Artista plástico faz sucesso com bumerangues e vinis

Como cantou Mílton Nascimento, em ‘Nos bailes da vida’, ‘o artista tem que ir aonde o povo está’. Por isso o artista plástico Leonardo Barreto, o Bokão, trocou Manaus por Curitiba e não se arrependeu nem um pouco. “Lá os meus trabalhos vendem muito e por um preço bem superior ao que eu cobrava em Manaus”, garantiu.

Bokão foi matéria no Jornal do Commercio de janeiro de 2014. Naquela ocasião o assunto girou em torno dos bumerangues que ele produzia, e produz até hoje. Agora o artista incluiu no seu currículo o vinil vazado, um objeto de decoração que começou a surgir quando os vinis perderam o lugar para os CDs.

“Os bumerangues continuam a fazer sucesso, tanto em Manaus, quando venho aqui, de férias, quanto em Curitiba. Minha vantagem, na fabricação dessas peças é que eu não conheço mais ninguém que as faça, nem em Manaus, nem em Curitiba. Fiquei esses anos fora e até agora não tem ninguém fabricando bumerangues”, comemorou.

Bokão lembra que, por volta dos oito anos de idade, começou a fazer bumerangues para ele próprio brincar. “Nem sei onde vi algum pela primeira vez, ou como aprendi a fazê-los, mas fazia assim mesmo”, lembrou. Adulto, enveredou pelas artes plásticas, buscando ganhar a vida produzindo entalhes em madeira e nem demorou para os bumerangues surgirem como uma opção a mais para ganhar dinheiro.

“E eles fizeram sucesso desde o começo, principalmente porque são brinquedos para crianças e adultos. 

Até hoje eu utilizo o mesmo material, o compensado naval, porque ele possui algumas características peculiares: é a prova d’água, é barato, é ecologicamente correto, pode ser usado ao natural, e aceita vários tipos de revestimento”, ensinou.

Foto: Divulgação
“Até então eu não fazia bumerangues especificamente para crianças, mas em Curitiba comecei a produzi-los, de polietileno. São menores, mais leves, coloridos, e não oferecem nenhum perigo”, assegurou. “Nesses anos todos que crio bumerangues, já idealizei 120 modelos diferentes, no formato tradicional, ou de aves, ou insetos. Idealizo o modelo.

Se ele for arremessado e voltar para as mãos de quem o arremessou, está aprovado”, riu.

Os 34 parques de Curitiba

“Quando resolvi mudar para Curitiba, há quatro anos, logo depois de ter dado aquela entrevista para o Jornal do Commercio, foi para conhecer novos lugares, novas pessoas e abrir mercado para meus trabalhos e conheci uma nova pessoa que se tornou muito importante para mim nessa jornada, a Josi Maria Bervian, hoje minha esposa e mãe de meu filho Aquiles. Foi por sugestão da Josi que comecei a realizar os trabalhos com vinil vazado e desenvolvi um novo segmento nas artes plásticas”, contou.

Pela primeira vez em Manaus, Josi tem estranhado bastante o calor amazônico, e mais ainda o pequeno Aquiles, de menos de um ano de idade. “Quando saímos de Curitiba estava um frio de 19 graus e chegamos a Manaus com um calor de mais de 30, então é complicado, mas está sendo bastante interessante conhecer a cidade e os costumes das pessoas daqui”, disse.

Nos trabalhos com os vinis, Josi pinta as peças, no caso o círculo central, de papel, e Bokão faz os desenhos, depois recortando-os e fazendo surgir as figuras que atraem os compradores, figuras as mais inimagináveis, dependendo da criatividade do artista, como nomes de grupos de rock, de cantores, escudos de clubes de futebol, marcas de automóveis, personagens de desenhos animados e o que o cliente desejar. “Até a parte do desenho, é fácil, depois fica difícil quando faço o recorte com uma máquina própria. Tem que ter habilidade, senão quebra o vinil e a peça inteira está perdida”, disse. Artistas como Titãs, Arnaldo Antunes, Paulo Miklos, Nando Reis e Felipe Araújo já ganharam de Bokão vinis vazados com os seus nomes.

Depois de prontos, bumerangues e vinis vazados são levados por Bokão e Josi para serem vendidos nas feiras realizadas nos parques de Curitiba. “É aí que entra a vantagem de Curitiba em relação a Manaus. A cidade possui 34 parques, onde permanentemente acontecem feiras nas quais podemos vender nossos produtos e o curitibano, além dos turistas, compram mesmo. O maior deles é o Parque Barigui, onde pessoas fazem caminhadas, praticam esportes e possui um imenso lago. Pequenos animais, como gansos e capivaras, vivem soltos no Parque. Chegamos a vender nas feiras curitibanas, 60 vinis vazados por mês, e 90 bumerangues, entre adultos e crianças, com preços que variam de R$ 50, a R$ 150. Nunca ganhei todo esse dinheiro em Manaus”, comemorou.

Quem quiser conhecer melhor os trabalhos de Bokão e Josi, pode acessar seu Face: Vinil Vazado. “Ainda produzimos sacolas de TNT reciclável para as pessoas levarem os produtos que nos compram”, informou Josi. No domingo (8), o casal estará com seus trabalhos na Feira Criativa do Mindu, no Parque do Mindu, das 8h às 13h. “Devemos sempre procurar o melhor para nós e, com certeza, vamos encontrar”, filosofou Bokão.
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