A obra é um ensaio fotográfico idealizado com a proposta de narrar aspectos da realidade da Comunidade, distante aproximadamente 200 quilômetros de Manaus. Segundo Agum, trata-se de um diálogo com a comunidade, um livro que trabalha com fotografias contemporâneas, resultado de uma experiência com pesquisadores que já faziam fotos em comunidades para suas pesquisas, relatando através das imagens o que perceberam nas suas coletas de dados.
As pesquisas realizadas pelos fotógrafos/pesquisadores aconteciam em comunidades dos mais variados tipos: comunidades ribeirinhas, comunidades quilombolas, assentamentos rurais, “populações que podem ser consideradas como vulneráveis, que estão a margem de alguns processos políticos, decisórios, de implementações de políticas públicas, e os pesquisadores já transitavam por essas áreas”.
O trabalho de imersão feito em Rio Pardo, possibilitou a percepção sobre a forma de vida dessas pessoas, elaborando um paralelo com o trabalho de pesquisa que os mesmos já desenvolviam. Parte do projeto foi desenvolvido com recursos do Fundo Nacional de Cultura, investimento do Edital Amazônia Cultural, do Ministério da Cultura (MinC), destinado aos projetos que estimulam, capacitam e difundam ações da cultura brasileira na Região Norte. O projeto foi também contemplado no Edital de popularização da ciência, Pop C&T, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).
Agum explicou que as fotografias narram os lugares, paisagens, pessoas, movimentos, trabalhos e ações que representam a comunidade, por esse motivo existe uma transação entre as imagens selecionadas, que compõem o catálogo. “As fotos foram feitas por diferentes pesquisadores, que possuem olhares diferenciados, em momentos distintos. Nos debruçamos em cima da seleção dessas fotos para que existisse uma linha narrativa sobre elas”.
Desafios
Entre os desafios, Agum destacou a importância de ter sensibilidade, entendimento e engajamento de que a publicação é um trabalho feito para o outro. “É preciso criar um diálogo de entendimento daquilo que você pretende fazer e aquilo que eles esperam do trabalho, ser o mais objetivo possível, além de executar uma obra que se torne atraente para a comunidade e não só para quem fez o trabalho”, disse.
Um dos destaques da publicação é o ensaio Pinhole PARDO, composto por fotografias das oficinas de pinhole, também conhecida como fotografia artesanal. As fotos foram feitas por estudantes do 8º e 9º da escola Municipal Zita Gomes, que participaram de oficinas sobre fotografia, enfocando desde a fabricação das câmeras até a revelação química das imagens. A obra tem distribuição gratuita e foi entregue para os alunos e professores de Rio Pardo, além de terem sido distribuídas para algumas bibliotecas do Amazonas, Rondônia, Pará e Roraima.
As fotos e textos publicados em Visão PARDO são de autoria dos pesquisadores Ricardo Agum, Sávio Stoco, Leandro Giatti, Alessandra Nava, Rodrigo Mexas, Sérgio de Souza, Danielle Ferreira, Márcio Miranda, Sully Sampaio e Alexandre Sequeira. Publicado pela Editora Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, o catálogo recebeu o apoio institucional do Programa de Ecologia de Doenças Transmissíveis na Amazônia (EDTA), Laboratório de Situação de Saúde e Gestão do Cuidado às Populações em Situação de Vulnerabilidade (SAGESC) do ILMD, Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal do ABC (UFABC), Universidade Federal do Pará (UFPA), Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Amazonas (Ifam), Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ) e Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (ICICT-Fiocruz).
Confira alguns registros publicados na obra: