Performances, contação de histórias, teatro clássico e de sombras, festival virtual exibe dez cenas gravadas em vídeo entre 25 e 28 de março
Dez cenas de teatro, apresentadas em audiovisual, irão compor a Mostra Curta Cáceres – Arte e Resistência, realizada entre os dias 25 e 28 de março, no Youtube. A iniciativa, idealizada por agentes das artes cênicas da cidade, conhecida como a “princesinha do Pantanal”, tem o objetivo de criar um espaço de fomento e intercâmbio de novos experimentos, traçando um panorama contemporâneo do teatro de Mato Grosso.
Durante o festival virtual, o público poderá assistir a produções de diferentes temáticas, técnicas e estilos. De performance à contação de histórias, teatro clássico e de sombras, são comédias, adaptações da literatura, dramas sociais e narrativas para todas as idades que divertem e promovem reflexões.
Artistas independentes, integrantes da MT Escola de Teatro, do Theatro Fúria e Grupo Penumbra, dos coletivos Spectrolab e CorpoAnu, os conterrâneos do Teatro Plenilúnio e até um coletivo formado a partir do chamado da Mostra Curta Cáceres, representam as diferentes gerações das artes cênicas mato-grossenses. Os trabalhos foram selecionados entre dezenas de inscritos.
“A gente tinha artistas de renome no estado, como a Alicce Oliveira e o Theatro Fúria, a quem fazemos reverência. Ao mesmo tempo, muita gente com ‘sangue no olho’, criando coisas incríveis nesse período de pandemia, com uma poética fina, elevada. Um pessoal jovem que sabe lidar muito bem com o vídeo e as novas tecnologias”, destaca o ator e diretor de teatro Benone Lopes, um dos membros da comissão de seleção da Mostra Curta Cáceres.
Na categoria Siriema, que contemplou cenas de 6 a 20 minutos, serão exibidas: ‘Zumbido no Pé do Ouvido’, ‘João Esperto Leva o Presente Certo’, ‘Coração Delator’, ‘Em Um Quarto de Despejo’, ‘Eu Chovo, Tu Choves no Cerrado’, ‘Oito Anos de Casamento Grego’ e ‘Para Sempre Fiel – Um conto de Nelson Rodrigues’. Na categoria Tuiuiú, de 21 a 50 minutos, as cenas ‘A Vila de Pantolux’ e ‘Tramando Esopo’. Com cinco minutos, ‘Homem-carro’ foi a cena contemplada da categoria Tuiuiú.
“A curadoria ficou muito feliz com a qualidade dos trabalhos. Algumas produções que a gente já conhecia, mas o páreo foi duro. Era uma quantidade limitada de cenas que poderíamos selecionar e também de destaques a fazer dentro das cenas selecionadas. Então a gente prezou muito pela diversidade. Foi mais ou menos esse o caminho que trilhamos, o de abrir o leque de maneira ampla, pensando onde poderíamos mostrar para o público a oferta mais rica daqueles determinados quesitos”, complementa Benone.
Durante o evento, as produções concorrem aos troféus Destaque de Melhor Cena Júri Oficial, Ator/Performer, Dramaturgia Original, Dramaturgia Adaptada, Pesquisa, Direção, Sonorização e Produção. E o público ainda indicará a Melhor Cena por Voto Popular, através de um formulário disponível na descrição dos vídeos.
Todas as cenas entram no ar às 19h e ficam disponíveis até domingo (28), quando os vencedores serão anunciados neste mesmo horário.
Com a programação online e gratuita, o festival busca conectar aqueles que desenvolvem pesquisas no campo do teatro e performance, lançando mão da criatividade – e das tecnologias – para driblar a crise que a pandemia instaurou. E além de assegurar a saúde de artistas e público em tempos de covid-19, o formato também permite a difusão das obras em nível nacional e internacional.
As cenas
No primeiro dia de Mostra Curta Cáceres, quinta-feira (25), o ator, bonequeiro e cenógrafo do coletivo Spectrolab, Douglas Peron, performa uma “escultura híbrida” como reflexão sobre a relação entre homem e máquina, em ‘Homem-carro’. Já o cacerense Ismael Diniz, integrante do Teatro Plenilúnio e membro do coletivo O Levante em Cena, apresenta ‘Para Sempre Fiel’, uma adaptação de um conto de Nelson Rodrigues.
Com o veterano Péricles Anarkos, em cena desde 1998, o Theatro Fúria dá vida às fabulosas personagens dos contos do lendário Esopo, o escravo sábio, a partir da manipulação de objetos.
No segundo dia de festival, sexta-feira (26), tem ‘Zumbido no pé do ouvido’, quebrando o sossego de um inusitado protagonista. A cena tem produção, iluminação, manipulação e dramaturgia de André Moraes, estudante da MT Escola de Teatro.
Na data, o Coletivo CorpoAnu convida o público para uma aventura com música, comédia e muita fofura em ‘Eu chovo, tu choves no cerrado’. Já a atriz Mell Mota, do Teatro Plenilúnio, apresenta um monólogo que retrata trechos do livro ‘Quarto de despejo: diario de uma favelada’, de Carolina Maria de Jesus.
Em ‘Oito anos de casamento grego’, Arnaldo, Felipe e Lúcio vivem um relacionamento poliamoroso na pandemia. A cena, que também será exibida na sexta, foi criada por três atores, amigos de longa data, a partir do chamado da Mostra Curta Cáceres, sendo a primeira produção do coletivo em construção.
Já no sábado (27), terceiro dia de mostra, a atriz e escritora Alicce Oliveira narra histórias de ‘João esperto leva o presente certo’, de Candance Fleming (Editora Farol). O grupo Penumbra, por sua vez, exibe a ‘A Vila de Pantolux’, um teatro de sombras contemporâneo com história inspirada no impacto da Usina Hidrelétrica do Manso em uma comunidade de Chapada dos Guimarães.
Neste dia de Mostra Curta Cáceres, Luis Guilherme também apresenta uma adaptação do Teatro Plenilúnio de Coração Delator, um conto de Edgar Allan Poe sobre a tragédia de um homem que não suportava o olho cego de um velho.