A cerimônia aconteceu no último dia 25 de novembro, na Biblioteca Municipal de Salto, em São Paulo, e pela primeira vez premiou um participante acreano.
Jackson, aluno do 3° ano da escola estadual José Rodrigues Leite, estava entre os 15 estudantes finalistas, de diversos estados brasileiros. Sua paixão pela leitura e pela escrita o fez conquistar o 2º lugar na premiação com a poesia “Sempre que escrevo”. Agora, ele, que já coleciona medalhas, retorna ao Acre trazendo consigo mais um prêmio.
O anúncio das colocações aconteceu em ordem decrescente, do 15º ao 1º lugar, fato que elevou a ansiedade do garoto. “Mas, conforme iam anunciando as poesias, a ansiedade foi passando. No momento de anunciar o terceiro colocado e eu não fui chamado, já fiquei muito feliz, porque sabia que ficaria em segundo ou primeiro. Foi uma felicidade imensa, é sempre uma surpresa boa ser classificado”, comemora.
Foram mais de 1.300 inscrições, entre estudantes brasileiros e também estrangeiros, como da Espanha e Portugal. O concurso é uma realização da Academia Saltense de Letras (ASLe), em parceria com a prefeitura de Salto.
A ideia é estimular a criação literária, valorizar e divulgar a poesia, além de incentivar novos talentos.
Jackson é considerado um verdadeiro prodígio e não é a toa que o jovem ficou entre os três melhores do país. Ele fundou a Academia Juvenil Acreana de Letras (Ajal) e incentiva vários adolescentes a serem escritores. “Pretendo continuar me inscrevendo em outros prêmios literários, principalmente os de nível nacional”, afirma.
“Só recebi elogios do Acre em minha passagem por São Paulo. Essa experiência, numa cidade de ambiente cultural imenso, vai me ajudar no trabalho cultural que fazemos em Rio Branco. Podemos implementar algumas coisas que vi aqui no convívio cultural do Acre”, ressalta.
O jovem escritor começou a produzir textos aos 11 anos, quando já escrevia poesias e sonetos. Sua preferência na hora da leitura são textos clássicos como Clarice Lispector e Castro Alves. Ele ainda pretende elaborar uma premiação a nível nacional por meio da entidade que preside, a Ajal, como forma de premiar e incentivar outros jovens a serem reconhecidos por sua escrita.
Confira abaixo a poesia vencedora:
Sempre que escrevo
Sempre que escrevo, morre alguém no mundo…
E eu sinto a fundo que isso seja um bem…
Minha caneta tem poder de corte,
Cheiro de morte… Escrevo, morre alguém!
Todos os dias firo em cor as linhas
São todas minhas… O sepulcro eu pago!
Minha caneta é um vômito de choro,
Ave de agouro, e serve-me de afago!
E quem dizia que nada eu fazia…
Ah! De hipocrisia sinto odor funéreo!
Todos os corpos de uma vida sanha
Provêm de entranhas já do cemitério!
O que consola é que entre tantas vidas
Interrompidas graças a meu termo,
Não vi parar o coração de santo…
Não vi, portanto, algum cristão enfermo!
São todos dignos de ser fantasmas,
Somente asmas do pudor mundano…
E cada um dos que partiram leva
Lá para as trevas o mal deste plano!
E aqui eu fico, na missão que acato
Lavando os pratos secos de saliva…
Neste aposento a mão escreve calma,
Lá outra alma deixa de estar viva!