Em São Paulo, exposição traz fotos de Serra Pelada feitas por Sebastião Salgado

O Sesc Avenida Paulista, na região central da capital, recebe a partir de quarta-feira (17) a exposição Gold – Mina de Ouro Serra Pelada. São 56 fotografias, parte inédita, feitas por Sebastião Salgado na década de 1980 no garimpo de Serra Pelada, no sul do Pará. A região sofreu uma intensa corrida pelo ouro à época, quando recebeu dezenas de milhares de homens que transformaram uma serra de morros em uma enorme cratera.

A dimensão do garimpo pode ser vista nas imagens de Salgado, com as intermináveis filas de homens escalando as paredes do buraco, quase como formigas. Quando se aproxima dos garimpeiros, o fotografo registra em preto e branco – uma de suas marcas – as pessoas cobertas de lama e suor arrastando os sacos de minério.

Foto: Divulgação


Sonho do ouro

“Por uma década, ela evocou o El Dorado há muito prometido, mas, atualmente, essa corrida do ouro mais selvagem que o Brasil já teve se tornou apenas uma lenda, que permanece viva por meio de algumas lembranças felizes, muitos arrependimentos dolorosos”, comenta Salgado sobre Serra Pelada.

Durante o período que esteve no garimpo, o fotógrafo conheceu histórias de gente que conseguiu enriquecer e outras que apenas puderam sonhar em mudar de vida. “O ouro é um amante imprevisível”, diz Salgado sobre a relação que o metal mais cobiçado do mundo estabelece com as pessoas.

“Enquanto alguns garimpeiros afortunados partiram de Serra Pelada com dinheiro, compraram fazendas e empresas e nunca se sentiram traídos, outros, que encontraram ouro e pensaram que havia mais fortunas esperando por eles, acabaram, por fim, perdendo tudo o que tinham obtido”, explicou.

Trajetória

O trabalho de Serra Pelada se insere na trajetória de Sebastião Salgado no interesse por grandes dramas humanos. Esteve também em guerras, registrou deslocamentos de refugiados e a luta do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra. Sempre fotografando em preto e branco, seguindo a escola dos precursores do que veio a se tornar o fotojornalismo, como Cartier-Bresson e Robert Capa. O brasileiro, no entanto, se diferencia pelo estilo mais pictórico, valorizando um pouco menos o flagrante instantâneo, e mais a beleza plástica das composições e da luz.

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

Xote, carimbó e lundu: ritmos regionais mantém força por meio de instituto no Pará

Iniciativa começou a partir da necessidade de trabalhar com os ritmos populares regionais, como o xote bragantino, retumbão, lundu e outros.

Leia também

Publicidade