O artista leva a influência amazônica em sua arte e é reconhecido como um expoente contribuinte do cenário artístico manauara.
A Amazônia é lar de inúmeras belezas, naturais e culturais, que encantam a todos que visitam a região. Não poderia ser diferente para Jacques Menassa, libanês que há anos se encantou com a região e leva as características da Amazônia em sua “mente, coração”, refletindo-as até mesmo em sua arte, eternizando estas belezas pelas lentes de sua câmera e destacando-as com trabalhos de colagem elaborados com primor.
Mas quem é Jacques Menassa? Nascido em Ghosta, no Líbano, em 1956, Jacques se apaixonou por fotografia logo em sua infância. Apesar de ter cursado Ciências Políticas e Administrativas na Universidade Libanesa de Beirute, sua verdadeira inclinação é a artística. Neste caminho das artes, sua primeira exposição individual aconteceu ainda em sua cidade natal, em 1982, intitulada ‘Patrimônio Esquecido’.
A história de Jacques com Manaus, a capital do Amazonas, começou nos anos 90, quando imigrou para a região. Ele manteve o trabalho artístico inspirado pelas belezas amazônicas e sua primeira premiação na cidade aconteceu em 1992.
Desde então, o artista organizou diversas exposições e oficinas de fotografia, sendo reconhecido como um expoente contribuinte do cenário artístico manauara.
O próprio artista ressalta a importância da Amazônia em suas obras e não nega a paixão que sente pela Amazônia.
“Como imigrante, a Amazônia está no meu coração. Eu passei quase dez anos da minha vida aqui em Manaus, na Amazônia. Conheci quase toda a Amazônia. Tenho mais de 50 mil fotos sobre a Amazônia. Ministrei seis oficinas, mais de 30 exposições, como o grupo de fotografia Chaminé, que eu fundei em 1994. Desse jeito, a Amazônia está sempre no meu pensamento”,
revelou ao Portal Amazônia.
Sua ligação com a Amazônia, entretanto, é quase como uma herança familiar. Segundo o fotógrafo, seu avô paterno havia estado na região em 1875, acompanhado de outros familiares.
Seu avô foi o único a retornar ao Líbano, levando consigo parte desta cultura e transmitindo-a para a família inteira.
Logo depois, foi a vez de seu tio, que esteve em Manaus em 1926, e logo tornou-se um residente da capital amazonense. Em suas muitas visitas ao Líbano, o tio contribuía para aumentar a ligação – e curiosidade – de Jacques com a Amazônia.
E, tal qual seu tio, o artista faz questão de promover a troca cultural entre estas regiões tão distintas.
“Quando eu retornei ao Líbano, publiquei de 40 a 50 matérias no maior jornal de lá, o An-Nahar, sobre a Amazônia. Na época era uma página ou uma página e meia sobre a Amazônia. Sobre suas pessoas e sobre os descendentes de libaneses”,
contou.
Principais inspirações
Com o passar dos anos e muita experiência na bagagem, o fotógrafo se tornou cada vez mais artista. Segundo ele, as principais inspirações são internas, inerentes, e não externas, mais inspirado por emoções do que necessariamente por pessoas.
“O que me inspira são os sentimentos. Às vezes a tristeza, às vezes a felicidade, às vezes o amor. Isso, que vem do interior, quando você está fazendo um trabalho, sempre irá aparecer”.
Jacques Menassa
Tudo em seus projetos reúne as emoções, mas também é pensado em como devem ser representadas. A presença de mulheres em suas obras, por exemplo, tem grande simbologia, pois, para o artista, elas são responsáveis por representarem “a vida, a criação e a beleza”.
Exposição ‘Homenagens, lembranças e saudades’
Nos caminhos de exploração das artes, Jacques Menassa também buscou alternativas tecnológicas e, assim, passou a produzir, também, colagens digitais.
O resultado de mais de três anos de trabalho é a exposição ‘Homenagens, lembranças e saudades’, que ganha vida no Museu da Cidade de Manaus, no Paço da Liberdade, e está disponível até o dia 25 de fevereiro.
A exposição conta com diversos trabalhos de colagem digital originais e se subdivide em três seções: a primeira homenageando a cidade de Beirut, no Líbano; a segunda dando destaque “às pessoas que de certa forma deixaram lindas lembranças em minha vida e durante minha participação na vida artística e cultural da região durante minha estadia em Manaus e na Amazônia”, conforme descição do próprio autor; e a terceira reunindo reflexões que surgiram para o artista durante o isolamento por conta da Covid-19.
*Estagiário sob supervisão de Clarissa Bacellar