Fechado em 2016, o espaço precisava de reparos em suas instalações, desde a elétrica e de ar condicionado – uma vez que seus equipamentos estavam apresentando defeitos devido ao longo período de utilização sem manutenção adequada – até reformulações estruturais e de segurança. O Sistema de Prevenção e Combate a Incêndio, por exemplo, foi atualizado e todos os extintores mudados de água para CO², a sinalização de emergência foi implantada, com placas indicativas de emergência e detectores de fumaça instalados, visando a preservação da vida e do patrimônio histórico.
Além de oferecer ao público um rico acervo em exposições de arte contemporânea, a Casa possui infraestrutura para abrigar um restaurante, que precisava de adaptações para atender as novas funções gastronômicas do local. Com o intuito de aprimorar o modelo de ocupação da área, está sendo construída uma cobertura – a maior intervenção realizada na obra – que vai possibilitar o uso da varanda Guajará em períodos de chuva e sob o sol da manhã. Uma estrutura de metal e vidro será instalada, independente da edificação de alvenaria existente, respeitando, porém, as alturas e características do prédio antigo, de forma a não conflitar com o bem cultural.
Os banheiros já existentes também sofreram pequenas reformulações e foi criada uma área de serviço independente da cozinha. Será reinstalado o quiosque próximo ao píer, a fim de se ter mais uma possibilidade de comércio e degustação de comidas típicas no local. Também foram realizados reparos no trapiche flutuante e na cobertura da Corveta Solimões, nas instalações elétricas e de ar condicionado.
Exposições
O Espaço Cultural Casa das 11 Janelas se configura como um bem arquitetônico, onde funciona o Museu de Arte Contemporânea do Estado do Pará – o mais importante museu de arte contemporânea da região Norte do Brasil – e reabre suas portas com quatro exposições montadas a partir do riquíssimo acervo do Estado.
Na Sala Ruy Meira, estará a exposição “Percursos na Arte Brasileira”, com curadoria do Sistema Integrado de Museus e Memoriais. A mostra traça um panorama da arte brasileira, das primeiras décadas do século XX aos dias de hoje, na qual os artistas da geração moderna dialogam com a produção artística contemporânea paraense.
Já na Sala Valdir Sarubbi, será aberta a exposição “Dilemas 2019”, com curadoria de John Fletcher. A proposta expositiva ressalta o potencial crítico da arte sobre a realidade atual, a partir de dilemas pessoais e coletivos, de modo a criar um roteiro capaz de nos fazer agir sobre este período de grande crise que vivemos hoje.
Na Sala Gratuliano Bibas, estará a exposição “Encontro das Águas – Luiz Braga e Miguel Chikaoka”, com curadoria do Sistema Integrado de Museus e Memoriais e texto de João de Jesus Paes Loureiro. A mostra apresenta um olhar sobre a Amazônia através do encontro de dois grandes representantes da fotografia paraense.
E, finalmente, na Sala Laboratório das Artes, a exposição “Indizível”. Com curadoria de Nando Lima, a mostra traz uma vídeo instalação que propõe uma experiência imersiva no universo simbólico de Andara, a Amazônia distópica de Vicente Cecim.
De acordo com a secretária de Estado de Cultura, Ursula Vidal, era um dever desta gestão devolver a Casa das Onze Janelas à população. Para ela, a reabertura ganha ainda mais brilho nesta época do Círio, quando Belém recebe um número enorme de visitantes, que também poderão usufruir da produção artística do Pará e do Brasil.
“O Espaço Cultural Casa das Onze Janelas é extremamente simbólico para a população de Belém, por se tratar de um museu dedicado à arte contemporânea e por ter sido alvo de polêmica durante o seu fechamento. Nós reabriremos com quatro exposições e é uma alegria disponibilizar aos paraenses a extroversão deste acervo riquíssimo que o SIMM tem em sua reserva técnica, apresentando às novas gerações de estudantes de artes plásticas, artes visuais, museologia, história e à população em geral, obras que há mais de 10 anos não eram expostas”, destacou a titular da Secult.
Segundo ela, as exposições têm linhas curatoriais cuidadosas, que convidam a repensar os dilemas do atual momento vivido no Brasil. “Estamos cheios de expectativa de que esse será um espaço de fruição, não só do acervo, mas de todo o complexo arquitetônico e museal do centro histórico de Belém”, enfatiza Ursula Vidal.
Popular
Pensando no acesso democrático ao fomento das práticas culturais, durante a cerimônia de reabertura da Casa das 11 Janelas, a Secult lança o edital Prêmio Preamar de Cultura Popular, oferecido aos proponentes de projetos culturais que estejam em plena atividade e desenvolvimento há pelo menos um ano.
O edital vai premiar em 2019, com o valor bruto de R$ 20 mil, a atuação de até 47 fazedores e fazedoras de cultura, por reconhecimento à criação, à transmissão e à difusão de práticas culturais referenciadas nos valores da cultura paraense.
Cumprindo a diretriz de política pública do Governo do Pará, que estabelece como prioritária a descentralização das atividades para o interior do Estado, o edital vai premiar projetos nas 12 regiões de integração e nos sete territórios de vulnerabilidade social, integrantes do programa Territórios pela Paz (TerPaz). No total, serão contemplamos 14 nos Territórios pela Paz e 33 nas Regiões de Integração.
A Casa
A construção data da metade do século XVIII e originalmente era chamada de Palacete das Onze Janelas, nome que vem do fato de possuir onze janelas em sua fachada superior. Tratava-se de uma casa avarandada construída pelo rico proprietário de engenho de açúcar, Domingos da Costa Bacelar e funcionava como casa de final de semana, já que ele residia no interior onde se localizavam seus engenhos. Localizada na foz do rio Guamá, Domingos não finalizou a construção, por medo de ser confiscada pelo Estado.
Em 1768, o edifício foi vendido para Francisco Ataíde Teive, governador do Grão-Pará e, após reformas feitas pelo arquiteto italiano Antônio José Landi, se tornou um hospital militar chamado “Hospital Real”, que funcionou no local até 1870, abrigando, posteriormente, outras atividades militares, como o Corpo da Guarda e a Subsistência do Exército até o final do século XX.
Durante todo esse período, o edifício sofreu alterações físicas, tendo recebido um frontão triangular sobreposto à zona central da fachada principal, com inserção de triflifos e obeliscos sobre os cunhais e no triangulo do frontão.
Em 2001, o Governo do Pará assinou um convênio com o Exército Brasileiro alienando a Casa, seus terrenos e o Forte em favor do Estado. A restauração se constitui na quarta etapa do Projeto Feliz Lusitânia, que pretendia recuperar funcionalmente o núcleo histórico de Belém.
Em 2002, local ressurge como Casa das Onze Janelas e um perfil museológico definido: ser um museu de difusão de arte contemporânea, se tornando em pouco tempo o mais importante museu de arte contemporânea da região Norte do Brasil.
Programação:
19h – Projeção do filme Círio de Nazaré (Direção: Alan Kardek Guimarães)
Local: Aldeia das Onze (Praça da Fonte)
19h30 – Apresentação do grupo musical Quarteto PA
Local: Varanda da Casa (Térreo)
20h – Reabertura da Casa das Onze Janelas (com obras do acervo):
– Exposição Percursos na Arte Brasileira/Acervo do Estado
Local: Sala Ruy Meira
– Exposição Dilemas
Local: Sala Valdir Sarubbi
– Exposição Encontro das Águas – Miguel Chikaoka e Luiz Braga
Local: Sala Gratuliano Bibas
– Exposição: Indizível – Vídeo instalação da obra audiovisual de Vicente Cecim
Local: Sala Valdir Sarubbi