pessoas e a empresas.

Sabemos que a confiança é forte e é fraca ao mesmo tempo. Forte por tudo que traz quando a possuímos e fraca, porque bastam pequenos deslizes para ser destruída. Há pessoas em quem confiamos e, em outras, não. Há marcas e empresas que confiamos e, em outras, não. Confiamos em nós mesmos para certas coisas e, não, para outras.

Já há muito as marcas vivem de suas reputações. Algumas valem mais do que as próprias empresas, como talvez seja o caso da citada acima. Outras tentam se esconder de seu passado, como é o caso, por exemplo, de construtoras tradicionais, que mudam de nome após escândalos de corrupção. Para o seu desconforto, porém, elas são sempre citadas como: empresa X que é a antiga empresa Y. O disfarce não vai muito longe. Marcas sempre carregam muito mais do que simplesmente o nome. Está lá a confiança ou a carência dela.

E quanto a nós? Podemos confiar em nossa própria palavra ou não darmos tanto valor a ela. Será que podemos confiar quando marcamos um horário com alguém? Ao fazermos o relato de algum acontecimento, é comum exagerarmos um pouco? Somos coerentes entre discurso e prática e nos policiamos quanto a isso?

O exercício da confiança é uma conquista diária. Seu valor será ainda maior em momentos de dificuldades, quando precisaremos contar com a confiança de terceiros e de nós mesmos. A confiança pode ser considerada um elemento fundamental para a construção de felicidade. Vale na Finlândia e vale no Brasil. Vale para as empresas e vale para as pessoas. E você? Como está o seu patrimônio chamado confiança?

Sobre o autor

Julio Sampaio (PCC,ICF) é idealizador do MCI – Mentoring Coaching Institute, diretor da Resultado Consultoria, Mentoring e Coaching e autor do livro Felicidade, Pessoas e Empresas (Editora Ponto Vital). Texto publicado no Portal Amazônia e no https://mcinstitute.com.br/blog/.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

Produtor de cachaça artesanal do Tocantins se prepara para exportação

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Embora a produção artesanal de cachaça seja uma tradição familiar, Paulo Palmeira de Souza, pequeno empreendedor de Combinado (TO), está aberto a ouvir conselhos para tornar sua empresa mais atraente para consumidores do mercado internacional.

Paulo é fundador da Cachaça Palmeira. Ele, que pensa em internacionalizar o negócio, mostra que a disposição para aprender é um dos passos mais importantes para as empresas que pretendem se aventurar no comércio exterior.

“Estou acolhendo de braços abertos o que a ApexBrasil [Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos] pode me oferecer, e estou aberto a mudanças e correções, porque a Apex sabe o que eu devo alinhar. Ela tem muito mais experiência do que eu”, afirma.

O início

A história que antecede o encontro do pequeno produtor com a ApexBrasil é rica. Os avós de Paulo produziam cachaça no estado da Bahia, prática que o pai dele levou para o município de Combinado (TO), há cerca de trinta anos.

O produtor diz que deu continuidade à tradição familiar e, após fazer um MBA em gestão empresarial, fundou a Cachaça Palmeira.

“A gente tem na região um clima que gera um sabor diferenciado na cachaça. Temos um produto com qualidade excepcional”, garante.

Paulo também apostou na produção de embalagens marcantes para agregar valor aos produtos. “Comecei a pensar: ‘como é que vou mostrar que essa cachaça produzida há cinco anos é melhor do que a produzida neste ano?’ Vou criar também uma embalagem”, lembra.

Hoje, a empresa produz dez sabores diferentes de cachaça — alguns deles únicos, como a “barumel”, em que a bebida é curtida em uma mistura de mel com baru — e 30 tipos de embalagens. “Você pode visitar várias unidades produtoras de cachaça no Brasil, mas vai encontrar a barumel só na Cachaça Palmeira”, diz, orgulhoso.

Voos mais altos

Com o passar do tempo, o pequeno produtor deseja conquistar clientes não apenas no mercado nacional. Paulo afirma que conhecer a ApexBrasil foi um marco para as pretensões da Cachaça Palmeira. “Depois que eu conheci a Apex, percebi que há muitas portas a serem abertas e que, além do mercado estadual, eu também posso atingir o mercado internacional”, pontua.

Por meio do Programa de Qualificação para a Exportação (Peiex), o produtor recebeu dicas sobre o funcionamento do mercado internacional e do que vai precisar para se adaptar às exigências dos compradores internacionais.

Há duas semanas, ele também participou de uma rodada de negócios com potenciais clientes de outros países, por meio do programa Exporta Mais Brasil, iniciativa da ApexBrasil que conecta empreendedores brasileiros a compradores internacionais.

Peiex

Presente em todas as regiões do país, o Peiex orienta os empresários que desejam exportar seus produtos. Os interessados podem entrar em contato com os respectivos núcleos operacionais da ApexBrasil, em cada estado do país e assinar um termo de adesão ao programa.

O atendimento às empresas por meio do programa é gratuito. Basta ao empresário estar disposto a dedicar tempo e a investir na melhoria do seu negócio. O diagnóstico do que a empresa precisa melhorar para acessar o mercado exterior dura aproximadamente 38 horas. O empreendedor recebe um plano de exportação com orientações para internacionalizar sua marca.

Entre 2021 e 2023, o Peiex atendeu 5,3 mil empresas. Destas, 827 já estão exportando e faturaram, no período, US$ 3,16 bilhões. Para mais informações, acesse: www.apexbrasil.com.br.

*Por Felipe Moura, do Brasil 61

Amazonas é o estado com maior taxa de mortalidade por tuberculose do Brasil

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O Amazonas é o estado com o maior coeficiente de mortalidade por tuberculose no país: em 2022, foram 5,1 mortes/100 mil habitantes, segundo o boletim epidemiológico do Ministério da Saúde. Quase o dobro da média nacional, que foi de 2,72 mortes/100 mil. O estudo indica que o estado teve 3.548 novos casos da doença em 2023 e 218 mortes pela doença em 2022. Além disso, em 2023 a incidência da tuberculose no estado foi segunda maior do país, — 81,6 casos/100 mil habitantes — atrás apenas de Roraima.

Os altos números são explicados pelas condições de vida da população, associadas a um cenário de pós-pandemia. “No período de pandemia as pessoas ficaram em casa e houve interrupção de diversas ações de controle da TB, quando houve a retomada dos serviços, aumentou a identificação desses casos de tuberculose, que acabaram — mais tardiamente — evoluindo para a morte”, explica Lara Bezerra, coordenadora do Programa Estadual de Controle da Tuberculose no Amazonas.

A gestora ainda acrescenta que “não podemos deixar de falar que a tuberculose também está associada a questões socioeconômicas, de desigualdade, onde a moradia muitas vezes é pequena, sem janela, o que contribui para novas infecções e adoecimento”.

Tuberculose: contágio e vulnerabilidade

A principal forma de contágio da doença é aérea — quando uma pessoa doente, sem tratamento, tosse, espirra ou fala. O principal sintoma ainda é a tosse persistente, chamada tosse prolongada, que costuma durar três semanas ou mais. E as condições sociais ainda são fatores que perpetuam a existência da tuberculose no país, como explica a coordenadora-geral de Vigilância da Tuberculose, Micoses Endêmicas e Micobactérias não Tuberculosas do Ministro da Saúde, Fernanda Dockhorn.

“A tuberculose está ligada muito ao ambiente onde a pessoa vive, às condições de vida da população. Então, as populações (que vivem) onde há muita pobreza, (onde) têm muitos aglomerados, o ar não circula tão bem e a tuberculose está presente ali. As pessoas em situação de vulnerabilidade, muitas vezes, têm dificuldade de acesso a serviços e (o) diagnóstico (acaba sendo) tardio”.

E foi na policlínica Cardoso Fontes — referência no atendimento a de pessoas com tuberculose em tratamentos especiais no estado —, em Manaus (AM), que a assistente social Marklise Siqueira, de 40 anos, recebeu o diagnóstico da infecção latente pelo bacilo causador da tuberculose. O exame, realizada em todos os funcionários, é importante para o seguimento dos profissionais de saúde, que possuem um risco maior de se expor ao bacilo, e adoecer. A infecção latente não causa sintomas e não transmite o bacilo. Uma pessoa com infecção latente pelo Mycobacterium tuberculosis tem o bacilo “adormecido” no pulmão, mas não tem a doença (que ocorre quando a imunidade não consegue manter o bacilo nessa forma latente, e o bacilo fica ativo, se multiplica, e a doença se instala).

A assistente social se surpreendeu ao receber o resultado positivo. Para não desenvolver a tuberculose, ela teria que manter a imunidade alta. Mas em 2020, durante a pandemia de Covid-19, as coisas mudaram. “Comecei a emagrecer muito — eu perdi 5 quilos, em 6 dias — daí, fiz um exame de escarro e um raio-x e meu exame deu positivo”, conta a assistente social. A doença apareceu por conta da baixa na imunidade. O tratamento durou seis meses e ela ficou curada.

Atenção Primária, a porta de entrada para o tratamento

No Amazonas e em todo o país, a Atenção Primária à Saúde é a porta de entrada para o tratamento da tuberculose, como explica Fernanda Dockhorn. “Mesmo em um município pequeno, a Atenção Primária à Saúde é sensível, tem que perceber quando tem suspeita ou não da doença. Todo medicamento é fornecido pelo SUS, de forma gratuita”. A adesão total ao tratamento — com duração de seis meses — é fundamental para que a pessoa fique curada.

Atuação do Programa Brasil Saudável nos grupos mais vulneráveis

Criado em fevereiro como um programa de governo, o Brasil Saudável é uma estratégia coordenada pelo Ministério da Saúde com a participação de outros 13 ministérios. Juntos, desenvolvem ações frente às populações e territórios prioritários – tanto para combater a tuberculose quanto para outras 10 doenças e cinco infecções consideradas problemas de saúde pública.

As diretrizes do programa estão voltadas para o enfrentamento à fome e à pobreza, a promoção da proteção social e dos direitos humanos, o fortalecimento da capacitação de agentes sociais, o estímulo à ciência, tecnologia e inovação e a expansão de iniciativas em infraestrutura, saneamento e meio ambiente.

A meta do programa é reduzir a incidência para menos de 10 casos por 100 mil habitantes e fazer cair o número de mortes pela doença para menos de 230 por ano, até 2030. O que para a coordenadora Fernanda Dockhorn, é uma meta possível, mas depende de um esforço coletivo. “O Brasil está no caminho, a gente tem o Brasil Saudável nessa tentativa de ampliar as ações interministeriais para dar uma proteção social para as pessoas, para dar atendimento adequado para quem é privado de liberdade, por exemplo”.

Saiba mais sobre a tuberculose e sobre o programa Brasil Saudável.

*Por Lívia Braz, do Brasil 61

Cientistas defendem criação de territórios sustentáveis para zerar desmatamento na Amazônia

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O agravamento das mudanças climáticas coloca em evidência a vulnerabilidade das populações e dos diferentes biomas a eventos como o registro de temperaturas recordes, a ocorrência de desastres naturais e de fenômenos climáticos, a exemplo da seca extrema registrada na Amazônia em 2023 e das enchentes no Rio Grande do Sul neste ano. É nesse cenário perigoso, com o país acompanhando cada vez mais as consequências da fragilização dos biomas, que o Brasil se comprometeu em zerar o desmatamento e a degradação da floresta amazônica até 2030, uma meta ousada defendida pela ciência há cerca de 20 anos e que precisa de uma política estratégica para ser alcançada.

Em artigo publicado na revista Trends in Ecology & Evolution, a doutora em Ecologia e pesquisadora do Museu Paraense Emílio Goeldi, Ima Célia Guimarães Vieira; e o doutor em Zoologia e professor titular do Departamento de Geografia e Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Miami, José Maria Cardoso da Silva, retomam a proposta do desmatamento zero apresentada por eles em artigo de 2005, mas agora em um contexto ainda mais alarmante.

Há quase duas décadas, a taxa oficial de desmatamento da Amazônia calculada pelo sistema Prodes do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) foi de 27,772 km² no ano de 2004. Em 2022, o mesmo sistema detectou uma devastação de 11.594 km², contudo o índice acumulado nesse intervalo de tempo chegou a 168,413 km², o que contribuiu para o aumento das emissões de carbono na região e uma perda intangível de biodiversidade.

Os números citados no parágrafo anterior tendem a crescer drasticamente caso seja aprovada o PL 3.334/2023, que propõe a redução da reserva legal na Amazônia, tornando disponível para a desflorestação 28,17 milhões de hectares. O projeto de lei é uma licença para derrubar que anula o êxito conquistado com medidas como o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm), tornando o Brasil um campeão em emissões de gás carbônico no mundo e alvo de boicotes comerciais aos seus produtos.

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Zerando a perda

Na avaliação dos pesquisadores, para atingir a meta de desmatamento e degradação zero o Brasil deve integrar as políticas públicas setoriais que estabeleçam um novo modelo de desenvolvimento na região amazônica, baseado na implantação de territórios sustentáveis. Concebidos como áreas onde a integridade ecológica e a prosperidade humana podem ser preservadas por gerações, esses territórios seriam adotados em 85 subsistemas distintos já identificados pelo governo na Amazônia brasileira.

“Consideramos que o desmatamento e degradação zero só pode ser alcançado se for concebido como o resultado de um novo modelo de desenvolvimento que se concentre no estabelecimento de territórios sustentáveis em toda a região, em vez de ser simplesmente um objetivo ambiental a ser perseguido sem considerar a heterogeneidade social e ecológica da região”, afirmam Ima Vieira e José Maria Cardoso.

Estratégias

Tendo em vista a promoção da conservação ambiental e a garantia do bem estar social a longo prazo, os cientistas elencam seis estratégias que podem ser adotadas com diferentes escalas de importância nos territórios sustentáveis. São elas: expansão e descentralização do sistema regional de ciência, tecnologia e inovação; gestão eficaz das áreas protegidas e Terras Indígenas (TIs); conversão de terras públicas não destinadas em Unidades de Conservação (UC) e TIs; aumentar a proteção da floresta em áreas privadas; recuperação e uso eficiente de áreas degradadas; e a melhoria dos mecanismos de governança.

Um dos objetivos desse conjunto de medidas é a integração das diferentes categorias de áreas protegidas, envolvendo as UCs existentes, as novas que podem ser criadas nos cerca de 600 mil km² de terras públicas ainda sem destinação e os 1,6 milhão de km² de propriedades privadas onde Reservas Legais (RLs) e Áreas de Proteção Permanente (APPs) devem ser preservadas em acordo com regras do Código Florestal Brasileiro.

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A proposta enfatiza também a importância da geração de renda por meio de atividades produtivas que agreguem tecnologia e valor ao uso da terra, ampliando assim seus benefícios socioeconômicos.

“Os territórios sustentáveis exigem a conversão das pastagens em sistemas de produção alimentar mais diversificados para reduzir a pobreza, aumentar a eficiência económica e social, absorver carbono, melhorar a conservação dos solos, conservar a biodiversidade e apoiar vários produtos com um elevado valor agregado”, ressalta o artigo de Vieira e Cardoso.

Os pesquisadores chamam atenção para o papel que as instituições de ciência, tecnologia e inovação podem desempenhar na orientação de políticas públicas e no fortalecimento de estratégias de desenvolvimento sustentável ao realizar pesquisas inspiradas nas demandas locais.

Aliado a isso, colocam em evidência a necessidade de articulação dos modelos de desenvolvimento com povos indígenas, populações quilombolas e comunidades tradicionais, visto que as decisões sobre a região ainda são pautadas nos interesses de grupos de fora, que acabam perpetuando nos projetos a ideia da Amazônia como uma fronteira do desenvolvimento.

“Estabelecer territórios sustentáveis e alcançar o desmatamento e a degradação zero na Amazônia brasileira continua sendo possível, mas exigirá um esforço sustentado, de longo prazo e globalmente colaborativo. Esse esforço deve ser impulsionado por um sistema de ciência, tecnologia e inovação, mas ainda assim deve estar fundamentado no conhecimento, nas visões de mundo e nas aspirações da população regional. Se tal não acontecer, poderão surgir graves riscos sociais e ambientais, com consequências globais imprevisíveis”, frisam os cientistas.

Conheça as 6 estratégias para alcançar o desmatamento zero na Amazônia

1 – Expansão e descentralização do sistema regional de CT&I – Os territórios sustentáveis devem ser orientados pela ciência. Para isso, é necessário que as instituições de ciência, tecnologia e inovação existentes sejam expandidas e descentralizadas em sistemas sub-regionais para o fortalecimento e maior conexão da produção de conhecimento.

2 – Gestão eficaz das áreas protegidas e Terras Indígenas – As unidades de conservação (UCs) e Terras Indígenas (TIs) são fundamentais para o controle do desmatamento e da degradação florestal. Porém, é preciso que elas sejam melhor distribuídas no bioma, tenham acesso regular a recursos, infraestrutura e recursos humanos para serem plenamente funcionais e contenham os ilícitos ambientais.

3 – Conversão de terras públicas não destinadas em UCs e Tis – Cerca de 600 mil km² de áreas públicas na Amazônia permanecem sem designação. A transformação dessas áreas em UCs e Tis ajuda a reduzir os riscos de apropriação ilegal, especulação, desmatamento e degradação, contribuindo para uma menor taxa de conflitos socioambientais.

4 – Aumentar a proteção da floresta em áreas privadas – O Brasil tem aproximadamente 1,6 milhão de km² da floresta amazônica em áreas privadas, sendo que 45% das propriedades têm passivos ambientais. O governo deve incentivar programas baseados no mercado para encorajar o cumprimento do Código Florestal e a transformação das reservas legais e áreas de proteção permanente em reservas privadas de património natural, que podem ser usadas para pesquisa, educação e ecoturismo.

5 – Recuperação e uso eficiente de áreas degradadas – Os territórios sustentáveis requerem maior aglomeração espacial econômica e melhores estratégias de uso da terra. Projetos piloto já tiveram bons resultados combinando a produção de alimentos, a agregação de valor à produção, a conservação da biodiversidade e a redução da pobreza. É preciso dar escala a projetos com essa perspectiva.

6 – Melhoria dos mecanismos de governança – Os déficits de financiamento para a região e as lacunas de integração entre políticas setoriais básicas são desafios para o Brasil atingir a meta do desmatamento zero. O país deve criar sistemas de governança para facilitar o diálogo e a negociação entre os diferentes níveis de governo e as sociedades sub-regionais, sobretudo povos indígenas e comunidades tradicionais, o que traria ganhos em termos de legitimidade e eficiência para os territórios sustentáveis.

Referências

VIEIRA, Ima Célia Guimarães; SILVA, José Maria Cardoso da; TOLEDO, Peter Mann de. Estratégias para evitar a perda de biodiversidade na Amazônia. Dossiê Amazônia Brasileira II. Estud. av. 19 (54), ago. 2005. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ea/a/yf6MQVWvKWGD33jN3jqw47n/?lang=pt.

VIEIRA, Ima Célia Guimarães; SILVA, José Maria Cardoso da. Zero deforestation and degradation in the Brazilian Amazon. Trends in Ecology & Evolution. Volume 39, ed. 5, p. 413-416, mai. 2024. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.tree.2024.03.004.

*Com informações do Museu Goeldi

Pesquisador afirma que “a seca de 2023 ainda não acabou”

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A seca que assolou o Amazonas em 2023 persiste em 2024 e isso pode ser visto pelo quadro atual das chuvas na região amazônica que sugerem uma seca de gravidade bem elevada para este ano. É o que alerta o pesquisador e coordenador de hidrologia do Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (LBA/Inpa-MCTI), Renato Senna.

Renato diz que a região amazônica ainda enfrenta uma deficiência de precipitação até agora.

“Isso comprometeu toda estação chuvosa e o período de enchimento dos grandes rios, e provavelmente se estenderá até o final do primeiro semestre. Esta condição só será alterada no segundo semestre de 2024”, afirma Senna.

Nos últimos quatro anos, o nível das águas do rio Negro tem oscilado entre extremos de cheias e vazantes. Em 2021, registrou-se a maior cheia já medida, atingindo a cota máxima de 30,02 metros. Já em 2023, ocorreu a maior vazante registrada em 120 anos de medição, com o nível chegando a 12,70 metros. De acordo com o pesquisador, dois eventos atuaram simultaneamente, evitando formação de nuvens e a precipitação na região amazônica: o aquecimento superficial do Oceano Pacífico (El Niño) inibiu a formação de nuvens e reduziu as chuvas na Amazônia e o Oceano Atlântico empurrou as nuvens que se formam sobre a Amazônia em direção ao Hemisfério Norte.

Pesquisador Renato Senna Foto: Tadeu Rocha

As previsões indicam que as águas do Oceano Pacífico deverão esfriar no segundo semestre de 2024, o que favorecerá a ocorrência de chuvas na Amazônia. Por outro lado, o Oceano Atlântico, no Hemisfério Norte, permanece aquecido. “É provável que tenhamos uma temporada de furacões na região do mar do Caribe no segundo semestre de 2024, responsável por retirar umidade da Amazônia e transportá-la para o Hemisfério Norte, resultando na redução das chuvas na região amazônica”, destaca Senna.

Impacto dos Oceanos

Os oceanos são responsáveis por modular o clima e as chuvas na região amazônica. Tanto o Oceano Pacífico quanto o Oceano Atlântico influenciam a circulação, acumulação e transporte de vapor d’água, áreas essenciais para a formação de nuvens e a consequente geração de chuvas nas grandes bacias da Amazônia.

Vila de Ribeirinhos Boarazinho Foto: Dado Galdieri

Em 2023, o fenômeno natural La Niña, caracterizado pelo resfriamento das águas do Oceano Pacífico, foi sucedido rapidamente pelo El Niño, devido ao aquecimento das águas superficiais do Oceano Pacífico, próximo a linha do Equador. Normalmente, o El Niño ocorre entre períodos de quatro a sete anos. “Geralmente, ocorre uma redução no nível da água dos rios no primeiro ano do El Niño e secas mais severas no ano seguinte”, explica Senna.

Ainda segundo o pesquisador, em 2023, as águas superficiais do Oceano Atlântico no Hemisfério Norte também aqueceram, especialmente próximo ao noroeste do continente africano.

“Águas muito aquecidas nessa região normalmente resultam em temporadas de furacões e de tempestades intensas no Hemisfério Norte, como observado nos eventos de 2005 e 2010. Nessas ocasiões, ocorreram chuvas intensas e tempestades naquela região que, também transferiram água da Amazônia para o Hemisfério Norte, resultando em seca em nossa região”, esclarece Senna.

Senna relembra que em setembro de 2023, o nível das águas do rio Negro diminuiu de forma drástica, em média 30 centímetros, durante vários dias consecutivos, um fenômeno jamais registrado nos 120 anos de medições das águas do rio Negro.

“A seca histórica de 2023 ocorreu em um contexto de aquecimento das águas superficiais próximas à linha do equador tanto no Oceano Atlântico quanto no Pacífico. Essas condições persistem até recentemente, totalizando quase 12 meses – de julho de 2023 a junho de 2024 – com temperaturas das águas superficiais muito elevadas e ambos os eventos ocorrendo simultaneamente, resultando na redução da precipitação”, ressalta o pesquisador.

Previsões

O Laboratório Amanã do Inpa é responsável pela emissão do Boletim de Monitoramento Climático das grandes bacias hidrográficas da Bacia Amazônica. Este boletim monitora as chuvas acumuladas em intervalos de 30 dias nas bacias hidrográficas que compõem a bacia amazônica.

Toda quinta-feira o Laboratório emite o boletim e está disponível para consulta no link linktr.ee/clima.amazonia.

“O objetivo é fornecer informações para os tomadores de decisão, como defesa civil, secretarias de agricultura, transporte, educação e saúde etc., permitindo que se planejem conforme as condições esperadas nas grandes bacias amazônicas. Monitoramos toda a bacia amazônica desde suas nascentes nos Andes até a foz do Amazonas, junto à Ilha de Marajó, nos estados do Pará e Amapá”, afirma Senna.

*Com informações do Inpa

‘Itinerários Amazônicos’ é apontado pela Unesco como um dos 5 exemplos de boas práticas de educação no mundo

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Como empoderar estudantes para agir diante das mudanças climáticas? Um programa está atuando na Amazônia para transformar vidas por meio da educação. É o Itinerários Amazônicos, que tem o objetivo de oferecer formação e conhecimento aos professores da região.

Lançado em agosto de 2023 pelo Instituto Iungo, Instituto Reúna e rede Uma Concertação pela Amazônia, com investimentos do BNDES, Fundo de Sustentabilidade Hydro, Instituto Arapyaú, Movimento Bem Maior e Vale, o programa atua em oito dos nove estados por onde se estende a Amazônia Legal: Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Roraima e Tocantins.

Desde então, já foram disponibilizados, gratuitamente, mais de 2.600 páginas de material curricular, com formação de mais de 55 mil professores, mais de 5.300 escolas impactadas, beneficiando cerca de um milhão de alunos do Ensino Médio. O programa reúne redes estaduais de ensino e educadores em torno da complexidade amazônica e de questões locais, regionais, nacionais e globais que se relacionam diretamente com o desenvolvimento sustentável.

Ele traz conteúdo sobre temas amazônicos em diálogo com as áreas de conhecimento previstas pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e realiza a formação de professores para sua adoção nas salas de aula. Além de promover a aprendizagem em contexto, o conteúdo e a formação têm foco no desenvolvimento das habilidades e competências dos estudantes para que possam agir diante das mudanças do clima.

Por causa disso, em 2023, o programa Itinerários Amazônicos foi selecionado como um dos cinco estudos de caso exemplares no mundo de Educação sobre Mudanças Climáticas, em um relatório encomendado pela UNESCO e apresentado na Reunião Regional da Ásia e Pacífico ESD-Net 2030, em junho do mesmo ano, na Indonésia.

“Há, relativamente, pouco conhecimento de como os jovens estão adquirindo e aplicando competências, como resolução de problemas, inovação, pensamento crítico e criativo, a partir de programas e abordagens sobre as mudanças climáticas. A educação para esse assunto foca, em sua imensa maioria, em aquisição de conhecimento sobre ciclo de carbono, efeito estufa e gestão de recursos, em vez de abordar o que pode e deve ser feito em termos de comportamentos e de ação para mitigação e adaptação diante da crise climática. Os Itinerários Amazônicos são um exemplo de boa prática tanto em relação ao diálogo proposto com o contexto local – da construção do documento ao tipo de conteúdo e atividades propostas – quanto aos recursos e aos esforços dirigidos à formação de professores com foco em metodologias ativas e no sentido do desenvolvimento de competências e habilidades para a ação efetiva”, afirma o Dr. Phil Lambert, professor e um reconhecido especialista em educação no mundo, que apoiou o Brasil na construção da Base Nacional Comum Curricular.

Ações no Pará

Em outubro de 2023, o programa articulou junto à UNESCO, UNICEF, BID, BNDES, Porticus e Secretaria de Educação do Pará (SEDUC-PA) visitas conjuntas às escolas em Belém e no Marajó, para conhecimento da realidade da região e sobre como a iniciativa poderia atuar. Em novembro, foi realizado, junto com a Secretaria de Educação do Pará, o componente Educação para o meio ambiente, sustentabilidade e clima do Pará para o Ensino Médio e Fundamental (Anos Finais), englobando a produção de materiais pedagógicos e a formação continuada dos educadores da rede de ensino. Em dezembro do mesmo ano, eles apresentaram o material na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2023, a COP28, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.

“Com duas frentes complementares: materiais curriculares e formação continuada de professores e gestores escolares, o programa Itinerários Amazônicos visa a levar, de forma aprofundada, temas que tocam a região – como mudanças climáticas, questões sociais, culturais e econômicas – de maneira articulada com a Base Nacional Comum Curricular e os currículos estaduais de Ensino Médio”, afirma Paulo Andrade, presidente do Instituto Iungo.

Paula Marlieri, gerente sênior de Assuntos Externos da Hydro, destacou que “para a Hydro, fazer parte de um projeto com a dimensão e a potência da educação na Amazônia é um compromisso com todos. Essa junção de esforços é muito positiva para ações de grande relevância para a região. O mundo precisa saber e conhecer essa potência. Educar é mostrar a vida a quem ainda não viu”.

O programa Itinerários Amazônicos oferece conteúdos formativos gratuitos para educadores brasileiros através do canal do programa no YouTube: https://www.youtube.com/@ItinerariosAmazonicos ou no site oficial do programa.

Aprenda duas receitas de tapioca com um toque de rivalidade digna de Caprichoso e Garantido

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A tapioca é uma das receitas mais feitas pelos amazônidas. Afinal, uma tapioca com queijo coalho e banana pacovã é um manjar dos deuses certo? Certo! Mas já pensou em fazer uma tapioca nas cores dos seus bois-bumbás favoritos?

O Portal Amazônia mostra duas receitas que levam a rivalidade do Caprichoso e Garantido para a gastronomia local. Confira:

Ingredientes

4 colheres de goma de tapioca
1 colher de corante azul comestível

Recheio

2 colheres de leite condensado
3 colheres de coco ralado em flocos

Modo de preparo

O primeiro passo é misturar a goma de tapioca com o corante. Em seguida, aqueça uma panela e coloque algumas colheres de goma. Espero um tempo e vire a goma.

Não tem muito segredo para o recheio. Misture o leite condensado com o coco ralado em flocos. Coloque o recheio na tapioca. Use um pouco de coco ralado para enfeitar.

Foto: Reprodução/Amazon Sat

4 colheres de goma de tapioca
1 colher de corante vermelho comestível

Recheio

2 colheres de doce de leite
60g queijo coalho

Modo de preparo

O primeiro passo é misturar a goma de tapioca com o corante. Em seguida, aqueça uma panela e coloque algumas colheres de goma. Espero um tempo e vire a goma. Tire a tapioca da panela e reserve. Frite duas fatias de queijo para criar uma crosta crocante.

Agora, passe uma colher de doce de leite na goma. Em seguida, coloque o queijo sobre o doce de leite. Você pode usar um pouco de doce de leite para enfeitar a tapioca.

O que não pode levar para o bumbódromo durante o Festival Folclórico de Parintins?

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Inaugurado em 1988, o bumbódromo é palco do maior Festival Folclórico a céu aberto, o Festival de Parintins, no Amazonas. A sua construção foi pensada para lembrar a dualidade histórica dos bois Caprichoso e Garantido com a estrutura em formato de cabeça de boi.

Reformado no ano de 2013, possui capacidade para abrigar 25 mil espectadores. Por questões de segurança e devido à importância e visibilidade do Festival Folclórico para o Estado, existem itens que são proibidos de se levar para o bumbódromo.

No 57º Festival de Parintins, em 2024, não seria diferente. De acordo com a Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa (SEC), na entrada tanto da Festa dos Visitantes, no dia 27 de junho, quanto no próprio festival (28, 29 e 30 de junho), a segurança vai retirar itens que podem causar acidentes.

Confira a lista dos principais itens proibidos de acordo com a Portaria Conjunta 0001/2015/ – GS/SSP:

  • Arma de fogo e branca de qualquer tipo ou espécie (facas, canivetes, martelos, dardos)
  • Guarda-chuvas (de qualquer tamanho)
  • Pingentes/correntes pesadas
  • Objetos pontiagudos (canetas, espeto de churrasco)
  • Substâncias tóxicas
  • Objeto perfuro cortante (tesoura, seringa, cortador de unha, lâminas em geral)
  • Malabares
  • Objetos de vidro, plástico ou metal
  • Fogos de artifício, sinalizadores e de estampido (de qualquer espécie)
  • Papel em rolo de qualquer espécie, jornais e revistas
  • Bebidas alcoólicas
  • Vasilhames, copo de vidro, metal ou qualquer outro tipo de embalagem, contendo bebidas ou refrigerantes de qualquer natureza
  • Capacete
  • Recipiente em aerossol
  • Alimentos em grandes quantidades
  • Ornamentos com materiais perfuro cortantes (tiaras pontiagudas, prendedores de cabelo com madeira)
  • Remédios (permitido mediante prescrição médica)

Mudanças em 2024

Em fevereiro de 2024, a Amazon Best, responsável pela venda dos ingressos para o evento autorizou a entrada de água e comida para o Bumbódromo, o que era proibido em anos anteriores.

A decisão vem após uma série de recomendações feitas pelo Ministério Público do Estado do Amazonas (MP-AM) e o Programa Estadual de Proteção e Orientação do Consumidor (PROCON-AM). O compromisso firmado está em conformidade com a Lei estadual nº 4.782/2019 e o decreto federal que regulamenta a entrada de alimentos e bebidas não alcoólicas em grandes eventos.

Crianças e adolescentes

De acordo com a Secretaria de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc AM), adolescentes entre 12 anos e 15 anos poderão acessar a Festa dos Visitantes, no Bumbódromo, no dia 27 de junho, desde que acompanhados dos pais ou responsáveis, portando um documento oficial de identificação pessoal, e documento que comprove o grau de parentesco ou a responsabilidade legal em relação ao menor. A restrição para menores dessa faixa etária foi uma decisão conjunta entre o Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), o Ministério Público (MP-AM), Defensoria Pública (DPE-AM) e o Governo do Amazonas.

A decisão conjunta foi tomada nesta sexta-feira (21/06) e complementa a Portaria Conjunta nº 01/2021, da 2ª Vara da Comarca de Parintins, que regulamenta a presença de crianças e adolescentes em ‘bailes, eventos dançantes, festas pagas, boates e casas de espetáculos’.

Na reunião, ficou decidido que a idade mínima para acesso ao local do evento será de 12 anos. A decisão foi acatada pela 2ª Promotoria  de Justiça na Comarca de Parintins, além dos órgãos estaduais responsáveis pela fiscalização e organização, que inclui a  Secretaria de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc), o Fundo de Promoção Social (FPS) e  a Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa (SEC).

No caso do acompanhante que não possui grau de parentesco com o menor, é necessária uma autorização, escrita e assinada, expedida por um ou por ambos os pais (ou pelo responsável legal), com firma reconhecida ou acompanhada de cópia do documento de identidade.

Para facilitar ao público, tanto a 2ª Promotoria  de Justiça na Comarca de Parintins quanto a Defensoria do município e a 2ª Vara da Comarca de Parintins também podem expedir o documento e estarão atendendo no Turistódromo, localizado na praça da Catedral.

A partir de 16 anos

Conforme a Portaria  nº 01/2021, adolescentes de 16 e 17 anos desacompanhados precisam estar devidamente identificados, com documento oficial de identidade.

Acompanhantes

Os acompanhantes das crianças ou adolescentes menores de 16 anos podem ser: os pais; o responsável, a pessoa que detém a guarda ou a tutela da criança ou do adolescente; parente, ascendente (avós, bisavós) ou colateral maior de idade até o terceiro grau (irmãos e tios); ou a pessoa maior de 18 anos, expressamente autorizada pelo pai, mãe ou responsável legal.

Identificação

Para entrar na festa, além da autorização e documentos, as crianças deverão estar com crachá de identificação, com informações do nome da criança, idade, nome e telefone do responsável. O crachá pode ser baixado no site da Secretaria de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc), no banner ‘Boi-Bumbá para Todos’ e também será distribuído na entrada do evento.

Especialistas alertam para ‘crise hídrica severa’ em Rondônia em 2024

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Há menos de um ano da seca histórica que deixou milhares de ribeirinhos sem água e paralisou operações de uma das maiores hidrelétricas do Brasil, o rio Madeira entrou em “cota de alerta” após ficar abaixo dos 5 metros em Porto Velho (RO), conforme a Defesa Civil Municipal. Nos 15 primeiros dias de junho, o nível do rio diminuiu quase 3 metros.

Especialistas acreditam que os meses de agosto e setembro poderão apresentar o ápice da estiagem em 2024. Desde o início de junho, o nível do Madeira tem diminuído na capital, segundo dados do Serviço Geológico do Brasil (SGB). Em 20 dias, a cota do afluente caiu de 8,23 metros (1° de junho) para 4,15 metros registrados no dia 19 de junho (até o momento essa é a menor cota de 2024).

Com o avanço da seca, ribeirinhos relataram apreensão, e poços começaram a ser escavados em comunidades ribeirinhas. A seca extrema que o Norte enfrenta desde outubro do ano passado, está relacionada a dois fatores que inibem a formação de nuvens e chuvas — comprometendo o nível do manancial.

  • Oceano Atlântico Norte mais aquecido que o normal, e mais quente que o Atlântico Sul.
  • Fenômeno El Niño, que causa atrasos no início da estação chuvosa e enfraquecimento das chuvas iniciais do período.

Em resposta a essa queda, a Defesa Civil Municipal decretou “cota de alerta”: medida adotada quando o nível do rio Madeira fica abaixo de 5 metros. No mesmo período, em 2023, o rio estava 4 metros acima dessa marca, com 8,39 metros — a média para o mês é de 7 a 8 metros.

Seca mais severa e alerta

Especialistas do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam) apontam que a seca será mais severa neste ano. Com a formação de bancos de areias, o retrato da crise hídrica já pode ser vistos ao longo do afluente.

Segundo o boletim hidrológico da Bacia do Rio Madeira (SAH Madeira), a tendência é que o processo de vazante no Rio Madeira em Porto Velho continue.

A vazante é a fase em que o nível da água do rio reduz, processo que ocorre geralmente após um período de cheia, caracterizada pela redução gradual do volume de água que flui pelo curso do rio.

Em todos os pontos de monitoramento do SAH Madeira, os níveis do afluente estão abaixo da faixa de normalidade para este período do ano. Em Jirau-Jusante Beni, o rio apresenta a cota histórica mais baixos registrada para a temporada.

Esse processo de “seca” está relacionado as precipitações de chuvas observadas nos últimos dias e previstas para as próximas semanas em pontos de monitoramento do Madeira, conforme informações do SGB.

Foto: Prefeitura de Porto Velho/Leandro Morais

Baixos índices de chuva

Conforme o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), os índices de chuva estão abaixo da média em Rondônia. Em Porto Velho, por exemplo, ainda não houve acumulado de chuvas em junho. No ano de 2024, essa redução das precipitações iniciou em maio: período que marca o início da transição da estação chuvosa para a estação seca na região Amazônica.

Segundo o doutor em geografia e hidrossedimentalogia, Michel Watanabe, a previsão de chuvas para o período de estiagem deste ano é menor em comparação com o ano de 2023.

“Todos os grandes rios de Rondônia, incluindo o Madeira, já estão sentindo a intensidade desta estiagem. As cotas registradas estão abaixo dos dados de 2023. Os meses de agosto e setembro poderão apresentar o ápice da estiagem em 2024”, explica.

O boletim do tempo do Inmet para os próximos dias indica muito sol e possibilidade de chuva reduzida em todo o estado de Rondônia. No entanto, no oeste de Rondônia, pode chover isoladamente em algumas áreas.

Eventos climáticos

A redução dos níveis dos rios causado pelas baixas precipitações, continua relacionado ao evento climático que assolhou a região Norte, fez o Madeira chegar a níveis críticos e que inibe a formação de nuvens e chuvas: o El Niño.

Tradicionalmente, o fenômeno El Niño causa secas no Norte e Nordeste do país — e chuvas abaixo da média — principalmente nas regiões mais equatoriais; além de provocar chuvas excessivas no Sudeste e Sul do país. O El Niño é a fase positiva do fenômeno chamado El Niño Oscilação Sul (ENOS). Ou seja, quando ele está em atuação, o calor é reforçado no verão e o inverno é menos rigoroso.

Conforme o Censipam, o fenômeno está perdendo intensidade sobre a região do Pacífico Equatorial e deve passar por uma fase de neutralidade antes de se configurar como La Niña, sua fase oposta. Mesmo com a perda de intensidade, ele ainda deve exercer influência sobre o clima de Rondônia.

Segundo o International Research Institute for Climate and Society, os dois fenômenos, El Niño (EN) e La Niña (LN), têm as seguintes características:

  • tendem a se desenvolver entre abril e junho;
  • duram entre 9 e 12 meses;
  • atingem o pico entre outubro e fevereiro;
  • podem persistir por até aproximadamente 2 anos;
  • recorrem em intervalos de 2 a 7 anos.

De acordo com meteorologistas do Censipam, a La Niña comece a se manifestar sobre o Pacífico Equatorial entre julho e setembro, mas os efeitos dessa mudança climática devem demorar a ser percebidos no estado, sendo mais evidentes próximo ao final deste ano (2024).

Aquecimento do oceano

O segundo fenômeno afetando a Amazônia é o aquecimento anormal das águas do Oceano Atlântico, que também reduz a quantidade de chuva na região.

Com a água dos oceanos mais quente, as correntes ascendentes carregam ar aquecido para a atmosfera. Esse ar segue até a Amazônia por meio de duas correntes descendentes, onde vai diminuir a chuva.

O Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos explica que, no setor mais a oeste, onde está localizado o rio Madeira, o Dipolo do Atlântico acaba tendo maior influência, pois esse aquecimento maior das águas do Atlântico Norte desfavorece a formação de nuvens de chuva sobre esta região.

Escavação de poços em comunidades ribeirinhas

Maria de Fátima mora na comunidade ribeirinha Terra Firme, na região do Baixo Madeira, em Porto Velho. Ela relata que ver o rio secando dia após dia é desesperador e afirma que neste ano a seca será mais severa do que em 2023.

“É desesperador, ta ficando muito dificil para a gente aqui da comunidade. Estamos achando que vamos ficar “ilhados” nesse ano. A seca está pior do que de 2023″, explica.

Bancos de areias no rio Madeira próximo a comunidade Terra Firme, no médio madeira, em Porto Velho. Foto: Maria Fátima

Outra preocupação é o acesso à água. Atualmente, a população da comunidade busca lugares onde há minas de água, que podem desaparecer com a seca do rio, segundo a moradora.

Uma alternativa encontrada pela administração municipal é a escavação de poços artesianos nas regiões do Baixo Madeira: cerca de cinco comunidades serão atendidas. Os estudos para a perfuração começaram nas localidades de Terra Firme e Papagaios. Em seguida, será a vez de Santa Catarina, Calama e Demarcação.

Após a identificação dos locais, serão escavados os poços e construídos os sistemas de captação, armazenamento e abastecimento de água nessas localidades, de acordo com a Prefeitura de Porto Velho.

Esse trabalho de identificação de locais adequados para perfuração é garante volume e qualidade de água. Os métodos aplicados se baseiam em encontrar o topo da coluna da água subterrânea através de pulsos elétricos emitidos no solo. Geralmente, o processo é rápido e fácil de se realizado.

Recuperação de nascentes

O especialista em geografia e hidrossedimentalogia, Michel Watanabe, explica que com os baixos volumes de chuva em várias regiões do estado, é possível que os reservatórios e mananciais não atinjam suas cargas máximas, o que pode afetar o fornecimento de água durante o verão.

Um dos projetos desenvolvidos pelo estado é trabalhar na recuperação e proteção de nascentes e cursos hídricos, importantes para a manutenção do abastecimento de água em várias regiões de Rondônia.

De acordo com o Governo, o ‘Projeto Recuperar’ visa promover e recuperar nascentes nas áreas rurais e urbanas degradadas por atividades humanas, além de dar segurança ambiental nas áreas de preservação permanente.

Uma das cidades que já recebem ações do projeto é Espigão d’Oeste (RO), que enfrentou, na seca de 2023, uma das piores crises hídricas da história da cidade. O rio Palmeiras, único canal hídrico usado para captação e distribuição de água, secou.

A seca em anos anteriores

A diminuição das chuvas causada pelo fenômeno El Niño vem sendo registrada há 7 anos pela Rede Amazônia. O período de maior estiagem deveria ocorrer em outubro, mas desde 2016 a seca tem avançado cada vez mais para meses anteriores.

Em 2016, o rio Madeira registrou 2,98 metros, o que na época representou a menor média registrada nos últimos 48 anos. Naquele ano, a preocupação dos órgãos era que a média registrada no início de agosto só deveria ser registrada em outubro.

Em outubro de 2020, o rio Madeira atingiu uma nova seca histórica, quando o nível do rio marcou 1,88 metro. Na época, o Serviço Geológico do Brasil (CPRM) afirmou que o menor nível registrado até então tinha sido 2,32 metros em 2016.

A terceira seca histórica registrada foi em outubro de 2023, quando o nível do rio Madeira diminuiu mais de 10 centímetros em 24 horas e ficou abaixo de 1,20 metro. No mesmo mês, o rio atingiu a marca histórica de 1,10 metro e, novamente, a estiagem foi apontada como principal fator da seca.

Em 2023, o Serviço Geológico do Brasil (CPRM) afirmou ainda que a estiagem estava relacionada a dois fatores que impediam a formação de chuvas na região: o aquecimento das águas no Atlântico Norte e o fenômeno El Niño.

Como foi apresentado anteriormente nesta matéria, o rio novamente atinge um nível alarmante. Em agosto de 2016, a média registrada estava abaixo do período esperado, mas agora, em junho de 2024, o nível do rio já está abaixo dos 5 metros.

*Por Emily Costa, do Grupo Rede Amazônica RO

‘O Acre existe?’ Saiba como surgiu a piada sobre a existência do Estado

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Se você mora no Brasil, certamente já deve ter ouvido ou até mesmo feito a brincadeira de perguntar: ‘O Acre existe?’. Que o Acre existe, isto é fato, pelo menos é o que o mapa do Brasil mostra. Mas por que ainda há essa pergunta em tom de chacota?

As origens deste ‘questionamento’ estão ligadas a fatores históricos e geográficos, de acordo com especialistas.

Distância: o primeiro fator é o distanciamento do Acre em relação aos grandes centros do país. Localizado no extremo oeste do Brasil. O estado fica a 2,135 km de Brasília; 3,034 km de São Paulo; e 3,322 km do Rio de Janeiro, por exemplo;

Sinônimo de morte: a morte de quase seis mil trabalhadores durante a construção da ferrovia Madeira-Mamoré em Rondônia criou uma atmosfera mística relacionada à região;

Lugar de punição: nos primeiros anos da República era comum que presos políticos fossem enviados ao Acre como forma de punição;

Esquecimento: após o fim do 1º Ciclo da Borracha o Acre perdeu importância política e econômica para o governo federal e empresariado. O território ainda conseguiu nova sobrevida com o 2º Ciclo da Borracha, durante a 2ª Guerra Mundial, mas perdeu novamente o interesse da classe dominante ao final do conflito;

‘Piada’ é antiga

Em uma pesquisa rápida na internet é possível ver diversos podcasts, vídeos, músicas, filmes, livros e textos respondendo à pergunta ou até mesmo afirmando que sim, o Acre existe.

Isto, inclusive, foi o que motivou a professora Giselle Lucena, da Universidade Federal do Acre (Ufac), a trabalhar esta temática. A jornalista conta que participou de diversos eventos acadêmicos onde pessoas de outras localidades do país estranhavam quando ela dizia ser acreana.

“Quando a pessoa percebe que tem um sotaque diferente ou algo assim, quando a pessoa fala que é do Acre, tem uma reação. Tipo: ‘nossa, do Acre?’. É sempre uma surpresa. E a gente vê que muitas vezes aciona uma brincadeira, de dizer assim: ‘ah, eu ouvi dizer que lá tem dinossauro’, ou então gente que realmente desconhece, pessoas mais humildes, mais simples, que desconhecem mesmo a história do Acre”, comenta.

''O Acre Existe' é tema de documentário lançado em 2013 — Foto: Divulgação
 Foto: Divulgação

Das curiosas às grosseiras, as perguntas são as mais variadas possíveis, segundo ela, tais como: ‘no Acre é falado português?’ ou ‘quem é o presidente do Acre?’.

A tese de mestrado dela com o professor José Barros, feita em 2012, tem como tema: ‘O Acre existe? Variações e Perspectivas midiatizadas’ que, inicialmente, analisa a história e formação do território do Acre, que foi elevado a estado em 1962.

A pesquisa pontua que no início do século XX, muitas pessoas saíram dos grandes centros do país e foram trabalhar na ferrovia Madeira-Mamoré, que se entrelaça com a história de Rondônia, estado vizinho. Diversas pessoas morreram neste processo de construção, o que aumentou ainda mais o misticismo com relação a vir ao Acre, como sinônimo de morte.

“No início da história, pessoas eram enviadas para o Acre como forma de punição. Alguma situação de guerra, de conflito que tinha aqui no país, presos políticos, as cadeias estavam cheias, então pegavam essas pessoas e enviavam para o Acre. Essa questão foi representada, foi noticiada nos jornais, tinham charges políticas que falavam de isso, de uma ideia de vir pro Acre como uma punição”, diz.

O professor de História da Universidade Federal do Acre (Ufac), Airton Chaves da Silva, também pesquisa sobre história do Acre e falou que o contexto de isolamento atrelado à piada tem origens geográficas também, principalmente em razão de o estado estar distante das grandes metrópoles.

Seja bem-vindo ao Acre
 Foto: Departamento de Patrimônio Histórico do Acre – FEM

“O Acre, durante muito tempo, ficou geograficamente isolado. Quando surgiu o [território do] Acre, propriamente dito, a partir do Tratado de Petrópolis, em 1903, até 1960, quando surgiu a BR-364, voos de aviões a partir da década de 1940, principalmente de 1950 para cá, o Acre era totalmente isolado. Então, aí vem esse isolamento histórico, geográfico. Levou-se a essa coisa da inexistência do Acre”, comentou.

Negação e afirmação

Lucena discursa que quando as pessoas reproduzem a pergunta: ‘O Acre existe?’, se trata de uma atualização dos processos históricos envolvendo a história do Acre e a própria identidade, que foi formada no contexto de negação, afirmação e defesa do próprio território.

“O acreano tem uma identidade territorial, de defender a sua terra. Há um monumento no centro da cidade que tem a bandeira do Acre, tem o imperador Galvez e a frase que é muito vinculada a ele: ‘se a pátria não nos quer, criamos outra’. Então, isso já mostra para a gente, como que o acreano tem na sua memória um processo de negação e afirmação”, fala.

Para a análise, Giselle pesquisou e catalogou o comportamento das pessoas nas redes sociais, mapeando conversas no Orkut, Facebook, Google e Yahoo Respostas. Assim, ela conseguiu verificar como esses conteúdos mobilizavam pessoas em diversos aspectos e sentimentos. Somente no Orkut, segundo a dissertação, 15 comunidades com a temática ‘O Acre não existe’ foram criados na época.

Frase e estátua de Luis Galvez, imperador do Acre, está exposta em frente à Assembleia Legislativa do Acre, em Rio Branco — Foto: Giselle Lucena/Arquivo pessoal
 Foto: Arquivo pessoal/Giselle Lucena.

No entanto, segundo a jornalista, não há unanimidade sobre como o acreano pode reagir quando esta ‘dúvida’ surgir.

“A representação do Acre para algumas pessoas, é como um lugar onde as pessoas vão para desaparecer, sumir, um lugar misterioso, para onde está o mestre dos magos, onde foi filmado Lost, várias associações com conteúdos midiáticos, num tom de humor, de brincadeira, jocoso. Mas, ao mesmo tempo, acionando muita revolta no acreano, que precisava se defender, reagir dizendo: ‘não, não é assim, o Acre é um estado maravilhoso’. 

A rede social precisa de pessoas debatendo, reagindo umas às outras, é isso que torna a rede social dinâmica”, declara.

Acre tem 62 anos de emancipação — Foto: Assis Lima/Arquivo pessoal
 Foto:Arquivo pessoal/ Assis Lima.

Documentário

O questionamento foi tema do documentário ‘O Acre Existe’, produzido por Bruno Graziano, Milton Leal, Paulo Silva Jr. e Raoni Gruber, gravado em 2011. Os quatro paulistas estiveram no Acre por dois meses em 16 municípios e construíram um longa-metragem misturando ambientes e personagens e viajando pela história do estado, do Santo Daime, das tribos indígenas, da herança de Chico Mendes, soldados da borracha e do próprio Acre à época do documentário.

Bruno Graziano esclarece que os amigos haviam saído há pouco tempo da faculdade e queriam mostrar algo fora do habitual deles. A piada sobre a existência do Acre foi citada e assim, os quatro jovens decidiram fazer um filme alternativo para descontruir a ‘piada’.

“A gente sentou, conversou e decidiu que queríamos fazer um documentário viajando para um lugar que a gente não conhecesse. Um documentário de descobertas. Alguém levantou na mesa e disse que a gente poderia ir para um lugar que a gente menos conhecia no Brasil, ser algo mais extremo. Ninguém naquela época, com 20 e poucos anos, tinha sequer pisado na região amazônica. Conhecíamos muito pouco da cultura e da história da região”, comenta.

Documentário foi apresentado no Festival Pachamama em 2013 — Foto: Divulgação
 Foto: Divulgação

O cineasta ainda fala que os quatro queriam que quem se dispusesse a assistir o documentário feito por eles, entrasse numa imersão ‘de uma viagem pelo Acre naquele tempo e naquela época’. Ele menciona que em 2024, 13 anos depois da filmagem, talvez fizesse o longa de uma forma diferente.

“Talvez um filme mais maduro, um pouco mais profundo. Mas, o filme que a gente fez ali com vinte e poucos anos foi com muita vontade e muita ânsia de conhecimento, e um arrepio diário de estar em contato pela primeira vez com muita coisa que a gente nunca tinha visto, só no cinema e televisão. A gente teve muita sorte, muita satisfação de poder estreá-lo no festival Pachamama em 2013. Foi muito emocionante, foi muito lindo”, relata emocionado.

Sobre voltar ao Acre, Graziano comenta que os quatro pensam em voltar quando o documentário completar 20 anos, para fazer um segundo filme.

“Talvez a gente se junte e volte para fazer um panorama desse comparativo (…) [O Acre] está nas nossas memórias, mudou a nossa vida, nossa relação. Cada um de nós teve mudanças profundas depois do contato com o povo, com a cultura e com a geografia”, declara.

Dentro do próprio filme, os jovens documentaristas analisam os acontecimentos — Foto: Reprodução
 Foto: Reprodução

‘Caricatura’

Silva diz que a piada que se alastrou pela web se trata de uma ‘caricatura’ com o intuito de desfazer uma história coletiva, construída por nordestinos, indígenas, ribeirinhos, negros e trabalhadores no geral.

“O Acre teve uma grande contribuição econômica para a história do país através da borracha nos primeiros anos da década de 1910, grande contribuição à história do país também. A história do Acre tem uma prova de colonização, existe uma subalternização, o que não quer dizer que as pessoas tenham (…) é uma provocação que a gente não deve aceitar e devemos fazer valer os nossos valores históricos e sociais e culturais”, frisa Airton.

*Por Helen Monteiro, do g1 Acre