Cacau é uma das produções ligadas à agricultura familiar em Rondônia. Foto: Frank Nery/Secom RO
Com o objetivo de fortalecer e modernizar as cadeias produtivas no estado, o governo de Rondônia, por meio da Fundação de Amparo ao Desenvolvimento das Ações Científicas, Tecnológicas e à Pesquisa (Fapero), segue com o Programa de Apoio ao Desenvolvimento de Cadeias Produtivas (PAP-Cadeias Produtivas), que visa financiar projetos de pesquisa e desenvolvimento que tem por objetivo fortalecer e otimizar as cadeias produtivas, promover inovação e ampliar a competitividade, especialmente de projetos ligados à agricultura familiar, inovação, sustentabilidade e competitividade dessas cadeias.
Com investimento global de R$ 3.369.920 milhões, o programa está apoiando seis projetos estratégicos, cada um com recursos de até R$ 421.240 mil, selecionados por meio do Edital nº 8/2023. Entre as iniciativas financiadas, destaca-se o ‘Catálogo Digital do Banco Ativo de Germoplasma de Cacau da Ceplac em Rondônia (CATBAG-Cacau)’, que busca preservar a diversidade genética do cacau produzido no estado e fomentar pesquisas inovadoras para o setor.
As cadeias produtivas englobam todas as etapas que vão desde a extração da matéria-prima até a chegada do produto final ao consumidor. Esse conjunto de processos interligados é responsável por agregar valor aos produtos e impulsionar o desenvolvimento econômico.
Na agricultura familiar, as cadeias produtivas desempenham papel fundamental na geração de emprego e renda para diversas comunidades em Rondônia. A incorporação de práticas inovadoras e o uso de tecnologias apropriadas têm sido fatores decisivos para aprimorar a eficiência, agregar valor aos produtos e ampliar a competitividade no mercado.
CATBAG-Cacau
CATBAG-Cacau. Foto: Divulgação/Fapero
Coordenado pelo pesquisador da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), Paulo Wadt, o Catálogo Digital do Banco Ativo de Germoplasma de Cacau da Ceplac em Rondônia (CATBAG-Cacau) organiza e disponibiliza informações técnicas sobre as variedades de cacau mantidas no Banco Ativo de Germoplasma (BAG) da Ceplac, localizado na Estação Experimental de Ouro Preto do Oeste.
A proposta prevê a criação de um repositório digital com dados genéticos, fenotípicos e agronômicos, facilitando o acesso para pesquisadores, melhoristas e instituições públicas e privadas.
A iniciativa contribui para programas de melhoramento genético, amplia a rastreabilidade do material conservado e fortalece a produção de cacau em Rondônia, tornando o estado referência nacional no setor.
Com foco no fortalecimento da agricultura familiar, a Fapero está financiando o desenvolvimento de um Catálogo Digital do Banco Ativo de Germoplasma de Cacau da Ceplac por meio do programa PAP-Cadeias Produtivas. Ao preservar a diversidade genética, sistematizar informações técnicas e apoiar o uso qualificado do germoplasma, o projeto dialoga diretamente com os objetivos do PAP-Cadeias Produtivas e com as diretrizes de inovação e sustentabilidade do governo estadual.
O presidente da Fapero, Paulo Renato Haddad, enfatizou a ligação entre a produção agrícola e o avanço da ciência.
“O fortalecimento das cadeias produtivas está diretamente ligado ao avanço da ciência. Financiamentos como esse impulsionam setores estratégicos, como o cacau, e reafirmam o compromisso da Fapero em ser agente de fomento à pesquisa e ao desenvolvimento tecnológico e científico em Rondônia”.
A floresta amazônica, com seus mistérios, saberes e desafios, é o pano de fundo e a alma pulsante do livro ‘Conexus: Yepak‘, estreia literária de Joab Hardman Fagundes, advogado, gestor ambiental e mestre em gestão de áreas protegidas. Voltada ao público infantojuvenil a partir dos 10 anos, mas com profundidade suficiente para envolver leitores adultos, a obra transporta os leitores para um universo encantado no coração do Amazonas, onde fantasia, autoconhecimento e preservação ambiental se entrelaçam em uma narrativa poética e sensorial.
A história gira em torno de José, um jovem ribeirinho que, após viver uma tragédia pessoal, é guiado a um mundo mágico, povoado por seres encantados e forças ancestrais. Nessa jornada de descoberta e superação, o protagonista compreende que o verdadeiro poder reside na harmonia com a floresta, no respeito à vida e na coragem de enfrentar seus próprios medos.
Com uma linguagem lírica e carregada de simbolismos, Joab Fagundes constrói uma alegoria decolonial, na qual a Amazônia deixa de ser apenas cenário exótico e passa a ser símbolo vivo de resistência e sabedoria ancestral. A floresta é apresentada como fonte de fantasia, aprendizado e transformação. “A fantasia nasce da própria floresta e de suas histórias”, afirma o autor.
“Conexus é um livro de resistência da floresta viva. Uma fantasia nortista que propõe reflexões ambientais, sociais, sobre autoconhecimento e intolerância, valorizando o poder da conexão consigo mesmo, com os outros e com os elementos da natureza. A história tem início no interior do Amazonas, retratando a dura realidade enfrentada por muitas pessoas da região”, complementa.
Ao longo da obra, temas urgentes como intolerância, destruição ambiental, identidade e busca por propósito são abordados de maneira delicada, mas contundente. ‘Conexus: Yepak’ apresenta a natureza como protagonista e convida o leitor a repensar seu papel no mundo, a partir da conexão com suas raízes e com o meio ambiente.
As ilustrações que acompanham o livro acentuam o clima onírico e encantado da narrativa, proporcionando uma imersão ainda mais profunda no universo construído por Fagundes. Disponível nas versões impresso e e-book, a obra já se destaca entre os lançamentos da plataforma Kindle Brasil.
Para Joab Fagundes, que cresceu vivenciando o cotidiano amazônico e atua em áreas ligadas à gestão ambiental, o livro é fruto direto de sua trajetória pessoal e profissional: “Sou advogado, gestor ambiental e mestre em gestão de áreas protegidas. O livro só foi possível por conta dessa junção de formação e experiências que tive e tenho sobre Amazônia e meio ambiente. Conhecer a realidade do interior do Amazonas foi fundamental para pensar e escrever Conexus”.
Ao unir a imaginação literária à vivência ambiental, o autor propõe um convite sensível e poderoso: o de se reconectar com a essência, com o outro e com a floresta.
“Que cada leitor encontre em si a semente da transformação — assim como a floresta renasce após a tempestade”, diz Fagundes.
Com uma proposta inovadora e profundamente enraizada no contexto amazônico, Conexus: Yepak surge como uma obra literária que emociona, inspira e conecta — chamando atenção para o valor da natureza, das culturas tradicionais e da força interior necessária para enfrentar tempos de incerteza e ruptura.
Aqueles que se interessam por fantasia, Amazônia e narrativas de resistência encontram em Conexus uma leitura envolvente e transformadora, capaz de encantar leitores de todas as idades com uma mensagem que ressoa além das páginas.
A obra está atualmente no top 80 livros do gênero fantasia, mesma categoria de famosos como Harry Potter, Perry Jackson, Crepúsculo, entre outros.
Bragança, no Pará, originalmente habitado por indígenas Tupinambá, foi um dos polos iniciais da ocupação e colonização da Amazônia. A cidade completa 412 anos em 2025 e estudos indicam que os franceses foram os primeiros europeus a conhecer a região, possivelmente, a partir de 8 de julho de 1613.
Em 2 de outubro de 1854, foi elevada à categoria de cidade pelo então presidente da Província do Grão-Pará, o tenente-coronel Sebastião do Rego Barros com a denominação de Bragança, uma homenagem à Família Real Orleans e Bragança.
Com mais de 130 mil habitantes, segundo o Governo do Pará, um dos pontos atrativos da cidade tanto para os moradores quando para os visitantes é a Orla do Rio Caeté, reconstruída em 2023.
“Minha mãe sempre foi moradora daqui, é filha de Bragança. A gente está aqui para valorizar o município de Bragança, que somos filhos de bragantinos, a gente tem que valorizar o que é nosso. Que as pessoas tenham um acesso mais próximo ali à beira do rio, porque antigamente não tinha nada disso, a orla não era atrativa para as pessoas. Agora está bem melhor, bem atrativo mesmo, né? Isso aumenta a economia, o lazer”, disse a professora.
Outro ponto é a orla na praia de Ajuruteua. Ambas receberam obras de urbanização, drenagem, pavimentação e se tornaram pontos turísticos que fomentam a cultura e fortalecem a economia local da região. Para o governo estadual, as orlas promovem qualidade de vida à população.
Foto: Augusto Miranda/Agência ParáFoto: Wellyngton Coelho/Agência Pará
Outro ponto atrativo é a cultura local, inclusive com a criação da primeira biblioteca pública comunitária em um território quilombola, a Quilomboteca, instalada em abril deste ano por meio da Fundação Cultural do Pará. O Quilombo do América tem mais de 200 anos de existência, e teve seu território legalizado pela Fundação Cultural Palmares em 21 de janeiro de 2015. Formada atualmente por 505 quilombolas, a comunidade recebeu 800 livros de autores paraenses com o objetivo de incentivar a alfabetização e leitura entre os comunitários.
Quilomboteca é a primeira em Bragança. Foto: Aycha Nunes
De acordo com o governo, Bragança é um dos municípios mais importantes do Estado no que tange a economia, que gira, basicamente, em torno das atividades pesqueiras, da agricultura e do comércio. A reconstrução do Centro de Treinamento Agroecológico, Inovação, Tecnologia e Pesquisa Aplicada do Nordeste do Pará, conhecido como Unidade Didática de Bragança (UDB); a certificação de agroindústrias para assegurar a qualidade dos produtos produzidos, via Selo Artesanal Vegetal da Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará); e a recente assinatura do Termo de Cooperação Técnica para fortalecer e ampliar os serviços de assistência técnica rural aos agricultores familiares do município, estão entre os investimentos nesse setor.
Cota de inundação no Amazonas em 2025. Foto: Michel Castro/Rede-Amazonica
Seis cidades do Amazonas que tiveram situação de emergência por inundação reconhecida pelo Governo Federal receberão o repasse total de R$ 5,4 milhões por meio do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR). O valor será dividido entre as localidades, conforme autorização publicada na edição de sexta-feira (4) do Diário Oficial da União (DOU) abaixo.
O ato administrativo indica que os valores serão usados em ações emergenciais como assistência humanitária, aquisição de alimentos e reparos em infraestrutura danificada. A Defesa Civil Nacional citou que os municípios beneficiados devem apresentar prestação de contas detalhada dos recursos aplicados.
Cheia do Rio Solimões em Manacapuru — Foto: José Lima/Rede Amazônica
Na decisão consta que, caso os municípios não apliquem as verbas de forma adequadas, podem haver a suspensão de novos repasses e responsabilização prevista na legislação.
No dia 2 de junho, o Governo Federal reconheceu 30 cidades amazonenses em situação de emergência por inundações, através de portaria publicada no Diário Oficial da União.
Cheia no Porto de Manaus. Foto: divulgação
Também foi reconhecido o status emergencial a outros dois municípios do Amazonas: Barreirinha, por chuvas intensas, e Carauari, por erosão de margem fluvial.
A cidade de Borba é a única do estado a ter dois reconhecimentos vigentes, sendo um por inundações e outro por chuvas intensas.
Com o reconhecimento, as prefeituras podem solicitar recursos federais para ações de assistência, como distribuição de cestas básicas, água potável, kits de higiene e limpeza, além de refeições para equipes que atuam nas áreas atingidas.
Cheia atinge toda a Amazônia. Foto: divulgação
Veja a lista completa abaixo:
Amaturá – Inundações
Anamã – Inundações
Apuí – Inundações
Barreirinha – Chuvas intensas
Benjamin Constant – Inundações
Boa Vista do Ramos – Inundações
Boca do Acre – Inundações
Borba – Inundações/Chuvas intensas
Caapiranga – Inundações
Carauari – Erosão da Margem Fluvial
Careiro – Inundações
Careiro da Várzea – Inundações
Coari – Inundações
Eirunepé – Inundações
Fonte Boa – Inundações
Guajará – Inundações
Humaitá – Inundações
Ipixuna – Inundações
Itamarati – Inundações
Japurá – Inundações
Juruá – Inundações
Jutaí – Inundações
Manacapuru – Inundações
Manaquiri – Inundações
Manicoré – Inundações
Maraã – Inundações
Novo Aripuanã – Inundações
Santo Antônio do Içá – Inundações
São Paulo de Olivença – Inundações
Tefé -Inundações
Tonantins – Inundações
Urucurituba – Inundações
Para acessar os recursos, os municípios precisam enviar um plano de trabalho por meio do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2iD). A equipe técnica da Defesa Civil Nacional avalia as metas e os valores solicitados. Após a aprovação, o valor é oficializado em nova portaria publicada no DOU.
Nanossatélite, batizado de Jussara-K, tem a missão de coletar dados ambientais. Foto: Divulgação
O Maranhão se prepara para um feito inédito na área espacial. Previsto para ser lançado em setembro, a partir do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), o nanossatélite Jussara-K será o primeiro satélite desenvolvido no estado a entrar em órbita em um voo comercial.
Fruto de um acordo de cooperação do Governo do Estado, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (Fapema), com a Universidade Federal do Maranhão (UFMA), o projeto recebeu apoio para sua finalização e marca um avanço expressivo na ciência e tecnologia local. O Jussara-K foi projetado para coletar dados ambientais, com aplicações que vão desde o monitoramento de queimadas até a preservação de espécies.
“O Maranhão tem um papel estratégico no setor aeroespacial do país. Com este projeto, além de estarmos apoiando o lançamento do primeiro satélite maranhense, estamos também investindo na formação de recursos humanos altamente qualificados e no fortalecimento da pesquisa científica e tecnológica em nosso estado”, destacou o presidente da FAPEMA, Nordman Wall, que estava acompanhado do diretor científico da fundação, Cristiano Capovilla.
O Jussara-K é o primeiro satélite desenvolvido na UFMA. Do tipo spin-off, derivado do Aldebaran, tem como marco o pioneirismo de ser o primeiro satélite do Maranhão lançado a partir da base de Alcântara. Um feito emblemático também por representar o primeiro lançamento orbital de um satélite diretamente do CLA.
A iniciativa integra o projeto “Desenvolvimento de um Cubesat Padrão 1U de Baixo Custo para Missão Alcântara em Órbita”, que prevê o desenvolvimento, montagem, testes e integração do Jussara-K ao lançador HANBIT-Nano, da empresa sul-coreana INNOSPACE. A ação envolve diretamente alunos do curso de Engenharia Aeroespacial da UFMA, que participam de todas as etapas do processo – da concepção da missão ao descarte do satélite –, promovendo uma formação prática e especializada em tecnologia espacial.
O reitor da UFMA, Fernando Carvalho, destacou que a Fapema tem dado grande apoio à ciência, tecnologia e inovação no estado. A nova parceria é exemplo desse esforço.
“É muito importante este acordo de cooperação, que tem como objetivo lançar o nanossatélite para realizar avaliações ambientais, principalmente na questão das queimadas, que prejudicam muito o meio ambiente. O satélite fará esse monitoramento na região da Amazônia Legal”, explicou o reitor.
Apoio
O apoio da Fapema inclui a aquisição de painéis solares para o sistema de energia do satélite, o desenvolvimento de uma Plataforma de Coleta de Dados (PCD), o custeio de despesas da equipe técnica da UFMA envolvida na integração com o foguete lançador e a divulgação pública do lançamento.
O lançamento do Jussara-K será realizado a partir do CLA, considerado um dos locais mais favoráveis do mundo para lançamentos em órbita equatorial. Coordenador do curso de Engenharia Aeroespacial da UFMA e coordenador-geral do projeto Jussara-K – Missão Alcântara em Órbita –, Carlos Brito explicou a escolha do nome do satélite:
“Nós colocamos o nome Jussara porque representa uma fruta regional. Só aqui no Maranhão chamamos de juçara, e não açaí. E é Jussara com dois ‘s’, que faz referência a ‘smallsat’, ou seja, exatamente a categoria do satélite com a qual estamos trabalhando”.
Responsável pelo segmento espacial do satélite, o professor da UFMA Luís Cláudio de Oliveira Silva informou que o equipamento vai orbitar a Terra a uma altitude aproximada de 500 km, com velocidade de cerca de 27.800 km por hora.
“A proposta é, além de contribuir para a proteção e o monitoramento do meio ambiente, testar uma carga útil baseada em Inteligência Artificial. Trata-se de um sistema inovador, que será experimentado no espaço. Com certeza, essa é uma contribuição significativa para o setor aeroespacial, para a formação dos nossos alunos e também para a preservação ambiental, dando um retorno à comunidade maranhense”, pontuou.
O pesquisador que revolucionou o monitoramento da Amazônia. Foto: Imazon
O biólogo, pesquisador e especialista em sensoriamento remoto do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Dalton de Morisson Valeriano que morreu no mês de junho, aos 69 anos, deixou como legado ferramentas que mudaram a história da gestão ambiental no país.
Servidor de carreira por mais de 40 anos, Valeriano teve papel decisivo na concepção de ferramentas que hoje formam a base do combate ao desmatamento na Amazônia. Entre elas, o Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter), que abriu aos órgãos de fiscalização ambiental a possibilidade de monitoramento das florestas em tempo quase real.
Dalton Valeriano, o pesquisador que revolucionou o monitoramento da Amazônia. Foto: Alessandro Dantas/ Ministério do Meio Ambiente
“Ele revolucionou o monitoramento da Amazônia e, com isso, contribuiu fortemente para o sucesso no enfrentamento do desmatamento ilegal”, disse ao OC o agrônomo e especialista em sensoriamento remoto Cláudio Almeida, atual coordenador do Programa de Monitoramento da Amazônia e Demais Biomas do Inpe.
Graduado em biologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em 1978, o pesquisador concluiu o mestrado em sensoriamento remoto pelo Inpe em 1984 e o doutorado em geografia pela Universidade da Califórnia em 1996.
Para Tasso Azevedo, coordenador do MapBiomas, Valeriano foi um “cientista fundamental e um contador de histórias incrível”. “Sem o Dalton e o time do Inpe, a queda que vemos do desmatamento não teria ocorrido. O MapBiomas se alimenta muito desse legado”, afirmou.
A presidente da Fundação SOS Mata Atlântica, Márcia Hirota, lembrou que a contribuição de Valeriano não se limitou ao bioma amazônico. ”Dalton contribuiu muito para o Atlas da Mata Atlântica na parceria da SOS com o Inpe. Tivemos muitas e boas conversas”, relembrou.
Dalton Valeriano, o pesquisador que revolucionou o monitoramento da Amazônia. Foto: Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações
Diretor do INPE de 2005 a 2012, o pesquisador Gilberto Câmara classificou o colega de “gigante” que deixou como legado ferramentas que mudaram a história da gestão ambiental no país. “Embora não tenha desenvolvido o Prodes, ele foi o principal responsável por estruturá-lo a partir de 2000. Colocou o sistema na linha. E criou o Deter, ou seja, fez uma enorme diferença. Sem ele, a história da Amazônia teria sido outra”, avaliou.
Em nota oficial, o Inpe qualificou Valeriano como um “visionário da floresta”, cuja voz “mostrou ao país a real situação da floresta Amazônica”. “Sua trajetória profissional entrelaça-se de forma indelével com a história do monitoramento da maior floresta tropical do mundo”, afirma o Inpe.
Dalton Valeriano, o pesquisador que revolucionou o monitoramento da Amazônia. Foto: Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações
De acordo com o instituto, o pesquisador dedicou sua vida a aperfeiçoar a metodologia de análise de imagens de satélite, “transformando dados brutos em informações críticas e acionáveis”.
“Seu trabalho garantiu que o Brasil possuísse um sistema de grande rigor científico, capaz de informar a extensão da devastação ano após ano, fornecendo a base incontestável sobre a qual se assenta o diagnóstico da situação amazônica.”
Em entrevista concedida em 2009, Valeriano manifestou preocupação com o ritmo da devastação da Amazônia (“Se continuar como está, um dia vai acabar”), mas destacou como positivo o fato de haver mais “capacidade de controle”. “Eu acredito que a transparência é a chave de tudo”, afirmou ele à época.
Entre janeiro e junho, foram contabilizados 220 focos no estado, contra 666 no mesmo período de 2024. Com isso, o Amazonas ocupa a sexta posição entre os estados da Amazônia Legal com maior número de registros no período.
Imagem aérea feita na terça-feira, 16 de agosto de 2022 mostra área de queimada na fronteira do estado de Rondônia com o Amazonas. — Foto: Ruan Gabriel/Rede Amazônica
A maior parte dos focos ocorreu em áreas sob jurisdição federal, que concentraram 70,45% dos casos. As áreas estaduais responderam por 15%, enquanto 14,55% foram registrados em regiões classificadas como vazios cartográficos que são territórios sem regularização fundiária definida.
Ainda segundo dados do Inpe, o Amazonas registrou queda de 52,46% na área desmatada em junho de 2025, em comparação com o mesmo mês do ano anterior. Foram desmatados 6.614 hectares, frente aos 13.915 hectares registrados em junho de 2024.
Imagem aérea de queimadas na cidade de Altamira, Estado do Pará. Foto: Victor Moriyama/Greenpeace
Também houve redução de 60,76% nos alertas de desmatamento, que passaram de 650 para 255 registros no período.
No recorte territorial referente ao mês de junho de 2025, os municípios com maior área desmatada foram:
Lábrea: 2.103 hectares;
Apuí: 1.276 hectares;
Boca do Acre: 890 hectares.
Em relação à quantidade de alertas de desmatamento, os mesmos municípios lideram o ranking, com Lábrea registrando 59 alertas, seguido por Apuí e Boca do Acre, ambos com 49 registros.
A agricultura familiar recebe constantes investimentos da Prefeitura de Boa Vista. Foto: Giovani Oliveira/PMBV
Um dos pilares da segurança alimentar e do desenvolvimento sustentável, a agricultura familiar recebe constantes investimentos da Prefeitura de Boa Vista ao longo dos anos. Com políticas públicas voltadas para o trabalho do campo, a atual gestão investiu mais de R$ 62 milhões no setor, fortalecendo a economia local, gerando emprego e renda na capital roraimense.
Famílias agricultoras da zona rural e comunidades indígenas de Boa Vista contam com liberação de fertilizantes e sementes, assistência técnica especializada, máquinas agrícolas, fornecimento de sistemas de irrigação com energia fotovoltaica, dentre outros benefícios. O prefeito Arthur Henrique conta que, com os investimentos na agricultura, a prefeitura impulsiona a produção agrícola local e garante mais produtividade e geração de renda às famílias.
“São diversas as frentes de atuação, que variam do fornecimento de calcário, fertilizantes, máquinas, sistemas de irrigação com energia fotovoltaica até pesquisas no CDT [Centro de Difusão Tecnológica] para garantir que os produtores recebam informações técnicas sobre cultivares mais adequadas à região, formulação de fertilizantes a serem utilizados em diversas culturas e deste modo obtenha melhores resultados na colheita”, disse.
Plano Municipal de Desenvolvimento do Agronegócio conta com quase 1.800 famílias atendidas e mais 4 mil hectares de área plantados. Foto: Diane Sampaio/PMBV
PMDA
Atualmente, o Plano Municipal de Desenvolvimento do Agronegócio (PMDA) conta com 1.781 famílias atendidas e mais 4 mil hectares de área plantados. No primeiro semestre deste ano, com apoio da prefeitura, foram cultivados 1.205 hectares de grão, sendo 700 ha de soja e milho para produtores independentes, 400 ha para agricultores inscritos no programa e 105 ha nas comunidades indígenas.
No segundo semestre de 2025 está prevista a distribuição de outras 1.500 toneladas de calcário para o cultivo da safra de verão. Adriana Almeida, produtora de feijão-verde, macaxeira, milho, melancia, banana, pimenta-de-cheiro, melão, quiabo e abóbora, na região do Polo Produtivo Novo Passarão, zona rural de Boa Vista, tem contado com os benefícios do PMDA para investir na propriedade da família.
“Hoje tem uma máquina da prefeitura fazendo o nivelamento do solo na minha propriedade para eu iniciar o plantio de melancia, uma das culturas que trabalho. Graças ao programa da prefeitura, fui contemplada com o sistema de irrigação e produzo durante o inverno e verão. Sem contar que ainda contamos com consultas dos técnicos no desenvolvimento de cada lavoura”, contou.
Mais de 130 sistemas de irrigação com energia fotovoltaica foram implantados no município. Foto: Fernando Teixiera/PMBV
Sistema de irrigação
Ao instalar sistemas de irrigação com energia fotovoltaica, a prefeitura investiu em inovação e tecnologia, garantido desenvolvimento no campo com fornecimento de energia limpa e renovável, reduzindo significativamente os custos de produção no período de verão. Ao todo, 132 foram implantados pela atual gestão do município. Destes, 26 foram instalados em 16 comunidades indígenas. Outros 24 serão instalados até setembro, totalizando 156.
Máquinas e implementos
Hoje, a prefeitura conta com 144 máquinas e implementos, entre tratores, grades aradoras, grades niveladoras, calcareadeiras, encanteiradores, plantadeiras, colheitadeiras, caminhões, pás carregadeiras, escavadeiras e patrola. Todos são disponibilizados para os agricultores com a prestação de serviços na zona rural e comunidades indígenas.
Comunidades indígenas dispõem do projeto Moro-Mori, voltado para a implantação da piscicultura. Foto: Divulgação/PMBV
Comunidades indígenas
Conforme levantamento feito por tuxauas em junho de 2024, mais de 5.200 pessoas (sendo 1.500 famílias) vivem nas 17 comunidades indígenas de Boa Vista. Todos contam com serviços de máquinas, equipamentos, insumos como calcário, fertilizantes, sementes para preparo do solo e plantio.
Além disso, as comunidades dispõem do projeto Moro-Mori, voltado para a implantação da piscicultura, sendo 14 com a iniciativa em andamento e mais três serão beneficiadas até o final do ano. Até o momento, cinco já fizeram a despesca: Serra da Moça, Darora, Campo Alegre, Vista Alegre e Ilha. No processo, os produtores retiraram cerca de 11 toneladas de peixes dos tanques. Parte da produção é consumida na comunidade e a outra parcela é destinada à comercialização.
As famílias indígenas também atuam em outras frentes de produção, como plantio de diversas culturas. Neste ano, a prefeitura incorporou calcário e plantou 105 hectares de milho nas comunidades, com expectativa de colher mais de 600 toneladas do grão. Nascido e criado na Serra da Moça, Felício Neves, de 59 anos, trabalha na lavoura da região, em parceria com mais 11 famílias.
“Plantamos uma área de 5 hectares de milho e tudo foi graças ao apoio da prefeitura. Recebemos calcário para a correção do solo. Depois a máquina veio e fez o plantio. Sem esse trabalho, a gente não conseguiria plantar uma roça desse tamanho que temos hoje, pois o plantio seria no braço. O projeto é aumentar o tamanho para o ano que vem. Agora, nos próximos meses vamos colher”, destacou.
Centro de Difusão Tecnológica
Plantio de culturas no CDT representa uma iniciativa que une ciência e sustentabilidade. Além de contribuir para a pesquisa agrícola e a promoção de técnicas inovadoras de cultivo, o centro desempenha um papel fundamental, incentivando a valorização da agricultura e ainda é palco da Maior Feira da Agricultura de Roraima, a AgroBV, com data marcada para 31 de julho a 03 de agosto.
Capela de São Pedro de Rates, Sé de Braga (Portugal). Foto: Reprodução/Livro ‘Azulejo em Braga – o largo tempo do barroco’
Por Abrahim Baze – literatura@amazonsat.com.br
A história do azulejo começou no antigo Egito. Depois passou pela Mesopotâmia e espalhou-se pelo sul do Mediterrâneo. A sua introdução na Europa foi feita pelos povos oriundos do norte de África. O desenvolvimento do azulejo, enquanto arte decorativa, conheceu uma profunda evolução na Península Ibérica, onde, durante séculos, se fizeram trocas culturais e guerras entre povos islâmicos e cristãos.
A própria designação azulejo deriva da palavra azzelij, que na língua árabe serve para referir uma pequena pedra lisa e polida. Em Portugal, o termo azulejo passou a ser usado para referir uma pequena superfície cerâmica esmaltada.
A aplicação no país, de revestimentos de azulejo em espaço interiores e exteriores teve o seu ponto de viragem no século XV, quando o rei D. Manuel I decidiu decorar o palácio de Sintra a semelhança do Alcazar da cidade espanhola de Sevilha. E a vontade do rei foi tal, que o Palácio Nacional de Sintra permanece como um exemplo sem igual de azulejaria do final do século XV e princípio do século XVI. Desde então, o seu uso generalizou-se de tal forma que Portugal é, hoje, o país da Europa onde se há o maior número de revestimentos em azulejo e a arquitetura mais se estreitou.
Atualmente, os exemplos de azulejos que Lisboa ostenta são tantos e, de tal forma, variados, que a história da própria cidade pode ser lida em painéis de azulejos. E já que é da história de Lisboa que se trata, nada melhor do que começar pela conquista da cidade pelo fundador de Portugal, o rei D. Afonso Henriques.
Os azulejos da conquista de Lisboa
A conquista de Lisboa pelo primeiro rei português, em 1147, aparece relatada num painel do Mosteiro de São Vicente de Fora. A cidade, cercada por dois quilômetros de muralhas, contava então com 15 mil habitantes.
O painel, como uma fotografia, mostra o momento em que os cristãos galgam as muralhas defendidas pelos muçulmanos que viviam na cidade desde o ano de 711. As bandeiras, ostentando a lua em forma de quarto crescente, ainda estão içadas. Mas, na superfície da muralha, há já uma brecha. Mais a frente, uma das portas da cidade foi aberta. Através dela, colina acima, o invasor penetrou rapidamente. Só encontrou resistência já muito no interior da cidade.
Do outro lado do painel, a batalha já começou e os sitiados opõem-se com ferocidade aos soldados que sobem através de escadas. No chão veem-se os primeiros cadáveres. Depressa serão mais, porque há homens a serem degolados. E não são só as espadas que matam. As flechas, disparadas dos dois lados, também são mortíferas.
Igreja do antigo Mosteiro do Salvador, atual Lar Conde Agrolongo. Foto: Reprodução/Livro ‘Azulejo em Braga – o largo tempo do barroco’
A cidade anterior ao terremoto
A história de Lisboa pode ainda ser lida noutros painéis de azulejos. Alguns deles contam como era a cidade anterior ao terremoto que a devastou em 1755.
O terremoto de 1755, pela amplitude da sua destruição, marcou para sempre a vida de Lisboa. Duas das raras imagens panorâmicas da cidade anterior ao terramoto encontra-se no Museu do Azulejo e no miradouro de Santa Luzia.
No painel exposto no Museu do Azulejo entre muitos dos palácios e igrejas desaparecidos, vê-se o antigo Paço Real e a zona hoje ocupada pela Baixa e pelo Chiado. O vale central de Lisboa, nos tempos anteriores a 1755, era ocupado por ativos comerciantes de metais e de outros bens destinados as elites. A arquitetura da zona era, em tudo, semelhante aquela que ainda hoje pode ser vista em Alfama e na Mouraria.
Marcada pelo traçado árabe, a zona baixa de Lisboa retorcia-se em estreitas e desniveladas ruas. As encostadas umas as outras, tinham-se acumulado ao longo de seiscentos anos. Só a partir do século XVI, com a edificação do Paço Real na zona fronteira ao rio Tejo, a zona central de Lisboa começou a conhecer algumas alterações. Mas foi no dia 1 de novembro de 1755 que tudo, num só momento, se modificou para sempre. Nesse dia Lisboa foi abalada pelo maior desastre natural da sua história.
Tudo começou de madrugada, quando um primeiro abalo de terra se fez sentir. Durante sete minutos a terra não parou de tremer. O chão abriu-se em fendas, arrastando pessoas e casas. Os lisboetas aterrorizados viram as águas dos rios recuarem, deixando o fundo a vista. E com a mesma velocidade com que tinham desaparecido, as águas voltaram, enroladas numa onda medonha que arrastou os barcos para se estilhaçarem em terra.
E como se ainda não fosse suficiente, a terra tremeu uma segunda vez. No espaço de hora e meia, perdeu-se quase tudo. Os incêndios que se seguiram levaram os livros, os tesouros, as obras de arte e muito daquilo que as viagens marítimas tinham feito desembarcar em lisboa, desde o século XV. É dessa Lisboa desaparecida que os painéis do Museu do Azulejo e do miradouro de Santa Luzia nos dão conta. Neste último, o Paço Real destruído pelo terramoto aparece reproduzido tal como em 1750.
Ouro e azulejo
Antes do terramoto de 1755, já arte da azulejaria tinha ocupado todos os espaços que o ouro vindo do Brasil tornava magníficos. Reinava então D. João V. É neste período de apogeu do barroco que o azulejo mostra todas as suas possibilidades decorativas. Atravessa também uma evolução fundamental que o distinguiria de todos, até então feitos: a policromia é trocada pelo azul e branco. Foi durante o reinado de D. João V, um dos mais longos da história de Portugal, que se deu a Guerra da Sucessão em Espanha.
A possibilidade de ligação do único Estado com o qual Portugal tem fronteiras terrestres a potência continental daquela época, a França, obrigou D. João V a envolver-se no conflito. Daí resultou com o regresso da paz e assinatura do Tratado de Utrecht, em 1713, o reconhecimento da soberania portuguesa no Brasil. E foi do Brasil que chegaram a Lisboa, entre muitas outras riquezas, toneladas de ouro.
Igreja de Nossa Senhora do Pópulo. Foto: Reprodução/Livro ‘Azulejo em Braga – o largo tempo do barroco’
Foi também por esta altura que tanto as casas senhoriais como as igrejas, encontram no revestimento a azulejo a forma de exprimir a prosperidade então vivida em Lisboa. O azulejo associou-se a talha dourada, numa simbiose que marca a estética decorativa portuguesa do século XVII. Foi a era do ouro e do azulejo.
Ao mesmo tempo, com a reconstrução de Lisboa posterior a 1755, tornou-se necessário produzir azulejos em quantidades crescentes. Apareceram novas fábricas e novas técnicas. As grandes superfícies completamente revestidas a azulejos passaram a cobrir as fachadas e os interiores. Regressa também a policromia. A arte da azulejaria acompanha a corte do rei D. Manuel para o Palácio de Queluz.
Surgem trabalhos magníficos, como um canal, com 115 metros de comprimento, integralmente revestido com cinquenta mil azulejos. No interior do Palácio, aparecem alegorias simbolizando as quatro estações do ano. É o início de um percurso que conduziria, já no final do século XIX, aos trabalhos em azulejo do Ferreira das Tabuletas. Nesta época, Lisboa era já a cidade dos azulejos.
As alegorias de 1800
O século de 1800 assistiu a fundação de fábricas de cerâmica, cujos trabalhos se tornaram famosos. Uma delas, a fábrica Viúva Lamego, ainda está em funcionamento.
Da azulejaria decorativa do século XIX, Lisboa guarda os trabalhos do pintor conhecido por Ferreira das Tabuletas. A sua obra pode ser vista em revestimentos exteriores como em painéis interiores.
O recurso as alegorias é uma constante na sua do Ferreira das Tabuletas. Destaca-se, neste domínio, a Cervejaria Trindade. Depois de uma entrada repleta de símbolos maçônicos, aparecem representadas a Água, a Terra, o Vento e o Fogo, sob a forma de figuras femininas. No espaço onde a Cervejaria Trindade funciona desde o ano de 1863, o pintor Ferreira das Tabuletas retratou, também as estações do ano, assim como o comércio e a indústria.
As fachadas da fábrica Viúva Lamego e do prédio n° 30 da Rua da Trindade são exemplos de trabalhos em azulejo do pintor Ferreira das Tabuletas, que ficaram para sempre como marcas da identidade de Lisboa.
A nova vida do azulejo
Casa-museu Nogueira da Silva. Foto: Reprodução/Livro ‘Azulejo em Braga – o largo tempo do barroco’
A arte nova fez igualmente uso dos painéis e frisos em azulejo para decoração de espaços interiores e exteriores.
Com o avanço do século XX, seu uso decresceu significativamente, na proibição do uso para revestimento de prédios. Por esta decisão municipal tomada no final da década de vinte, pelo perigo que os azulejos representariam aos bombeiros, ao soltarem-se de suas fachadas.
Porem, o azulejo fazia já parte da estética decorativa portuguesa. Uma das mais importantes excepções datas de 1949. Trata-se de um notável edifício na Rua do Salitre, de autoria do arquiteto Pardal Monteiro, com azulejos de um dos maiores portugueses do século XX: Almada Negreiros. Na década seguinte a decisão de interditar o seu uso foi levantada.
Fora de Portugal, artistas como Picasso, Matisse, Miró e Dali, envolviam-se no universo do azulejo, trabalhando diretamente ou concebendo painéis. Também quando artistas de Lisboa Júlio Pomar, Sá Negreira, Carlos Botelho e Maria Keil – conceberam e executaram um conjunto de grandes painéis decorativos para a Avenida Infante D. Henrique. O esplendor do azulejo voltou a partir da década de 70, em trabalhos de autores contemporâneos como Gargaleiro e Querubim Lapa.
Hoje, o azulejo conquista novos espaços. Destacam-se as obras para sempre expostas nas estações do Metropolitano e no Oceanário de Lisboa. Entre os painéis que decoram as estações de metropolitano, encontram-se um trabalho de Helena Vieira da Silva, na cidade-universitária, um painel na estação do Campo Grande, da autoria de Eduardo Nery, e uma criação de Júlio Pomar, no Alto dos Moinhos. Existem ainda diversas outras obras em azulejo em muitas das estações do Metropolitano de Lisboa.
No Oceanário de Lisboa foi aplicado um revestimento em azulejo da responsabilidade de um criador norte-americano. Trata-se de um conjunto de 54 mil azulejos pintados a mão, reproduzindo elementos da fauna marítima.
Para além, da persistência do azulejo tradicional no interior de casa e jardins particulares, os exemplos de novos campos para aplicação do azulejo mostram que o seu futuro também passa pela sua aplicação em grandes espaços públicos, como se pode verificar pelo exemplo dos viadutos rodoviários de Lisboa. Desse futuro fazem parte nomes como Rui Mantero e Bela Silva.
Sobre o autor
Abrahim Baze é jornalista, graduado em História, especialista em ensino à distância pelo Centro Universitário UniSEB Interativo COC em Ribeirão Preto (SP). Cursou Atualização em Introdução à Museologia e Museugrafia pela Escola Brasileira de Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas e recebeu o título de Notório Saber em História, conferido pelo Centro Universitário de Ensino Superior do Amazonas (CIESA). É âncora dos programas Literatura em Foco e Documentos da Amazônia, no canal Amazon Sat, e colunista na CBN Amazônia. É membro da Academia Amazonense de Letras e do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA), com 40 livros publicados, sendo três na Europa.
Na presença das filhas Luciana e Paula, foi realizada no dia 26 de junho a sessão da Saudade em homenagem a Cícero Sandroni, da Academia Brasileira de Letras (ABL), que morreu aos 90 anos no dia 17 de junho, em decorrência de um choque séptico causado por infecção urinária. Ele estava fragilizado por uma longa doença. Após a sessão, a cadeira foi declarada vaga e abertas as inscrições para a sucessão.
De acordo com a ABL, o escritor amazonense Milton Hatoum foi o primeiro a mandar a carta se declarando candidato.
Milton nasceu em 19 de agosto de 1952, em Manaus, filho de libanês. É escritor, professor e tradutor e publicou oito livros, como ‘Dois irmãos’ (que se tornou minissérie pela Globo em 2017 e lhe rendeu um Prêmio Jabuti), ‘Relato de um certo oriente’ e ‘Cinzas Do Norte’.
O jornalista Cícero Sandroni morreu em casa e deixa a viúva Laura Constância Austregesilo de Athayde e cinco filhos. Ele foi um acadêmico dedicado à Casa, da qual foi presidente entre 2007 e 2009. Trabalhou nos grandes jornais cariocas, como ‘Jornal do Brasil’, ‘Correio da Manhã’, ‘Jornal do Commercio’ e ‘O Globo’.
Em 1976, ajudou a organizar o Manifesto dos Mil, documento dos intelectuais que acabou com a censura em 1976, ao lado Nélida Piñon, Lygia Fagundes Telles e Hélio Silva, entre outros.
Junto com sua mulher, Laura, escreveu o livro ‘O Século de um liberal’, sobre a vida e obra de Austregésilo de Athayde, seu sogro, um dos grandes pensadores do Brasil. Membros da ABL prestaram homenagem ao Acadêmico, como Merval Pereira, Ruy Castro e Rosiska Darcy.