Registrada como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil e da Humanidade, a pintura corporal e arte gráfica Kusiwa, produzida por indígenas Wajãpi, que habitam no município de Pedra Branca do Amapari, a 183 quilômetros de Macapá, no Amapá, vão passar por uma reavaliação após 10 anos do recebimento do título. A reavaliação é inédita no país com relação aos bens considerados imateriais, segundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
De acordo com a superintendente do Iphan no Amapá, Weleda de Fátima Freitas, o processo iniciou em 2013 e, desde então, durante visitas à aldeia, a manifestação cultural passou a ser reanalisada para saber se continua sendo uma referência cultural para o povo indígena Wajãpi.
“Vai avaliar se as atividades desenvolvidas durante esses 10 anos, se houve transformações, permanências, se houve modificações dos elementos que compõem esse bem cultural. A partir daí faz-se um estudo elencando essas mudanças ou não”, comentou Weleda.
A arte Kusiwa é um sistema de representação gráfica próprio dos povos indígenas Wajãpi, que sintetiza o modo particular de conhecer, conceber e agir sobre o universo. Para Weleda, o bem vai muito além do material. “A gente tem a expectativa de que será revalidado. Porque os Wajãpi têm desenvolvido trabalhos muito importantes para divulgação dessa referência cultural. Costumo falar que essa arte gráfica é a materialidade desse bem, que tem todo um sistema de conhecimento, práticas culturais e de formas de ver e entender o universo, que é ligado a arte Kusiwa”, disse a superintendente.
A apreciação dos estudos acontecerá na quinta-feira (27), durante reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, em Brasília (DF), que vai determinar se o título de Patrimônio Cultural do Brasil para a arte do povo indígena Wajãpi será revalidado ou se permanecerá com inscrição do bem cultural no livro de registros do Iphan.
A arte Kusiwa foi registrada pelo Iphan em 2002, e, junto com o Ofício das Paneleiras de Goiabeiras (ES), foi o primeiro bem considerado Patrimônio Cultural do Brasil, como parte do Programa Nacional do Patrimônio Imaterial (PNPI), criado em 2000. As obras indígenas dos Wajãpi também foram tituladas pela Unesco como Obra-Prima do Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade, em 2003, e depois como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, em 2008, segundo o Iphan.