Imigração indígena é tema de roteiro cinematográfico inédito, escrito por Wallace Abreu

De acordo com o roteirista, mesmo se tratando de uma obra ficcional, a trama é baseada em fatos reais

O projeto ‘Waikihu’, contemplado com o Prêmio Conexões Culturais 2020 – Lei Aldir Blanc, apresentará um roteiro inédito de ficção para longa-metragem escrito pelo diretor e roteirista Wallace Abreu. De acordo com o autor, mesmo se tratando de uma obra ficcional, a trama é baseada em fatos reais.

“Este projeto é fruto de conhecimentos que adquiri no processo de mestrado em Sociedade e Cultura na Amazônia, o qual concluí em 2015, na Universidade Federal do Amazonas. Foram vários os fenômenos sociais e antropológicos que me chamaram atenção durante a formação e, tenho buscado contemplar todos esses conhecimentos nos trabalhos artísticos que tenho feito desde então, sejam no teatro ou no cinema”, explica Abreu, que optou por não seguir carreira acadêmica.

Foto: Divulgação

Para a elaboração do roteiro, Abreu explica que está dando sequência a pesquisa e construção do roteiro e que, após a conclusão e entrega da obra, deverá iniciar o processo de captação de recursos para realização do filme.

“Pretendo, juntamente com a Cacique Produções, tirar esse projeto do papel. Ano passado produzimos o curta-metragem ‘A Benzedeira’ e o longa documentário ‘Kandura’, ambos com lançamentos previstos para o primeiro semestre deste ano. Agora devemos focar na realização do curta ‘CPF Cancelado’, a ser rodado no município de Autazes, e posteriormente concentrar todas as energias na produção de ‘Waikihu’, o que deverá iniciar somente em 2022”, pontua o roteirista, que também assina a direção das outras obras citadas.

Em ‘Waikihu’, a trama de um jovem indígena de apenas 09 anos de idade, que deixa sua comunidade no interior do Amazonas, juntamente com sua família, em busca de melhores condições de vida em Manaus. “Esse é um processo migratório que tem sido bastante comum nas últimas décadas em nosso Estado. A falta de políticas públicas indigenistas acaba sendo uma das principais causas desse processo histórico/geográfico, antropológico e social”, argumenta Abreu.

O roteirista classifica a obra como uma tragédia indígena urbana, que começa a se desenrolar a partir das desventuras do pequeno Waikihu pelas ruas de Manaus. “O sonho de uma ‘vida melhor’ se encerra logo após a travessia até Manaus. Propomos um processo dramático embasado na perda de identidade, onde os personagens passam a não mais se ver como indígenas e também não pertencentes à cidade, ocupando um lugar desconhecido, esquecido, oculto, até por vezes ‘marginalizado'”, destaca.

Em tempos de pandemia

Wallace Abreu explica que a pretensão era finalizar o roteiro ainda no final do mês de dezembro, no entanto, novos decretos em vigor na cidade dificultaram o andamento da pesquisa para a escrita e conclusão da obra. “Tenho me alimentando de teorias, de trabalhos acadêmicos, para melhor estruturar a trama proposta. No entanto está sendo bem difícil ter acesso às bibliotecas públicas nesse período de pandemia. Há poucos estudos sobre tal fenômeno já disponibilizados na web, mas daí tenho partido para a chamada ‘liberdade poética’ para o fechamento da obra”, pondera.

O roteiro deverá ser entregue à Fundação Manauscult nas próximas semanas e o autor estuda a possibilidade de torná-lo público antes da realização do filme, no entanto depende da concretização do registro da obra junto à Biblioteca Nacional. “Assim que a obra estiver concluída faremos a solicitação de registro e pensamos em apresentá-la em um livro, ainda neste ano”, finaliza Abreu. 

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

Xote, carimbó e lundu: ritmos regionais mantém força por meio de instituto no Pará

Iniciativa começou a partir da necessidade de trabalhar com os ritmos populares regionais, como o xote bragantino, retumbão, lundu e outros.

Leia também

Publicidade