Segundo pesquisadores, o vulcão poderia provocar um tsunami que atingiria todas as Américas, com maior impacto sobre os litorais das regiões
O Plano Especial de Proteção Civil e Atenção às Emergências de Risco Vulcânico das Ilhas Canárias (Pevolca) elevou o nível de alerta de verde para amarelo de um dos vulcões mais temidos do Atlântico, o Cumbre Vieja, em Las Palmas. Em uma grande erupção do vulcão, um tsunami pode atingir a região do Brasil aos Estados Unidos.
Localizado no arquipélago espanhol das Ilhas Canárias, a última vez que houve atividade vulcânica na região foi em 1971. O governo das Canárias afirma que os movimentos sísmicos na ilha de La Palma começaram a se intensificar no sábado. Desde então, a intensidade dos abalos vêm aumentando e atingiram uma magnitude superior a 3 na terça-feira (14).
“Ele não estava dando sinais de erupção, mas agora ele chegou a um segundo nível. São quatro níveis de alerta. Ele pode vir a ter uma erupção, mas não significa que essa erupção vai gerar um tsunami, mas é uma possibilidade, mesmo que mínima”, explica o pesquisador do Instituto de Ciências do Mar da UFC (Universidade Federal do Ceará), Carlos Teixeira.
Segundo análise feita em estudo produzido no Departamento de Geologia da UFPR (Universidade Federal do Paraná) a Ilha de La Palma fica a 4.462 km de São Luís. “Estima-se que a próxima erupção poderá desestabilizar a encosta da ilha devido a fatores como declividade do vulcão, volume de material mobilizado, fatores climáticos e principalmente, a uma zona de fraqueza existente que facilitará a ocorrência do movimento de massa”, afirma pesquisa feita na UFPR pelo geólogo Mauro Gustavo Resse Filho, que pesquisou o tema e publicou TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) em 2017.
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O nível amarelo é o segundo dos quatro existentes e quando acionado a população é orientada para que fique atenta a uma mudança na situação, além de se intensificar a vigilância e monitoramento da atividade vulcânica e sísmica. No nível laranja, no terceiro nível, é decretado o alerta máximo para fenômenos que precedem uma erupção iminente para, no vermelho, notificar uma emergência de que há uma erupção em andamento.
O Instituto Vulcanológico das Ilhas Canárias, Involcán, descreveu o movimento como “uma mudança significativa” no vulcão Cumbre Vieja, ligada ao fenômeno conhecido como intrusão magmática, um processo que ocorre dentro da crosta terrestre em que o magma se aproxima da superfície. Os dados de emissão de hélio-3, que determinam a atividade magmática, têm “o maior valor observado nos últimos 30 anos”, de acordo com a avaliação do comitê Pevolca para o monitoramento geoquímico de gases vulcânicos.
Um dos cenários hipotéticos em caso de grande erupção e colapso do vulcão Cumbre Vieja é um grande tsunami que afetaria todas as áreas costeiras banhadas pelo Oceano Atlântico, o que inclui todo o litoral do Brasil, do Rio Grande do Sul ao Amapá. Por isso, pesquisadores prestam muita atenção no vulcão de Las Palmas.
Em trabalho publicado pela Universidade Federal do Paraná, Mauro Gustavo Reese Filho observa que o Oceano Atlântico não é famoso pela sua capacidade de gerar tsunamis, mas que o vulcão ativo Cumbre Vieja poderia ser o agente responsável por um evento desta natureza na região. Segundo o pesquisador, a estimativa é que uma próxima erupção poderia desestabilizar a encosta da ilha e gerar um tsunami que percorreria distâncias transatlânticas e que atingiria o praticamente todos os países banhados pelo Oceano Atlântico.