Em Mato Grosso, artesanato indígena é fonte de renda e preservação cultural

Devido à sua riqueza de cores, formas e usos, o artesanato é uma das mais conhecidas expressões da cultura tradicional

O uso sustentável dos recursos de cada região habitada pelos povos indígenas tocantinenses, como fibras e sementes (tiririca, saboneteira, cabeça de formiga, boca de cobra, japecanga, entre outras) adicionado a alguns materiais sintéticos, como miçangas, dá vida a uma infinidade de peças artesanais: de cestos, bolsas, tipitis e esteiras de uso rotineiro a maracás feitas de cabaça e cuité para animar as festas e os rituais, passando por adornos de cabeça, saias, colares com tramas ricamente elaboradas, além de uma infinidade de objetos e bonecas produzidas com madeira e cerâmica.

Foto: Divulgação

Devido à sua riqueza de cores, formas e usos, o artesanato é uma das mais conhecidas expressões da cultura tradicional e há muito deixou os limites das terras indígenas para conquistar espaço de casas, empresas e corpos de não indígenas, tornando-se uma das fontes de renda das comunidades. Os conhecimentos recebidos pelos antepassados são transferidos para as gerações seguintes através da oralidade, da observação e da repetição.

“Os produtos indígenas estão sempre presentes nas feiras nacionais e internacionais de artesanato com participação tocantinense”, ressalta o presidente da Agência do Desenvolvimento do Turismo, Cultura e Economia Criativa (Adetuc), Jairo Mariano, ao explicar que o estímulo às atividades de fortalecimento da tradição e da geração de renda entre as comunidades indígenas é uma das preocupações da gestão Mauro Carlesse. “Temos buscado parcerias para ampliar a visibilidade e a comercialização do artesanato, e a produção dos nossos povos está inserida neste planejamento”, completa.

Foto: Divulgação

Bonecas Ritxòkò

A produção artesanal dos povos tocantinenses carrega consigo referências sobre o modo de vida e as tradições de cada etnia. As mais famosas, porém, são as bonecas Ritxòkò, declaradas patrimônio cultural do Brasil em 2012. O artesanato, feito de cerâmica, é produzido pelas mulheres Karajá da Ilha do Bananal e tem um valor cosmológico, sendo fundamental para transmitir a cultura do povo para as crianças. É por meio da brincadeira com as bonecas que as meninas aprendem sobre o modo de vida Karajá, entram em contato com os valores, as histórias e os mitos da sua aldeia e do seu povo.

A artesã Maxué Karajá ressalta que as peças são produzidas de acordo com a tradição de cada aldeia, não se restringindo ao uso do barro, mas também de madeira e outras matérias-primas.

A confecção das Ritxòkò é uma atividade exclusiva das mulheres e envolve técnicas e modos de fazer considerados tradicionais e transmitidos de geração em geração. A pintura e a decoração das cerâmicas estão associadas, respectivamente, à pintura corporal dos Karajá e às peças de vestuário e adorno consideradas tradicionais. 

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